1. Profetas são infalíveis?  

2. Profetas e Crenças Contemporâneas  

3. O que é Doutrina Oficial SUD?

4. Natal em 6 de Abril?  

5. Qual a Religião Verdadeira?

6. Patrick Gleen, de filósofo ateu a gnóstico.

7. Por que muitos acham ser a evolução algo maligno?

8. O Mito da Teoria da Evolução como algo maligno?

9. Dr. Otaviano, de cientista ateu a membro S.U.D..

10. Mormonismo e o Novo Criacionismo

11. Fé & Razão, por Élder C. Hafen

Textos 1, 2, 3 e 4 são de Michael R. Ash, mantedor do site Mormon Fortress.

Tradução: Marcelo Moreira da Silva

1.     São os profetas infalíveis?

Infalível significa "incapaz de erro.” (Webster, 1974) Enquanto um católico acredita que o papa é infalível em matéria de doutrina, e enquanto alguns protestantes acreditam que a Bíblia seja "infalível”, os Santos dos Últimos Dias não acreditam que os profetas, nem do passado nem do presente são infalíveis. Presidente Charles W. Penrose da Primeira Presidência, por exemplo, em uma carta aberta a um anti-Mórmon publicado na Improvement Era, tratou sobre a questão da infalibilidade. O detrator havia perguntado: "Você acredita que o Presidente da Igreja, quando fala à Igreja em sua capacidade e posição oficial, é infalível?" O presidente Penrose respondeu: "Nós não acreditamos na infalibilidade do homem. Quando Deus revela qualquer coisa, isto é verdade, e a verdade é infalível. Nenhum Presidente jamais reivindicou infalibilidade." (Tabela do Editor, Improvement Era, Setembro 1912, 1045.)[1]

              Eram os profetas bíblicos infalíveis? Escrevendo sobre o profeta Elias do Velho Testamento, Tiago disse que ele era "um homem sujeito às paixões humanas tal como nós somos" (Tiago 5:17). Noé ficou bêbado (Veja Gênesis 9:21), Jeremias ficou com tanta raiva de Deus que alegou que o Senhor "lhe havia iludido" e jurou que nunca falaria em nome do Senhor outra vez (veja Jeremias 20:7, 9.). Até mesmo Pedro e Paulo tiveram desavenças (veja Gálatas 2:11-14). Os profetas do Livro de Mórmon reconheceram do mesmo modo que eram capazes de errar. Morôni disse: Não me condeneis por causa de minha imperfeição, nem a meu pai, por causa de sua imperfeição, nem a nenhum daqueles que dantes escreveram; mas antes dai graças a Deus por se fazer manifesta nossas imperfeições, para que vós podeis ser mais sábios do que nós fomos. (Mórmon 9:31.)  

Joseph Smith compreendeu que tinha fraquezas e falhas, e que também era sujeito ao erro. O profeta escreveu: “Visitei um irmão e uma irmã em Michigan que achavam que um profeta fosse sempre um profeta; mas eu lhes disse que um profeta era um profeta somente quando estava agindo como tal.”(HC. 5:265.) Em uma outra ocasião ele disse: “Embora tenha sido chamado por meu Pai Celestial para colocar o alicerce deste grande trabalho e reino nesta dispensação, e testificar sobre sua vontade revelada à Israel dispersa, eu sou sujeito às paixões humanas como os outros homens e como os profetas de outrora.”(HC, 5:516.)  Ele também declarou, “eu disse aos irmãos que eu era nada além de um homem, e não deveriam esperar de mim um ser perfeito; se esperavam a perfeição de mim, eu deveria esperar o mesmo deles também; mas se poderiam suportar minhas enfermidades e as enfermidades dos líderes, eu poderia suportar e conviver do mesmo modo com as suas enfermidades.”(HC, 5:181.)  E ainda numa outra ocasião ele indicou publicamente, “Muitas pessoas pensam que um profeta deva ser muito melhor  do que qualquer outra pessoa... Eu não quero que pensem que sou um super justo, porque eu não sou.”(HC, 5:401.) E em uma carta a Oliver Cowdery, direcionada para publicação, Joseph escreveu, “Eu não pretendo, nem nunca pretendi ser qualquer coisa além de um homem sujeito às paixões humanas, e sujeito a ficar sem a graça assistida do Salvador caso me desvie do caminho da perfeição que todos os homens são ordenados a caminhar.” (Latter-day Saints Messenger & Advocate, Novembro 6, 1834.) Lorenzo Snow tinha um testemunho de que Joseph Smith era um profeta de Deus apesar de suas fraquezas pessoais.

Ele escreveu certa vez:

  “Eu vi imperfeições em [Joseph Smith] ... e dei graças a Deus por Ele colocar sobre os ombros de um homem que tinha aquelas imperfeições o poder e autoridade que Ele o comissionou... pois eu saiba que eu mesmo tinha fraquezas, e descobri que havia uma chance para mim…dei graças a Deus por ter visto estas imperfeições.” (Diário Pessoal citado em Maxwell [1984], 10.)  

Brigham Young :

            “Nós estamos conectados ao erro; somos sujeitos, em maior ou menor grau aos erros incidentais da família humana. Todos nós gostaríamos de viver sem estes erros, e muitos pensam que um homem em minha posição deveria ser perfeito; longe disso. Se vocês apenas pensassem isso por um momento, vocês não me tornariam perfeito, pois se fosse perfeito o Senhor já me teria transladado ao Paraíso mais rápido do que vocês desejassem que eu lá estivesse.” (JD 10:212.) 

Brigham Young disse em uma outra ocasião:

            “Eu tenho muito mais receio de que este povo tenha tanta confiança em seus líderes que eles não inquirirão por eles mesmos a Deus se eles estão sendo guiados por Ele…Que todo homem e mulher saibam por si mesmos se seus líderes estão andando no caminho ditado pelo Senhor ou não.” (JD 9:150.)

2. Profetas e Crenças Contemporâneas 

            Eis  que, eu sou Deus e tenho isto lhes falado, este mandamentos provém de mim, e são dados aos meus servos em suas fraquezas, segundo a maneira de suas linguagens, para que possam vir a compreender (D&C 1:24; itálicos acrescentados)

            Não apenas estiveram algumas vezes os profetas Bíblicos errados, mas freqüentemente eles acreditavam nas visões prevalescentes – e algumas vezes incorretas – de seu próprio tempo. Na Bíblia, por exemplo, lemos sobre o cálice de prata de José (ver Gen. 44:2, 5) com o qual “ele advinhava” (o que também era praticado pelos seus vizinhos pagãos e denominado hidromancia [Quinn {1987}, 3]), ou então sobra a vara mágica de Aarão (Êxodus 7:9-12). O lançamento da sorte, ou sortilégio (ver Atos 1:26), para a escolha de um novo Apóstolo era também praticado pelos pagãos. (Ibid.) A Bíblia registra que Jacó usou varas para que o rebanho de Labão produzisse progênie malhada ou listada (ver Gen. 30:37-39) -- Eu posso imaginar o que os críticos diriam se tivesse Joseph afirmado que havia tentado fazer algo semelhante. Em Números 5:11-31,21 lemos sobre um teste mágico para identificar uma adúltera em que o sacerdote dava à suspeita uma porção para beber. Se a mulher fosse culpada, sua coxa se incharia. Até mesmo alguns dos milagres de Cristo tinha tons familiares aos seus vizinhos pagãos. A cura de Jesus do homem surdo através da colocação de seus dedos em seus ouvidos (Marcos 7:33-35) e a cura de Jesus do homem cego através do toque em seus olhos com barro e saliva eram práticas comuns dos vizinhos pagãos.  (Ibid., 4.)  

            Os primeiros Mórmons compreendiam as coisas diferentemente do que nós as compreendemos hoje. Assim como personagens bíblicos tinham visões estranhas sobre a forma da terra (Isaías 11:12) e o movimento dos planetas (Josué 10:6), da mesma forma alguns antigos líderes SUD possuíam algumas visões incorretas. Evidência sugere, por exemplo que Joseph Smith (pelo menos por algum tempo) e outros antigos Santos-dos-Últimos-Dias acreditavam num modelo “hemisférico” para a geografia do Livro de Mórmon. Antigos Santos geralmente acreditavam que a América do Norte era a terra do Norte e que a América do Sul era a terra dp Sul – com o Panamá sendo a estreita faixa de terra. A pesquisa recente a respeito dos mapas internos do Livro de Mórmon (conforme descrito através de uma leitura mais cuidadosa do texto), entretanto, demonstra uma geografia “limitada” para o lay-out dos eventos do Livro de Mórmon (Sorenson [1992b], 9) – o que tende a apoiar a crença de que Joseph Smith não é o “autor” do Livro de Mórmon. (ver Hamblin [1993], 174.) Junto com outros homens da fronteira em seus dias, Joseph e os antigos Santos não viam nenhuma distinção entre Índios no hemisfério. Portanto para os antigos Santos, um “Lamanita” era qualquer índio. (Sorenson [1992b], 9.) Sabemos hoje que muito desta percepção é quase certamente incorreta.

             Profetas não são criados em um vácuo cultural. Moisés não foi, Abraão não foi e nem foram Jospeh, Brigham ou Gordon B. Hinckley. Eruditos não-SUD têm reconhecido que profetas bíblicos estavam errados sobre certas crenças culturais. O Rev. J.R. Dummelow escreveu:

            Embora sejam purificados e investidos pela influência do Seu Santo Espírito; são homens cada qual com suas próprias maneiras de verem as coisas – cada qual influenciado diferentemente do outro através de diferentes experiências e disciplinas em suas vidas. Suas inspirações não envolviam uma suspensão de suas faculdades naturais; nem mesmo os faziam livres das paixões terrenas; não os transformavam em máquinas – eles continuavam sendo homens. Portanto descobrimos que seus conhecimentos algumas vezes não eram mais elevados do que aqueles de seus contemporâneos… [Concernente ao autor do Gênesis:] Seu conhecimento científico pode ser restringido pelo horizonte da era em que viveu, mas as verdades religiosas que ele ensina são irrefutáveis e eternas. (Dummelow [1936], cxxxv.)

             Em um Simpósio da FARMS de 1999 sobre o Papiro de Joseph Smith alguns eruditos SUD demonstraram que a visão de Moisés (Abraão capítulo 3) muito provavelmente toma uma perspectiva eco-cêntrica – isto é, que a visão de Moisés relata verdades de acordo com o como teria ele compreendido o universo em seu tempo, com a Terra ao centro. (Ver Daniel C. Peterson, William J. Hamblin, e John Gee, “And I Saw the Stars,” publicação a ser lançada). Vemos a mesma associação com idéias contemporâneas  em outras áreas da Bíblia.  O design do Templo de Salomão  era “caracteristicamente fenício” e estruturas similares foram escavadas no norte da Síria. (Harrison, 206-8.) Da mesma forma “o tabernáculo Mosaico estava ‘muito próximo na maioria dos essenciais’ a várias estruturas pagãs portáteis Egípcias, incluindo a” Tenda da Purificação “Egípcia…E ainda, de acordo com Êxodo 25-30, foi o próprio Iavé quem instruiu os Israelitas em como construir o tabernáculo.” (Citado em Griffith, 14.) Henry Chadwick nota que o “Bom Pastor carregando sua ovelha nos ombros era um convencional símbolo pagão de preocupação humanitária, filantropia. Os Cristãos estavam tomando um símbolo comum e investindo-o com um novo significado possivelmente com referências a Cristo e ao bom Pastor com suas ovelhas.” (Chadwick, 278.)  Até mesmo as doutrinas Cristãs do sacramento e renascimento através do batismo tinham suas contrapartidas pagãs. (Hunter, 217-8; 235-8.)

            Da mesma forma, não deveria ser nenhuma surpresa aos Santos dos Últimos Dias de que Joseph Smith em seus primeiros anos (antes de restaurar a Igreja) participou de caça de tesouros, ou que ele achasse que a Palavra de Sabedoria encorajasse mais moderação do que abstinência. Nem ninguém deveria estranhar ao descobrir que Brigham Young acreditasse que o Sol fosse habitado (assim como acreditavam pessoas educadas de seu tempo [JD 13:217; ver também Van Hale {1983}.]), ou que Joseph Fielding Smith acreditasse que o homem jamais fosse capaz de ir até a lua. (Ver Smith [1979]; ver também Gibbons, 371.)

            Presidente Brigham Young aparentemente compreendia este conceito de perspectiva cultural em que os profetas e apóstolos estão imersos quando ele disse: “Eu nem mesmo acredito que exista uma simples revelação, entre as muitas que Deus deu à Igreja que seja perfeita em sua plenitude. As  revelações de Deus contêm doutrinas e princípios corretos, quão longe possam ir; mas é impossível para os pobres, fracos, inferiores, ignorantes, pecaminosos habitantes de esta terra receberem uma revelação do Todo Poderoso em toda suas perfeições. Ele tem de nos falar de uma maneira que possa se adequar às extensões de nossas capacidades.” (JD 2:314.)

            Todos nós temos uma visão de mundo sobre a qual somos forçados a mudar de tempos em tempos. Tais visões mudaram radicalmente desde que éramos jovens e continuarão a mudar através das eternidades. Da mesma forma, a Igreja está evoluindo. Esta é uma das bênçãos de uma Igreja viva. Temos as bênçãos das atualizações. Em 6 de Abril de 1845, em uma Conferência em Nauvoo, Brigham Young disse:

            Joseph não recebeu durante seu período de vida todas as coisas conectadas à doutrina da redenção, mas ele deixou a chave com aqueles que compreendiam como obter e ensinar a este grande povo tudo o que fosse necessário a sua exaltação e salvação no reino celestial de nosso Deus. Devemos aprender em como sermos fiéis em pequenas coisas, vocês conhecem que a promessa é, se formos fiéis nas pequenas coisas, tornar-nos-emos legisladores sobre muitas coisas. Se desenvolvermos sobre as pequenas coisas, muito mais ser-nos-á concedido. (Millennial Star No. 8, 1o Outubro, 1845, vol. vi, pp. 119-123)

            Seguindo nesta mesma linha Joseph Fielding Smith notou que a “obra de salvação para os mortos veio ao Profeta como qualquer outra doutrina – aos poucos. Não foi tudo revelado imediatamente.” Em outra ocasião Joseph Fielding Smith escreveu que a Igreja “possui todos os meios para a correção de cada erro, abuso ou falha que possa ter ocorrido de tempos em tempos, e que sem anarquia ou mesmo revolução, isto pode ser feito pelo processo de evolução – através do desenvolvimento, pelo crescimento do conhecimento, sabedoria, paciência e caridade.” (Smith [1919], 381.) Parece que Paulo isto compreendia da mesma forma quando ele disse:

I Coríntios 13:12

Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido.

Uma Igreja sempre em evolução, crescente e viva, virtualmente garante que nem toda a verdade será conhecida sobre todas as coisas em todas as eras. Quando recebemos revelações, quando nova informação é concedida, é apenas lógico que esta nova informação seja interpretada de acordo com a compreensão de seu tempo.

Nota do Tradutor:

Exemplos Bíblicos de como o Contexto Social e Histórico da época em que viviam os profetas afetaram suas opiniões, crenças e comportamentos religiosos: 

1.         Paulo e Pedro defendem o direito dos senhores de escravos em terem escravos.

Efésios 6:5

 Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo,

 Colossences 3:22

  Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo somente à vista como para agradar aos homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor.

  Tito 2:9-10

 Exorta os servos a que sejam submissos a seus senhores em tudo, sendo-lhes agradáveis, não os contradizendo nem defraudando, antes mostrando perfeita lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus nosso Salvador.

 I Pedro  2:18

 Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos vossos senhores, não somente aos bons e moderados, mas também aos maus

2.         José do Egito usava um cálice para praticar adivinhações, prática comum em sua época no Egito conhecida como hidromancia.

(Gênesis 45:4-5)

 Havendo eles saído da cidade, mas não se tendo distanciado muito, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o mal pelo bem?

 Não é esta a taça por que bebe meu senhor, e de que se serve para adivinhar?

3.         O apóstolo João acreditava que o tanque de Bethaisda fosse acionado pela passagem de um anjo, como a maioria de seu tempo que desconhecia os mecanismos geológicos de funcionamento de um gêiser, nem sabiam que vários gêiseres têm propriedades terapêuticas.

(João 5:2-4)

  Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres. Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.] [Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.]

4.         Cristo ao curar um cego, cospe no chão e unta com lama os olhos de um cego, repetindo uma prática pagã comum a curandeiros de seu tempo. (João 9:6)

5.         Cristo cura um epilético que tinha convulsões e espumava pela boca após seus apóstolos falharem. Todo o contexto desta passagem demonstra que tanto Cristo como os apóstolos acreditavam que a epilepsia fosse causada por possessões demoníacas, uma idéia que vigorou em nossa sociedade até o século XIX, quando os mecanismos das causas da epilepsia foram cientificamente descobertos.

(Marcos 9:17-18; 25-29)

 Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo; e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam...E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele. E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.  Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé. E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo?Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração e jejum. 

6.         Os apóstolos ao escolherem um novo apóstolo para a vaga deixada por Judas, tiram a sorte, procedimento comum em sua sociedade a qual achava que Deus de alguma maneira favorecia o sorteado em uma situação como esta.

(Atos 1:24-26)

E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar. Então deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado com os onze apóstolos. 

            E outros inúmeros exemplos Bíblicos...  

            Felizmente, graças à perspectiva sobre profetas modernos, podemos compreender todos estes exemplos Bíblicos. Para um evangélico que exige perfeição dos profetas de Deus, os exemplos acima seriam perturbadores e, aliás, são usados pelos cépticos para demonstrarem quão falhos são a Bíblia e os profetas Bíblicos. Para um SUD, isto não é problema algum, pois compreendemos muito bem o que é revelação dada ao profeta para guiar seu povo e sabemos distinguir a influência e cultura de seu tempo, inclusive, por existir esta influência e imperfeição da mensagem, ou melhor, do meio pelo qual a mensagem chega até os filhos Deus, vemos que é exatamente por isto que o Senhor deva sempre manter profetas modernos, de forma a atualizar sua mensagem e adequá-la as vicissitudes mais hodiernas. 

(D&C 1:24) (Mais uma vez!)

Eis  que, eu sou Deus e tenho isto lhes falado, este mandamentos provém de mim, e são dados aos meus servos em suas fraquezas, segundo a maneira de suas linguagens, para que possam vir a compreender.

            3. Doutrina SUD “Oficial”


           
Críticos SUD freqüentemente citam líderes SUD como se cada palavra já pronunciada por estes líderes (do púlpito, em público, ou mesmo em privado) representassem doutrinas SUD oficiais. Isto, é claro, é uma versão da falácia do espantalho.

           Conforme Bradford e Dahl notam em uma obra autorizada pela Igreja, Enciclopédia do Mormonismo:

          Muitos indivíduos escrevem ou pregam seus próprios pontos de vista. Alguns, pelo estudo e obediência, podem aprender verdades que vão além da posição estabelecida pela Igreja, mas isto não os autorizam a falar oficialmente pela Igreja ou apresentarem suas idéias como sendo as idéias de toda a Igreja. Há muitos assuntos sobre os quais as escrituras não são claras e sobre os quais a Igreja não fez nenhum pronunciamento oficial. Sobre tais questões, pode-se achar diferenças de opiniões entre membros e líderes da Igreja. Até que a verdade sobre estas questões possa ser conhecida através de revelação, há espaço para diferentes níveis de entendimento e interpretações sobre questões ainda não resolvidas.(Bradford and Dahl, 1:395.)

           Antimórmons, entretanto, não são os únicos culpados pela não compreensão do que é e do que não é doutrina “oficial” SUD. Alguns membros têm a errônea concepção de que qualquer coisa falada por uma Autoridade Geral – especialmente em uma Conferência – a qualifica como “doutrina”. Em parte, este dilema é devido ao freqüente “vasto significado no vernácular Mórmon” sobre a palavra “doutrina”. Em seu sentido mais amplo… o termo “doutrina” é usado como significando qualquer coisa que é, ou tem sido, ensinado ou acreditado pelos Santos dos Últimos Dias. Neste sentido, ensinamentos doutrinários respondem por uma grande amplitude de questões.

           Alguns relatam coisas bem próximas à mensagem central do evangelho de Jesus Cristo; outras são removidas para bem longe e, sem sistemática alguma, caem no colo de disciplinas como história, psicologia, filosofia, ciência, política, negócio e economia. Algumas destas crenças qualificam-se como doutrinas oficiais e são dadas aos Santos como conselho, exortação, reprovação e instrução (2 Tim. 3:16). Esforço contínuo é feito para harmonizar e implementar estes princípios e doutrinas em uma vida de retidão. Outros ensinamentos, aqueles que faltam uma posição oficial e autoritativa, podem também ser largamente difundidos entre membros da Igreja durante qualquer período mais específico. (Ibid., 394.)

           Enquanto doutrinas de vasto bom senso disseminadas pelos líderes da Igreja possam conter ensinamentos úteis e verdadeiros, uma vez que elas são “expressas fora dos parâmetros proféticos estabelecidos,” elas “não representam a posição oficial da Igreja.” (Top, Dahl, and Bowen, 118.)  Isto inclui declarações concedidas em Conferências Gerais. Discursos apresentados na Conferência Geral são para a edificação espiritual dos Santos. Enquanto focalizam geralmente nas verdades oficiais reveladas, eles não estão – pela maneira como são dados na Conferência – expondo doutrina “oficial”. Como presidente Harold B. Lee disse, “Não se deve supor que cada palavra pronunciada pelas Autoridades Gerais seja inspirada, ou de que são movidas pelo Espírito Santo em qualquer coisa que escrevam.” (Lee [1974], 162.) “É bem comum”, nota Joseph Fielding McConkie, “ouvir alguém dizer que qualquer coisa ensinada numa conferência geral é ‘doutrina oficial.’ Tal padrão faz do lugar onde alguma coisa é dita ao invés do que é dito como padrão para a verdade. Nem alguma coisa é doutrina simplesmente porque foi dita por alguém que detém uma posição ou ofício particular. Verdade não é uma questão de posição para o qual alguém foi ordenado.” (Joseph Fielding McConkie, 213-4.)

           E uma vez que todos líderes SUD, assim como todos profetas Bíblicos, estão imbuídos de suas próprias opiniões e perspectivas, não é incomum achar vezes em que discordem. As idéias dos Santos, dos líderes SUD, nem sempre se harmonizavam com as idéias de Joseph Smith. Os antigos membros da Igreja, por exemplo, votaram para que Sidney Rigdon continuasse como um conselheiro na primeira presidência apesar dos protestos de Joseph. (CHC 2:242-3.) Em outras épocas, vários líderes impactaram muitos membros da Igreja com suas próprias opiniões. Alguns líderes da Igreja escreveram extensivamente sobre suas compreensões das doutrinas da Igreja e, como conseqüência, tiveram uma influência significativa sobre o que muitos membros acreditaram e acreditam….Entre estes se incluem Parley P. Pratt, Orson Pratt, James E. Talmage, John A. Widtsoe, B.H. Roberts, Joseph Fielding Smith e Bruce R. McConkie. Seus escritos evidenciam algumas diferenças de opiniões sobre questões não definidas, como se diferentes escolas de pensamento existissem sobre estas questões entre membros da Igreja em geral. Exemplos incluem esforços para reconciliar as verdades dos ensinamentos científicos atuais com as da revelação, quanto à ponderação da natureza das inteligências incriadas, e a definição de progresso eterno. Santos dos Últimos Dias têm fé que respostas eventualmente serão reveladas, e são compelidos, neste meio termo, a procurarem conhecimento por todos os meios disponíveis e demonstrar tolerância em relação àqueles que esposam diferentes opiniões sobre tais assuntos. (Bradford and Dahl, 396-7.)

           Tais discordâncias não estão limitadas aos líderes SUD. Conforme J. Reuben Clark indica, vemos discordâncias igualmente entre os Apóstolos Bíblicos.

           Devemos lembrar que discordâncias entre irmãos dos mais altos postos eclesiásticos sobre doutrinas apareciam desde os antigos dias da Igreja Apostólica. Na verdade, na última Ceia, “havia também uma disputa entre eles, sobre qual deles deveria ser considerado o maior”; isto acontecendo na presença do próprio Salvador. (Lucas 22: 24.). Os discípulos haviam antes tido a mesma discussão quando estavam em Capernaum. (Marcos 9:33; Lucas 9:46.) E não muito tempo após isto, Tiago e João, por suas próprias intenções ou pela insistência de sua mãe, aparentemente esta última pediu a Jesus que um deles pudessem se sentar à sua direita e o outro à sua esquerda. (Mateus 20:20 ff.; Marcos 10:35 ff.)

           Esta questão de precedência parece ter perturbado os discípulos.

           Havia disputas sobre doutrinas. Você lembrará que Paulo e Barnabé tiveram diferenças (não sobre doutrinam entretanto), e, diz o registro, “a discussão entre eles foi tão acalorada, que eles partiram um para um lado e ou outro para o outro.” (Atos 15:36 95.).

