SALVAÇÃO DOS MORTOS

Jesus Cristo tornou-se um espírito ministrante (enquanto Seu corpo jazia no sepulcro) aos espíritos em prisão, para cumprir uma importante parte de sua missão, sem a qual Ele não poderia ter aperfeiçoado seu trabalho, ou entrado em seu descanso...Não deveria ser mais incrível para Deus salvar os mortos, do que levantar os mortos. (História da Igreja 4:425)

Uma das doutrinas distintas da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem a ver com a salvação dos mortos. Joseph Smith ensinou que o Senhor providenciou um meio, através do qual, os espíritos dos mortos que não tiveram a oportunidade de aceitar a mensagem da expiação e as ordenanças associadas a ela, poderiam fazê-lo no mundo dos espíritos (conhecido como Sheol no Hebraico e Hades no Grego, embora frequentemente traduzido como INFERNO na versão do Rei Tiago da Bíblia) [1]

Muitos Cristãos geralmente pensam que na hora da morte todos são designados ao céu ou ao inferno, apesar do fato de que a Bíblia fala de um julgamento que acontecerá na época da ressurreição (Apocalipse 20:12-14). Em um discurso proferido em 1843, Joseph Smith declarou, “Hades do Grego, ou Shaole do Hebraico, estes dois termos querem dizer mundo de espíritos. Hades, Shaole, paraíso, espíritos em prisão, são todos em um: é o mundo dos espíritos. Os Justos e os iníquos todos irão para o mesmo mundo dos espíritos até a ressurreição” (História da Igreja 5:425).

Tertuliano (cerca de 200 A.D.) escreveu que “Todos as almas, portanto, são fechadas dentro do Hades,” onde “a alma passa por punição e consolação no Hades neste período de tempo; enquanto aguarda sua oportunidade de julgamento, com certa antecipação de ir para as trevas ou para a glória” enquanto aguardam a ressurreição (Tratado sobre a Alma 58). [2] Ele descreveu o Hades como tendo duas partes, que ele contrastou como uma “prisão” ou “fogo” e “alojamento,” também chamado “Seio de Abraão(Tratado sobre a Alma).[3] Ele aludiu à parábola de Jesus em Lucas 16:19-31, na qual um golfo separa o pobre homem Lazaro, no seio de Abraão, do homem rico consignado a um lugar de fogo. Numa passagem posterior, Tertuliano escreve do Cristo “permanecendo no Hades na forma e condição de um homem morto; nem Ele ascendeu às alturas dos céus antes de descer as partes mais baixas da terra, que Ele poderia lá fazer os patriarcas e profetas partilhastes de Si mesmo.” (Tratado sobre a Alma 55).[4]

 
A Missão de Cristo no Mundo dos Espíritos

Pedro escreveu que Cristo foi “vivificado pelo Espírito; no qual também foi e pregou ao espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água” (I Pedro 3:18-20); cf. João 5:25-29). Ele então adicionou, “Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito” (I Pedro 4:6)[5]

Foram as palavras de Pedro que o Presidente Joseph F. Smith estava contemplando quando ele recebeu a visão explicando como Cristo organizou os espíritos justos para ensinar aqueles que não tinham ouvido e aceito o evangelho na terra (D & C 138:10). Logo no início, em Dezembro de 1830, Joseph Smith nos deu as “profecias de Enoque” contidas no capítulo 7 de Moises, no qual encontramos o Senhor falando dos iníquos da época do dilúvio, os quais seriam mantidos em uma prisão até que os escolhidos do Senhor “sofressem por seus pecados,” e eles pudessem se arrepender (Moises 7:38-39).

Em anos recentes, tem se tornado popular para alguns críticos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias rejeitarem o significado claro de 1 Pedro 3:18-20 e negar que o Cristo, entre o tempo de sua morte e ressurreição, visitou os espíritos dos mortos.[6] Que a visita a esfera dos espíritos foi uma questão de fé é indicado por sua inclusão como um artigo no tão chamado “Credo dos Apóstolos” e na Parte II da “Fé do Santo Atanásio”, como também pelo fato que é aceito na Igreja Católica Romana e igrejas orientais, e é conhecido como a “descida ao inferno” ou “tomada do inferno” (hades, o reino dos mortos). [7] Em muitos dos primeiros registros,[8] como também em pinturas das eras Bizantina, medieval, e da Renascença, Cristo é representado como destruindo os “portões do inferno [Hades].” [9]

Primitivos escritores Cristãos entenderam que os comentários de Paulo em Efésios 4:9 se referiam a visita de Cristo ao mundo dos espíritos.[10] O apóstolo tinha escrito que Cristo “desceu primeiro as partes baixas da terra.” Irineu explicou a passagem como se referindo a visita de Cristo “[aqueles] que desde o início…tinham temido e amado a Deus” antes do tempo de Cristo na mortalidade (Contra as Heresias 4.22.1-2).[11]Ele também escreveu que “O Senhor caminhou pelo meio do vale da morte,’ [Salmos 23:4] onde as almas dos mortos estavam…Seus discípulos também, em cujos registros o Senhor passou por estas coisas, deverão prosseguir para o lugar invisível alocado para eles por Deus. E eles permanecerão lá até a ressurreição, aguardando este evento” (Contra as Heresias 5:3.1.1).[12]

Irineu também escreve “destes homens de tempos antigos, que nos precederam...e por quem o Filho de Deus não tinha ainda sofrido,” dizendo que “foi por esta razão, também, que o Senhor desceu as regiões abaixo da terra, pregando Seu advento lá também, e [declarando] a remissão dos pecados recebidos por aqueles que acreditam Nele...que tinham esperanças Nele, que é, aqueles que proclamaram Seu advento, e se submeteram as suas dispensações, os homens retos, os profetas, e os patriarcas, a quem Ele redimiu pecados da mesma maneira como Ele fez para nós” (Contra as Heresias 4.27.2).[13]
 

Tertuliano notou que Cristo foi no Hades pregar aos patriarcas, profetas, e mártires, e os tiraram do Hades para uma outra divisão do Hades chamada Paraíso (Um Tratado sobre a Alma 55-56).[14] Agostinho, o bispo do quarto século de Hippo, escreveu extensivamente sobre a visita de Cristo ao mundo dos espíritos para pregar aos mortos, tentando resolver algumas questões sobre a natureza deste evento (Letters 163-4, uma investigação de Euodius e resposta de Agostinho).[15] Ele imaginou, por exemplo, porque Pedro escreveu que Cristo foi em espírito a geração dos descrentes dos tempos de Noé e porque ele não teria pregado aos outros que tinham morrido desde o dilúvio. Joseph Smith, sem estar ciente das preocupações de Agostinho, resolveu o problema ao notar que Cristo “pregou ao espíritos em prisão; alguns dos quais foram desobedientes nos dias de Noé” (JST 1 Pedro 3:19-20), ênfase adicionada).

O Evangelho de Pedro 10:41 pseudo-epigrafado relata que os soldados encarregados de guardar a tumba de Jesus, o viram sair da tumba em companhia de dois anjos e subindo aos céus, de onde veio uma voz perguntando: “Tens tu pregado aqueles que dormem?”, e da direção da cruz se ouviu a resposta, “Sim.’” [16] Alguém poderia certamente questionar o evento, que parece ter sido escrito para explicar a primeira epistola canônica de Pedro, mas a passagem claramente reflete a crença dos primeiros Cristãos com respeito a missão de Cristo no mundo dos espíritos.

Um outro evangelho pseudo-epigrafado diz que o apostolo Bartolomeu pergunta ao Cristo ressuscitado onde ele foi na ocasião de sua morte. Jesus responde, “Eu fui ao submundo resgatar Adão e todos os patriarcas, Abraão, Isaque e Jacó” (Evangelho de Bartolomeu 1:9) Ele então descreve como o hades tremeu com sua chegada e como ele demoliu seus portais (i.e. as “portões do inferno”).[17] Um outro texto pseudo-epigrafado, o Evangelho de Nicodemos, fala da “descida de Cristo ao inferno,” referindo-se ao mundo dos espíritos. De acordo com este relato, quando o Salvador se aproximou da esfera dos espíritos, João o Batista, que tinha morrido alguns anos antes, começou a pregar aos mortos,[18] convidando-os a se arrependerem porque eles poderiam agora ser salvos. Cristo então levou os mortos justos para o paraíso e os entregou ao arcanjo Miguel, logo após os mesmos foram batizados no Rio Jordão.[19] Hippolytus, um escritor Cristão do terceiro século, conhecia esta tradição e escreveu que João “primeiro pregou para aqueles no Hades, tornando-se um precursor lá quando ele foi posto a morte por Herodes, que lá também ele pudesse pessoalmente chamar o Salvador para que viesse resgatar as almas dos santos das garras da morte.” [20] O bispo Gregório de Nazienzo do quarto século concordou com este ponto de vista, escrevendo “Quem foi o precursor de Jesus? João, a voz do verbo, a lâmpada da Luz, diante de quem ele até mesmo saltou no útero, e a quem ele precedeu no Hades, lugar para onde ele foi despachado pela ira de Herodes, para até mesmo anunciar Aquele que estava prestes a vir (Oração Funeral sobre o Grande Basil, Bispo de Cesárea 75). [21] 


Inácio, um bispo do final do primeiro século, escreveu que Cristo “desceu, de fato, ao Hades sozinho, mas ele se levantou acompanhado por uma multidão, e partiu este meio de separação que tinha existido desde o fundação do mundo, e destruiu a muralha de sua partição.” (Epístola aos Tralianos 9).[22] A demolição da partição tornou possível para os justos mortos pregarem as boas novas aqueles na prisão. Outros proeminentes Cristãos que discutiram a visita de Cristo ao mundo dos mortos são os escritores do segundo século, Melito de Sárdis (Sobre a Páscoa 102),[23] e Tertuliano (Um Tratado sobre a Alma 55).[24] O registro é também incluído como um apêndice a uma das cartas supostamente enviada por Jesus ao rei Sírio Abigaro (Eusébio, História Eclesiástica 1:13).[25]