Paulo tinha aparentemente uma disputa diferente com Pedro sobre a circuncisão. Paulo gabou-se aos Gálatas,

Gálatas 2:11

 Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensível.

Gálatas 2:14

  Mas, quando vi que não andavam retamente conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas perante todos...

          Pedro, replicando de uma maneira mais amável escreveu: “… assim como também nosso amado irmão Paulo de acordo com a sabedoria que lhe foi concedida já escreveu a vós; assim como em todas as suas epístolas, falando-lhes destas coisas; em que existem algumas de difícil entendimento, sobre as quais aqueles que são ignorantes e instáveis disputam, assim como fazem também sobre outras escrituras, trazendo-lhes sua própria destruição.” (II Pedro 3:15-16.)  

          Esta mesma questão concernente à circuncisão tornou-se tão preocupante para a Igreja que “os apóstolos e élderes se reuniram para considerar esta questão,” em Jerusalém. Paulo, Barnabé e Pedro estavam lá e participaram da discussão. Os discípulos fariseus defendiam a circuncisão dos gentios. Tiago anunciou a decisão final contra a necessidade de circuncisão para os conversos gentios. (Atos 15:1 95) (J. Reuben Clark, 72.) Conforme percebido anteriormente, Joseph Smith provavelmente acreditava (pelo menos inicialmente) que os eventos do Livro de Mórmon aconteceram segundo um nível hemisférico. (Sorenson [1992b], 11-13.) Estas antigas visões, entretanto, não constituíam doutrina “oficial”  SUD. Nem toda palavra que procede dos Apóstolos e Profetas é “doutrina oficial.” Clark relata o seguinte:

          Existem raras ocasiões quando até mesmo o Presidente da igreja em sua pregação e ensinamentos não está “movido pelo Espírito Santo.”

          …para ilustrar este ponto uma simples história que meu pai me contava quando era garoto, não sei sobre sua  completa autenticidade, mas ela ilustra bem este ponto. Sua história acontece durante o alvoroço provocado pela chegada do Batalhão Johnson [sic]. Irmão Brigham pregou ao povo durante uma conferência pela manhã um sermão vibrante com desafios ao batalhão que se aproximava, e declarando uma intenção de oposição e de resistência. Durante à tarde na mesma conferência ele levantou-se e disse que Brigham Young havia falado pela manhã, mas agora quem falaria era o Senhor. Ele então pronunciou seu discurso cuja temática era exatamente o oposto daquilo que falara pela manhã.

Eu não sei se isto foi realmente o que aconteceu, mas isto ilustra um princípio – de que mesmo o próprio Presidente da Igreja, pode nem sempre está sendo “movido pelo Espírito Santo,” quando se dirige às pessoas. Isto também acontece relativo a questões de doutrina (usualmente sobre aquelas de caráter mais especulativo) onde subseqüentes presidentes da Igreja e as próprias pessoas sentiram que ao declararem tal doutrina, o anunciante não estava “movido pelo Espírito Santo.” (J. Reuben Clark, 73.)

Como sabemos então o que é doutrina e o que não é? Clark responde esta questão:

Tenho ponderado sobre esta questão, e a resposta até onde eu posso determinar, é: Podemos dizer quando o orador está “movido pelo Espírito Santo” apenas quando nós, nós mesmo, somos “movidos pelo Espírito Santo.” De certa forma, isto completamente muda a responsabilidade deles para nós em determinar quando eles assim se pronunciam. (Ibid., 68-9.)

          Brigham Young expressou sentimentos comparáveis quando disse:

Não desejo que nenhum Santo-dos-Últimos-Dias neste mundo, nem nos céus, esteja satisfeito com qualquer coisa que eu faça, a menos que o Espírito do Senhor Jesus Cristo, o espírito e revelação os deixem satisfeitos... . Suponha que o povo fosse subserviente, que não manifestassem nenhuma preocupação concernente às coisas do reino de Deus, mas lançasse todo o fardo sobre os líderes deste povo, dizendo, “Se os irmãos que tomam conta destes problemas estão satisfeitos com isto, nós também estamos,” isto não é agradável à vista do Senhor. (JD 3:5.)

Eu penso que o Senhor permitiu (e continuará a permitir) que seus servos cometam erros – tudo isto é parte do processo de crescimento e progresso. Não sou forçado a aceitar ensinamentos com os quais eu discordo. Sou o responsável em receber confirmação do espírito se o que é ensinado é doutrina de Deus, e em contrapartida, é claro, sou aquele que coloca a mim mesmo em perigo se falho em aceitar coisas que irão me abençoar. Conforme Joseph Smith certa vez disse, “nunca ouvi falar que um homem tenha sido condenado por acreditar demais, mas são em sua maioria condenados por descrença.” (HC, 6:477.)

Da mesma forma, o Apóstolo Charles W. Penrose declarou:

Presidente Wilford Woodroof é um homem de sabedoria e experiência, e nós o respeitamos, mas não acreditamos que suas idéias e declarações pessoais sejam revelações de Deus; e quando “Assim diz o Senhor”, vem de sua parte, que os santos investiguem isto: eles não tapam seus olhos e engolem como uma pílula. (Millennial Star 54:191.)

Joseph Fielding Smith nos dá ainda algumas diretrizes adicionais:

Não faz nenhuma diferença se o que está escrito ou o que alguém disse estiver em conflito com o que o Senhor revelou, podemos deixá-lo de lado. Minhas palavras e os ensinamentos que qualquer outro membro da Igreja, de alta ou baixa hierarquia, se eles não se adequam com as revelações, não precisamos aceitá-los. Deixemos esta questão mais clara. Aceitamos as quatro obras-padrão como nossos parâmetros métricos, ou balanças, pelos quais medimos a doutrina de todos os homens. Não podemos aceitar os livros escritos pelas autoridades da Igreja como padrões em doutrina, apenas até onde estas obras concordem com a palavra revelada nas obras-padrão. . (Smith [1955], 3:203.)

Presidente Harold B. Lee, em uma conferência de área Européia, expressou pensamento semelhante.

“Se qualquer um, não importa sua posição na Igreja, estiver para avançar uma doutrina que não é substanciada pelas obras padrão, quer dizer a Bíblia, o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e a Pérola de Grande Valor, você pode saber que sua declaração é meramente sua opinião particular. A única pessoa autorizada a trazer qualquer nova doutrina é o Presidente da Igreja, quem, quando ele assim o faz, declarará isto como uma revelação de Deus, e será assim aceita pelo Conselho dos Doze e apoiada pelo corpo da Igreja. E se qualquer homem falar uma doutrina que contradiga o que está nas obras padrão da Igreja, você saberá pelo mesmo padrão que ela é falsa e não estará comprometido a aceitar isto como verdade.” (Citado em Tvedtnes [1999], 8.)

Igualmente, Bruce R. McConkie escreveu,

“Uma das razões pelas quais chamamos nossas doutrinas As Obras-Padrão [é que] elas são o padrão de julgamento e a barra métrica contra quais doutrinas e idéias são ponderadas, e não faz uma partícula de diferença de quem sejam estas idéias. A escritura sempre toma precedência.” ('Encontrando Respostas às Questões do Evangelho,' uma carta aberta a todos “os honestos pesquisadores da verdade,” datado de 30 de Outubro de 1980, citado em Hicks, 32.)

Com toda suas inspirações e grandezas, profetas são ainda homens mortais com imperfeições comuns à raça humana em geral.... Eles têm suas opiniões e preconceitos e são deixados muitas vezes sem inspiração para resolverem seus próprios problemas. (McConkie [1966], 608.)

Para terminar, devemos apontar que novas escrituras podem ser adicionadas às “Obras-Padrão” pelo Profeta conforme apresentada sob a direção da Primeira Presidência. Presidente Clark explica:

Aqui precisamos ter em mente – deve ser conhecido – que apenas o Presidente da Igreja, o Sumo Sacerdote Presidente, e que é apoiado como Profeta, Vidente e Revelador para a Igreja, e somente ele tem o direito de receber revelação para a Igreja, quer seja nova ou emendatória, ou para dar interpretações autorizadas das escrituras às quais serão aceitas por toda a Igreja, ou mudar de qualquer forma às práticas existentes na Igreja. Ele é o único porta-voz de Deus na Terra para a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a única e verdadeira Igreja. Somente ele pode declarar a mente e o desejo de Deus para seu povo. Nenhum oficial de qualquer outra Igreja no mundo tem estes altíssimos direitos e prerrogativas. (Church News, July 31, 1954, p. 2ff; citado em Cowan [1985], 452.) 

Novas adições às Obras Padrão são apresentadas pela Primeira Presidência ao corpo da Igreja e são aceitas por comum acordo (através de voto de apoio) como doutrinas oficiais da Igreja (ver D&C 26:2; 107:27-31; ver também Bradford and Dahl, 395.) Ao perceber as diferenças de opiniões e sobre questões de doutrina entre os Irmãos, o escritor SUD Stephen Robinsos escreve:

Até que tais opiniões sejam apresentadas à Igreja em conferência geral e apoiadas pelo voto da conferência, elas não são doutrinas nem oficiais nem autoritárias para toda a Igreja. (Robinson [1991], 15.)

Este processo determina a “a doutrina oficial, ensinamentos e o ponto de vista da Igreja.” (James R. Clark, 4:142.) Portanto, aquele que prega e aquele que recebe, compreendem um ao outro, e ambos são edificados e se juntos se rejubilam. (D&C 50:22)

Quando nova doutrina se torna “oficial” – pela forma como o Profeta expõe a doutrina e os membros recebem a doutrina – o povo do Senhor é guiado e inspirado pelo Consolador, o Espírito da Verdade. Ambos são “movidos pelo Espírito Santo.” (D&C 68:4; ver também  J. Reuben Clark, 72.)

Nota do Tradutor: Muitos membros SUD confundem Literatura ou publicação oficial da Igreja como também fonte de doutrina oficial da Igreja. O fato de ser uma publicação oficial da Igreja significa que a primeira Presidência reconhece tal literatura como edificante para os Santos, não vêem nenhuma Apostasia nos escritos (nada contra alguma Doutrina Oficial já revelada) e autorizam os dízimos da Igreja a subsidiar tal publicação a fim de que seja acessível ao maior número de membros possível. Isto não significa que tudo desta literatura seja infalível ou inerrante, nisto nem a Bíblia e nem o Livro de Mórmon o são. O próprio Mórmon, na conclusão das placas do Livro de Mórmon assim o exime.

Mórmon 8:16-17

E bem-aventurado será aquele que trouxer isto à luz; porque será tirado da obscuridade para a luz segundo a palavra de Deus; sim, será tirado da terra e brilhará de dentro da escuridão e chegará ao conhecimento do povo; e isso será feito pelo poder de Deus.

            E, se houver falhas, serão falhas de um homem, mas eis que não conhecemos falha  alguma; não obstante, Deus conhece todas as coisas; portanto aquele que condena, que tenha cuidado  para não se expor ao perigo do fogo do inferno.

 

         4. Natal em 6 de Abril?

            Muitos membros SUD acreditam que 6 de Abril foi a verdadeira data do nascimento de Cristo. Esta crença é baseada numa interpretação do primeiro versículo de uma revelação a Joseph Smith indicando a data para oficialmente restaurar a Igreja.

             O surgimento da Igreja de Cristo nestes últimos dias, sendo mil oitocentos e trinta anos desde a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne, sendo regularmente organizada e estabelecida de acordo com as leis de nosso país, pela vontade e mandamento de Deus, no quarto mês e no sexto dia do mês que é chamado Abril (D&C 20:1) 

       Um grande número de Santos leram esta passagem como uma revelação que a Igreja fosse restaurada no mesmo dia em que Cristo nascera. Isto significaria de que acordo com nosso atual calendário, Jesus nascera em 6 de Abril do ano 1 A.C. (não existe 0 AC ou 0 DC). Parece que B.H. Roberts deve ter sido um dos primeiros a sugerir esta leitura quando em 1893 comentou:
        Creio que isto [D&C 20:1] – melhor do que qualquer autoridade, fixa o tempo do nascimento ou 'vinda do Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne; ' e que, pelo menos quanto ao ano, concorda com os cálculos de Dionísio. Deve ser lembrada que esta revelação na Seção vinte de Doutrina e Convênios fora dada antes que a Igreja fosse organizada - em algum dia entre o primeiro e sexto dia de Abril - e que o profeta foi instruído a organizar a Igreja no sexto dia de Abril, 1830, desta forma não foi o mero acaso que determinou o dia em que a organização da Igreja deveria acontecer.... (Roberts, 1893, 17.)

        Pouco mais de vinte anos depois James Talmage perpetuou e popularizou a crença no Natal de 6 de Abril com a publicação de Jesus o Cristo em que escreveu:

         Quanto a estação de ano em que Cristo nasceu, há entre os instruídos uma diversidade de opiniões concernente ao próprio ano. Muitos eruditos bíblicos alegam que 25 de Dezembro, o dia celebrado na Cristandade como Natal, não pode ser a data correta. Acreditamos que o 6 de Abril ser o aniversário de Jesus Cristo como indicado numa revelação à presente dispensação já citada [D&C 20:1], no qual aquele dia é feito sem qualificação como o complemento dos mil oitocentos e trinta anos desde a vinda do Senhor na carne. Esta aceitação é admitidamente baseada na fé na revelação moderna, e de nenhuma maneira baseada no resultado de análise ou pesquisa cronológica. Acreditamos que Jesus Cristo nasceu em Belém da Judéia em 6 de Abril do ano 1 AC. (Talmage, 1915, 98.)

        Desde aquela época, outros Santos do Últimos Dias, incluindo várias autoridades gerais (como Harold B. Lee e Kimball], referiram-se a 6 de Abril como sendo a data do nascimento de Cristo.

        Enquanto é certamente possível que esta seja uma correta leitura de D&C 20:1, é ainda mais provável que Joseph Smith estivesse declarando numa linguagem geral que a Igreja de Cristo fosse restaurada no ano de 1830 (Um número arredondado para estimar o nascimento de Cristo ou então segundo a expressão corrente, é muito comum referir-se ao ano em que estamos como "2005, ano da graça de nosso Senhor Jesus Cristo", onde está implícita a premissa "segundo o modelo de datação do calendário que utilizamos", quem faz genealogia encontra muitas destas expressões equivalentes para se referir ao ano de referência). Vejo três problemas com a aceitação de D&C 20:1 como uma revelação para a data real do nascimento de Cristo.


1)     Embora possa ter perdido alguma fonte, fui incapaz de encontrar algum documento contemporâneo de Joseph Smith que estabelecesse que o Natal deveria ser celebrado em 6 de Abril. Orson Pratt, que conhecia Joseph Smith intimamente, certa vez disse:
       
Se eu fosse celebrar o Natal, no aniversário de Cristo, eu voltaria um pouco menos do que trinta e três anos de sua crucificação, e isto levaria a uma Quinta-Feira, no décimo primeiro (11) dia de Abril, como o primeiro dia do primeiro ano da verdadeira era Cristã …. O primerio dia da verdadeira era Cristã deve ter sido o dia do nascimento do Salvador -- o décimo primeiro dia de Abril. (Journal of Discourses, 15: 261.)

          Enquanto Pratt acreditasse que Cristo houvera nascido na primavera (conforme observava que vários eruditos Bíblicos de seu tempo sugeriam o mês de Abril), ele aparentemente desconhecia o 6 de Abril como o suposto dia do nascimento de Jesus Cristo. Isto pareceria estranho se os primeiros Santos dos Últimos Dias entendessem D&C 20:1 como revelando a verdadeira data do primeiro Natal.

2)      Nem todas as Autoridades Gerais aceitaram o 6 de Abril como o dia do nascimento de Cristo. Bruce R. McConkie, por exemplo, escreveu:
         Não acreditamos que seja possível no presente momento de nosso conhecimento - incluindo aquele que é conhecido dentro e fora da Igreja - estabelecer com precisão quando o dia de Natal do Senhor Jesus realmente ocorreu. (McConkie, 1:349, n.2.)

 John Franklin Hall citou o comentário de McConkie na Enciclopédia do Mormonismo, publicação dirigida sob a supervisão das Autoridades Gerais. Hall declara que até o presente momento, a declaração de McConkie era provavelmente "a mais definitiva palavra sobre a questão" relativa ao nascimento de Cristo. (Hall, 1:62.)

3)      A fim de que D&C 20:1 refira-se à data literal do nascimento de Jesus, isto requereria que Ele nascesse no ano 1 AC. Isto é problemático. Enquanto Abril possa ser possivelmente o mês do nascimento de Jesus, a maioria dos eruditos datam o ano entre 4 AC a 7 AC. Como os eruditos SUD, Brown, Griggs e Hansen notam; "A impossibilidade de datar o nascimento de Jesus em 1 AC surge da data da morte de Herodes….Herodes morreu em 4 AC. Tente como quiser, não se pode escapar deste fato." (Brown, Griggs, and Hansen, 255.) Estes três eruditos SUD (dois dos quais são professores de escritura antiga e um deles é um professor de física e astronomia) demostraram que aquela data de 1 AC para o nascimento de Jesus não pode ser apoiada pela história, astronomia ou antigos sistemas de calendário. (Brown, Griggs, and Hansen, 375-83.)

 

Qual a religião verdadeira?

 Toda religião procurará responder as três questões existenciais humanas:

1)     De onde vim? (Origem)

2)     Por que estou aqui? (Propósito e Missão Pessoal)

3)     Para onde vou?   (Destino Final)

      Tanto adventistas, TJs, católicos, mórmons, muçulmanos, espíritas, ateus, etc. tentarão tratar estas três questões. Ateus declararão que sua origem é um fato casual, logo as duas perguntas seguintes não fazem sentido algum, gnósticos acreditam que sua existência foi perpetrada e planejada por algum ente superior, e cabe a cada um de nós realmente descobrir as respostas para 2 e 3 e pautar nossas vidas de forma a melhor cumprir nossa Missão e prepararmos para nosso destino final.

       Cada religião clamará para si o direito de que profetas ou homens inspirados tiveram contato direto com a deidade de forma a orientar os demais sobre 2) e 3)

 Agora quanto a metodologia de como cada pessoa pode descobrir isto por si  só, temos variações de abordagem.

Muitas Igrejas cristãs pautam que estas respostas podem ser encontradas na Bíblia, com a prerrogativa que esta seja a fonte de toda a verdade necessária ao homem.

Os islâmicos usarão de argumento semelhante só que apontarão para seu Al Corão, os espíritas para os livros de Kardec, os hindus para seu Bragadah Gita, etc.

Os católicos além de sua Bíblia apontarão para a tradição, resguardando para si o direito de preservação da verdadeira adoração cristã.

Nós mórmons apontaremos como exemplo para escrituras modernas, de profetas que comungam com Deus, para o Livro de Mórmon e Doutrina e Convênios, contudo deixamos um desafio de cada homem possa dobrar seus joelhos e perguntar à Deidade se essas coisas são verdadeiras. Somente uma resposta do espírito de Deus ao coração e espírito do homem pode fazê-lo mover adiante.

Sem esta certeza, dúvidas sempre restarão. Não que deixamos de ter dúvidas ou já sabemos tudo, mas dúvidas cruciais podem ser tão fortes que minam a coragem do homem em seguir adiante no campo da fé.

E se os meus sentimentos me enganarem!? Pergunta alguém! Mas sentimentos e raciocínio, tudo isto é parte de nós. Em 2000 de anos de ciência fazia perfeito sentido que o Sol girasse em torno da terra, havia até equações matemáticas extremamente precisas para calcular este movimento, partindo deste mesmo princípio nosso raciocínio também nos engana.

O religioso sabe que não sabe todas as respostas, apenas sente que o que faz é certo, certeza esta que procurou ou recebeu em seu coração, uns mais certos, outros nem tão certos assim, caminhando com a esperança de encontrar as respostas no final.

O não religioso acha tudo isso uma fábula, e coloca a ciência como a única maneira de se saber a verdade, tudo o que não for empírico ou replicadamente provado (apesar do sol replicadamente aparecer todo dia no horizonte…) deve ser rejeitado ou explicado de alguma outra maneira.

Para o religioso que orou pelo seu ente querido desenganado e reverteu as expectativas dos médicos, sente que alguém lá em cima ouve e responde nossas orações. Para o céptico, a pergunta será: Por que não respondeu a dos outros também, só a sua? Ao que o crente redargüirá: Não sei. Não sei se estava ocupado, não sei  se faltou fé, nem sei se Ele tinha outros planos, só sei que comigo funcionou, isto é o que importa e que poderá outras vezes também funcionar.

Cabe, contudo, a cada um não se fechar em seu próprio mundo, um risco tanto para ateus como para religiosos. Toda metodologia para provar ou disprovar algo pode ser tendenciosa, pois já começa com o "fim em mente desde o princípio". Gosto das palavras já citadas por um famoso erudito evangélico:

 "A batalha espiritual pode ser considerada sob a égide de um duelo de deuses, um negligenciado tema bíblico que gostaria de recuperar.... As várias religiões e seus deuses parecem estar rogando pela fidelidade do povo. Competição em religião não é apenas bíblica, é empiricamente evidente. Religiões vitais sempre competem com alegações de outras. Se você puder achar uma religião que não é competitiva, você encontrará uma religião em suas últimas pernas. Uma religião dinâmica sempre quer contar sua história, cujos aderentes acham que seja a melhor história já contada e aquela de um compromisso de maior valia… a história é o teatro de um duelo de deuses. Deuses estão em conflito uns com os outros. Isto opera uma espécie de sobrevivência dos mais adequados entre eles. Alguns caem para a derrota, enquanto outros se movem à ascendência... História é um cemitério de Deuses. O Deus vivo sobreviverá a todos os demais, provando a si mesmo ser o verdadeiro Deus. Uma vez que este momento de revelação vem no fim da história, e não estará claro a todos até então, nossa tarefa missionária neste meio tempo é testar a pressuposição concernente à identidade de Deus e conduzir o duelo. Nós dizemos: deixem as alegações serem feitas, deixe a informação ser compartilhada, deixem as questões serem ponderadas, e deixe tomar lugar o diálogo. "

            Somente quando soubermos respeitosamente ouvir e conversar empaticamente uns com os outros, traremos proveito desta experiência. Contudo a intolerância pelo outro ou pela diversidade de idéias apenas nos jogam para o fundo de nossas zonas de conforto, quer sejam elas religiosas ou não.

            Pretendemos o privilégio de adorar o Deus todo-poderoso de acordo com os ditames de nossa consciência e concedemos a todos os homens este mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde e o que quiserem. Esta sempre foi nossa crença, recitei isto desde minha infância como a nossa décima primeira das 13 Regras de Fé, apesar de críticos não se imbuírem de igual ética e consideração.

            Infelizmente, críticos ao invés de buscar o diálogo e a interação comum, preferem como crianças atirar pedras na janela e sair correndo, é triste. Mas esperamos que o relacionamento mórmon-evangélico, mórmon-católico, mórmon-ateu possa se desenvolver. Perguntas, questões e repostas podem ser feitas de formas não ofensivas, menos com intuito de agredir e mais com intuito de perceber o paradigma do outro. Creio que todos têm muito que aprender com cada ser humano, até mesmo nós mórmons com os nossos críticos.

Patrick Glynn:

    Formado em literatura e filosofia e com um PhD em História Intelectual pela Universidade de Harvard, durante quase toda a sua vida foi ateu, quando a partir de 1980 passou a ter contanto com os argumentos do princípio Antrópico, formulado por alguns físicos a partir da década de 70, e depois de ter estudado também os relatos de experiências peri-tanáticas,  concluiu enfim que não podia ser mais ateu, convertendo-se a posição teísta:

Escreveu o Livro, “Deus a evidência”, que é um resumo de suas conclusões lógicas sobre a existência de Deus. Abaixo um pedaço do Livro em que discorre um pouco sobre o princípio Antrópico:

 

“Nos anos posteriores à palestra, Carter e outros cientistas descobriram uma lista em crescimento atemorizante e improvável de pequenas coincidências ou “acidentes de sorte” no universo – cujo único denominador comum parecia a necessidade de nosso surgimento... tomemos alguns exemplos:

a)     A fraca energia nuclear tem 1028 vezes a força da gravidade. Se a fraca energia nuclear fosse levemente mais fraca, todo o hidrogênio no Universo teria se transformado em Hélio (impossibilitando a existência de água, por exemplo)

b)     Uma energia nuclear 2% mais forte teria impendido a formação de prótons produzindo um universo sem átomos. Decrescendo em 5%, teríamos um universo sem estrelas

c)      Se a diferença entre a massa de um próton e um nêutron não fosse exatamente a que é – cerca de duas vezes a massa de um elétron -, então todos os nêutrons se transformariam em prótons, ou vice-versa. E diríamos “adeusinho” à química como a conhecemos – e à vida.

d)     A síntese do Carbono – o núcleo vital de todas as moléculas orgânicas – envolve aquilo que os cientistas denominam de uma “estarrecedora” coincidência na proporção da energia forte (strong force) para o eletromagnetismo. Essa proporção permite ao Carbono 12 atingir um estado estimulado de exatidão da ordem de 7,65 Mev na temperatura típica do centro das estrelas, o que cria uma ressonância que envolve o Hélio 4, o Berilo 8 e o Carbono 12, possibilitando a ligação necessária que ocorre durante uma janela diminuta de oportunidade, que dura 10-17 segundos (0.00000000000000001 s)! 