Orígenes escreveu que “nós asseguramos que Jesus enquanto estava no corpo não simplesmente conquistou algumas poucas pessoas, mas um número tão grande, que uma conspiração foi formada contra Ele devido a multidão de seus seguidores. Da mesma forma, quando Ele se tornou uma alma, sem a cobertura de seu corpo, Ele também habitou entre aquelas almas que estavam sem a cobertura de seus corpos, convertendo assim aqueles que espontaneamente se achegavam a Ele, ou aqueles a quem Ele viu, por razões conhecidas somente por Ele, para estar melhor adaptado a tal curso” (Contra Celso 2.43).[26] Orígenes sugeriu que estes ensinamentos continuam no mundo dos espíritos quando ele escreveu: 

“Eu acredito, portanto, que todos os Santos que saem desta vida permanecerão em algum lugar situado na terra, o qual as santas escrituras chamam de paraíso, como em algum lugar de instrução, ou em outras palavras, classe ou escola das almas, em que eles são instruídos referente a todas as coisas que eles tinham visto na terra, e estão designados a receber também alguma informação relacionadas a coisas que se seguirão no futuro...Se qualquer um de fato for puro de coração, e santo na mente, e mais praticante na percepção, ele fará um progresso mais rápido, ligeiramente ascendendo a um lugar no ar, e alcançar o reino dos céus, através das mansões, propriamente dito, nos vário us lugares que os Gregos tem nomeado como esferas. (De Principiis 2,11,1) [27]
 

No livro Pastor de Hermas, abundantemente lido na primitiva igreja Cristã e realmente incluído em algumas das mais antigas Bíblias conhecidas,[28] o guia angélico de Hermas disse a ele que “estes apóstolos e professores que pregaram o nome do Filho de Deus, depois de adormecer [morrendo] no poder e na fé do Filho de Deus, pregaram no não somente para aqueles que dormiam, mas os próprios também concederam a eles o selo da pregação [batismo].[29] De acordo, os apóstolos desceram com eles na água e subiram novamente...Pois tais dormiram em retidão e em grande pureza. Eles simplesmente não tinham este selo” (Similitude 9:16).[30] A passagem é favoravelmente citada por Clemente de Alexandria em Stromata 2.9 [31]e novamente em Stromata 6.6. De fato, Clemente devotou um capitulo inteiro (6.6) a discussão da visita de Cristo ao Hades, o mundo dos mortos:
 

“Com este propósito o Senhor pregou o Evangelho para aqueles que se encontravam no Hades. Em conformidade as escrituras dizem, “Hades diz para a Destruição, Nós não temos visto Sua forma, mas nós ouvimos Sua voz.” Não é simplesmente o lugar, que as palavras acima dizem, ouviram a voz, mas aqueles que foram colocados no Hades e tem se abandonado a destruição... Eles, então, são aqueles que ouvem o poder divino e a voz...E tem sido mostrado também, no segundo livro de Stromata, que os apóstolos, seguindo seu Senhor, pregaram o evangelho aqueles que se encontram no Hades. Pois foi requisito, em minha opinião, que assim como é aqui, lá também é, o melhor dos discípulos deveriam ser imitadores do Mestre; para que Ele pudesse trazer o arrependimento aqueles pertencente aos Hebreus, e eles os Gentios; isto é, aqueles que tinham vivido em retidão de acordo com a lei e filosofia, que tinham encerrado suas vidas não perfeitamente, mas pecaminosamente. Pois era coerente para a administração divina, que aqueles que possuíam maior valor em retidão, e cujas vidas tinham sido proeminente, em arrepender-se de suas transgressões, embora encontrados em um outro lugar, contudo sendo confessadamente contados entre os números de pessoas do Deus Todo Poderoso, deveriam ser salvos, cada um de acordo com seu conhecimento individual...Se, então, o Senhor desceu ao Hades com algum outro propósito a não ser o de pregar o evangelho, como de fato Ele desceu; foi então para pregar o evangelho a todos ou então para os Hebreus somente...é evidente que aqueles, também, que estavam fora da lei, tendo vivido corretamente, em conseqüência da natureza particular da voz, embora eles estivessem no Hades e nesta divisão, em ouvir a voz do Senhor, seja por sua própria pessoa ou seja através de Seus apóstolos, como toda pressa mudaram e acreditaram. É evidente que aqueles, também, que estavam fora da lei, tendo vivido corretamente, em conseqüência da particular natureza da voz, embora estejam no Hades em uma divisão, em ouvir a voz do Senhor, seja por Sua própria pessoa ou agindo através dos apóstolos, com toda pressa mudaram e acreditaram...o que então? A mesma dispensação não foi obtida no Hades, para que mesmo lá, todas as almas, ao ouvirem a proclamação, pudessem demonstrar arrependimento ou confessar que suas punições foram justas, porque eles não acreditaram?...Se, então, Ele pregou o Evangelho aqueles na carne, para que eles não fossem condenados injustamente, como é concebível que Ele não pregou o evangelho pela mesma causa para aqueles que tinham partido desta vida antes de Seu advento?[32]
 