Fred Hoyle:

Tudo o que vemos no universo de observações e fatos em oposição ao estado mental dos esquemas e suposições, permanece inexplicado. E mesmo em seu suposto primeiro segundo, o universo em si não é casual. Isso quer dizer que o universo precisa saber com antecedência o que irá acontecer antes de iniciar a si próprio. Porque, de acordo com a teoria do Big-Bang por exemplo, em um período de 10-43 segundos [0,000000000000000000000000000000000000000000000001s] o Universo precisa saber quantos tipos de neutrinos irão existir no período de 1 segundo. Isso funciona de modo a iniciar a expansão na taxa exata para adequar-se ao número final de tipos de neutrinos.

 O conceito de Hoyle, sobre a necessidade do universo em saber com “antecedência” resultados que viriam posteriormente captou a profundidade do mistério. A sintonia fina de valores e proporções aparentemente heterogêneos, necessários para ir do Big-Bang à vida conforme a conhecemos, envolve uma coordenação intricada sobre amplas diferenças de escala – desde o nível intergaláctico ao sub-atômico -, e através de sistemas de tempo de vários bilhões de anos. Hoyle, que concebeu o termo “Big-Bang”, questionava a legitimidade propriamente dita da metáfora acerca de uma “explosão” inicial. “Uma explosão em um ferro-velho não leva as diversas peças de metal a montarem uma máquina útil e funcionando”,...quanto mais os físicos aprendem sobre o Universo, mais ele se assemelha a um trabalho de planejamento...

 Por que muitos líderes da Igreja tem uma visão negativa sobre a Evolução?

            Antes de Darwin, Willian Paley, um teólogo do século XVIII propôs a famosa analogia do relógio suíço encontrado na areia de uma praia ou deserto. Segundo sua analogia, qualquer um que encontrasse este objeto perdido, ao tomá-lo em sua mão de imediato pensaria num relojoeiro suíço que o fabricou; mesmo se o relógio tivesse boca e falasse que não existisse relojoeiro algum, que ele simplesmente se fez, nenhum ser inteligente seria capaz de acreditar no relógio, sua complexidade era por demais precisa para simplesmente ter surgido por acaso.

            A extrapolação deste argumento de Paley para a complexidade dos seres vivos e do próprio homem era evidente, tudo apontava para um Criador, negá-lo seria quase um absurdo. Neste ponto da história entra Darwin com seu livro...

T.H. Huxley, destacado seguidor do Darwinismo, descreveu mais tarde o impacto dramático do Livro de Darwin:

            “A Origem (das Espécies)... prestou um enorme serviço ao nos libertar para sempre do Dilema: Recusa-se a aceitar a hipótese da Criação? E o que você tem a propor que possa ser aceito por qualquer pessoa de raciocínio prudente? Em 1857 eu não dispunha de nenhuma resposta, e não creio que alguém mais o tivesse. Um ano depois nos reaproximamos com embotamento por nossa perplexidade com este tipo de inquérito. Minha conclusão ao descobrir-me dominando a idéia central de A Origem das Espécies, foi “Como fui um imbecil de não haver pensado nisso!”“

[Citado em W.C. Dampier, A History of Science, pós-escrito I. Bernard Cohen (Cambridge: Cambridge University Press, 1989), p.279.]

            Ou seja, agora os ateístas tinham uma teoria racional que poderia deixar Deus de lado, o relógio de Paley não se encontrava sozinho na areia, atrás dele havia vários outros relógios que se auto-multiplicavam, desde relógios mais simples que foram se adaptando ao ambiente, aos mais capazes, geralmente mais complexos que os anteriores os quais foram substituindo os menos complexos, até que chegássemos no relógio suíço perdido na praia. A idéia de um relojoeiro-Deus podia ser descartada e substituída por auto-multiplicação, acaso, tempo bem longo e evolução seletiva dos mais adaptados ao ambiente.

            Para muitos evolucionistas teístas, entretanto, a teoria da evolução poderia ser simplesmente o método de Deus utilizado para trazer os seres vivos sobre a Terra, acreditavam que ainda assim alguém deveria estar no controle, simplesmente o acaso e a seleção natural, apesar de explicarem muita coisa, muita coisa ainda apontava para um Deus. Por exemplo, no início da formação da Terra, a passagem de elementos brutos do Reino Mineral para componentes orgânicos dos Reinos Vegetais e Animais deveriam estar sob condições específicas de controle. Outro aspecto seria a inteligência e comunicação entre vários animais que pareciam não seguir um padrão evolutivo, formigas, abelhas e cupins, por exemplo, são capazes de se organizarem em sociedades, se comunicarem entre elas, de uma maneira muito mais efetiva que vários organismos superiores e mais complexos, como por exemplo vacas, cavalos, cachorros, etc.

            O argumento dos teístas evolucionistas ganhou ainda mais força com a publicação do Livro “A Caixa Preta de Darwin”, por Michael Behe. Behe, um ex-ateu convicto, bioquímico molecular sempre acreditou que a evolução, o acaso e o longo tempo pudesse explicar tudo que aconteceu e acontecia no reino animal e vegetal. Sua primeira surpresa foi descobrir que não havia nada na teoria da evolução desenvolvida desde 1858 que indicasse por exemplo como as complexas reações bioquímicas que ocorrem no interior dos seres vivos se desenvolveram, não havia evolução destas reações bioquímicas, elas simplesmente tinham de ser daquele jeito. Behe então volta ao antigo conceito de Paley e propõe o que chama da “complexidade irredutível”. Para entender este termo, Behe usa a analogia da ratoeira, um sistema complexo formado por uma mola, um sensor, um gatilho que disparasse uma prensa de ferro. Behe argúe que a ratoeira seria um objeto de “complexidade irredutível”, qualquer outra configuração da mola, grampos de ferro e sensor, se não fossem desenhadas de uma forma inteligente para nada serviriam. Desta analogia simples ele segue com inúmeros exemplos que existiriam na natureza de “complexidade irredutível”, desde os sistemas digestivos das células até os “motores biológicos” que movem o flagelo da Euglena (um protozoário ciliado). Behe, então explica que na época de Darwin, acreditava-se ser a célula algo muito simples que se desenvolveu das partículas brutas, na verdade para Darwin a célula ainda era uma “caixa preta” desconhecida completamente sua complexidade interior.

            Muitos líderes da Igreja achava que a Teoria da Evolução afastasse os homens de Deus, mas vemos não ser este necessariamente o caso, há muitos teístas que conciliam perfeitamente a seleção natural das espécies com um Designer Inteligente.

            Outros líderes seguindo o conceito Criacionista alegariam que não poderia haver morte antes da Queda de Adão, uma exigência para que a Teoria da Evolução pudesse ser aceita, para isto citariam a escritura de Paulo:

 Romanos 5:12

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.”

   Muitos membros da Igreja entendem esta morte como sendo restrita ao Homem, para o qual o plano de Salvação foi delineado. A escritura do Livro de Mórmon compara esta morte física com a sepultura humana, a qual seria revertida na ressurreição de Cristo.

II Néfi 9:11-12

“E por causa do caminho de redenção de nosso Deus, o Santo de Israel, essa morte da qual falei, que é a física, libertará seus mortos; essa morte é a sepultura. E essa morte da qual falei, que é a morte espiritual, libertará seus mortos; e essa morte espiritual é o inferno; portanto, morte e inferno deverão libertar seus mortos; e o inferno deverá libertar seus espíritos cativos e a sepultura deverá libertar seus corpos cativos; e o corpo e o espírito dos homens serão restituídos um ao outro; e é pelo poder da ressurreição do Santo de Israel.”

 

          Alguns entendem que apesar de alguma maneira os espíritos dos animais façam parte do plano de Deus, cada um cumpre a “medida de sua criação”, e as escrituras são mais específicas ao Homem, seu livre arbítrio em aceitar ou rejeitar o sacrifício expiatório de Cristo. Mesmo somente após a Queda o homem foi capaz de procriar e ter filhos enquanto isso toda a Terra, plantas e animais obedeciam o mandamento de “Crescei-vos e multiplicai-vos”, imaginar uma terra sem a morte de animais e plantas antes da Queda seria quase o mesmo que imaginar uma Terra somente com um casal de cada espécie (planta e animal) antes da Queda do Homem.

Alguns eruditos mórmons como Steven E. Jones acreditam que antes da Queda plantas e animais fossem vivificados pelo Espírito de Deus, suas mortes apesar de biologicamente serem mortes espiritualmente não o eram, somente após a Queda estes espíritos não humanos começariam a ganhar identidade. Outros acreditam que a não morte estivesse restrita ao Éden, enquanto isso toda uma Terra estava sendo preparada para acolher o homem.

Outra grande dúvida também viria para explicar os fósseis de pré-homídeos. Explicações desde pré-adamitas extintos após a Queda (B.H. Roberts), ou então de um ínterim de tempo relativamente bem longo entre a transgressão de Adão e sua efetiva expulsão do Éden (Hugh Nibley) surgiram entre líderes e intelectuais mórmons, todavia o grande consenso da maioria é que isto são apenas idéias e especulações humanas tentando conciliar as verdades conforme reveladas pelas escrituras com as descobertas da Ciência, podem ser corretas ou falsas, um dia saberemos. (D&C 121:31-32).

O Mito da teoria da Evolução como algo maligno?  

Adaptado do artigo de Michael R. Ash, Dialogue: A journal of Mormon Thought 35:4

             Lembro-me ainda adolescente S.U.D. participando de um Super-Sábado na Ala de Cidade Vargas, São Paulo. Havia um palestrante incentivando os jovens a adquirirem uma melhor educação, a dedicarem-se aos estudos etc., quando um colega um pouco mais velho levantou a seguinte questão:

-                     E quanto a algumas coisas que aprendemos na Escola, do tipo Teoria da Evolução?

 

Voltei minha atenção ao orador, gostaria de ouvir algo mais sobre uma coisa que sempre tive curiosidade, os eternos limites da ciência e religião. Lembro-me ainda de sua resposta abrupta:

-                     Ah! Isto você pode jogar fora! (Depois do que, amenizou sua resposta...) Você pode até fazer um trabalho para sua professora de biologia sobre o assunto, responder as questões de um exame e então colocar no fim do trabalho ou da prova: Eu não concordo!

 

Esta foi uma das experiências marcantes, além de muitas outras que vivenciei na Igreja onde a Teoria da Evolução era sempre tomada de uma forma negativa, muitas vezes até pejorativa, tanto que pensava eu ser esta a posição oficial da Igreja sobre o assunto. Lembro fazer um trabalho sobre evolução na 8a Série e defender o Criacionismo Científico, basicamente com o material desenvolvido numa revista da Igreja Presbiteriana, na qual um dos colegas do meu grupo congregava.

            Somente muito mais tarde, quando pude visitar a BYU e tomar contato um pouco melhor sobre a história da questão no meio SUD e estar melhor ciente da posição neutra da Igreja sobre o assunto, foi que percebi como muitos membros SUD tomaram uma posição mais crítica sobre a questão, alinhando-se quase que inteiramente com o Criacionismo Científico pregado por outras denominações evangélicas e protestantes.

Já no fim do colegial e início da faculdade imaginava a teoria da Evolução como o método utilizado por um Criador Inteligente que estava no comando, dando início a um processo de criação de seres menos complexos como organismos unicelulares, subindo na escala taxonômica para filos mais superiores, tanto dentro do Reino Vegetal como Animal, desde protocordados e anelídeos até seres com mais complexos sistemas respiratórios, digestivos e neurais. 

            Muita controvérsia desenvolveu-se no meio religioso e acadêmico desde da publicação por Darwin na segunda metade do século XIX de seu livro Da Origem Espécies Através da Seleção Natural. Alguma desta controvérsia aconteceu entre os colegiados da BYU assim também como entre os membros da liderança da igreja. Apesar de alguns proeminentes Santos dos Últimos Dias verem os ensinamentos da evolução como teorias de homens ou como “os intentos” de Satanás, outros viam a evolução como o método pelo qual Deus criou tabernáculos para os espíritos. Em 1909, após décadas de controvérsia, a Primeira Presidência emitiu uma declaração oficial concernente a questão intitulada, “A Origem do Homem”:

  

 “Adão, nosso grande progenitor, “o primeiro homem”, foi, como Cristo, um espírito pré-existente, e como Cristo ele tomou sobre si um corpo apropriado, o corpo de um homem, e assim se tornou uma “alma vivente”. A doutrina da pré-existência, - revelada assim tão plenamente, particularmente nos últimos dias, derrama um maravilhoso fluxo de luz sobre outros misteriosos problemas a respeito da origem do homem. Demonstra que o homem, como um espírito, foi gerado e nascido de pais celestiais, e criado até a maturidade nas eternas mansões do Pai, antes de vir a esta terra em um corpo temporal e submeter-se à experiência da mortalidade. Ela ensina que todos os homens existiram antes em espírito antes que qualquer homem existisse na carne, e que todos aqueles que habitaram a terra desde Adão assumiram corpos e tornaram-se almas viventes da mesma maneira.

            É advogado por alguns que Adão não foi o primeiro homem sobre esta terra, e que o ser humano original foi um desenvolvimento a partir de ordens inferiores da criação animal. Estas, entretanto, são as teorias dos homens. A palavra do Senhor declara que Adão foi “o primeiro homem de todos os homens” (Moisés 1:34), e estamos, portanto, na fronteira do dever de considerá-lo como o primeiro pai de nossa raça. Foi mostrado ao irmão de Jarede que todos os homens foram criados no começo segundo a imagem de Deus; e se tomamos isto como significando igual ao espírito ou ao corpo, ou ambos, isto nos leva a mesma conclusão: Homem começou a vida como um ser humano, segundo a semelhança de nosso Pai Celestial.

            É verdade que o corpo do homem entra após seu progresso desde uma pequena célula ou embrião, que se torna um infante, vivificado em certo estágio pelo espírito de quem será o tabernáculo, e a criança após nascer, desenvolve-se em homem. Não há nada, entretanto, indicando que o homem original, o primeiro de nossa raça, começou a vida como alguma coisa inferior ao homem, ou menor do que a célula humana ou embrião que se tornou um homem.”1

 

            Alguns compreenderam que esta declaração tomava uma conotação anti-evolucionária. Entretanto, a declaração da Primeira Presidência não aborda a mutabilidade das espécies. Alguns também declararam que uma vez que Adão deve ser considerado “como o primeiro pai de nossa raça”, isto eliminaria a possibilidade de evolução. Raça, entretanto, não é uma distinção biológica. James C. King, da Escola de Medicina de Nova Yorque, descreve:

            O que constitui raça é uma questão de definição social. Sempre que um grupo aceita como parte de si mesmo está dentro do “clube”; o que rejeita está do lado de fora. Aceitação e rejeição não são absolutas, mas podem existir em vários níveis....

            ...O fato é que o que constitui uma raça e como alguém pode reconhecer uma diferença racial é determinado culturalmente. Se dois indivíduos olharem para si como da mesma ou de diferentes raças depende não do grau de semelhança no seu material genético, mas quanto a sua história, tradição, experiência e treinamento pessoal fizeram com que eles se considerassem como pertencentes aos mesmos ou a diferentes grupos....A diferenciação de grupo é ...baseada no comportamento cultural e não numa diferença genética.2

Portanto, Adão pode ser o “primeiro pai de nossa raça” – ou grupo cultural – sem descartar o modelo evolucionário. Quando foi reconhecido que a declaração da Primeira Presidência não abordou a origem do corpo físico do homem, persistiram questões entre os membros.  Menos de seis meses após esta “declaração” oficial, a seguinte informação foi impressa em Abril de 1910 na Improvement Era:

 

 “Quanto se os corpos mortais do homem evoluíram em processos naturais até a presente perfeição, através da direção e poder de Deus, se os primeiros pais de nossas gerações, Adão e Eva, foram transportados de uma outra esfera, com tabernáculos imortais, que se tornaram corruptos através do pecado de participarem de alimentos naturais, ao longo do tempo, ou se nasceram aqui na mortalidade, como outros mortais têm nascido, são questões não completamente respondidas na palavra de Deus revelada.”3

  

 

             Então, três possibilidades foram sugeridas para a criação do corpo físico do homem: 1) evolução via um processo natural conforme dirigido pelo poder de Deus; 2) transplantação de uma outra esfera; 3) nascimento na mortalidade por outros mortais. Nenhum destes três se ajustam ao típico modelo “criacionista”.  

            Uma vez que a declaração oficial não resolveu as questões da evolução sobre a mutabilidade das espécies, a controvérsia entre os membros, e até mesmo pelo corpo da faculdade da BYU continuou. Evolução estava sendo ensinada por professores SUD fiéis na BYU, enquanto outros professores da BYU (e alguma vezes, alunos e pais de alunos) opunham-se a tal ensinamento. 4 Em 1911 a controvérsia tornou-se ainda mais intensa, e vários membros da faculdade BYU se engajaram nesta questão, resultando em sentimentos de consternação e até mesmo em mudanças de emprego.5

A controvérsia de 1911 na BYU incitou o Presidente Joseph F. Smith a concluir que “evolução deveria ser melhor deixada de lado nas discussões em nossas escolas da Igreja.”6 O problema foi trazido por um dos que atiçaram a questão. Enquanto o Presidente Smith pessoalmente acreditava que a teoria da evolução fosse uma “hipótese” e “mais ou menos uma falácia”, ele também declarava que a igreja estava “não inclinada a dizer quanto da evolução é verdadeiro, ou quanto é falso” e que “A própria Igreja não tinha nenhuma filosofia quanto ao modus operandi empregado pelo Senhor em Sua Criação do mundo.”7 Então em 1913, em uma conferência realizada no Arizona, Presidente Smith acrescentou um outro interessante comentário a esta questão:

 

            O homem nasce da mulher; Cristo, o Salvador, nasceu de uma mulher e Deus, o Pai, nasceu de uma mulher. Adão, nosso pai terreno, também nasceu de mulher ao entrar neste mundo, do mesmo jeito que Jesus, você e eu.”8  

 

 

 

            Seis meses mais tarde Heber G. Grant tornou-se presidente da igreja. Após seis anos de serviço no cargo, Presidente Grant viu uma necessidade para reiterar a declaração oficial de 1909 sobre “A Origem do Homem” com umas poucas modificações. A declaração da Primeira Presidência “Visão ‘Mórmon’ da Evolução” reafirmou a divindade como papel de Jesus Cristo, que Adão foi “nosso grande progenitor, ‘o primeiro homem’” e que ”a doutrina da pré-existência derrama um maravilhoso fluxo de luz sobre os outros misteriosos problemas da origem do homem”. A declaração também reafirmou que o homem é um “filho de deus, formado segundo a imagem divina e investido com atributos divinos.”9

            Dezesseis anos antes, a declaração original de 1909 concluía: É advogado por alguns que Adão não foi o primeiro homem sobre esta terra, e que o ser humano original foi um desenvolvimento a partir de ordens inferiores da criação animal. Estas, entretanto, são as teorias dos homens”. Como foi antes percebido, algumas pessoas incorretamente interpretaram isto como um comentário anti-evolucionista. Este comentário ambíguo não mais se encontra na declaração de 1925.

            Alguns dos Apóstolos tomaram um interesse neste assunto controverso, e eles não estavam sempre em concordância uns com os outros. Joseph Fielding Smith se opunha à evolução, enquanto B.H. Roberts estava mais aberto a esta possibilidade. Durante a metade dos anos 1920s, Élder B.H. Roberts começou a compilar notas para um livro sobre história da igreja e doutrina. Em 1927 ele começou a desenvolver suas anotações em que ele esperava seria um curso de estudo para os setentas por toda a Igreja.10 Roberts acreditava que “Adão representava o começo da Dispensação Adâmica, mas antes dele, toda uma raça de seres humanos havia vivido e morrido na terra. Estes ‘pré-adamitas’ foram simplesmente destruídos em um grande cataclisma que ‘limpou’ a terra antes de Adão, deixando apenas fósseis remanescentes como uma breve evidência de sua presença”.11 Para Roberts, a evidência para pré-Adamitas era mais que abundante. Em 1928 ele terminou seu magnus opus e algum tempo mais tarde submeteu-o ao comitê de publicação, o qual consistia de cinco apóstolos, que rejeitou seu trabalho primariamente por causa de sua referência a pré-Adamitas. Roberts recebeu a informação de que poderia ser possível imprimir seu livro, com modificações, mas ele recusou a sugestão. 

            Em Abril de 1930, falando à conferência genealógica, o jovem apóstolo Joseph Fielding Smith – enquanto admitisse que o Senhor não havia revelado seu método da criação – denunciou a crença na morte ou existência mortal antes da queda: “A doutrina de ‘pré-Adamitas’ não é uma doutrina da Igreja, e não é advogada nem contemplada na Igreja”. O discurso de Smith foi reimpresso na edição de 1930 da “Revista Histórica e Genealógica de Utah”. 12 Quando os comentários de Smith saíram impressos, B.H. Roberts reclamou aos irmãos da liderança, desafiando a validade das alegações de Joseph Fielding. As idéias de Smith estavam agora em registro público, enquanto as idéias de Roberts estavam ainda confinadas a seu manuscrito não publicado. Três meses depois, o Quórum dos Doze reviu tanto os argumentos de Smith e Roberts. Durante este tempo, o apóstolo James Talmage, um experiente geologista com especialização em biologia, tomou interesse no tópico e aparentemente estava “simpático a muito do espírito e esforços de Roberts”. 13

Após alguma denúncia das fontes geológicas de Smith, Talmage “deixou claro a seus irmãos da assembléia que todos os geologistas mais bem reputados reconheciam a existência tanto da morte como de ‘pré-Adamitas’ antes de 6.000 anos atrás, a presumível data da queda de Adão”. 14 Smith, é claro, discordou, mas a Primeira Presidência tomou uma posição de neutralidade ao declarar:

 

 

A declaração feita pelo Élder Smith de que a existência de pré-Adamitas não é uma doutrina da Igreja é verdadeira. Também é simplesmente verdadeira a declaração que ‘Não existiam pré-Adamitas sobre a terra’ não seja uma doutrina da Igreja. Nenhum dos lados da controvérsia tem sido aceito absolutamente como uma doutrina. 

Ambos os partidos tomaram a escritura e as declarações de homens que têm sido proeminentes nos negócios da Igreja como base para sua discussão; nenhum produziu uma prova definitiva em apoio para suas idéias....Sobre as doutrinas fundamentais da Igreja todos nós concordamos. Nossa missão é prestar testemunho do evangelho restaurado ao povo do mundo. Deixai a Geologia, Biologia, Arqueologia e Antropologia, nenhuma delas tem a haver com a salvação de almas da humanidade, para a pesquisa científica, enquanto magnificamos nosso chamado no reino da Igreja...”.15

 

            Os irmãos da liderança então sugeriram que Smith e Roberts abandonassem a questão. Talmage, que não havia feito parte do comitê de publicação que havia revisto e rejeitado o livro de Roberts, havia agora adentrado a discussão porque a questão havia sido trazida diante de todo o Quórum dos Doze. 16

Talmage havia devotado muito de sua vida adulta para harmonizar a ciência com a religião. Em 1884, enquanto freqüentava a Universidade John Hopkins, Talmage ouviu um pregador Metodista denunciar os “males do Darwinismo”. Em seguida a esta palestra, Talmage escreveu em seu diário: “’Crer em um Deus amoroso concorda perfeitamente com minha reverência pela ciência, e não posso ver nenhuma razão porque a evolução dos corpos animais não possa ser verdadeira – como na verdade os fatos da observação tornam isto difícil de negar – ainda assim a alma do homem é de origem divina’”. 17 Seguindo seus anos de faculdade, Talmage parece ter eventualmente rejeitado a evolução do homem por falta de evidência, mas não por qualquer razões escriturísticas. Ele, entretanto, acreditava ainda em pré-Adamitas.