A declaração de Clemente que outros seguidores justos de Cristo também pregaram aos mortos é uma crença apoiada em uma moderna revelação ao Presidente Joseph F. Smith (D & C 138:29-32), ao escrever que Cristo organizou os justos mortos para pregarem aqueles que não tinham ouvido a mensagem do evangelho.[33] De maneira semelhante, Hipólito escreveu sobre o Salvador dizendo que “Ele estava incluído entre os mortos, pregando o Evangelho as almas dos Santos, (e) pela morte sobrepujando a morte” (Tratado sobre Cristo e o Anti-Cristo 26).[34] Em seu texto Sobre Salmos 109 ou 110, 1, ele escreveu “Que [Cristo] libertou dos infernos mais baixos o primeiro homem feito na terra, quando perdido e atado pelas correntes da morte; Ele que veio de cima, e exaltou o homem nascido na terra nas alturas; Ele que tem se tornado o pregador do Evangelho aos mortos, o redentor das almas, e da ressurreição dos que foram sepultados.” [35]
 

Alguns dos primeiros textos Cristãos mencionam a visita de Cristo no Hades com o propósito de trazer os mortos de volta a vida através da ressurreição. Por exemplo, Atanásio, um renomado bispo de Alexandria do quarto século, disse que Cristo “Abriu os portões de latão, Ele demoliu fechaduras de ferro, e Ele tomou as almas que estavam em Amento [mundo dos mortos] e os levou a Seu Pai...Agora as almas Ele tirou de Amento [mundo dos mortos],[36] porém os corpos Ele levantou na terra” (Discurso do Patriarca Atanásio Concernente a Alma e o Corpo).[37]
 

O texto A Epístola dos apóstolos, conhecido através de uma versão completamente Etíope, um manuscrito fragmentário do quinto século escrito em Latim (agora em Viena) e um manuscrito Cóptico mutilado do quarto ou quinto século no Cairo, coloca as seguintes palavras na boca de Jesus, visitando seus apóstolos depois da ressurreição: 

“Para este fim fui ao lugar de Lázaro, e preguei aos justos e aos profetas, para que eles pudessem vir adiante do resto que está abaixo e subir para aquilo que esta (acima) ...(Nisto que Eu estendo minha mão sobre eles...da vida e do perdão e da liberdade de tudo aquilo que é maligno, como eu tenho feito para vós e para aqueles que crêem em mim.” (Epístola dos Apóstolos 27) [38]

Na versão Etíope, o Cristo ressuscitado diz a seus apóstolos, “Com relação a este relato eu tenho descido e falado com Abraão e Isaque e Jacó, com seus pais os profetas, e tenho trazido a eles novas que eles podem sair de seus descansos que está abaixo nos céus, e os tenho dado o batismo de vida e do perdão e por toda iniqüidade neles contida, portanto a partir de agora isto também se entende àqueles que crêem em mim.” Ele então diz a eles que todo aquele que crê “deve sair da prisão e deve ser resgatado das cadeias e lanças e do terrível fogo,” a que o apóstolo respondeu, “Ó Senhor, em tudo nos fizestes regozijar e nos tem dado descanso; pois fiel e verdadeiramente tendes pregado para nossos pais e aos profetas, e até mesmo a nós e inclusive a todo homem.” [39]
 

Em uma das versões do texto Armênio Concernente a Adão, Eva e a Encarnação 58, os dois anjos dizem as mulheres na tumba que Cristo “tem destruído o Inferno; ele tem libertado Adão com toda sua semente.” [40] O texto Etíope Conflito de Adão e Eva tem o Cristo pré-mortal (chamado “O verbo de Deus”) dizendo a Adão sobre “o dia em que Eu descer ao mundo dos espíritos e quebrar os portões de latão, e esmigalhar em pedaços os reinos de ferro” (Conflito de Adão e Eva I, 42:5).[41] O mesmo texto, após descrever a crucificação de Cristo, enterro, e ressurreição, observa, “E Ele desceu ao inferno, e salvou Adão e Eva, e todos os justos de sua semente, de acordo com Sua primeira e firme promessa” (Conflito de Adão e Eva IV, 15:14).[42]
 

O texto pseudo-epigrafado Martírio e Ascensão de Isaías 4:21-22 fala “da descida do Amado ao Sheol,” a esfera dos mortos, e nota que este evento tinha sido predito em Isaias 52:13 (onde a versão Grega Septuaginta se refere a Deus falando de “meu filho”), nos Salmos, na parábola de Davi o filho de Jessé, e nos Provérbios de Salomão seu filho, e nas palavras de Kora e de Ethan o Israelita e nas palavras de Asaph, naqueles que não tem nenhum nome escrito, e nas palavras de Amós [Amós na versão KJB] meu Pai e de Oséias o profeta, e de Miquéias, e de Joel, e de Neemias, e de Jonas, e de Obadias, e de Habacuque, e de Ageu, e de Sofonias, e de Zacarias, e de Malaquias, e nas palavras do justo José, e nas palavras de Daniel.”[43] O texto também fala do Pai dizendo a Cristo, “Tu descerás pelo do firmamento e através daquele mundo tanto quanto o anjo que (está) em Sheol, mas tu não deverás chegar até a Perdição” (Martírio e Ascensão de Isaias 10:8-9).[44] Sheol é o termo Hebraico denotando o mundo dos mortos, enquanto que Perdição é o domínio do demônio, aquilo que chamamos de prisão dos espíritos.