            Tomando uma posição de neutralidade, A Primeira Presidência requisitou que a questão fosse abandonada de discursos públicos. James Talmage, que estava na reunião em que a presidência discutiu e tomou sua decisão, escreveu em seu diário: “Esta é uma das muitas coisas sobre as quais não podemos falar com segurança e asserções dogmáticas para qualquer lado são mais prováveis de fazer mais mal do que o bem.” 18 Infelizmente, o discurso de Smith – e posição – havia já sido publicado, e Talmage, assim como outros, achavam que muitos estudantes “’infeririam a partir do discurso de Élder Smith que a Igreja recusava-se a reconhecer os achados da ciência se houvesse uma palavra no registro da escritura segundo a nossa interpretação da qual encontrássemos mesmo um aparente conflito com as descobertas científicas ou deduções, e que portanto a “política”da Igreja seria em efeito de oposição a pesquisa científica.’” 19 De fato, Talmage achava que “’em algum lugar, em qualquer hora, alguma coisa deveria ser dita por um ou mais de nós a fim de deixar claro de que a Igreja não se recusa a reconhecer as descobertas e demonstrações da ciência, especialmente em relação ao assunto em questão.’ “ 20

            Em Agosto de 1931, aquela “alguma coisa” veio de James Talmage. O apóstolo que tinha especialização em geologia deixou um discurso no tabernáculo intitulado “A Terra e o Homem”, onde discorreu sobre os remanescentes “fósseis de plantas e animais”, os quais, de acordo com os cientistas, apontavam para “um padrão muito definitivo na seqüência da vida corpórea”. “Estas espécies primitivas”, explicou Talmage, “eram aquáticas; formas terrenas são de desenvolvimento posterior. Algumas dessas formas mais simples de vida resistiram até o tempo presente, embora com grande variação resultante das mudanças do meio ambiente”, Talmage também se referiu aos estudos dos geologistas que demonstravam que “formas de vidas mais simples de corpos de plantas e animais eram sucedidas por outras mais complexas; e no indestrutível registro das rochas pode-se ler a história do avanço da vida desde as formas mais simples até as mais complexas, desde um unicelular protozoário até os animais mais desenvolvidos”. Embora nunca diretamente citasse evolução, a escolha de palavras de Talmage sugere que estivesse aberto a esta possibilidade. Quanto ao início da humanidade, Talmage escreveu: “No devido curso veio a coroação do trabalho desta seqüência criativa, o advento do homem!”.

            Apesar de Talmage realmente acreditasse em pré-Adamitas, ele não estava certo concernente a conexão entre estes seres e o “homem”. Ele disse que não vislumbrava “Adão como relacionado com – certamente não um descendente do –  homem de Neardenthal, Cro-Magnon, Pequim ou de Piltdown.” Talmage também reconhecia que nos não tínhamos, ainda, toda a informação. “Discrepâncias que podem agora nos perturbar diminuirão a medida que nosso conhecimento de fatos pertinentes sejam estendidos. O criador deixou o registro na rochas para o homem decifrar; mas também tem Ele falado diretamente concernente aos principais estágios de progresso pela qual a terra chegou a ser o que é hoje. Os relatos não podem ser fundamentalmente opostos; um não pode contradizer o outro; embora a interpretação do homem tanto de um como de outro pode estar seriamente em erro.”21

            Após muita discussão entre os irmãos da liderança (durante as quais Talmage enviou uma carta a John A. Widtsoe, o qual replicou com palavras de encorajamento), e seguindo umas poucas modificações, o discurso de Talmage foi impresso no Deseret News de Novembro de 1931, assim como em um panfleto  avulso da Igreja na mesma época (o “panfleto” se referia ao original no artigo do Deseret News). Foi reimpresso novamente no Millennial Star de Dezembro. Então, em Dezembro de 1965 e Janeiro de 1966, foi impresso em um artigo de duas partes no Instructor.

            Relatos variam concernentes a que diretriz, se alguma, Talmage havia recebido sobre o tópico, conteúdo e publicação de seu discurso. O historiador James B. Allen acredita que Talmage deu seu discurso “a pedido da Primeira Presidência.”22 De acordo com o diário de Talmage, Presidente Anthony W. Ivins (primeiro conselheiro na Primeira Presidência) assim como três outros membros do Conselho dos Doze – incluindo Joseph Fielding Smith – estavam presentes durante seu discurso. E apesar dos irmãos da liderança reconhecerem que os comentários de Talmage eram contrários ao discurso anterior de Smith, os outros irmãos da liderança (com exceção de Smith) expressaram suas “aprovações” ao que Talmage disse no discurso.23

            Entretanto, em 1935 Presidente heber J. Grant e seus dois conselheiros enviaram uma réplica a Sterling Talmage, filho do (então falecido) James Talmage, alegando que foi o Presidente Ivins (também falecido á época) quem discordou das idéias de Joseph Fielding Smith e quem arranjou para que Talmage deixasse seu discurso em uma reunião sobre a qual Ivins estava presidindo. De acordo com esta carta, Grant alegou que todos menos um do Quórum dos Doze eram contra a publicação do discurso de Talmage. Finalmente, entretanto, Ivins conseguiu enviar o material para impressão do discurso sem o consentimento do Presidente Grant. Grant foi incisivo para indicar em sua carta de que não estava condenando o material da apresentação de Talmage, mas antes explicando que o discurso não havia sido sancionado oficialmente pela Igreja. “Isto não significa que suas idéias [referindo-se a Talmage] não são ortodoxas”, escreveu a Primeira Presidência, “elas podem ou não podem ser; apenas significa que caso sejam ou não, elas não são pronunciamento oficiais da Igreja e não estão ratificadas pela Igreja e permanecem apenas como idéias muito bem consideradas por um erudito e apóstolo da Igreja.”24 

            Esta carta para Sterling Talmage sugere que a publicação do discurso de Talmage não havia sido somente em oposição à maioria do Quórum dos Doze, mas que também havia sido publicado sem o consentimento da Primeira Presidência. Entretanto, isto contradiz a entrada no diário em de James Talmage de 21 de Novembro, onde ele registra que seu discurso havia “sido objeto de consideração...investigação...e discussão””pela “Primeira Preidência e Conselho dos Doze.” Talmage escreveu em seu diário que “a maioria dos Doze havia sido favorável à publicação do discurso desde o momento em que eles primeiramente o tomaram sob consideração.”25 O diário de Reed Smoot da mesma forma mencionou que a “maioria” dos irmãos do Quórum foram favoráveis à impressão com apenas alguma mudanças circunstanciais.26 Até mesmo o registro oficial de Rudger Clawson registrou que após Talmage concordasse em fazer algumas modificações, os irmãos do Quórum adotaram uma moção para publicar o discurso. 27 Finalmente, na entrada de seu próprio diário de 17 de Novembro de 1931, Presidente Grant contradiz sua carta de 1935 ao anotar que “’nós...autorizamos sua publicação [o discurso de Talmage] e demos também autorização para que este fosse impresso da mesma maneira que os discursos de rádio, para distribuição.’”28

            Há várias teorias tentando explicar o porquê dos relatos diferirem, mas no final apenas ficamos sem saber porque parecem existir histórias conflitantes. Quando Presidente Grant enviou sua carta a Sterling Talmage em 1935 (quatro anos após o discurso de seu pai no tabernáculo), James Talmage e dois conselheiros da Primeira Presidência original – Ivins e Charles Nibley – tinham todos desde então falecidos. Talvez os relatos entrem em conflito devido a falha de coleção das memórias com a passagem do tempo. Mas desconsiderando tudo isso, a apresentação e publicação de Talmage de seu “A Terra e o Homem” era a única exposição de um membro do Quórum dos Doze que havia sido revista e aprovada pelo menos por alguns, se não todos, da Primeira Presidência, e então publicado oficialmente pela igreja.

            Enquanto isso John Widtsoe havia também tomado interesse sobre o tópico evolução. Em 1927, Widtsoe deu uma conferência em um congresso para professores das escolas da igreja. Um participante registrou:

 

“Irmão John A. Widtsoe  tomou uma direção, tentando prover a estes homens do seminário para uma perspectiva racional da relação entre ciência e evolução....[Widtsoe] converteu-me à teoria biológica da evolução....eu pensava...que a teoria da evolução era seca e sem fundamento. Contudo Brother Widtsoe em sua própria explicação e de uma maneira muito cautelosa não a advogou abertamente, mas apresentou a teoria de forma tão básica e tão lógica que, em parte, que me guiou a aceitá-la.” 29

 

 

 

 

            Em 1934, três anos após o discurso de Talmage no tabernáculo, Widtsoe escreveu uma carta a Sterling Talmage:

            É bem provável que o tempo está maduro o suficiente para que alguém comece imediatamente a preparar uma sábia, comedida, declaração científica sobre a doutrina da evolução, não se esquecendo da relação desta doutrina com outras boas doutrinas do evangelho. Segundo nossas idéias [Widtsoe e Sterling Talmage] concernentes à evolução são largamente bem conhecidas. Evolução como uma lei me parece que foi demonstrada. Suas fronteiras e medidas estão sendo gradualmente sendo determinadas. Quanto à origem do homem ou à origem dos animais, ou à origem de qualquer outra coisa, não vejo que a ciência nos providenciou com qualquer resposta satisfatória até agora. Eu aceito sem reservas a doutrina de que o homem foi um ser pré-existente que veio à terra para habitar um corpo mortal. Como o corpo foi criado não foi ainda, até onde eu sei, sido revelado ao homem. 30

            Em uma outra carta a Sterling três meses mais tarde, Widtsoe acrescenta que estava cauteloso com relação à evolução das espécies, e ele reteria [seu] julgamento concernente à origem do homem em suspenso “porque” os fatos existentes não satisfaziam sua mente. Não obstante, “não feriria meus sentimento em absoluto se na sabedoria do Todo Poderoso o corpo do homem houvesse sido preparado exatamente da maneira em que você [Sterling] descreveu em seu artigo [“Seria a Evolução um Princípio em Apoio a Fé?”], e então aquele espírito do homem, o eterno ego, foi colocado dentro do corpo assim preparado.”31

            A decisão da Igreja em permanecer neutra sobre o tópico da evolução preveniu todos os irmãos da liderança de obterem aprovação da Igreja para publicar qualquer coisa oficial sobre a questão. Tópicos relacionados, entretanto, incluindo a controvérsia sobre a idade da Terra, continuaram a aparecer na revista oficial SUD, a Improvement Era. Pelo menos perto de 1939, alguns dos artigos da revista começaram a discutir, mais uma vez, pré-Adamitas e evolução. Em 1943, Widtsoe publicou suas “Evidências e Reconciliações, onde escreveu:

A lei da evolução ou mudança pode ser completamente aceita.... Não é nada mais nada menos do que a lei do progresso e seu oposto....A teoria da evolução que pode conter verdades práticas, deve ser vista como uma das mutantes hipóteses da ciência, a explicação do homem para uma multidão de fatos observados. Seria ingenuidade fazer dela o alicerce para uma filosofia de vida.”32

            Widtsoe também se envolveu em escrever vários artigos para a Era. Um dos tais, impresso em 1948, tinha como título “Existiram Pré-Adamitas?” Em seu artigo, Widtsoe continou a permanecer cauteloso concernente a criação do homem, mas escreveu, “Também deve-se admitir que ninguém pode negar com segurança que tais seres homídeos vagaram em alguma época sobre a terra....Como tudo isto aconteceu não é conhecido. O mistério da ‘criação’de Adão e Eva ainda não foi revelado.”33

            Por volta de 1952 os líderes-cientistas SUD que estavam abertos a possibilidade da evolução haviam todos falecidos, incluindo James Talmage (falecido em 1933), B.H. Roberts (1933), e John Widtsoe (1952). Apóstolo Joseph Fielding Smith, que ainda se opunha à crença em pré-Adamitas, foi deixado com pouca oposição a suas idéias. Em 1953 ele testou as águas ao dar um discurso público na BYU intitulado “A Origem do Homem.” Um ano mais tarde ele publicou, sem a aprovação do então profeta David O. Mckay, um livro sobre o assunto, O Homem: Sua Origem e Destino, que se tornou largamente aceito pelos membros da Igreja. 

O Pesquisador Duane E. Jeffrery percebeu: “A obra foi um marco. Pela primeira vez o Mormonismo tinha um livro abertamente agnóstico a muitas coisas da ciência.”34 A medida que Smith promovia seu livro, outros líderes SUD foram cautelosos em apontar que apenas o presidente da igreja poderia declarar doutrina. Presidente J. Reuben Clark Jr., segundo conselheiro na Primeira Presidência fez um discurso intitulado “Quando Podem Ser os Escritos ou Sermões dos Líderes da Igreja Intitulados e Classificados como Escritura?” apenas nove dias após Smith ter apresentado sua teorias aos professores de Seminário e Instituto na BYU. 35 As teorias científicas de Smith foram também criticadas pelo eminente cientista SUD e reitor da Universidade de Utah, Henry B. Eyring [pai do atual apóstolo de mesmo nome].36

            Outros, entretanto, vieram em apoio a Smith. Acrescentando credibilidade à publicação de Smith, Élder Sterlin Sills disse na conferência de Outubro de 1954: Espero não constranger Presidente Joseph Fielding Smith ao falar sobre seu recente e grande livro intitulado O Homem: Sua Origem e Destino o qual penso é um dos grandes livros da Igreja. Gostaria de ver cada pessoa no mundo lendo este grande livro, pois que conhecimento pode ser mais importante e de valia ao homem do que as idéias aí apresentadas. Presidente Smith conseguiu agregar em seu livro o estudo, meditação e devoção de toda uma vida, mas através de nossa leitura podemos fazer nossas próprias todas estas idéias em uma semana ou mês. Esta é uma das vantagens de um grande livro. 37

Durante a controvérsia sobre a publicação de Smith, William Lee Stokes, chefe do Departamento de Geologia da Universidade de Utah, escreveu ao Presidente Mckay inquirindo sobre a posição da Igreja a respeito das teorias de Smith. Presidente Mckay respondeu o seguinte: “A respeito do assunto da evolução orgânica a Igreja não tem oficialmente tomado nenhuma posição. O livro O Homem: Sua Origem e Destino não foi publicado nem aprovado pela Igreja. O livro contém expressões das idéias do autor pelas quais apenas ele é responsável.”38 O historiador SUD Richard D. Poll e sua esposa também discutiram o livro de Smith com Presidente McKay e registram os comentários dele:

Presidente Mckay disse que o livro havia criado um problema. Tendo sido escrito por um presidente do Quórum dos Doze, ele tem implicações que devemos apreciar. O livro não foi aprovado pela Igreja; éramos autorizados a citá-lo quanto a isto. A obra representa as opiniões de um homem sobre as escrituras. As idéias do irmão Smith eram há muito tempo conhecidas. Batendo na mesa com ênfase, Presidente Mckay repetiu que o livro não é a posição autoritativa da Igreja. Ele não sabia como ele acabou sendo escolhido como texto padrão para os professores de Seminário e Instituto no último verão, mas a escolha havia sido infeliz.39

            O historiador SUD Lowell Bennon reconta um encontro semelhante com Mckay onde o profeta disse aos presentes que a obra de Élder Smith “’não havia sido autorizada ou aprovada, e de que ela não representava a posição da Igreja...em tais questões quanto a idade da terra e a teoria da evolução.’ Ele acrescentou que, tivesse ele sabido com antecedência, ‘o livro nunca teria sido usado como um texto padrão na sessão de verão na B.Y.U..’”40 Um preocupado David O. Mckay pediu a Adam S. Bennion, um apóstolo e ex-superintendente das escolas da Igreja, a solicitar respostas ao livro de Élder Smith de qualificados cientistas S.U.D.. Élder Bennion convidou as opiniões de Henry Eyring, do geologista William Lee Stokes e do químico Richard P. Smith. Eyring escreveu a Bennion: “’Posso compreender ‘O Homem-Sua Origem e Destino’ como a obra de um grande homem que é falível... . Ele contém muitos erros científicos sérios e muito humor preconceituoso, o que mancha as muitas coisas belas nele contido. Desde que o evangelho é apenas aquilo que é verdadeiro, este livro não pode ser mais que a opinião particular de um de nossos grandes homens.’”41 

            Então em uma entrevista em 1973, Eyring, quando perguntado sobre a controvérsia sobre idade da Terra, citou seu desacordo com o livro de Smith, mas acrescentou: Eu diria que apóio o Irmão Smith como meu líder na Igreja cem por cento. Eu o considero um grande homem. Ele tem um treinamento e background diferente sobre esta questão. Talvez esteja ele certo. Creio que esteja certo na maioria de seus pontos e se você o seguir, ele o conduzirá ao Reino Celestial – talvez da maneira mais difícil, mas ele o levará para lá. A Igreja, de acordo com a carta do Presidente Mckay, não tem nenhuma posição sobre a evolução orgânica. Quaisquer que sejam as respostas para a questão, o senhor já conclui aquela parte de Sua obra. Toda a questão não é nenhum problema para mim. O Senhor organizou o mundo e estou certo que Ele o fez da melhor maneira possível. 42

 

            Smith, entretanto, estava muito convicto e vocal sobre suas idéias, e perto de Junho de 1955 havia rumores de uma crescente rinha ente Smith e Presidente Mckay. Mckay desprezava controvérsias na Igreja e não se sentia confortável com a controvérsia que o livro de Smith havia criado. Não obstante, o profeta não fez nenhuma tentativa pública ou privada para silenciar Élder Smith. Alguns intelectuais S.U.D. reconheciam que haveria inevitáveis diferenças de opinião sobre uma variedade de tópicos entre os membros, e mesmo entre a liderança da Igreja. Falando aos estudantes e professores da BYU em 1958, Élder Hugh B. Brown declarou:

 

            Tanto religiosos e cientistas precisam evitar o arrogante dogmatismo... . Cientistas e mestres de religião discordam entre eles mesmos sobre assuntos teológicos e diversos...Mesmo em nossa própria igreja homens entram em discussões uns com os outros e contendem por suas próprias interpretações. Mas esta troca de idéias não é para ser deplorada desde que os homens permaneçam humildes e ensináveis.  43

  

 

 

            O genro de Joseph Fielding Smith, Bruce R. Mckonkie, tomou partido de seu sogro e em 1958 publicou Mormon Doctrine. Tal qual o livro de Smith, Mórmon Doctrine foi largamente aceito pelos membros. Seguindo os passos das teorias de Smith (aproximadamente um terço de suas referências vieram dos dez livros escritos por Smith), 44 Mckonkie denunciou a evolução. “Aqueles filósofos educacionais”, ele escreveu em seu compendium de 1958, “que negam a Cristo e a origem divina do homem como uma progênie de Deus (referindo-se especialmente às teorias da evolução orgânica), são inspirados e sustentados por Satanás.”45 Enquanto o livro de Mckonkie se dirigia para o público SUD em geral, nem todos os membros ou autoridades gerais deram boas-vindas à nova publicação de McConkie.

            A partir da perspectiva apresentada pelos escritos de Smith e McConkie, muitos membros chegaram a conclusão que a igreja é oficialmente anti-evolução. Entretanto, existiram outras publicações ao longo dos anos que deveriam ter rebatido tal mito. Em 1965, por exemplo, David Lawrence Mckay, filho do Presidente Mckay e membro da superintendência geral da igreja para a Escola Dominical, trouxe a atenção de seu pai um artigo publicado pelo botanista da BYU Bertrand Harrison o qual discorria sobre evolução orgânica. Mckay gostou do artigo suficientemente para aprová-lo sua publicação no Instructor de Julho de 1965. Bergera e Priddis notaram que este “foi o artigo mais pró-evolução que jamais apareceu num periódico oficial da Igreja.” 46 Por volta de Dezembro do mesmo ano, o discurso de Talmage “A Terra e o Homem”, foi reimpresso também no Instructor.

            Bruce R. McConkie, entretanto, continuou a avançar suas idéias antievolucionárias, e em 1980 listou evolução como uma das “sete heresias mortais”. 47 Outros apóstolos da mesma forma favoreceram a idéia de evolução de Smith-McConkie. Na Conferência Geral de Outubro de 1970, por exemplo, Élder Ezra Taft Benson disse:

Se a vossas crianças forem ensinadas as inverdades da evolução nas escolas públicas ou mesmo nas nossas escolas da Igreja, providenciai para elas uma cópia da excelente refutação do Presidente Joseph Fielding Smith em seu livro “O Homem: Sua Origem e Destino.” 48

            Para uma perspectiva mais equilibrada ou neutra, citamos as palavras do então profeta Spencer W. Kimball, quem, falando a um serão para todas as mulheres disse:

   

O Homem tornou-se uma alma vivente – humanidade, macho e fêmea....Nós não conhecemos exatamente como sua vinda a este mundo aconteceu, e quando estivermos prontos para isto compreender o Senhor nos dirá.49  

 

 

 

Em 1971 Dallin Oaks assumiu o lugar de Élder Wilkinson como presidente da BYU e rapidamente descobriu a séria natureza da controvérsia sobre evolução entre os estudantes e professores. Enquanto Oaks assumiu um papel de neutralidade, ele permitiu e defendeu o ensino da evolução na BYU. 50 A atual posição da BYU em relação a evolução é expressa em uma carta de Michael Whiting (um professor da BYU que leciona evolução) a meu amigo Marc Schindler, o qual questionou Whiting concernente a uma discussão on-line em que alguém alegou se a evolução fosse “verdadeira” então seria ensinada na BYU. Desde que ela não era ensinada na BYU, esta pessoa alegava então que a igreja deveria ter um problema com ela.

 

Michael Whiting para Marc Schindler, 3 de Março 3, 2000

 

Caro Marc,

            O tópico sobre evolução e tratado na BYU da mesma maneira que é abordado em outras universidades. Eu leciono Zoologia 475 (Biologia Evolucionária) a cerca de 150 alunos todo semestre, o curso tem permanecido no currículo pelo menos nos últimos 15 anos, e não há nenhuma indicação de que algum dia saia daí. A primeira presidência deu seu apoio ao curso e (sabiamente) permite aos professores a ensiná-lo em linha com as atuais teorias e dados sobre biologia evolucionária. O grupo de biologistas evolucionários na BYU tem na verdade crescido nos últimos três anos, e temos uns dos maiores e mais ativos programas em Sistemática Filogenética (essencialmente, genealogia dos organismos) do país. E nós mais recentemente recebemos uma grande infusão de dinheiro da Administração da BYU para expandir o programa de biologia evolucionária para adoção de estatísticos e programadores de computação. A única coisa de diferente na BYU é que tento incorporar umas poucas apresentações sobre a história da idéia da evolução dentro da fé SUD em alguns cursos que leciono. Então a biologia evolucionária é de fato um dos maiores e mais bem sucedidos programas na BYU (nos últimos três anos meus colegas de pesquisa e eu trouxemos aproximadamente 2 milhões de dólares em direitos externos de pesquisa, 48% dos quais estão diretamente depositados nos cofres da Igreja como “custos indiretos”), e existem muitos SUD fiéis que não se sentem magoados com a noção de uma criação que seguiu princípios naturais. Desta forma, seguindo a lógica do membro que o desafiou, uma vez que a BYU realmente ensina evolução e é um programa de grande sucesso na “Universidade do Senhor”, então ela deve ser verdadeira. Embora, é claro eu deteste este tipo de lógica.

 

Saudações,

Mike51

 

Ao longo dos anos, vários líderes SUD tomaram um lado ou outro quanto a questão evolução. Enquanto artigos anti-evolução ou comentários tem aparecido ocasionalmente na Ensign, alguns artigos neutros sutis pró-evolução ocasionalmente aparecem lá também. A mais recente, e a mais autoritativa palavra sobre a posição oficial SUD sobre a evolução é encontrada na Enciclopédia do Mormonismo. Este conjunto de cinco volumes impresso em 1992 com a mais estrita supervisão da liderança da Igreja (supervisionada por Neal A. Maxwell e Dallin H. Oaks) e editada por Daniel H. Ludow, que era o secretário executivo do Comitê de Correlação da Igreja, contém dois artigos relevantes a nosso tópico. Sob o título “Origem do Homem” na Enciclopédia, pelo antropologista SUD, John L. Sorenson, lemos:

            Muitos membros simpáticos às teorias científicas interpretam certas declarações na escritura SUD como significando que Deus usou uma versão da evolução para preparar corpos e circunstâncias do meio ambiente para os espíritos pré-mortais... . Certas declarações de várias Autoridades Gerais também são usadas por proponentes desta idéia para justificar suas opiniões. Outros Santos dos Últimos Dias aceitam uma leitura mais literal das passagens das escrituras as quais sugerem para eles uma criação abrupta. Proponentes desta visão também apóiam suas pressuposições com declarações das escrituras e das Autoridades Gerais. 52

            Sorenson também percebe que “o atual estado da verdade revelada sobre a doutrina SUD da origem do homem pode permitir algumas diferenças de opiniões concernentes à relação entre ciência e religião.” Sob o título “Evolução”, encontramos um artigo por William E. Evenson, um professor de física da BYU, que trabalhou e gastou um longo tempo para completar o artigo e que foi eventualmente utilizado na Enciclopédia. O artigo começou com 1.000 palavras de extensão mas cresceu até alcançar 4.500 palavras. Evenson nota que “finalmente”, na primavera de 1991, a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze “revisou o material e” decidiu que queriam apenas um artigo curto referindo-se às declarações da Primeira Presidência sobre o assunto, as quais são as únicas fontes definitivas de doutrina da Igreja. O resultado final na Enciclopédia é de apenas 258 palavras de extensão.” 53 O artigo lê:

A posição da Igreja sobre a origem do homem foi publicada pela Primeira Presidência em 1925: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, baseando sua crença na revelação divina, antiga e moderna, declara que o homem ser a direta e linear progênie da Deidade... .O homem é filho de Deus, criado segundo a imagem divina e investido com atributos divinos....

            As escrituras nos dizem porque o homem foi criado, mas elas não nos dizem como, embora o Senhor tenha prometido que ele falará sobre isso quando voltar novamente (D&C 101:32-33). Em 1931, quando havia intensa discussão sobre a questão da evolução orgânica, a Primeira Presidência da Igreja, então constituída dos Presidentes Heber J. Grant, Anthony W. Ivins, e Charles W. Nibley, se dirigiram a todas as autoridades gerais da Igreja sobre o assunto e concluíram:

Sobre as doutrinas fundamentais da Igreja todos nós estamos de acordo. Nossa missão é levar a mensagem do evangelho restaurado ao mundo. Deixai geologia, biologia, arqueologia e antropologia, nenhuma das quais tem a haver com a salvação das almas da humanidade, para a pesquisa científica, enquanto magnificamos nosso chamado no reino da Igreja....

            Sobre uma coisa todos nós deveríamos ser capazes de concordar, nomeadamente o que os Presidentes Joseph F. Smith, John R. Winder e Anthon H. Lund estavam corretos quando disseram, “Adão é primeiro pai de nossa raça” [Minutas da Primeira Presidência, 7 de Abril de 1931].54  

            Evenson nota que “o papel da evolução orgânica no desenvolvimento da vida na terra é um bom exemplo de uma questão que não está definida na Igreja.”55

            No mesmo ano em que a Enciclopédia do Mormonismo foi publicada (1992), foi pedido a Evenson para preparar um material sobre evolução para estudantes da BYU que estivessem interessados na posição da Igreja. O conteúdo deste material foi formalmente aprovado pelo Conselho de Educação da BYU, que inclui a Primeira Presidência, a maior parte do Quórum dos Doze, e várias outras autoridades gerais. 56 Este material, que está ainda disponível na Biblioteca da BYU assim como também na internet, 57 contém as três primeiras declarações oficiais sobre o assunto (1909, 1910 e 1925) assim também como o artigo sobre evolução da Enciclopédia do Mormonismo. 58 A página de capa deste material nota: “Embora nunca tenha existido uma declaração formal da Primeira Presidência abordando a questão geral da evolução orgânica como um processo para o desenvolvimento das espécies, estes documentos deixam claro a posição oficial da Igreja concernente a origem do homem” (ênfase no original).

Ironicamente, enquanto a posição oficial SUD sobre evolução seja neutra, a maioria dos comentários relacionado à evolução que aparecem nas publicações oficiais da igreja tem sido hostil à evolução.59 Por exemplo, no Guia de Estudo ao Sacerdócio de Melquisedeque, em uma lição intitulada “A Origem Divina do Homem,” o manual cita Joseph Fielding Smith Procurai Diligentemente. “Agora, a evolução guia os homens para longe de Deus. Homens que têm fé em Deus, quando se tornam convertidos a esta teoria, abandonam-no.”60

            Mais recentemente, dois outros artigos sugerindo hostilidade para uma posição neutra em relação à evolução pode ser encontrado nos Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith e na Ensign de Fevereiro de 2002. Nos Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, que foi o manual de instrução para o Sacerdócio de Melquisedeque e Sociedade de Socorro para o ano de 2001, encontramos porções selecionadas da declaração da Primeira Presidência sobre a “Origem do Homem” o qual sugere que a aceitação da evolução seria contrário ao evangelho. 61

Na Ensign de Fevereiro de 2002, encontramos uma reimpressão da mesma declaração da Primeira Presidência de 1909 sem notar as declarações de 1910, 1925, 1931 ou as adições ao tópico na Enciclopédia do Mormonismo.62

            Para leitores da Ensing não familiares com as idéias adicionais acrescentadas nestas declarações posteriores a 1909, a reimpressão da declaração de 1909 pode implicar uma rejeição da evolução nos fundamentos do evangelho.

Como outros mitos, tanto dentro como fora da Igreja, o mito da “evolução como um mal” é perpetuado pelas massas que não estão familiarizadas com a informação que refuta tais falsidades. O tópico sobre evolução não é único neste aspecto. Por exemplo, enquanto os leitores de Dialogue estão cientes de que o Presidente George Albert Smith refutou a Mensagem de Junho de 1945 aos “Professores das Alas” que declarava “quando nossos líderes falam, nosso arrazoamento acaba” 63 muitos Santos dos Últimos Dias não estão apenas inconscientes da refutação do Presidente Smith a esta declaração, mas alguns Santos repetem a declaração como se ela fosse doutrinária. Semelhantemente, uma pesquisa de 1985, conduzida por Richley Crapo na Universidade de Utah, descobriu que um grande número de questões que são nos níveis mais básicos aceitas ou rejeitadas pelos membros são contrárias a posição oficial SUD.64 Sobre a questão evolução, por exemplo, a pesquisa de Crapo descobriu que 57% daqueles na amostra acreditavam que a posição oficial SUD era anti-evolução, e apenas 38% corretamente identificaram a posição oficial como neutra. 25% daqueles que pessoalmente aceitavam a evolução acreditavam que suas idéias fossem contrárias a uma suposta posição oficial antievolução da igreja, e 70% daqueles que rejeitavam a evolução acreditavam que esta era a posição oficial da Igreja sobre o assunto. 65

            Enquanto um grande número de Santos-dos-Últimos-Dias lerá os artigos da Ensign que geralmente não estimam a evolução, há ainda algum conforto pelo fato de que em adição aos artigos acima mencionados da Enciclopédia do Mormonismo e do material da BYU sobre evolução, outras fontes conservadoras embora menos familiares publicações SUD são mais liberais em sua abordagem da evolução orgânica. BYU Studies e a Revisão Crítica de Livros da FARMS, por exemplo, tendem a expressar uma abrangente posição pró ou neutra em relação ao tópico. 66

A popularidade destas fontes alternativas de publicações SUD-relacionadas, assim como também publicações tais quais as do Dialogue e Sunstone e o crescimento exponencial de websites com informação SUD – muitos dos quais promovem uma posição neutra ou pró em relação à evolução67 – sugerem que em pouco tempo possamos ver a derrocada de um mito Mórmon em que o ensino ou aceitação da evolução incorra em apostasia. 68

 

1. Improvement Era, November 1909, 75-81.

2. James C. King, The Biology of Race (N.Y.: Harcourt Brace Jovanovich, Inc., 1971), 160, 163. See also http://www.standard.net/standard/news/news_story.html?sid=20010628232006.6C

A90+cat=news+template=news1.html

3. Improvement Era, April 1910, 570. Embora não haja nenhum nome do autor ligado a esta declaração, um grande número de estudiosos tem sugerido que Joseph F. Smith foi responsável pelo material uma vez que ele e Edward H. Anderson eram os editores (veja Duane E. Jeffery, “Seers, Savants and Evolution: The Uncomfortable Interface,” Dialogue 8 (Autumn/Winter 1973): 60; David John Buerger, “The Adam-God Doctrine,” Dialogue 15 (Spring 1982): 41; Erich Robert Paul, Science, Religion, and Mormon Cosmology [Urbana and Chicago: University of Illinois Press, 1992], 175).

4. Gary James Bergera and Ronald Priddis, Brigham Young University: A House of Faith (Salt Lake City: Signature, 1985), 150.

5. Ibid., 134-48.

6. The Juvenile Instructor 46 (April 1911): 208.

7. Ibid., 208-9.

8. Deseret News, December 27, 1913, sec. 111, p. 7; reprinted in the Church News section of Deseret News, September 19, 1936, pp. 2, 8; quoted in Jeffery, “Seers, Savants and Evolution,” 62.

9. Editors’ Table, Improvement Era 28 (September 1925): 1090-91

10. Richard E. Sherlock and Jeffrey E. Keller, “ ‘We Can See No Advantage to a Continuation of the Discussion’: The Roberts /Smith/Talmage Affair,” Dialogue 13 (Fall 1980): 63.

 

11. Ibid., 65.

 

12. Joseph Fielding Smith, “Faith Leads to a Fulness of Truth and Righteousness,”

Utah Genealogical and Historical Magazine 21 (Oct. 1930): 145-58; quoted in Jeffery, “Seers, Savants and Evolution,” 63.

 

13. Sherlock and Keller, “We Can See No Advantage,” 98.

 

14. Ibid., 99.

 

15. Quoted in Jeffery, “Seers, Savants and Evolution,” 64.

 

16. Jeffrey E. Keller, “Discussion Continued: The Sequel to the Roberts/Smith/ Talmage Affair,” Dialogue 15 (Spring 1982): 81.

 

17. Ibid., 81.

 

18. April 7, 1931, reprinted in The Essential James E. Talmage, ed. James P. Harris (Salt Lake City: Signature, 1997), 237.

 

19. Talmage Journals, Nov. 21, 1931, quoted in Keller, “Discussion Continued,” 84.

 

20. Keller, “Discussion Continued,” 84.

 

21. James A. Talmage, “The Earth and Man,” address delivered in the Tabernacle, Salt Lake City, Utah, Sunday, August 9, 1931; also available on-line at http://www.fri.com/~allsop/eyring-l/faq/evolution/Talmage/1931.html

 

22. James B. Allen, “The Story of The Truth, The Way, The Life,” BYU Studies 33 (1993):727.

 

23. April 5, 1930; reprinted in Harris, The Essential Talmage, 239.

 

4. Reprinted in Sterling B. Talmage, Can Science Be Faith-Promoting?, ed. Stan Larson (Salt Lake City: Blue Ribbon Books, 2001), 245.

 

25. April 5, 1930; in Harris, The Essential Talmage, 239; emphasis added.

 

26. Keller, “Discussion Continued,” 39.

 

27. Ibid., 86-87.

 

28. Heber J. Grant Diary, 16 and 17 November 1931, according to typescript in Strack Collection; quoted by Stan Larson, ed., in Talmage, Can Science Be Faith Promoting?, lviii (emphasis added).

 

29. “The Twentieth Annual Convention of Teachers in the Schools and Seminaries of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints,” 21-22 Oct. 1925, Brimhall Papers, quoted in Bergera and Priddis, BYU: A House of Faith, 150.

 

30. April 20, 1934, reprinted in Talmage, Can Science Be Faith-Promoting?, 222-23.

 

31. July 17, 1934, reprinted in ibid., 228-29.

 

32. John A. Widtsoe, Evidences and Reconciliations, 156.

 

33. John A. Widtsoe, “Evidences and Reconciliations,” Improvement Era, May 1948, 205.

 

34. Jeffery, “Seers, Savants and Evolution,” 65.

 

35. Ibid., 66.

 

36. See Steven H. Hatch, “The Reconciliation of Faith and Science: Henry Eyring’s

Achievement,” in Dialogue 15 (Autumn 1982): 89.

 

37. Conference Report, October 1954, 28.

 

38. McKay to Stokes, February 15, 1957, cited in William Lee Stokes, “An Official Position,” in The Search for Harmony Essays on Science and Mormonism, ed. Gene A. Sessions and Craig J. Oberg (Salt Lake City: Signature Books, 1993), 291-94.

 

39. Richard D. Poll, “The Swearing Elders: Some Reflections: A Response to Thomas Blakely,” Sunstone 10 (January 1986): 16.

 

40. George T. Boyd, “”Notes from an Interview with President David O. McKay,”

March 1955, as quoted in Bergera and Priddis, BYU: A House of Faith, 154n.

 

41. Quoted in Hatch, “Reconciliation of Faith and Science,” 89.

 

42. Edward W. Kimball, “A Dialogue With Henry Eyring,” Dialogue 8 (Autumn/Winter 1973): 103.

 

43. Hugh B. Brown, “What Is Man and What He May Become,” 24 March 1958, in

Speeches, 1957-58, quoted in Begera and Priddis, BYU: A House of Faith, 157.

 

44. Bergera and Priddis, BYU: A House of Faith, 157-8.

 

45. Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine (Salt Lake City: Bookcraft, 1958), 180.

 

46. Bergera and Priddis, BYU: A House of Faith, 159.

 

47. Bruce R. McConkie, “The Seven Deadly Heresies,” BYU fireside at the Marriott

Center June 1, 1980; transcript available on-line at

http://www.coolcontent.com/McConkie/heresies.html

 

48. Conference Report, October 1970, 49.

 

49. Spencer W. Kimball, “The Blessings and Responsibilities of Womanhood,” 1 Oct. 1975, printed in Ensign, March 1976, 72.

 

50. See Bergera and Priddis, BYU: A House of Faith, 161-68; also available online at http://www.fri.com/~allsop/eyring-l/faq/evolution/Relatedness_1965.html

 

51. About.com, LDS Apologetics message board; “The Question,” #71, 2608.71 in

reply to 2608.64; online at http://forums.about.com/n/mb/message.asp?webtag=ab-lds&msg=2608.71.

Michael Whiting and BYU undergraduate, Taylor Maxwell, were responsible for the 16 January 2003 cover story for the scientific journal, Nature. Using some of the latest DNA researching techniques, Whiting and Maxwell discovered revolutionary information which enhances the study of evolutionary biology. (“Loss and Recovery of Wings in Stick Insects,” Nature, 421: 264-267.)

 

52. Ludlow, Daniel H. et al., eds., Encyclopedia of Mormonism: The History, Doctrine, and Procedure of The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 4 vols. (New York: Macmillan, 1992) 3:1053.

 

53. William E. Evenson, “LDS Doctrine and the Theory of Evolution,” cited by Stan

Larson, ed., in Talmage, Can Science Be Faith Promoting?, xxxi.

54. Encyclopedia of Mormonism 2:478.

 

55. Evenson, cited by Larson, ed., in Talmage, Can Science Be Faith Promoting?, xxxii.

 

56. Ibid., xxxiii and nn 5 and 6.

 

57. See http://zoology.byu.edu/zool475/pdf%20files/Evolution%20Packet.pdf and

http://eyring.hplx.net/Eyring/faq/evolution/trustees1992.html

 

58. Evenson, cited by Larson, ed., in Talmage, Can Science Be Faith Promoting?, xxxii n6.

 

59. Por examplo, uma busca de artigos sobre evolução conforme registrado nos últimos trinta anos nas publicações da igreja rendeu alguns resultados interessantes. Fui capaz de encontrar dez exemplos em que um autor.orador SUD expressou hostilidade contra a evolução: veja Élder Ezra Taft Benson, “The Book of Mormon is the Word of God,” Ensign, May 1975, 63 ff; Elder Bruce R. McConkie, “The Glorious Gospel in Our Day,” Tambuli, April 1980, 82 ff; Elder Bruce R. McConkie, “Christ and the Creation,” Tambuli, Sept. 1983, 22 ff; Elder Boyd K. Packer, “The Pattern of Our Parentage,” Ensign, Nov. 1984, 66 ff; Bruce R. McConkie, “The Caravan Moves On,” Ensign, Nov. 1984, 82 ff; Elder Russell M. Nelson, “The Magnificence of Man,” Ensign, Oct. 1987, 44 ff; Robert L. Millett, “So Glorious a Record,” Ensign, Dec. 1992, 6ff; Elder George R. Hill, III, “Seek Ye Diligently,” Ensign, June 1993, 21 ff; Lisa M. G. Crockett, “Roots and Branches,” New Era, August 1999, 28 ff; “Gospel Classics: The Origin of Man,” Ensign, Feb. 2002, 26ff. Em contraste, encontrei 6 comentários sobre evolução que eram tanto liberiais, neutros ou abertos a hipótese: veja Dr. Sherwood B. Idso, “Visitors from Outer Space—Meteorites,” Friend, Jan. 1979, 11 ff; F. Kent Nielsen, “The Gospel and the Scientific View: How Earth Came to Be,” Ensign, Sept. 1980, 67 ff; George A. Horton, Jr., “A Prophet Looks at Genesis; Insights from the Joseph Smith Translation” Ensign, Jan. 1986, 38 ff; Don Lind, “Things Not Seen,” Tambuli, June 1987, 42 ff; Morris S. Peterson, “Questions and Answers: Do We Know How the Earth’s History as Indicated from Fossils Fit with the Earth’s History as the Scriptures Present It?” Tambuli, April 1988, 29 ff; Robert J. Woodford, “In the Beginning: A Latter-day Perspective,” Ensign, Jan. 1998, 12 ff.

 

60. “The Divine Origin of Man,” Choose You this Day: Melchizedek Priesthood Personal Study Guide 1980-81 (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1979), 39; see also Joseph Fielding Smith, Seek Ye Earnestly (Salt Lake City: Deseret Book Co., 1970), 283.

61. “Sons and Daughters of the Eternal Father, From the Life of Joseph F. Smith,” ch. 37 in Teachings of Presidents of the Church: Joseph F. Smith (Salt Lake City: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1998), 331 ff.

 

62. “Gospel Classics: The Origin of Man,” Ensign, Feb. 2002, 26 ff. 1980/81

 

63. Ward Teachers’ Message for June 1945, “Sustaining the General Authorities of the Church,” Improvement Era, June 1945,. 354. Para a refutação de Presidente Smith desta idéia, na qual diz “não expressar a verdadeira posição da Igreja”, ver “A 1945 Perspective,” an accompaniment to L. Jackson Newell’s “An Echo From the Foothills: To Marshal the Forces

of Reason,” Dialogue 19 (Spring 1986): 36-38; emphasis in original.

 

64. Richley H. Crapo, “Mormonism and Evolution,” working draft for the August

2001 Sunstone Symposium, originally posted to Mormon-L and reposted August 13, 2001 on Eyring-L (ey@hplx.net). Copy of repost in author’s possession.

 

65. Richley H. Crapo, “Grass-Roots Deviance From Official Doctrine: A Study of Latter-day Saint (Mormon) Folk-Beliefs,” at http://cc.usu.edu~FATH6/grassrts.htm. ver tembém Crapo, “Mormonism and Evolution” (ibid.).

 

66. Ver Nissim Wernick, “Man, the Pinnacle of Creation,” BYU Studies 10 (Autumn

1969), 31 ff; Hollis R. Johnson, “Civilizations Out in Space,” BYU Studies 11 (Autumn 1970), 3 ff; Richard Sherlock, book review of Neal Gillespie, Charles Darwin and the Problem of Creation, in BYU Studies 22 (Winter 1982), 119 ff; A. Lester Allen, “Science and Theology: A Search for the Uncommon Denominator,” BYU Studies 29 (Summer 1989), 71 ff; Scott Wolley review of The Book of Mormon: Jacob through Words of Mormon, to Learn with Joy, eds., Monte S. Nyman and Charles D. Tate, Jr., in FARMS Review of Books, 3 (1991): 106; Michael F. Whiting, review of Clark A. Peterson, Using the Book of Mormon To Combat Falsehoods in Organic Evolution, in FARMS Review of Books, 5 (1993): 212; Daniel C. Peterson, “Editor’s Introduction: Doubting the Doubters,” FARMS Review of Books, 8, no. 2 (1996): x.

 

67. Para uns poucos exemplos ver:

http://www.cs.umd.edu/users/seanl/stuff/Evolution.html,

http://www.etungate.com/Evolution.htm , e

http://zoology.byu.edu/bioethics/chapter4.htm.

68. Especial agradecimento a Marc Schindler pela suas sugestões e pertinentes comentários (Nota do tradutor. Marc Schindler acaba de falecer no começo de Outubro deste ano, 2003. Meus pêsames a este grande apologista e historiador SUD)

 

 

 

 

Conversão de um Cientista Ateu

Traduzido da Ensign (Março de 1990)

 Um cientista italiano pôs-se a investigar a Igreja De Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O livro De Mórmon passou em seus testes - e ele mudou a sua vida.

        Para Mario Ottaviano, a resposta era simples: Não, seus filhos não tomariam aulas de religião em sua escola em Roma. Como ateu, filho e neto de ateus, ele não acreditava em nenhuma religião.

        Mas logo seus filhos estavam voltando da escola chorando. Eles eram os únicos na escola que não estavam assistindo às aulas - os únicos que não pertenciam a nenhuma religião. Outros alunos os perturbavam por causa de suas faltas de crença. Eles queriam que seu pai ao menos listasse alguma religião para eles, mesmo se eles não assistissem a nenhuma aula de religião.

        E então começou a procura do Doutor Otaviano pela correta igreja para seus filhos. Ele não tinha nenhuma intenção de estar ele mesmo envolvido com qualquer religião.

        Mas a sua busca despertaria nele uma fé que não pensasse existir dentro dele. O doutor, um respeitado pesquisador em engenharia genética e biofísica, procurou abordar a questão cientificamente.

        Ele começou por rever a informação de todas as igrejas listadas em um vasto catálogo produzido pelo Vaticano.

        Embora ele não acreditasse em nenhuma religião, Cristã ou Judaica, ele era um descendente de Judeus, assim automaticamente descartou qualquer organização anti-semítica. Ainda, em todo o catálogo, ele não encontrou nenhuma igreja cujas crenças parecessem suportar seus testes de lógica.

        Elas eram "vazias", reconta ele - basicamente igrejas de homens. Sua busca metódica ocupou meses de seu tempo livre. Finalmente, em um pequeno livro de sua própria biblioteca, ele encontrou uma referência ao Livro de Mórmon e a igreja Mórmon.

        Ele checou sua enciclopédia "para descobrir o que era o Mormonismo, e quem era este tal de Joseph Smith." A informação de sua enciclopédia era superficial. Um amigo, um professor de história religiosa, assegurou-lhe que era uma igreja Marxista. Mas o próprio Doutor Ottaviano era um líder Marxista Italiano, ele detinha posições educacionais em organizações de afiliação comunista e era fundador de uma organização Ítalo-Soviética de intercâmbio cultural e educacional. Ele não via como qualquer religião pudesse coexistir com o Marxismo.

        Foi um outro amigo, um professor da Universidade de Nápoles, que deu ao doutor alguma literatura que explicava crenças básicas dos Santos dos Últimos Dias. Este material lhe dizia que Deus o Pai e Jesus Cristo eram seres separados e ambos possuíam corpos materiais. "Eu achei aquilo verdadeiro," ele relembra. "Ninguém nunca me disse que você deveria ajoelhar e orar, mas eu fiz isto espontaneamente."

        Ele sentiu que deveria aprender mais. "Então eu comecei a procurar por esta igreja. Onde estava a igreja Mórmon?" Ele encontrou o endereço de uma capela SUD local, e ele e seu filho mais novo, Marco, a visitaram no domingo de manhã. Após fazer algumas perguntas, ele foi apresentado a dois missionários. Ele lhes pediu para que viessem e ensinassem religião para seus filhos - "apenas para meus filhos, não para mim e minha esposa." Sua esposa, Stefania, também não acreditava em qualquer religião. Como uma pesquisadora na área de câncer para bebês e crianças, ela houvera se horrorizado por muitas das coisas que havia visto. Sem compreender o propósito da vida (a igreja de sua infância não tinha nenhuma resposta para ela), ela recusou-se a exercer fé em um deus que deixaria tais coisas acontecerem com as pequenas criancinhas.

        Doutor Ottaviano, deixou claro ao seu filho e filhas de que se eles compreendessem e acreditassem no que os missionários ensinassem, eles poderiam escolher ser batizados naquela igreja. Mas ele intencionava manter sua tradição de não envolvimento em questões de fé. A princípio, o doutor manteve-se à distância das palestras dos missionários em seu lar. Ele ouviu um pouco a convite dos missionários, mas quando foi convidado a participar, ele recusou, dizendo-lhes que "seria como um gato brincando com um rato." Ele os achou "cheio de fé, mas faltava-lhes conhecimento em muitas coisas." Ele deixou claro que eles não estavam no seu nível de intelectualidade e de educação. Haveria alguém em sua igreja preparado para responder suas questões? Sim, replicaram eles, ele poderia encontrar-se com o presidente de missão (que também detinha um PHD).

        Esse encontro não aconteceu por algum tempo, mas Doutor Ottaviano e sua esposa ouviram mais algumas palestras. Ela foi inicialmente mais receptiva do que ele por causa de sua antiga experiência religiosa, mas dentro de pouco tempo ele encontrou-se lendo o Livro de Mórmon.

        "Quanto mais eu lia, mais aterrorizado eu ficava, pois era como de as vozes de meus ancestrais surgissem daquelas páginas," ele reflete. No curso de seu estudo, ele sujeitou o Livro de Mórmon a vários testes que ele considerava científicos. Em um período de doze horas, por exemplo, ele leu o livro de capa a capa, começando a anotar

notas detalhadas no verso designadas para lhe mostrar se o livro mantinha sua consistência interna. Ele mantinha. Várias vezes ele tomaria pequenas seções do Livro de Mórmon e dava para alguns amigos instruídos - rabis, ou cientistas familiarizados com textos antigos - e lhes perguntava o que eles achavam. Eles lhe garantiram que os textos eram autênticos; de que fonte antiga eles vieram?