No quarto século A.D. , Efraim da Síria descreveu a tentativa do demônio de manter o Cristo fora do mundo dos espíritos: “Eu me apressarei e fecharei as portões do Inferno, antes deste Morto, Cuja morte tem me prejudicado. Seja lá quem ouvir irá ponderar na minha humilhação, que sem a presença deste homem morto eu sobrepujarei. Todos os mortos buscam ir avante, mas este um marcha para entrar. O remédio da vida tem entrado no Inferno, e tem restaurado vida aos seus mortos” (Hinos Nicenos 36.14).[45] O bispo Sírio Moises Bar Kepha do século nove A.D. escreveu a respeito de Cristo dizendo que “Ele desceu ao Sheol e trouxe as almas que lá estavam cativas, e ascendeu no terceiro dia, e assim nos deu uma grande promessa de (nossa) ressurreição e imortalidade” (Explanação dos mistérios das páginas de Devoção 148b).[46]

A TESTEMUNHA JUDAICA

Algo de chamar a atenção é a evidência do conceito de que a visita do Messias a esfera dos mortos é também encontrada em alguns textos Judeus. Dois escritores do segundo século, falando da pregação de Jesus aos mortos, atribuíram ao profeta Jeremias uma profecia, não encontrada em nossas atuais versões daquele livro bíblico, que o Senhor desceria e pregaria a salvação aos mortos. Estes escritores foram Justino Mártir (Diálogo Com Trifo 72.4) [47] e Irineu (Contra as Heresias 3:20.4; 4:22.1; veja também 4.27.2;4.33.1,12;5:31.1).[48]

Moises Gaster, numa compilação de “Visões Hebraicas do Inferno e do Paraíso,” cita o parágrafo 20 da Revelação do Rabi Joshua ben Levi, em que descobrimos a crença de que somente o Messias pode abrir os portões de Sheol, o mundo dos mortos:

R. Joshua, filho de Levi, nos diz mais adiante: “Eu perguntei ao Messias para me permitir olhar para o inferno, mas ele não me deixou, alegando que os justos nunca deveriam fitar o Inferno.” Portanto eu fui ao anjo chamado Komm para que ele pudesse me descrever o inferno para. Mas foi impossível, pois naquele momento R. Ismael, o sumo sacerdote, e R. Simeão, filho de Gamaliel, e dez outros justos foram mortos, e as notícias chegaram até nós, portanto eu não pude ir com o anjo. Eu fui com o anjo Kipod e a luz foi comigo até os portões do Inferno, e o Messias veio comigo, e eles foram abertos. Os pecadores que lá estavam viram a luz do Messias, e rejubilaram, dizendo um ao outro: “Este nos tirará daqui.” [49]

Aqui então temos uma indicação clara proveniente de uma fonte rabínica de que o Messias abriria os portões do sheol, a esfera dos mortos, e liberaria seus espíritos prisioneiros. As ações de Jesus de levar sua exultante mensagem aos espíritos dos mortos e os liberando podem ser refletida na citação de Isaias 61:1-2 na sinagoga de Nazaré, dizendo que ele iria “proclamar liberdade aos cativos” (Lucas 4:17-20).

A visão do Rabi Joshua traça um paralelo com um dos textos pseudo-epigrafados Odes de Salomão, no qual o Salvador diz, “O Sheol me viu e eu fiquei quebrado em pedaços, e a Morte me ejetou e muitos juntamente comigo...Eu fiz uma congregação de vivos entre seus mortos; e Eu falei com eles através de lábios vivos; a fim de que minha palavra não pudesse falhar. E aqueles que tinham morrido correram em minha direção; e eles choraram e disseram, “Filho de Deus, tenha piedade de nós. E nos trate de acordo com sua bondade, e nos retire das correntes das trevas. E abra para nós a porta pela qual possamos ir até onde estás, pois sentimos que nossa morte não se aproxima de ti. Que possamos também ser salvos contigo, porque tu és o Salvador.” Então eu ouvi as vozes deles, e coloquei a fé destes em meu coração. E eu coloquei meu nome sobre suas cabeças, porque eles estão livres e são meus” (Odes de Salomão 4211, 14-20).[50]

Ao historiador Judeu Josefo do primeiro século A.D. é atribuído a honra de ser o autor de um texto intitulado Discurso aos Gregos Concernente ao Hades, embora seja claramente um documento Cristão que utiliza da parábola de Cristo em Lucas 16:19-31 e de outras passagens do Novo Testamento. Este texto fala do Hades, onde as almas dos retos e iníquos são detidas,“ dizendo que “esta região é permitida como um lugar de custódia para almas,” enquanto que os iníquos são punidos em uma região contendo “certo lugar designado, como um lago de fogo inextinguível” em que “ninguém nunca tinha sido lançado até então.” Por outro lado, os retos “estão agora confinados no Hades, mas não no mesmo lugar onde os injustos estão confinados.” Aqui “eles esperam por aquele descanso e vida eterna nos céus, que é para se suceder desta região. Este lugar nós chamamos de Seio de Abraão.” Os iníquos são mantidos “como prisioneiros” pelos “anjos designados sobre eles para censurá-los e ameaça-los.” “Este é o procedimento concernente ao Hades, onde as almas de todos os homens são confinadas até a estação própria, que Deus determinou, onde ele fará uma ressurreição de todos os homens entre os mortos.” (Discurso aos Gregos Concernente ao Hades 1-5).
 