        O doutor não disse a seus amigos a fonte, uma vez que eles provavelmente rejeitariam um livro conectado a uma igreja em particular. Mas ele lhes assegurou que um dia lhes mostraria o livro do qual as passagens foram tomadas, e que eles poderiam reconhecer a veracidade daquilo como ele havia verificado.

        Em 4 de Dezembro de 1986, no dia do batismo de suas duas filhas (Sahara e Ljoya haviam alcançado a idade de batismo, mas o seu filho Marco ainda não), Doutor Ottaviano encontrou-se pela primeira vez com Dwight B. Williams, o então presidente da Missão Itália Roma. Três dias mais tarde eles tiveram a primeira do que seriam muitas palestras doutrinárias.

        Presidente Willians não teve nenhum problema em tratar as indagações do Doutor Ottaviano em seu próprio nível intelectual, e algumas vezes as discussões seguiriam por horas.

        O doutor tornou-se tão ansioso em sua investigação da igreja que deixou seu trabalho e suspendeu suas conexões com as associações e institutos Marxistas, dizendo a eles que estaria indefinidamente ocupado e não teria tempo para estar envolvido. Sua família viveu de suas economias e receitas de alguns investimentos, em adição ao salário de sua esposa, durante meses enquanto ele devotava horas cada dia a fim de estudar o evangelho.

        Então chegou o dia em que o Presidente Williams lhe disse que ele já havia estudado mais do que o suficiente; era hora de procurar a ajuda do Santo Espírito no conhecimento da verdade. Mas o doutor já houvera chegado a esta conclusão por si mesmo. "Naquela altura, todas as minhas dúvidas teológicas haviam sido respondidas, e eu estava estudando a estrutura da Igreja." Ele percebeu que sua reação intelectual aos jovens missionários que haviam ensinado os seus filhos não havia mostrado a humildade requerida quando alguém está ponderando verdades eternas. Ele sabia que era hora de parar de procurar por provas científicas do evangelho e começar a examinar o assunto com o coração.

        Doutor Ottaviano relembra claramente o instante quando ele percebeu que tinha um testemunho do Livro de Mórmon. Ele estava importunando uma jovem sister missionária com questões durante uma intensa discussão, ela bateu o livro contra a mesa em profundo desapontamento pela sua atitude de cabeça-dura. Aquilo o magoou ao ver o livro tratado daquela forma, pois ele sabia que era a palavra de Deus. No próximo dia, ele foi até seu amigo, Presidente Willians, e marcou a sua data de batismo.

        Ele foi batizado em 18 de Março de 1987. Stefania foi batizada dois meses mais tarde. Várias vezes ela se maravilhara na intensidade do escrutínio do evangelho pelo seu marido. Quão estranho que aquilo pudesse tê-lo afastado temporariamente dos estudos científicos que ele tanto amava! E ele se perguntava, após o seu batismo, como os seus companheiros Marxistas iriam aceitar a sua decisão. Mas quando um outro membro da Igreja lhe perguntou se ele planejava continuar com suas afiliações comunistas, Irmão Ottaviano replicou que era claro que ele não poderia, pois antes de tudo, Marxismo havia sido previamente a sua religião.

        Para sua surpresa, uma vez que ele explicou sua conversão a eles, seus colegas comunistas o compreenderam perfeitamente. Referindo-se a sua crença no Livro de Mórmon, eles arrazoaram:

"Antes que  você fosse Marxista, você era Hebreu, e esta é a História de seu povo." Eles concordaram que ele deveria agora seguir o caminho que havia escolhido.

 

Artigo: Mormonismo e o Novo Criacionismo

Dialogue: Vol 35 No 4 (Artigo do “Journal of Mormon Thought”)

Autor: David H. Bailey

Introdução:

De alguma maneira, quase todos os Santos dos Últimos Dias (assim como membros de numerosas outras Fés) podem chamar a si mesmo “criacionistas”. Eles acreditam em um Deus que supervisionou a criação deste e de outros mundos, e acreditam que o universo, a terra e os humanos transcendem em propósito. Uma filosofia deste tipo é razoavelmente aberta e inteiramente consistente com o moderno conhecimento cientifico. Este artigo irá tratar de uma forma mais específica de criacionismo, a qual é freqüentemente chamada “Ciência da Criação” ou “Criacionismo Científico” (estes termos serão usados de forma sinônima). Conforme definida numa lei do Arkansas de 1981, Ciência da Criação é a crença em (1) súbita criação do universo, da energia, e da vida a partir do nada; (2) da insuficiência da mutação e da seleção natural em fazer com que todas as presentes formas de vida desenvolveram-se a partir de um único organismo (3) mudanças apenas dentro de limites fixados das plantas e dos animais originariamente criados; (4) ancestrais separados para homens e macacos; (5) explicação da geologia da terra através do catastrofismo, incluindo a ocorrência de um dilúvio universal; e (6) uma relativamente recente criação e origem da terra e dos seres vivos. [1] Os advogados desta perspectiva, a qual é obviamente um literalismo Bíblico sem referências explícitas a Deus, Adão, e Noé, sustentam de que não havia vida na Terra antes do Éden (alguns milhares de anos atrás), e nenhuma morte antes da Queda do Homem.
O movimento criacionista é atualmente muito forte nos U.S. Em uma pesquisa Gallup de 1991, 47% do publico dos U.S., incluindo 25% dos estudantes universitários, concordavam que “Deus criou o homem bem parecido com sua atual forma em um determinado momento há 10000 anos.” [2] No começo dos anos 80, Arkansas e Louisiana passaram leis requerendo igual tratamento para o criacionismo científico e a teoria da evolução nas escolas públicas, apesar de cortes jurídicas subseqüentemente declararam estes estatutos como sendo inconstitucionais. Mais recentemente, a legislatura do Alabama passou uma lei requisitando que professores de escolas públicas, antes de discutirem a teoria da evolução, lessem uma “ressalva” de que isto é apenas uma “teoria controversa” defendida por “alguns cientistas”. Esta legislatura apertadamente derrubou uma medida que iria requerer, entre outras coisas, que os professores instruíssem seus alunos para anotassem apenas em seus cadernos “somente a referência à teoria da evolução” sem que houvesse qualquer menção em seus livros textos, e anotassem “falsos dados” ao invés de qualquer referência à datação por radiocarbono. No Kansas, criacionistas elegeram uma maioria para o quadro de educação do estado, os quais removeram a menção de uma terra antiga, macroevolução ou do Big Bang do currículo escolar estadual, embora esta ação tenha sido agora revertida. Em Lousiânia, o Comitê para a Câmara de Educação aprovou uma medida que relaciona Darwinismo com Hitler e racismo.

No tempo em que este artigo esta sendo preparado (Maio 2001), esforços criacionistas similares estão ativos no Arkansas, Idaho, Montana, Nebraska, Oklahoma, Pensilvânia, e Washington. [3] Pesquisas de estudantes da Universidade Brigham Young indicam tendências semelhantes na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Em 1935 apenas 36% dos estudantes da BYU negavam que os humanos haviam sido “criados em um processo de evolução a partir de formas mais simples de vida,” todavia em 1973 o número havia se elevado para 81%. Os resultados de uma pesquisa recente (2001) em um curso introdutório de biologia na BYU sugerem que tensão e incerteza sobre estas questões persistem. Entre os estudantes que começaram Biologia 101 (Biologia para calouros, não veteranos), 48% concordavam com a posição de que enquanto “Evolução poderia ser aplicada para algumas circunstâncias limitadas, ela não ocorre ao longo de fronteiras que separam as principais categorias de plantas e animais; ela poderia ser aplicada para formas básicas de vida mas não para o homem” (esta era a Quarta de Cinco alternativas, com três mais negativas em relação à teoria da evolução e uma mais positiva). 21% destes estudantes expressaram a crença de que a Terra tem apenas alguns milhares de anos de idade, baseado na interpretação das escrituras (a Segunda das cinco alternativas), e 50% concordaram que criacionismo e teoria da evolução deveriam tomar igual tempo nas escolas públicas (a terceira das 5 alternativas). Em uma pesquisa semelhante para estudantes de Zoologia 101 (novamente para calouros que querem se especializar em zoologia), as porcentagens correspondentes foram 55%, 28% e 57%.

Para Zoologia 475 (curso para veteranos tratando divisões superiores da zoologia), os quadros foram 23%, 7% e 29%, respectivamente. Em resumo, estes números pintam um quadro de estudantes SUD calouros que estão grandemente confusos e apreensivos sobre estas questões, embora muito desta tensão parece ser removida uma vez que estudantes completam cadeiras disciplinares de maior rigor científico.[4] Os professores SUD da BYU estão divididos sobre a questão da evolução, com quase todos nos departamentos científicos afirmando a visão científica convencional, enquanto muitos no Departamento de Religião permanecem opostos. Um comentário doutrinário SUD bem popular, escrito por um professor de religião da BYU, exclui a evolução como irreconciliável com crenças fundamentais SUD e sustenta que não houve morte antes da Queda de Adão, a qual ocorreu apenas 7.000 anos atrás.[5] Dado estes pontos, muitos Santos dos Últimos Dias se perguntam se eles deveriam apoiar o movimento criacionista. Para melhor entender esta questão, deveremos examinar o background histórico do criacionismo, suas conexões com a igreja SUD, a validade cientifica de suas alegações, e finalmente, como a filosofia religiosa que está por trás deste movimento se relaciona com a teologia SUD e ao moderno pensamento Cristão.

Background Histórico

O criacionismo dos tempos modernos, incluindo, até certa extensão, a prevalência das idéias criacionistas dentro da igreja SUD, pode ser traçado até os movimentos religiosos do século dezenove que foram os predecessores da atual denominação dos Adventistas do Sétimo Dia. A teoria da evolução, a qual foi primeiramente descrita em 1859 por Charles Darwin no seu “Origem das Espécies”, inicialmente acendeu uma súbita e violenta reação entre vários líderes religiosos. Entretanto, mesmo pelo fim do século dezenove, Cristãos de várias denominações começaram a tomar conhecimento das premissas básicas da visão evolucionária e da terra-antiga. Eles tipicamente acomodaram os fatos da geologia quer seja interpretando os “dias” de Gênesis como representando eras longas (a teoria do “dia = era”) ou por distinguir uma criação “no princípio” de uma subsequente criação num Jardim do Éden (a teoria “gap”). De qualquer forma, Cristãos, podiam aceitar os resultados da pesquisa geológica e palenteológica, enquanto ao mesmo tempo retinham suas crenças na Bíblia como a Palavra de Deus. William Jennings Bryan, o prolífico advogado que liderou a cruzada anti-evolução na década de 1920, interpretava os “dias” de Gênesis como eras geológicas e permitia uma evolução limitada.

Por este mesmo tempo, o geologista autodidata George McCready Price deu início ao moderno movimento criacionista. Price era um membro devoto da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a qual foi fundada no século dezenove por Ellen G. White. Uns dos ensinamentos chaves de White é que o quarto mandamento ordena a adoração do Sábado e uma crença literal no Gênesis. Em uma de suas revelações, a ela fora mostrado em uma visão que a semana da criação era “apenas como outra semana qualquer”. Em escritos subsequentes ela ensinou que o dilúvio de Noé foi um evento de proporções globais, e que após as águas do dilúvio terem baixado, Deus fez com que “um poderoso vento passasse sobre a terra”, o que enterrou os animais mortos com árvores, pedras e terra. Estas florestas enterradas então se transformaram em carvão e petróleo, os quais Deus ocasionalmente os punha em ignição a fim de produzir terremotos e vulcões. [6] Como um estudante que lutava com os ensinos de geologia e biologia, Price estava intrigado pelo quadro da criação conforme delineado por Ellen White. Em vários livros que ele subseqüentemente escreveu, Price declarou que muito da ciência moderna está “no mais alto grau do improvável e impossível.”

Ele focalizou seu ataque na geologia, atacando que geologistas datavam as rochas pelo conteúdo fóssil que continham, enquanto simultaneamente determinavam a idade dos fósseis pelas suas alocações na coluna geológica. Seguindo Ellen White, Price defendia uma criação recente e um literal dilúvio de Noé. Para Price, o dilúvio explicava porque os fósseis apareciam numa seqüência que poderia ser predita – as águas do dilúvio primeiramente mataram os animais menores, seguindo pelos peixes vertebrados, e finalmente aos animais maiores e ao homem, os quais fugiram para os pontos mais altos a medida que as águas subiam. Price, novamente ecoando os ensinamentos de White, sugeriu que uma “tempestade cósmica” miraculosa enterrou estes corpos. Então, o registro fóssil revela meramente uma variedade de formas de vida antediluvianas contemporâneas, e a coluna geológica convencional é uma ilusão.[7] O livro de Price, “A Nova Geologia”, o qual foi primeiramente publicado em 1923, vendeu mais de 15.000 cópias.[8] A mais influente obra criacionista nas décadas recentes é o livro de Whit-Comb e Morris, O Dilúvio do Gênesis, o qual foi primeiramente publicado em 1961. Seguindo as mesmas linhas gerais delineadas dos trabalhos de Price, este livro começa com uma afirmação de autoridade e infabilidade da Bíblia.

Estes autores argumentavam, assim como Price, que uma vez que as escrituras claramente descreviam um diluvio universal, os crentes Cristãos tinham apenas duas alternativas: rejeitar a inspirada Palavra de Deus ou rejeitar o testemunho de milhares de geologistas profissionais. De acordo com os autores, Deus criara o inteiro universo e populou a terra com plantas, animais e seres humanos completamente crescidos, tudo em seis dias literais, usando métodos e processos completamente diferentes daqueles agora em operação no universo. Não houvera morte antes da Queda, então consequentemente todos os fosseis são os remanescentes de animais que pereceram subsequente a Queda. Os autores rejeitaram a convencional coluna geológica como Price a rejeitara, ao atribuir a aparente ordem dos fósseis a arranjo hidrodinâmico dos organismos nas águas do diluvio e a mobilidade superior dos vertebrados. Eles reconheciam que por algumas indicações a terra e o universo aparentavam ser muito antigos (por exemplo, a evidencia de raios de luz chegando a terra de estrelas milhões de anos de distancia), mas um Criador onipotente poderia facilmente cria-los com a “aparência de antigos”. Um item interessante neste livro é a menção de pegadas “humanas” encontradas junto com rastros de dinossauros perto do Rio Paluxy em Glen Rose, Texas. Isto contradizia a noção que humanos apareceram muitos milhões de anos após os dinossauros terem sido extintos.[9] Um obra criacionista mais recente é o Criacionismo Cientifico de Morris, que foi publicado em 1974. Um dos argumentos de Morris para uma terra jovem esta baseado na poeira espacial, Morris argumentava que se a lua fosse realmente antiga como os cientistas alegavam, então ela deveria estar enterrada em mais de 180 pés de poeira. Dado que os astronautas apenas encontraram uma fração de uma polegada, a lua (e a terra, por raciocínio similar) deve ser muito mais jovem. Morris também argumenta que a Segunda lei da termodinâmica (um principio científico de que sistemas fechados tendem a se desenvolver em estados cada vez maiores de desordem) fundamentalmente proíbe a evolução biológica.[10] Uma outra obra criacionista popular é Evolução: Os Fósseis dizem não! de Duane Gish. Neste livro Gish focaliza nas “lacunas” do registro fóssil. Ele argumenta que alguns destes “gaps”, como a transição entre mamíferos terrestres e mamíferos marinhos, e que é biologicamente impossível que espécies intermediárias adequadas possam ter existido.


A Conexão SUD

Nos idos de 1920, o jovem apóstolo SUD Joseph Fielding Smith tornou-se enamorado das obras de Price. Ele estava particularmente impressionado pelo silogismo de Price, “Sem Adão, nenhuma Queda; sem Queda, nenhuma expiação; sem expiação, nenhum Salvador”. Ele se correspondeu com Price, encorajando-o em seus esforços pela luta contra a evolução, e então começou a escrever um manuscrito delineando o que ele considerava como a causa SUD contra a evolução. [12] Em 1931 uma disputa começou entre os líderes SUD Joseph Fielding Smith, Brigham H. Roberts e James E. Talmage. Smith queria publicar seu manuscrito anti-evolucionário, todavia Roberts queria publicar seu próprio manuscrito, o qual reconhecia uma convencional visão para um terra-antiga e para a existência de “pré-Adamitas”. No decurso destas discussões, Smith promoveu o livro de Price A Nova Geologia. Talmage, como um geologista de formação, reconhecia a forca da evidencia da moderna biologia e geologia. Enquanto um estudante na Universidade John Hopkins, ele registrara em seu diário de que ele não podia ver nenhuma razão “do porque a evolução dos corpos dos animais não fosse verdadeira.”[13] Como resultado, ele estava altamente céptico do trabalho de Price, mas não tendo tempo para investigar ele escreveu ao seu filho Sterling Talmage, um professor de geologia e mineralogia na Escola de Minas do Novo México.

Sterling respondeu que A Nova Geologia não era nada nova, nem continha tal livro qualquer geologia de verdade. Ele então afirmou, “Com estas duas correções, o título permanece sendo a melhor parte de todo o livro.” Sterling acrescentou que a maior parte dos argumentos de Price eram “absurdos”[14] Enquanto isso o debate sobre evolução entre os líderes SUD acabou parando na Primeira Presidência, que declarou em uma carta, “Deixai a geologia, biologia, arqueologia e antropologia para a pesquisa cientifica, nenhuma delas tem nada a haver com a salvação das almas da humanidade, enquanto isso magnifiquemos nossos chamados no reino da Igreja do Senhor”.[15] Em 1954, após Roberts e o apóstolo sênior Talmage terem falecido, Joseph Fielding Smith retrabalhou seu manuscrito sobre evolução e o transformou num livro Homem: Sua Origem e Destino. Neste livro, Smith argumentava que não apenas a teoria da evolução era inaceitável por razões doutrinárias, mas – citando escritores criacionistas tais como Price – ela era também cientificamente inválida.[16] David O. Mckay, que era presidente da igreja na época (e quem pessoalmente aceitava os preceitos básicos da evolução biológica), assegurou a várias pessoas que escreveram para seu escritório que o livro de Joseph Fielding Smith continha apenas a opinião do autor, e que a igreja não tinha uma posição oficial sobre o assunto teoria da evolução.[17]

Não obstante, muitas das idéias de Smith foram subseqüentemente incorporadas no livro de seu genro Bruce R. Mckonkie, Mormon Doctrine, o qual ainda hoje, aproximadamente mais de quarenta anos após sua publicação original, permanece como a referência SUD mais largamente citada.[18] Neste meio tempo, um cientista SUD deu uma contribuição substancial ao nascente movimento criacionista. Dr. Melvin A. Cook, professor de metalurgia da Universidade de Utah e um perito em explosivos de renome internacional, ficou impressionado com os argumentos de Price, assim como pelos ensinamentos de Joseph Fielding Smith. Após estudar a técnica da datação pelo radiocarbono, ele declarou em 1961 que estas datas deveriam ser reavaliadas para não mais do que 13000 anos, atendo-se a noção de que os sete dias da criação representavam cada um 1000 anos e que 6000 anos haviam transpirado desde a criação. Ele estava similarmente critico as técnicas de datação radioelétricas e outros desenvolvimentos da moderna geologia. Outros cientistas SUD, incluindo o renomado químico Dr. Henry Eyring (pai do atual apóstolo de mesmo nome) da Universidade de Utah, criticou e dispensou as idéias de Cook, todavia Cook continuou seu trabalho e subseqüentemente publicou dois livros criacionistas. [19]

Cook foi convidado para se unir a recém organizada Sociedade Para a Pesquisa da Criação, e freqüentemente publicava artigos em seu periódico trimestral. A reputação internacional de Cook emprestava credibilidade substancial à Sociedade. Cook havia sido premiado com a Medalha de Ouro Nobel de Nitro, a qual é agraciada periodicamente para contribuições de destaque no campo dos explosivos, no mesmo ano em que seus artigos começaram a aparecer no Periódico da Pesquisa da Criação (Creation Research Quartely).

O Novo Criacionismo

Dentro de poucos anos um novo grupo de criacionistas levantou-se que adotou uma estratégia um pouco diferente do que a de seus predecessores. Eles desfocalizaram de alguns pontos mais controversos do criacionismo, tais como a geologia do dilúvio e uma criação recente de seis dias, e passam a focalizar em um conjunto menor de noções fundamentais, sanitizando de referências explícitas a doutrinas religiosas. De acordo com o professor de Direito da Universidade da Califórnia – Berkeley Philip Johnson, uma das figuras centrais neste movimento, a noção central da visão de mundo criacionista é que existe um Criador pessoal (um “Designer Inteligente”) o qual é supernatural e quem iniciou e continua a controlar o processo da criação, em decorrência de algum propósito ou objetivo final.[20]

Coletivamente este novo grupo de cientistas são freqüentemente chamados de Criacionistas do Designer Inteligente (IDC), em distinção dos Criacionistas da Terra Jovem (YEC – Young-Earth Criationists), um termo usado para a mais tradicional comunidade criacionista. Johnson argumenta que há um dogma fundamental e não provado sob a base de muito da ciência moderna, especialmente sob a teoria da evolução. Esta é a premissa do naturalismo cientifico, nomeadamente a filosofia de que a natureza empírica é a única realidade sobre a qual podemos ter um conhecimento sólido. Como resultado, Johnson argumenta, a hipótese de que Deus ou um Designer Inteligente estivesse envolvido na criação da vida na terra é, em efeito, excluída do discurso científico. Ele sugere que se cientistas removessem suas viseiras naturalistas, eles poderiam ver a criação com uma luz inteiramente nova.[21] Johnson freqüentemente ataca a teoria da evolução, argumentando por exemplo que o registro fóssil não indica pequenas transições entre os principais ramos do reino biológico.[22]

Um outro líder da escola dos IDC é Michael Behe da Universidade Lehigh. Ele argumenta que certas características biológicas são “irredutivelmente complexas”, o que significa que elas são compostas de várias partes interligadas, das quais a remoção de quaisquer delas faria com que o sistema cessasse de funcionar. Ele cita como exemplos a complexa sistemática molecular envolvida no sistema da visão, na coagulação sangüínea e no movimento do flagelo da Euglena. Ele então argumenta que é impossível ou improvável que estes componentes pudessem ter evoluído separadamente para apenas mais tarde adequarem-se aos sistemas unificados que hoje vemos nos organismos hodiernos. [23] Numa corrente semelhante, o criacionista IDC David Foster argumenta, sacando conclusões a partir de um trabalho anterior realizado pelo astrônomo Fred Hoyle, que a probabilidade da formação da proteína alfa-hemoglobina no sangue humano é tão remota que é extremamente improvável para que ela tivesse simplesmente se formado unicamente por evolução natural. [24] Apesar de sua evidente mente-aberta para a abordagem da criação, a comunidade IDC não tem nenhuma tolerância pela evolução, mesmo a evolução teística, aquela que acredita que Deus dirige o curso da evolução. (Nota do Tradutor: Discordaria do autor neste ponto. Muitos criacionistas do DI acreditam realmente numa teoria da Evolução, como o próprio Michael Behe o declara, apenas que alem da evolução seria necessário um designer inteligente primordial (não necessariamente um Deus, pode até ser um alienígena) para que as condições iniciais que deram inicio ao processo da criação pudessem acontecer, e a teoria da evolução poderia dar conta para explicar daí por diante)

William Dembski, um proeminente escritor do IDC, deixa isto claro. “Teóricos do Designer Inteligente não são amigos da evolução teística. Até onde as teorias do Designer estão cientes, a evolução teística é uma má concebida acomodação do evangelicalismo americano ao Darwinismo”. [25] Phillip Johnson é ainda mais explícito: ele descreve a estratégia do IDC como uma “cunha”, designada para separar os ranks dos evolucionários teístas de outros que sustentam que a evolução é compatível com a religião. [26] A Evidência da Ciência de Michael Ruse, um filósofo da ciência que testemunhou no caso de 1981 no Alabama sobre Criacionismo, descreve ciência como uma disciplina que (1) é guiada por lei natural; (2) é explanatória pela referência a lei natural; (3) é testável contra o mundo empírico; (4) alcança conclusões que são tentativas; e (5) é falseável (i.e. pode ser demonstrada como incorreta, ou não). [27] Como pode o criacionismo, novo ou antigo, ser mensurado como uma teoria cientifica?