Um texto medieval Judeu atribuído ao Judeu Rabi Akiba indica que, no dia da redenção, o Senhor estará sentado no Paraíso explicando o Torá quando ele ouvir vozes do Gehena respondendo, “Amém.” Em resposta, ele enviará os anjos Miguel e Gabriel com as chaves para abrir os portões do Gehena, e tirar de lá estas almas arrependidas. O texto continua:
 

O que, então, fazem Miguel e Gabriel? Naquela hora eles seguram as mãos de cada um dos iníquos e os puxa para cima, como um homem que levanta seu companheiro e o puxa de dentro do buraco para cima...e Gabriel e Miguel permanecem sobre eles naquela hora, e os lava, e os unge com óleo, e os cura das feridas do Gehena, e os veste com boas e bonitas vestiduras, e os leva pelas mãos, e os traz diante daquele que é Santo, abençoado seja Ele...E quando eles chegam ao portão do Jardim do Éden, primeiro Gabriel e Miguel entram e se aconselham com aquele que é Santo, abençoado seja Ele, e reponde a eles dizendo: Deixe os entrar e ver minha Glória.” (Midrash Alfa Beta di-Rabi Akiba) [51]

 
SUMÁRIO:

A visita de Cristo ao mundo dos espíritos tem sido conhecida por muito tempo entre os Cristãos, embora não seja mais enfatizada em nossos dias e é, de fato, negada por alguns detratores da Igreja de Cristo. Alguns destes críticos rejeitam totalmente o significado evidente das palavras de Pedro e sugerem outros significados. Eles o fazem em grande parte como uma tentativa de refutar a prática do batismo pelos mortos. Para estar seguro, Joseph Smith poderia ter aprendido sobre o conceito diretamente da Bíblia ou através dos sermões que ele participou. Mas ele foi além disto e revelou o princípio de batismo pelos mortos, o qual faz sentido somente se os espíritos dos mortos ouvirem o evangelho e ter uma oportunidade de aceitar ou rejeita-lo. O capítulo 35 abrange o batismo pelos mortos em termos de sua prática na antiguidade.

Baseado nas pesquisas feitas por Richard L. Anderson, Barry R. Bickmore, Edward Tanner Jones, Hugh Nibley, Mathew P. Roper, John A. Tvedtness, e Kevin Winters.

Traduzido do original em Inglês para o Português por: Evandro M. Faustino

Para mais leitura sobe o assunto:

Richard L. Anderson, “Baptism for the Dead,” appendix C in Anderson, Understanding Paul (Salt Lake City: Deseret, 1983)

Elma Fugal, “Salvation of the Dead,” in Daniel H. Ludlow, gen. ed., Encyclopedia of Mormonism (New York: Macmillan, 1992)

Hugh Nibley, “Baptism for the Dead in Ancient Times,” chapter 4 of Nibley, Mormonism and Early Christianity (Salt Lake City: Deseret and FARMS, 1987), 100-67.

Matthew P. Roper, “Salvation for the Dead: A Response to Luke Wilson,” in First Annual Mormon Apologetics Symposium: Proceedings (Ben Lomond, CA: Foundation for Apologetic Information & Research, 1999).

John A. Tvedtnes, “Baptism for the Dead in Early Christianity,” in Donald W. Parry and Stephen D. Ricks, The Temple in Time and Eternity (Provo: FARMS, 1999)

John A. Tvedtnes, “The Dead Shall Hear the Voice,” FARMS Review of Books 10/2 (1998).

 

Notas de Rodapé:




[1] O termo moderno “inferno” originalmente denotava o reino dos mortos, não necessariamente um lugar de tormento

[2] Alexander Roberts and James Donaldson, eds., Anti-Nicene Fathers (reprint Peabody, MA: Hendrickson, 1994), 3:324-5. 

[3] Ibid., 3:187. 

[4] Ibid., 3:231. 

[5] A entrada de Cristo no mundo spiritual, a partir do qual ele foi o primeiro a escapar, somente foi possível devido as “chaves da morte e inferno” que ele possuía (Apocalipse 1:18; cf. 3:7). Ele ortogou sobre Pedro as “chaves do reino dos céus,” dizendo que “sobre esta rocha eu edificarei a minha Igreja; e os portões do inferno não prevaleceriam contra ela” (Mateus 16:18-19). Com aquelas chaves seladora, os portões da prisão spiritual poderiam ser abertos para libertar os espíritos cativos.

[6] Para uma abordagem recente, ver Luke P. Wilson, “Does the Bible Teach Salvation for the Dead? A Survey of the Evidence, Part I, in Heart and Mind (January-March 1995): 1-4; “Did Jesus Establish Baptism for the Dead?”Heart and Mind (January-March 1997): 1-4. Para uma revisão crítica destes dois artigos, ver Matthew P. Roper, “Salvation for the Dead: A Response to Luke Wilson,” in First Annual Mormon Apologetics Symposium: Proceedings (Ben Lomond, CA: Foundation for Apologetic Information & Research, 1999), e John A. Tvedtnes, “The Dead Shall Hear the Voice,” FARMS Review of Books 10/2 (1988). At this writing, all of these articles are available on web sites. 

[7]  Para um estudo mais profundo, ver John A. MacCulloch, The Harrowing of Hell: A Comparative Study of an Early Christian Doctrine (Edinburgh: Clark, 1930). Estudos mais recentes incluem W. J. Dalton, Christ’s Proclamation to the Spirits: A Study of 1 Peter 3:18-4:6, Analecta Biblica 23 (Rome: Pontifical Biblical Institute, 1989), and Heidi J. Hornik and Mikael C. Parsons, “The Harrowing of Hell,” Bible Review, June 2003. A Europa Medieval conhecia uma peça dramática conhecida como “A Agonia do Inferno,” a qual era apresentada na Páscoa. Atos 2:31 usa a palavra grega Hades (traduzida como “inferno” em algumas versões do Rei Tiago) para denotar o lugar de onde Cristo veio após a sua ressurreição. Um dos mais antigos comentários Cristãos o “Credo dos Apóstolos”, escrito por Rufino no quinto século A.D., discorre sobre a passagem da visita de Cristo ao reino dos mortos. Veja seu Commentary on the Apostles’ Creed 28, em Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series (reprint, Peabody, MA: Hendrickson, 1994), 3:553-4. 

[8] E.g., ver Eusébio, Proof of the Gospel 4.12, in W.  J.  Ferrar, ed. and transl., The Proof of the Gospel, Eusébio 2 vols. in one (reprint, Grand Rapids: Baker, 1981), 1:186, 10.8 (ibid., 2:227); e Hippolytus, On Luke 23, in Alexander Roberts and James Donaldson.eds., Ante-Nicene Fathers, 5:194. Para uma discussão das chaves do sacerdócio como o meio pelos qual os portões do inferno foram abertos, ver o capítulo 45, Chaves do Sacerdócio. 

[9] E.g., see T. F. Worthen, “The Harrowing of Hell in the Art of the Italian Renaissance,” PhD dissertation (University of Iowa, 1981). Um estudo mais recente por um Santo dos últimos Dias ainda não foi publicado. 

[10] Veja, por exemplo, Eusébio, Proof of the Gospel 4.12, in W.  J.  Ferrar, ed. and transl., The Proof of the Gospel, Eusébio 2 vols. in one (reprint, Grand Rapids: Baker, 1981), 1:86. Eusébio viu as palavras de Deus em Jó 38:16-17 como sendo uma profecia da “descida de nosso Salvador ao Hades” (Proof of the Gospel 5.20, ibid., 1:264).

[11] Alexander Roberts and James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers, 1:494. Veja também ibid., 573, a qual cita uma passagem fragmentária em que Irineu escreveu sobre a visita de Cristo ao mundo-espiritual. 

[12] Ibid., 1:560-61. 

[13] Ibid., 1:499. 

[14] Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, 3:231; ver também 4:448. A pregação de Cristo aos patriarcas e profetas mortos concorda com a visão do Presidente Joseph F. Smith conforme está registrada em D&C 138. 

[15] Philip Schaff, ed., Nicene and Post-Nicene Fathers, First Series (reprint, Peabody, Ma: Hendrickson, 1994), 1:515-21. 

[16] Wilhelm Schneelmecher (transl. R. McL. Wilson), New Testament Apocrypha (Louisville, KY: Westminster/John Knox, 1991), 1:225. 

[17] Ibid., 1:541. Para uma discussão dos “portões do inferno” de Mateus 16:18, ver o capítulo 42, Chaves do Sacerdócio. 

[18] Na peça medieval “A Agonia do Inferno,” João Batista anuncia a chegada de Cristo no mundo espiritual. 

[19] Ibid., 1:521-6. Este registro é frequentemente se refere ao tão chamado “Evangelho de Pilatos ou Atos de Pilatos, como capítulos 171-27. Para a versão Latina do relato, ver ibid., 1:526-32. Em um dos documentos de Chenoboskion (livros Gnósticos Cópticos encontrados em uma jarra de barro no Egito em  1945), o Livro Secreto de João, o “poder celestial” (a Mãe Celestial Gnóstica, ao invés de Jesus) descreve a descida dela ao inferno, dizendo que em sua terceira descida, ela desperta Adão e o sela com luz e água de tal forma que a morte não mais tem poder sobre ele. 

[20] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 5.213

[21] Paul Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series (reprint, Peabody, MA: Hendrickson, 1994), 7:420-1.

[22] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 1:70. Em sua epístola aos Magnesianos 9, Ignácio parece aludir a visita de Cristo ao mundo espiritual: “como poderíamos ser capaz de viver longe Dele, cujos discípulos os próprios profetas no Espírito esperavam por Ele como seu Mestre? E portanto Ele a quem eles esperaram fielmente, ao chegar, os levantou dentre os mortos” (ibid., 1:62; cf. Mateus 27:52-53).

[23] Stuart George Hall, Melito of Sárdis: on Pascha and Fragments (Oxford: Clarendon, 1979), 59. Em um fragmento de texto (8b.4), Melito escreveu, que Cristo “apareceu tanto aos mortos no Hades quanto aos mortais no mundo” (ibid., 73). Em “New Fragment II” (12, 15) ele também descreve a descida do Salvador ao reino dos espíritos (ibid., 90, 92).

[24] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 3:231.

[25] Philip Schaff and Henry Wace, Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, 1:102.

[26] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 4:448. 

[27] Ibid., 4:299.