Para esta questão, qual é o status da visão científica da formação da terra e da vida sobre ela? Hoje em dia, a visão científica convencional sobre a terra é que ela tenha 4.5 bilhões de anos de idade, com remanescentes fósseis dos ramos da árvore da criação se estendendo desde bactérias primitivas no passado longínquo passando por plantas fanerógamas e vertebrados algumas centenas de milhões de anos atrás, até chegar por fim ao homo sapiens durante aproximadamente o ultimo milhão de anos, está muito bem estabelecida. Datas geológicas são particularmente bem estabelecidas, confirmada por numerosos e independentes esquemas, muitos dos quais se apoiando sobre processos nucleares fundamentais tais como radioatividade e fissão nuclear. Estes processos são bem compreendidos baseados em leis da mecânica quântica. Leis da mecânica quântica, por sua vez, são observadas em operação em estrelas distantes, baseadas nas medidas espectrais dos raios de luz que partiram das estrelas milhões ou ate mesmo bilhões de anos atras. Desta forma os cientistas têm razões muito boas para inferirem que estes processos são completamente confiáveis como relógios de um passado distante. O Biologista Kenneth Miller observou: “A consistência dos dados... e de um ajuste muito preciso.” [28] Discussões para ler sobre os métodos de datação atualmente utilizados pelos geologistas estão disponíveis em diferentes fontes. [29]

Até recentemente, paleontologistas tinham de confiar num escasso registro fóssil para inferir o curso da evolução durante as eras passadas. Parentescos familiares evolucionários na arvore biológica era freqüentemente inferido pela semelhança da estrutura óssea e de órgãos, mas nas ultimas recentes décadas, algumas novas e poderosas ferramentas surgiram, incluindo as comparações das seqüências de aminoácidos no DNA. Estas novas ferramentas confirmaram, com muito poucas exceções, a taxonomia tradicional do mundo biológico. Na verdade, ao comparar cuidadosamente as seqüências de aminoácidos do DNA entre diferentes espécies, podiam-se estimar tempos relativos para eventos dos ramos evolucionários no passado. Para citar um bem conhecido exemplo: A molécula alfa-hemoglobina de 141 aminoácidos de comprimento nos humanos é idêntica aquela dos chimpanzés, difere por apenas um lócus nos gorilas, por dezoito nos cavalos, por vinte e cinco nos coelhos, e por aproximadamente uma centena de lócus em varias espécies de peixes. [30] Como qualquer cientista responsável irá prontamente admitir, a teoria da evolução é ainda uma teoria no sentido que existem ainda muitos detalhes ainda para serem explicados.

Primeiramente, a origem das primeiras moléculas reprodutoras e organismos é de alguma forma um mistério, embora algumas descobertas intrigantes tenham sido anunciadas nesta linha nos anos recentes.[31] Em segundo lugar, o curso específico tomado por milhões de espécies conhecidas, antigas e modernas, irão requerer muito mais anos para ser completamente compreendido. Em terceiro lugar, os papéis relativos da seleção natural, mutações, mudanças ambientais e catástrofes (como o impacto de asteróides) estão ainda sendo debatidas. Mas a noção central de que um processo evolucionário tem ocorrido ao longo dos muitos milhões de anos não está seriamente em dúvida. Concernente às teorias criacionistas, deve ser primeiramente percebido que enquanto os eruditos da YEC e IDC escrevem artigos para suas próprias publicações criacionistas, até onde se pode dizer eles ainda não tentaram publicar seus artigos em periódicos científicos convencionais, sujeitos a revisão crítica de seus pares (Nota do tradutor: A conclusão de muitos criacionistas é filosófica, baseados em algumas observações da natureza acreditam que o mero acaso não seja capaz de explicar tudo que observam e concluem filosoficamente pela existência de um Criador ou Designer Inteligente, um artigo neste nível não pode ser aceito em periódicos científicos simplesmente por não ser científico, não se trata de conclusões empíricas após testes em um laboratório, mas de conclusões metafísicas baseadas na atual observação). O que faremos sobre alguns pontos específicos levantados pelos criacionistas? Não há espaço neste artigo para apresentar uma analise completa de seus argumentos, então apenas comentarei brevemente apenas sobre alguns poucos itens. Para mais discussões sobre estas questões, leitores podem consultar livros por Elderedge, Miller e Pennock.[32]

Há também algum material interessante nos arquivos do Talk Origens, cujo site está localizado na rede em http://www.talkorigins.org.

Poeira Espacial.
Como mencionado acima, Henry Morris e outros tem argumentado que a lua não pode ser tão antiga como usualmente se acredita, pois de outra forma estaria ela coberta com uma camada de quase 180 pés de poeira. Esta alegação esta baseada num estudo de 1960 publicado na “Scientific American”, relativo à taxa de queda da poeira espacial, estimada a partir de medidas realizadas no topo do Mauna Loa no Hawai. [33] Entretanto, quando fluxo da taxa real de poeira espacial foi mais tarde mensurado por espaçonaves, o resultado era muito inferior por um fator de mais de 100. Quando este e outros ajustes são feitos nos cálculos, o resultado e completamente consistente com aquele que os astronautas encontraram na lua. [34] Estes foram feitos conhecidos pela comunidade criacionista há pelo menos vinte cinco anos, ainda assim oradores criacionistas e autores continuam a promover este argumento. Por exemplo, isto aparece na ultima edição (2000) do livro “Criacionismo Cientifico?”, de Morris [5]. Esta circunstancia fez com que um cientista teísta Cristão fosse inclinado a comentar, “A continua publicação desses argumentos por advogados da terra jovem constituem uma violação intolerável dos padrões de integridade profissional que deveria caracterizar o trabalho de cientistas naturais.”[36]

Rastros do Rio Paluxy.

Whitecomb e Morris chamaram a atenção para “pegadas humanas” e rastros de dinossauros lado a lado perto do Rio Paluxy no Texas.
Uma equipe de antropologistas que subseqüentemente examinaram este sítio descobriu que as pegadas “humanas” eram de 16 a 22 polegadas de comprimento. Análises subseqüentes usando efeitos sutis de coloração confirmaram que marcas de dedões “humanos” eram dinossaurianas Baseados em tais resultados, em 1988 um cientista evangélico escreveu que não era mais apropriado para criacionistas usarem os rastros do Rio Paluxy como evidencia contra a evolução.[37] Não obstante, os rastros são mencionados nas ultimas edições do “O Dilúvio do Gênesis” (1998) e do “Criacionismo Cientifico” (2000), e elas foram também caracterizadas na emissão de 1995 da NBC A Misteriosa Origem do Homem, narrado por Charlton Heston, o qual argumentava que muito do tradicional relato cientifico é falso.[38] A Segunda Lei da Termodinâmica. Durante anos criacionistas tem citado a Segunda Lei da Termodinâmica (um principio de que sistemas fechados tendem a se desenvolver de forma a aumentar o seu grau de desordem) como evidencia fundamental de que a evolução biológica não poderia ocorrer. Entretanto, aqueles que citam isto ignoram ou menosprezam a condição chave, um “sistema fechado”, ou seja um sistema que não tem nenhum fluxo de energia para dentro ou para fora do sistema. A biosfera terrestre claramente não é um sistema fechado, uma vez que prodigiosas quantidades de energia são recebidas diariamente a partir do sol, alem disso há também o calor gerado pelos processos radioativos dentro da própria terra. Esta energia é mais do que suficiente para responder por uma evolução da vida na terra. Na verdade, vida pode ser concebida como um processo que cria ordem a partir de seu meio ambiente através da extração de energia. Alguns criacionistas descontinuaram de usar este argumento, todavia ele ainda é promovido em larga extensão nas ultimas edições do Criacionismo Cientifico (2000), e também é proeminentemente caracterizado no Museu para Pesquisa da Criação em San Diego. [39] Informações mais sobre a evolução e a Segunda Lei da Termodinâmica podem ser obtidas de diferentes fontes. [40]

Lacunas no registro fóssil
Criacionistas há muito tempo criticam os geologistas e biologistas pelas lacunas no registro fóssil. E certo que tais lacunas existem, particularmente em seções da coluna geológica onde existem poucos sítios arqueológicos com fosseis acessíveis. Em adição, cientistas agora reconhecem que o registro fóssil documenta períodos de relativa estabilidade, alternado com períodos de rápidas mudanças. Entretanto, muitas destas lacunas têm sido preenchidas durante as ultimas décadas com a descoberta de fosseis de transição. Estes incluem vários dos “gaps” que criacionistas como Gish e Johnson alegavam que não poderiam ser preenchidos. [41]

Depósitos fósseis fora de ordem.
Em varias localizações, incluindo a região de Montana e Canada, depósitos fósseis aparecem fora de sua ordem normal, mas estes casos são prontamente explicados por "sobreposição" nome que se dá ao movimento de uma seção de rocha sobre uma outra, um fenômeno que pode ser explicado através de uma inspeção visual.[42]

Nenhuma criação de novas espécies hoje.
Criacionistas alegam que uma vez que não observamos novas espécies surgindo hoje, seria pura especulação da parte dos evolucionistas alegarem que isto aconteceu ao longo da historia do mundo. E verdade que transições de larga escala nunca foram observadas em tempos históricos, indubitavelmente devido ao fato que elas normalmente exigem milhares de anos, todavia vários mais modestos eventos de especiação foram documentados. [43]

Complexidade Irredutível.
O principal argumento do ID criacionistas Michael Behe contra a evolução é que certos sistemas biológicos, tais como a visão ou a coagulação sanguínea, consistem de múltiplos subsistemas, a remoção de qualquer um deles proporcionaria um sistema não funcional. A principal dificuldade com este argumento é que Behe não convincentemente estabelece que complexos irredutíveis não podem ser construídos através de uma evolução natural (Nota do Tradutor: Na verdade Behe inverte o ônus da prova para os Darwinistas, a incapacidade deles em demonstrar que tais sistemas evoluíram através de seleção natural foi o que levou ele mesmo a abandonar sua posição ateística darwinística e propor a hipótese ID). Conforme o biologista Allen Orr explica, “um sistema complexo irredutível pode ser construído gradualmente ao adicionar partes que, enquanto inicialmente apenas vantajosas, tornam-se – devido a mudanças posteriores – essenciais.” 44 (Nota do Tradutor: Seria interessante Allen Orr dar exemplos específicos para os complexos irredutíveis que Behe elenca em seu livro, uma vez que a própria definição de complexos irredutíveis é que a remoção de quaisquer de seus componentes, formam-se complexos praticamente inúteis e sem qualquer vantagem evolucionária). Miller indica que muitos exemplos específicos destacados por Behe como tendo sido estudado extensivamente pelos biologistas, e caminhos evolucionários possíveis foram identificados. 45 (Nota do Tradutor: Novamente seria importante Miller dar exemplos específicos sobre estes caminhos evolucionários, uma vez que Behe afirma ter procurado em toda a literatura Bioquímica e diz não ter encontrado nada!).


Probabilidade.
Algum dos mais impressionantes argumentos dos criacionistas contra a evolução envolve cálculo de probabilidades, de tal forma que responderei esta questão em detalhes. Um dos argumentos afirma mais ou menos assim: A molécula humana da alfa-hemoglobina, a qual desempenha um papel chave na função da transferência do oxigênio, é uma cadeia de proteínas baseada na seqüência de 141 aminoácidos. Existem vinte diferentes aminoácidos comuns nos seres vivos, de tal forma que o número de diferentes cadeias é 20^141, ou aproximadamente 10^183 (i.e., o um seguido por 183 zeros). Se 5 bilhões de anos atrás, todo o material disponível na superfície da terra fosse organizado em geradores randômicos de seqüências de aminoácidos, então até agora teríamos apenas cerca de 10^66 seqüências geradas. Então a probabilidade de que a alfa hemoglobina humana tivesse sido produzida é cerca de 10^66/10^183 = 1/10^117, um número fantasticamente pequeno. Então nenhuma teoria convencional de evolução molecular pode dar conta da origem da alfa-hemoglobina humana.46

Entretanto, este argumento ignora o fato de que a maioria dos 141 aminoácidos podem ser trocados sem que se altere a função chave de transferência de oxigênio – por exemplo, a alfa-hemoglobina dos peixes difere em cerca de 100 localidades daquelas dos humanos. Quando revisamos o cálculo acima, baseados apenas em vinte e cinco localizações essenciais para a função de transporte do oxigênio, obtemos 10^33 seqüências fundamentais diferentes. Este é ainda um número muito grande, mas é de longe muito menos do que 10^183. Biologistas não acreditam que a alfa-hemoglobina se criou por acaso – mais provavelmente se criou via numerosos espaços intermediários – não obstante o argumento da probabilidade acima não se concretiza. Ele é no máximo inconclusivo.

Uma outra maneira de melhor apreciar as dificuldades com os argumentos de probabilidade (e também com os argumentos baseados na segunda lei da termodinâmica) é considerar os flocos de neve. O livro de Bentley & Humphrey, Cristais de Neve incluem mais de 2000 fotos de alta resolução de flocos de neves, muitos com intricados, porém com padrões regulares. 47 Quais são as chances de que estas estruturas possam se formar randomicamente? Podemos calcular as probabilidades de que um padrão em um setor seja idêntica (dentro de um razoável grau de acurácia) com os 5 padrões em outros setores; é de aproximadamente 1 em 10^2500. Esta probabilidade é mais extrema do que qualquer outra que eu tenha visto na literatura anti-evolução. Além do mais, a formação espontânea de um floco de neve parece violar a segunda lei da termodinâmica. É isto prova de que Deus criou cada floco de neve? A falácia desta linha de raciocínio é a premissa fundamental de que um floco de neve se forma abruptamente como uma junção randômica de moléculas de água. Não é assim – ele é um produto de uma longa série de passos, agindo de acordo com as leis da física de interações atômicas. A simetria hexagonal de um floco de neve é meramente um reflexo de uma simetria hexagonal interior proveniente da própria estrutura molecular da água. O floco de neve também viola a segunda lei da termodinâmica apenas se ignorarmos o fato de que a formação de um floco de neve requer uma certa (e muito pequena) quantidade de energia. (Nota do Tradutor: O exemplo do floco de neve apenas serve para demonstrar de que nem todas as formações naturais que vemos na Natureza são randômicas, devemos ter o cuidado de colocar melhor as condições de contorno limitadas pelas próprias leis naturais que atuam no processo de formação do fenômeno observado. Para os críticos dos modelos matemáticos anti-evolucionários eles precisam antes demonstrar que determinadas condições de contorno não foram observadas nos cálculos probabilísticos. Se os evolucionistas são incapazes de demonstrarem quais são estas condições de contorno, seu argumento fica apenas como um “wishful-thinking” (um mero desejo ou crença) de que “algo está errado no cálculo, não sei bem aonde, todavia um dia isto será melhor descoberto”, uma posição de crença semelhante à daqueles que têm somente fé)

Uma premissa naturalística. Como bem notada acima, uma dominante nos temas de Phillip Johnson é de que a essência da ciência moderna é uma premissa de naturalismo científico, a qual exclui a hipótese de um Designer Inteligente. Aqui a ciência deveria responder, “Culpada conforme a acusação.” Uma das características da metodologia científica é de que ela busca leis naturais e processos para explicar os fenômenos naturais, e testes empíricos são o árbitro da verdade. Esta metodologia naturalística, embora desagradável para alguns, força o pesquisador a sempre prosseguir em frente em sua pesquisa, e têm-se demonstrado como uma abordagem extremamente frutífera para a investigação científica. Por contraste, a hipótese de um Designer Inteligente pode ser invocada literalmente a qualquer tempo que um cientista desejar: A Natureza se comporta dessa maneira porque um Designer Inteligente fez com que assim o fosse, e seria fútil (e possivelmente desrespeitoso) buscar qualquer outra explicação alternativa. Pelo menos a comunidade YEC (Criacionistas da Terra Jovem) oferecem algumas hipótese concretas, tais como a alegação deles de que a criação da terra aconteceu aproximadamente 6.000 anos atrás, produzindo todas as espécies de plantas e animais que habitam atualmente na terra. Estas são hipótese testáveis (e por qualquer padrão razoável, têm-se demonstradas falsas), mas a comunidade IDC (Comunidades dos que acreditam num Designer Inteligente) declina em descrever seu Designer, exceto em dizer que ele seja “onipotente” (significando que não esteja sujeito às leis do Universo) e “inescrutável” (significando adicionalmente que esteja além de nossa compreensão); tais hipóteses não nos conduzem à conclusões empíricas testáveis. Desta forma, enquanto a hipótese do Designer Inteligente possa ser aceitável como um conceito religioso aceitável em algumas fés, ela não é uma conclusão noção científica aceitável.48 (Nota do Tradutor: Apesar de concordar com o autor de que o Designer Inteligente não é uma noção científica aceitável pelos atuais parâmetros do método científico conforme determinado por Francis Bacon, eu discordo de que o Designer Inteligente deva ser uma conclusão unicamente religiosa e de que tal DI seja classificado como “onipotente” ou “inescrutável”. O DI é apenas uma conclusão lógica e filosófica de que a atual ordem presente na Natureza não pode ter surgido ao mero acaso, e tal como um juiz pode dar um veredicto baseado nas testemunhas e evidências apresentadas, sem necessariamente ter levado quaisquer premissas a laboratório e replicadas, um pesquisador pode igualmente concluir que alguma inteligência deve estar por trás deste fenômeno. Tal inteligência não precisa ser algo Divino, variantes do DI apelam para conceitos de panspermia cósmica. O próprio Francis Crick, Nobel de Química e descobridor da estrutura molecular do DNA aponta para um caminho semelhante, asseverando que a origem da vida pode ter começado entre nós quando alienígenas de outro planeta enviaram uma nave-foguete contendo esporos para semear a Terra. Tal hipótese foi publicada pela 1ª vez em 1973 na revista especializada Icarus, sob o título “Panspermia Dirigida”, e depois ele a reiterou em seu Livro “A vida por si Mesmo”; ainda mais tarde reafirmou em entrevista a “Scientific American” que considerava a teoria razoável. A principal razão porque ele aceita esta idéia nada ortodoxa é que Crick julga a origem espontânea da vida como um obstáculo virtualmente intransponível, mas deseja ainda assim uma explicação naturalista).

Criacionismo e a teologia SUD

Temos visto que criacionismo, antigo ou moderno, comporta-se muito pobremente quando mensurado contra aceitáveis padrões científicos de pesquisa, mas como o criacionismo se comporta a partir de um ponto de vista religioso, e em particular a partir de uma perspectiva teológica SUD? Conforme acima mencionado, o criacionismo está fundamentado primeiramente e principalmente em uma Bíblia infalível. Em contraste, a igreja SUD acredita que enquanto a Bíblia seja a Palavra de Deus, existem várias importantes precauções: (1) a Bíblia está incompleta, uma vez que a revelação continua; (2) nela há vários erros de traduções; (3) material “pleno” e “precioso” dela se perdeu; (4) certos segmentos (tais como os Cântares de Salomão) são de inspiração duvidosa; certas passagens (tais como Eva tendo sido formada a partir da costela de Adão) deveriam ser interpretadas figurativamente; e (5) a Bíblia e outras escrituras SUD estão sujeitas a interpretação oficial pela Primeira Presidência – os textos escriturísticos por eles mesmos não são a autoridade final.

Concernente a passagens figurativas, Joseph Fielding Smith certa vez escreveu: Mesmo o mais devoto e sincero crente da Bíblia percebe que ela é, como a maior parte de qualquer outro livro, cheia de metáforas, semelhanças, alegorias e parábolas que nenhuma pessoa inteligente poderia ser compelida a aceitar em um sentido literal.. . . O Senhor não tomou daqueles que acreditam em suas palavras o poder da razão. Ele espera que todo homem que toma seu “jugo” após si tenha bom senso suficiente para aceitar uma figura de linguagem em sua devida colocação, e em compreender que as sagradas escrituras estão repletas de histórias alegóricas, parábolas para elevar a fé, e discursos figurativos.... Onde existe um escrito com a intenção de ser tomado literalmente em todas as suas partes? Tal escrito seria insípido e desta forma careceria de apelo natural. Esperar que um crente na Bíblia tome uma atitude deste tipo e que este acredite que tudo que esteja escrito seja uma descrição literal é um pensamento um tanto estúpido. Nenhuma pessoa com o uso natural de suas faculdades vê a Bíblia desta maneira. 49 Com relação às próprias escrituras da criação, muitos líderes SUD têm sido razoavelmente flexíveis em suas interpretações. Por exemplo, Brigham Young declarou: Concernente ao relato da criação Bíblico, podemos dizer que o Senhor o deu a Moisés, ou melhor, que Moisés obteve a história e tradição de seus pais, e a partir destas escolheu o que ele considerava necessário, e que aquele relato foi passado de era após era até o que hoje temos, não importa se esteja perfeitamente correto ou não, e se o Senhor encontrou a terra vazia e sem forma, ou se ele a fez a partir do nada ou a partir de elementos mais rústicos; ou se ele fez isto em 6 dias ou em muitos milhões de anos, é continuará sendo uma questão de especulação na mente dos homens a menos que Ele nos dê uma revelação quanto ao assunto.50

No século vinte, James E. Talmage, mencionado acima sobre a disputa de 1931 sobre evolução, ofereceu conselho semelhante: Os capítulos de abertura do Gênesis e as escrituras a estes relacionadas, nunca tiveram a intenção de ser um livro-texto de geologia, arqueologia, ou de ciências da terra ou do homem. As Santas escrituras prevalecerão enquanto os conceitos dos homens mudam com novas descobertas. Nós não demonstramos reverência pelas escrituras quando nós a aplicamos de forma errônea através de interpretações faltosas. 51 Uma segunda arena de contraste entre o criacionismo (YEC ou IDC) e a teologia SUD concerne a Deus e as leis naturais. Recorde, por exemplo, a noção IDC de um designer “onipotente” e “inescrutável” (Nota: Não necessariamente precisa ter estes adjetivos, conforme comentando acima).