[28] A mais antiga menção ao Pastor (de Hermas) é da metade do Segundo século A.D. Alguns antigos Patriarcas Cristãos o colocaram lada a lado com outros livros do Novo Testamento. Uma da mais primitivas Bíblias encardenadas, o Códex Sinaiticus do quarto século AD, o inclui no Novo Testamento. Ele também aparece no Códex Claromontanus do sexto século AD, junto com as epístolas do Novo Testamento.

[29] O termo “selo” foi usado no antigo Cristianismo para denotar batismo.

[30] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 2:49

[31] Ibid., 2:357.

[32] Ibid., 490-1.

[33] Entre os antigos patriarcas e profetas visto na visão do Presidente Smith da visita de Cristo ao mundo spiritual estavam Adão, Eva, Abel, Seth, Noé, Sem, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Isaías, Ezequiel, Daniel, Elias, Malaquias e outros (D&C 138:38-53). De acordo com a versão Grega da “Descida de Cristo ao Inferno” (parte do evangelho de Nicodemos) 8 [24] , enquanto no mundo espiritual Cristo visitou “Adão...os patriarca, e profetas, e mártires, e antepassados” (Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 8:437). A versão Latina (capítulos 8 [24]) lista, entre aqueles presentes, personalidades do Velho Testamento tais como Adão, Habacuque, Miquéias, e “todos os profetas” (ibid., 8:451-2). De particular interesse é o fato que o Pres. Smith notou ter visto o profeta Elias (D&C 138:45, 57), que havia sido transladado e portanto não era um espírito. Semelhantemente, no Evangelho de Nicodemos 9, quando Cristo estava preparando para trazer os espíritos justos para for a fim de ressuscitá-los , eles se encontram tanto Enoque como Elias no mundo espiritual e estavam surpresos que eles lá estivessem uma vez que eles nunca haviam morrido (ibid., 8:437, 452).

[34] Ibid., 5:209.

[35] Ibid., 5:170.

[36] Textos Cópticos empregam o termo Amento, o reino dos mortos Egípcio, no lugar do Grego Hades.

[37] Ernest A. Wallis Budge, Coptic Homilies (London: Longmans, 1910), 271-2.

[38] Wilhelm Schneemelcher (translator R. McL. Wilson), New Testament Apocrypha (revision, Louisville, KY: Westminster/John Knox, 1992), 1:265. Montague Rhodes James, The Apocryphal New Testament (Oxford University Press, 1955), 494. 

[39] Wilhelm Schneemelcher (translator R. McL. Wilson), New Testament Apocrypha, 1:265.  Para a tradução francesa, ver Louis Guerrier and Sylvain Grébaut, Le Testament en Galilée de Notre-Seigneur Jésus-Christ (Paris: Firmin-Didot, 1912), Patrologia Orientalis IX:210. Em outro texto Etíope, Cristo desce ao Seol e traz para for a seus escolhidos, envia-os ao jardim (Paraíso) sob a liderança de Dimas, um dos ladrões crucificados com ele. Eles são detidos nos portões pelos serafins e querubins, a quem não lhes permite passagem até que Dimas lhes mostre os escritos que Yeshua (Jesus) lhes havia dado, escritos em seu próprio sangue. Ver Sir E. A. Wallis Budge, The Book of the Mysteries of the Heavens and the Earth e Other Works of Bakhayla Mîkâ’êl (Zôsîmâs) (Oxford, 1935), 135-137. 

[40] Michael E. Stone, Armenian Apocrypha Relating to Adam and Eve (Leiden: Brill, 1996), 75.

[41] S. C. Malan The Book of Adam and Eve, também chamado  The Conflict of Adam and Eve with Satan (London: Williams and Norgate, 1882), 44.

[42] Ibid., 206.

[43] James H. Charlesworth, ed., The Old Testament Pseudepigrapha (Garden City, NY: Doubleday, 1983), 2:162-3. 

[44] Ibid., 2:173. 

[45] Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, 13:197.

[46] R. H. Connolly and H. W. Codrington, Two Commentaries on the Jacob Liturgy (Oxford and London: Williams and Norgate, 1913), 28.

[47] “O Senhor se lembrou de Seu falecido povo de Israel que jazia nas sepulturas; e Ele desceu para pregar-lhes Sua salvação.” Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 1:235.

[48] Ibid., 1:451, 493-4, 499, 506, 510, 560. Em um lugar, Irineu atribuiu a passagem a Isaías, em outro a Jeremias (a segunda passagem concorda com Justino). Em “Contra as Heresia” 4.27.2, Irineu, refletindo a antiga crença que os mortos habitavam em um mundo inferior, escreveu, “O Senhor desceu as partes sob a terra, anunciando-lhes também as boas novas de suas vinda, havendo remissões dos pecados para tantos quanto nele acreditassem.”

[49] Moses Gaster, “Hebrew Visions of Hell and Paradise,” in Gaster, Studies and Texts (1928, reprinted New York: Ktav, 1971), 1.148.

[50] James H. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, 2:271.

[51] O texto Hebraico foi publicado em Adolph Jellinek, Bet haMidrasch (orig. 1938; reprint, Jerusalem: Wahrmann, 1967), 3:27-29. A tradução Inglesa usada aqui é de Raphael Patai, The Messiah Texts: Jewish Legends of Three Thousand Years (Detroit: Wayne State University, 1988), 252-53.

 
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