Em contraste, Joseph Smith ensinou que Deus trabalha de acordo com as leis naturais, ao invés de trabalhar transcendendo as mesmas; “A verdadeira ciência é a descoberta das leis eternas, imutáveis e secretas, pelas quais o universo é governado". 52 Ele especificamente desaprovou a noção da criação ex-nihilo (a partir do nada).53 Estes sentimentos foram amplificados por Brigham Young, Brigham H. Roberts, e outros.54 Tais princípios naturalmente conduzem para uma filosofia que busca harmonia entre ciência e religião. Conforme Brigham Young escreveu, “Nestes aspectos nós diferimos do mundo Cristão, pois nossa religião não se chocará ou contrariará os fatos da ciência em qualquer particular."55 John A. Widtsoe também urgiu por uma acomodação, não conflito com a pesquisa científica: “Verdade científica não pode ser uma mentira teológica. Para a mente sã, teologia e filosofia precisam se harmonizar. Elas possuem o lugar comum da verdade em que possam se encontrar.”56 Uma terceira área de contraste é sobre a questão da idade da terra, e se havia morte antes da Queda de Adão. Enquanto algumas autoridades tenham advogado por visões literalistas aqui, outros têm sido mais flexíveis. James E. Talamge reconheceu que o registro fóssil de incontáveis gerações de plantas e animais que “viveram e morreram, era após era, enquanto a terra ainda não estava pronta para receber a habitação do homem”. Brigham H. Roberts escreveu: Limitar e insistir sobre a plena existência da vida e da morte a este lado do advento de Adão à terra, alguns seis ou oito mil anos atrás, conforme proposto por alguns é fugir dos fatos tão indisputavelmente trazidos à luz pelo pesquisador da ciência em tempos modernos…. Prestar atenção e dar razoáveis credenciais às suas pesquisas e descobertas é conectar a igreja de Deus com os maiores avanços dos esforços e pensamentos humanos. Deste lado jaz desenvolvimento, enquanto daquele outro jaz contradições. É sobre o primeiro lado que o trabalho de pesquisa está se desenvolvendo e continuará progredindo, investigações futuras e descobertas continuarão daquele lado, nada os deterá, e nada se desenvolverá do outro lado. Um conduz a um estreito sectarismo, o outro mantém o espírito aberto para um movimento global com o qual nossa Nova Dispensação começou. Entre estes lados, qual deles será a nossa escolha?58

Conforme acima percebido, Joseph Fielding Smith adotou uma abordagem comparativamente literal para a idade da terra, para com a evolução e outras questões relacionadas, e estas visões foram largamente dentro do popular livro de McConkie, Mormon Doctrine (e foram uma fonte de preocupação levantada entre mais altas lideranças SUD quando este livro foi publicado). 59 Ainda, fica claro a partir de vários estudos sobre a postura da Igreja em relação à Ciência ao longo dos anos de que a abordagem Smith-McConkie é de alguma forma uma anomalia. Um número de antigos líderes SUD, assim como várias das presentes autoridades, têm reconhecido a futilidade de digladiarem-se com o mundo científico e têm favorecido uma mais progressiva abordagem para estas questões.60

Por exemplo, Elder Russell M. Nelson, na Conferência Geral de Abril de 2000, defendeu uma interpretação flexível para os sete dias da criação: "Quer sejam nomeados um dia, um tempo, ou uma era, cada fase foi um período entre dois eventos identificáveis – uma divisão da eternidade."61 Além do mais, a primeira Presidência hoje envia àqueles que indagam sobre evolução, uma curta declaração concluindo com o resumo da citação de suas carta de 1931 (mencionada acima): “Deixai geologia, biologia, arqueologia e antropologia para a pesquisa científica, nenhuma delas têm a haver com a salvação das almas da humanidade, enquanto magnificamos nosso chamado no reino do Senhor." Ao texto desta declaração segue o artigo “Evolução” da Enciclopédia do Mormonismo, o qual foi preparado sob a direção específica de líderes do primeiro escalão da Igreja. 62 Nesta linha de pensamento, o atual presidente da Igreja SUD Gordon B. Hinckley, recentemente declarou que a igreja requer apenas uma crença de “que Adão foi o primeiro homem daquilo que chamaríamos de raça humana." Concernente ao seu próprio estudo de antropologia e geologia, Hinckley disse, “Eu estudei sobre isto. Não me preocupou naquela ocasião. Não me preocupa agora."63 Uma área final de contraste entre o criacionismo e a teologia SUD tange a noção criacionista de que a terra e o universo possam ter uma “aparência antiga”, e que a vida na terra possa sugerir um processo evolucionário, mas isto é porque um Criador onipotente as criou exatamente dessa forma, como parte de seu inescrutável plano.64 Apesar de valiosos esforços de criacionistas para racionalizarem esta doutrina, ela permanece como uma noção excessivamente desagradável. Desnecessário dizer, esta noção seria muito estranha para o conceito SUD de um Deus compreensível e racional, aquele mesmo que declarou, “A Glória de Deus é inteligência; em outras palavras luz e verdade.”65 Santos dos Últimos Dias não estão sozinhos ao rejeitar esta noção. O biologista católico Kenneth Miller escreve, “A fim de defender Deus contra o desafio que os [criacionistas] vêem da evolução, eles tiveram de transformá-Lo em um esquematizador, um pregador de peças, mesmo um charlatão. Sua versão de Deus é de um indivíduo que intencionalmente planta pistas falsas debaixo de nossos pés e no próprio céu....Para abraçar este Deus, deveríamos rejeitar a ciência e adorar a própria decepção.” 66

Cientistas SUD que lecionam na Universidade Brigham Young universalmente rejeitam (pelo menos no que estou ciente) a visão criacionista dos cientistas da terra-jovem. Muitos são simpáticos a uma filosofia criacionistas mais geral, mas apenas até o ponto em que tal filosofia esteja consistente com bem estabelecidos princípios das ciências físicas e biológicas. Oficiais da administração e alguns outros têm de tempos em tempos tentado impor biologia criacionista nesta escola, mas esses esforços tem sido abandonados. 67 Nesta linha, em 1992 o Conselho da BYU aprovou um pacote de informações concernente a evolução a ser providenciado pela faculdade a estudantes interessados no assunto. Este pacote inclui umas poucas declarações pelas primeiras presidências da igreja e conduzem para uma posição geralmente balanceada e aberta sobre a questão. 68 Devo acrescentar que recentemente alguns livros excelentes foram publicados por cientistas SUD tratando sobre estes tópicos. O livro de Sterling B. Talmage (filho de James E. Talmage) “Pode a Ciência Promover a Fé?, o livro de Stephens-Meldrum, “Evolução e Mormonismo: Uma Busca pela Compreensão”, são particularmente recomendados.69
Criacionismo e o Pensamento Moderno Cristão

Deve-se notar que o movimento criacionista é endossado por apenas um setor relativamente pequeno da comunidade Cristã. A maioria das principais denominações Protestantes fez as pazes com a evolução e outras áreas da ciência moderna muitos anos atrás. Em 1996 o Papa João Paulo II declarou que “um conhecimento renovado leva-nos ao reconhecimento da teoria da evolução como mais do que uma simples hipótese.”70 Novamente nesta linha, uma conferência aconteceu recentemente em Berkeley, Califórnia, intitulada “Ciência e a Busca Espiritual.” Numerosos cientistas de ponta, a maioria com afiliações Católicas ou Protestantes tradicionais, participaram do evento. Muitos expressaram uma profunda admiração e veneração pela majestade do universo, do qual agora se sabe ser muito mais vasto e exótico do jamais foi dantes imaginado, e pela beleza e elegância das leis naturais que o governam. Vários destes cientistas mencionaram novas veredas onde a religião e a ciência moderna poderiam se acomodar e mesmo reforçarem uma a outra.71

Em conjunção com estes desenvolvimentos, numerosos livros apareceram recentemente os quais inteligentemente e sensivelmente exploram estas questões.72 O Físico Paul Davies descreve algumas características remarcáveis de nosso universo, tais como seus parâmetros finamente ajustados, e descreve a maravilha do avanço da vida na terra, a qual pode ser única em uma boa e vasta região que cerca o nosso sistema solar.73 O Biologista Kenneth Miller assevera que se pode ser um cientista sério e um bom crente Cristão, não porque a evolução esteja errada, mas porque a ciência moderna (notavelmente a mecânica quântica e a teoria do caos) destruiu a noção tradicional de um universo determinista funcionando como um relógio, isto permitindo com que a mão de Deus no processo contínuo da criação.74 O teólogo protestante John Haught aponta que ao se exigir uma leitura literal do Gênesis, e em depositar a veracidade da religião Cristã sob a questão do Gênesis ser um texto cientificamente correto, os criacionistas estão em efeito ratificando mesma filosofia (o materialismo científico) que eles mais detestam. 75 Haught também observa que se Deus fosse um mágico ou um ditador, então poderíamos esperar um Universo como tendo tudo sido feito de uma só vez e permanecendo eternamente imutável. Se Deus insistiu em estar no controle total das coisas, nós não deveríamos esperar os bizarros organismos da explosão Cambriana, os posteriores dinossauros e répteis, ou as muitas outras criaturas selvagens que parecem tão exóticas para nós. Nós desejaríamos que nosso divino mago construísse o mundo conforme os ditames do restrito senso humano de plena perfeição. Mas que pálido e paupérrimo mundo isto resultaria. Nele faltaria todo o drama, diversidade, aventura, e intensa beleza que a evolução tem de fato produzido. Um mundo realizado segundo o projeto humano poderia ter nele uma lânguida harmonia, e poderia ser um mundo desprovido de dor e luta, não obstante não possuiria nenhuma das novidades, contrastes, perigos, reavivamentos e grandezas que a evolução foi capaz de nos trazer nos últimos bilhões de anos. Felizmente, o Deus de nossa religião não é um mágico, mas um criador. E achamos que este Deus está muito mais interessado em promover a liberdade e a aventura da evolução do que em preservar o seu “status quo”.76

É significativo que nenhum destes livros foi escrito por Criacionistas ou mesmo da escola YEC (Criacionistas da Terra-Jovem) ou da escola IDC (Criacionistas do Designer Inteligente). Ao invés disso, eles foram escritos por reputáveis cientistas e teólogos, a maioria com afiliações Católicas ou de correntes Protestantes tradicionais, que procuram uma honesta harmonia intelectual entre a ciência moderna e a religião.

Conclusão
Em resumo, o “Criacionismo Científico” (conforme definido na introdução) não é uma legítima ciência sujeita a revisão crítica de seus pares. Ela não merece ser apresentada ao lado da ciência convencional nas escolas públicas. Ao invés disso, criacionismo é um disfarce fino para o literalismo Bíblico. 77 E o novo criacionismo é, em sua maior parte, meramente o antigo criacionismo em “roupas de designers”.78 De uma perspectiva teológica, criacionismo nos conduz a desagradável noção de Deus como um grande Enganador, que plantou evidências por toda a terra e pelo universo para enganar diligentes buscadores da verdade. Além disso, cada forma de criacionismo contrasta agudamente com crenças SUDs fundamentais, as quais ensinam a harmonia entre a ciência e a religião, e que descrevem um Deus racional, compreensível, que opera dentro, ao invés de fora dos limites das leis naturais. Os argumentos Criacionistas em muitos casos representam novos exemplos da abordagem teológica do “Deus das lacunas” – a filosofia de que Deus possa ser encontrado nas lacunas do que atualmente permanece inexplicado pela ciência. Aqueles que adotaram esta abordagem ao longo dos séculos encontram-se invariavelmente desapontados a medida que o conhecimento científico preenche cada vez mais das lacunas remanescentes. Muitos crentes religiosos também descobriram que buscar “provas” para a existência de Deus (científica ou de qualquer outra natureza) é um rota ineficiente e contra-produtiva para a fé. Jesus de Nazaré freqüentemente comentou dos perigos daqueles que procuram “sinais” deste tipo.79 Criacionistas criaram uma falsa dicotomia: Deve-se aceitar sua forma particular de criacionismo ou então rejeitar a fé em Deus. Não obstante, muitos renomados cientistas, SUDs e não SUDs, têm conciliado as descobertas da ciência moderna sem abandona suas crenças religiosas básicas. Há lugar suficiente dentro do escopo do moderno conhecimento científico para acreditar em um Deus inteligente que governa o maravilhoso e contínuo processo da criação.

Referências:

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39. Morris, Scientific Creationism, 38-46; Pennock, The Tower of Babel, 47.

40. Eldredge, The Triumph of Evolution, 96-97; Pennock, The Tower of Babel, 78-82; Frank Steiger, "The Second Law of Thermodynamics, Evolution, and Probability," 1997, available at http://www.talkorigins.org/faqs/thermo/probability.html.

41. Eldredge, The Triumph of Evolution, 120-34; Miller, Finding Darwin's God, 81-128, 264-65; John N. Wilford, "Feathered Dinosaur Fossils Are Unearthed in China," New York Times, April 26, 2001, available at http://www.nytimes.eom/2001/04/26/.science/26DINO.html. For a listing of many known transitional fossils, see Kathleen Hunt, "Transitional Vertebrate Fossils FAQ," 1997, available at http://www.talkorigins.org/faqs/faq-transitional.html.

42. Eldredge, The Triumph of Evolution, 110-13.

43. Miller, Finding Darwin's God, 50-53. For some recently reported speciations, see Darren E. Irwin, Staffan Bensch, and Trevor D. Price, "Speciation in a Ring," Nature 409 (Jan. 18,2001): 333-37; David B. Wake, "Speciation in the Round," Nature 409 (Jan. 18,2001): 299-300; Joseph Boxhorn, "Observed Instances of Speciation," 1995, available at http: / / www. talkorigins. org / f aqs / faq-speciation.html.

44. H. Allen Orr, "Darwin vs. Intelligent Design (Again)," Boston Review 21, no. 6 (1997), available at http://bostonreview.mit.edu/br21.6/orr.html. See also Pennock, Tower of Babel, 270.

45. Miller, Finding Darwin's God, 129-64.

46. Foster, The Philosophical Scientists; Hereen, Show Me God, 94; Hoyle and Wickra-masinghe, Evolution from Space, 19; Pennock, The Tower of Babel, 231; David H. Bailey, "Evolution and Probability," Report of the National Center for Science Education 20, no. 4 (2001), available from http://www.dhbailey.com.

47. W. A. Bentley and W. J. Humphreys, Snow Crystals (N.Y.: Dover Publications, 1962).

48. Pennock, The Tower of Babel, 185-206.

49. Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation (Salt Lake City: Bookcraft, 1956), 3:188-90.

50. Journal of Discourses (London: Latter-day Saints Book Depot, 1873) 15:127.

51. James E. Talmage, "The Earth and Man," Tabernacle address, Aug. 9, 1931, published in pamphlet form by LDS church.

52. Times and Seasons 4:46.

53. D&C 93:33.

54. Journal of Discourses (London: Latter-day Saints Book Depot, 1872) 14:116; Brigham H. Roberts, The Mormon Doctrine of Deity (1903; reprint, Bountiful, Utah: Horizon Publishers, 1982), 95-114.

55. Journal of Discourses 15:127.

56. John A. Widtsoe, Joseph Smith as Scientist (Salt Lake City: Bookcraft, 1908; reprint, 1964), 156.
57. Talmage, "The Earth and Man," 1931.

58. Brigham H. Roberts, The Truth, the Way, the Life: An Elementary Treatise on Theology, ed. Stan Larson (1931; reprint, Salt Lake City: Smith Research Associates, 1994; also Provo, Utah: BYU Studies, 1994), 364.

59. David O. McKay diary, entries dated Jan. 7-8, 14, 27, 28, I960, transcript in author's possession.

60. Duane Jeffery, "Seers, Savants and Evolution: The Uncomfortable Interface," Dialogue 8 (Autumn 1974): 41-75; Erich R. Paul, Science, Religion, and Mormon Cosmology (Chicago: University of Illinois Press, 1992).

61. Russell M. Nelson, "The Creation," Conference Report, April 2000.

62. Daniel H. Ludlow, ed., The Encyclopedia of Mormonism (N.Y.: Macmillan, 1992), 2:478.

63. Larry A. Witham, Where Darwin Meets the Bible, (NY: Oxford University Press, 2002): 176-77.

64. Whitcomb and Morris, The Genesis Flood, 233-39; Morris, Scientific Creationism, 209-10.

65. D&C 93:36.

66. Miller, Finding Darwin's God, 80.

67. Gary J. Bergera and Ronald Priddis, Brigham Young University: A House of Faith (Salt Lake City: Signature Books, 1985), 131-71.

68. "Evolution and the Origin of Man," packet of information approved by BYU Board of Trustees, June 1992, compiled by William Evenson, available at http://www.frii.com/~allsop/eyring-l/faq/evolution/trusteesl992.html.

69. Talmage, Can Science Be faith-Promoting?; Trent D. Stephens and D. Jeffrey Mel-drum, Evolution and Mormonism: A Quest for Understanding (Salt Lake City: Signature Books, 2001).

70. Pennock, The Tower of Babel, 39.

71. Sharon Begley and Marian Westley, "Science Finds God," Newsweek, July 20,1998, 46, available at
http://www.washingtonpost.com/wp-srv/newsweek/science_of_god/scienceof god.htm.

72. Ian G. Barbour, Religion and Science: Historical and Contemporary Issues (San Francisco: HarperSanFrancisco, 1997); Paul Davies, The Accidental Universe (London: Cambridge University Press, 1982); Davies, The Fifth Miracle; Stephen Jay Gould, Rocks of Ages: Science and Religion in the Fullness of Life (N.Y.: Ballantine Publishing Group, 1999); John F. Haught, God after Darwin: A Theology of Evolution (Boulder, Co.: Westview Press, 2000); John F. Haught, Science and Religion: From Conflict to Conversation (N.Y.: Paulist Press, 1995); Miller, Finding Darwin's God; John Polkinghorne, Belief in God in an Age of Science (New Haven: Yale University Press, 1998); Michael Ruse, Can a Darwinian Be a Christian? The Relationship between Science and Religion (London: Cambridge University Press, 2000).

73. Davies , The Accidental Universe; Davies, The Fifth Miracle.

74. Miller, Finding Darwin's God, 17.

75. Haught, Science and Religion, 52; Haught, God after Darwin, 31.

76. Haught, Science and Religion, 62.

77. Overton, "McLean vs. Arkansas."

78. Pennock, Tower of Babel, 275.

79. Matt. 12:39,16:4; Mark 8:12; Luke 11:29.


11. Fé & Razão, por Élder Bruce C. Hafen

Provo, Utah: Instituto Maxwell, sexta-feira, 21 de Março de 2008.

As idéias expressas neste artigo são idéias do autor e não representam a posição do Instituto Maxwell, da Universidade Brigham Young, ou de A igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Presidente Samuelson, Sister Maxwell e sua família, estudantes e outros amigos e convidados, é maravilhoso estar aqui esta noite. Eu gritei hurras desde a primeira vez que ouvi que haveria um Instituto Neal A. Maxwell. Eu conheço o pessoal deste Instituto por um bom tempo, e ver estas pessoas associadas com esse nome (Neal Maxwell) realmente me anima o coração. Sou muito grato pelo seu trabalho. Eu sei quão muito Élder Maxwell o admirava. É uma grande bênção não apenas para BYU, mas para toda a Igreja.

Meu propósito esta noite é explorar a relação entre a vida da mente e a vida do espírito, com algumas conexões com a vida do Élder Maxwell que foi meu modelo e mentor. Ele nos mostrou não apenas como equilibrar as tensões naturais entre fé e razão, ele nos mostrou em como se mover além daquelas tensões para um maior nível de resolução. Quando ele primeiramente me convidou para trabalhar em sua biografia em 1999, acreditou que o principal tema de sua história de vida seria sua contribuição à Igreja como um modelo e padrão para educados Santos dos Últimos Dias, demonstrando como religião, fé e rigor intelectual são mutuamente revigorantes. Tanto em seu ministério público como privado, ele tem sido um grande mentor em tais questões para milhares de nós estudantes, mestres e outros membros da Igreja.

Entretanto, minha pesquisa sobre sua vida revelou uma mensagem central diferente do que aquela que eu esperava encontrar. O Discipulado Cristão Pessoal é realmente a mensagem central da vida e ensinamentos de Élder Maxwell. Suas contribuições é background como um educador e erudito acadêmico ainda são de grande importância; de fato, são ainda mais importantes quando também sabemos que sua história de vida é um manual, um guia para aqueles que procuram ser um verdadeiro seguidor de Cristo.

Em minha própria vida, e eu sou apenas uma amostra entre vários outros, sua orientação sobre questões de fé vs. intelecto prepararam-me para extrair ainda mais benefícios desta última orientação de alto nível sobre questões muito pessoais sobre o “ser” e o “tornar-se”. Para falar sobre estes níveis ascendentes de sua influência sobre mim, devo eu voltar até os meus dias de estudante da BYU em 1963.

O primeiro semestre após minha missão à Alemanha, eu me matriculei numa pequena, mas honrosa cadeira de religião chamada “Seus problemas Religiosos.” O professor era West Belnap, Reitor de Religião da BYU. O formato de cada hora de aula consistia primariamente de uma apresentação e discussão guiada por um aluno da classe. Nós identificaríamos um “problema religioso,” faríamos pesquisa sobre estas questões, então conduzíamos um debate em classe sobre o tópico. Cada estudante então submetia comentários escritos, tanto para nosso professor como para o apresentador daquele dia.

A primeira vez que percebera Marie Kartchner de Bountiful foi nessa classe, quando ela apresentou seu problema religioso: "Como posso trazer mais a influência do Espírito Santo a minha vida?" Quase todo dia de aula, um pequeno grupo de nós, incluindo Marie, estaria conversando, fora pelos corredores ou ao redor do campus. Vindo a conhecer Marie daquela forma realmente me ajudou a resolver meu maior problema religioso quando então aquela amizade floresceu até nosso casamento. Nos últimos quarenta e cinco dias, aquelas mesmas conversas vívidas sobre o evangelho continuaram, com a abordagem de Marie sempre me ajudando a querer melhor viver.

O problema que apresentei a nossa classe era alguma coisa como isto: “Quanto deveríamos desenvolver nossas mentes e pensar por nós mesmo, e quanto deveríamos confiar na autoridade da Igreja e em sua orientação espiritual?” Estas eram questões honestas para mim. Eu estava experimentando o que o sociologista Católico Thomas O’Dea descreveu em 1957 como “O mais significativo problema do Mormonismo”. Ele achava que a “grande ênfase da Igreja em educação [superior]” criaria um conflito inevitável para jovens Santos dos Últimos Dias, pois ele acreditava que a abordagem autoritária e literal sobre religião iria colidir com o cepticismo e independência pessoal incentivada pelos estudos universitários. Pelo fim de seu livro, Os Mórmons, O’Dea escreveu, “O encontro do Mormonismo com o moderno conhecimento secular ainda está acontecendo.... Sobre o que [o resultado desta fonte de tensão e conflito] dependerá ... o futuro do Mormonismo.” 1

Eu pude ver a partir da própria existência da BYU que a igreja estava profundamente comprometida com uma educação superior, e retornei de minha missão na Europa com uma plena consciência de minha própria ignorância, o que alimentava minha fome de aprender. Estava próximo de alguns fiéis professores SUD da universidade cujos exemplos ajudaram a motivar aquele desejo. Um deles gostava de citar J. Golden Kimball: “Nós não devemos espera que o Espírito Santo pense por nós.” Outro de meus mestres tinha um grande amor pela literatura e artes, e ele enfatizava aos estudantes que eles precisavam tanto disciplina como criatividade pessoal para desenvolver seus dons concedidos por Deus.

Um influente professor daquela era recentemente faleceu aqui em Provo – Reid Nibley, o irmão mais novo de Hugh Nibley, quem era um completo artista ao piano, era o pianista oficial da Sinfonia de Utah e ensinou por anos na faculdade de música da BYU. Ele foi meu professor de piano no meio de minha adolescência. Eu vivia em Saint George e ia até Lago Salgado para ter lições durante as férias de verão. Ele também escreveu a letra do hino, “Eu sei que Meu Pai vive."2 Ele afetou minha vida profundamente, abrindo meus olhos não apenas sobre o significado de habilidades musicais reais, mas par um mundo muito mais abrangente de pensamento e perspective do que aquele que eu conhecera na minha cidadezinha onde morava. Reid ainda também amava o senhor com profundidade e mansidão. Algumas vezes ele costumava me dizer que uma sensibilidade musical aguçada ajudaria a desenvolver minha sensibilidade para coisas espirituais. Eu ainda posso sentado com as pernas cruzadas numa cadeira perto do teclado do piano citando D&C 59 com sua voz animada e otimista, que o Senhor havia nos dado a natureza e as artes “para o benefício e uso do homem, tanto para agradar os olhos como para alegrar os ouvidos;... para fortalecer o corpo e para dar vida à alma."3

Quando eu tinha mais ou menos dezesseis anos, alguém me pediu para listas “meus heróis.” Eu alistei apenas dois - Vic Wertz, que jogava pela direita do campo para o time de beisebol dos Detroit Tigers, e Reid Nibley.

Mais tarde eu tive um presidente de missão a quem eu também amava; porém ele via o mundo muito diferentemente do jeito que estes professores viam. Ele me apresentou a preciosas doutrinas sobre conhecer o Senhor e confiar no Espírito. Eu vim a valorizar essas doutrinas quando eu vi seus frutos em nosso campo missionário. Ele amava citar Provérbio, “Confia no Senhor de todo teu coração; e não se incline ao teu próprio entendimento” (Provérbios 3:5). Ele citaria o Evangelho de João, enfatizando a total confiança de Cristo em seu Pai: “Eu falo não de mim mesmo; mas o Pai que habita em mim, ele realiza as obras” (João 14:10). Ele freqüentemente diz, “Cristo foi o homem mais sem originalidade que já viveu. Ele fez apenas aquilo que o Pai lhe disse para fazer.” Ele também uma vez me advertiu a ficar longe de pessoas que tomam a literatura e as artes tão seriamente. Uma vez ele disse, “Não pense demais.”

Então, logo após minha missão e antes de eu ir para a BYU, encontrei-me com um professor de seminário que eu admirava grandemente. Quando ele me indagou o que eu planejava estudar, eu disse que eu gostaria de aprender tudo que eu pudesse sobre assuntos tais como história, literatura e filosofia. Ele replicou com grande preocupação de que eu deveria evitar estes assuntos, pois eles poderiam facilmente levar pessoas ao que ele chamava de apostasia intelectual.

Então o ‘problema religioso’ que eu apresentei para nos classe refletia a confusão que eu sentia em tentar reconciliar os pontos de vistas entre estes professores. O comentário de West Belnap para mim na minha apresentação foi, “Bem, alguns nosso povo têm isto em nossa mente, e outros têm isso em seus corações. Eu acho que a melhor maneira é ter isto nos dois lugares.” Eu compreendi aquilo como uma súplica pelo simples equilíbrio.

O conselho do irmão Belnap ajudou-me a decidir rejeitar o que eu chamaria, a fim de facilitar nossa conversação, o “nível um,” uma abordagem ‘ou isto/ou aquilo’ para minhas questões. Nível um requeria uma escolha permanente e categórica entre extremo conservadorismo religioso ou extremo liberalismo religioso. Porém nenhuma escolha extrema fazia sentido para mim. Eu me lembro algumas das primeiras definições que eu ouvi para o termo “Mórmon liberal.” Uma destas era, “Um Mórmon liberal é alguém que bebe Coca-Cola, ler a revista Dialogue, e começa os Artigos de Fé com, ‘Acreditaria você...?’” Eu lembro de uma definição mais séria do Presidente Harold B. Lee, que dizia que um Mórmon liberal é uma pessoa que não tem um testemunho. Para mim aquilo significava razão somente, com nenhum alicerce sobre fé real.

Durante aquela mesma época, eu também observei o outro extremo do nível um – uma religiosidade fanática e sem autocrítica. Eu tinha um companheiro de missão de estaca que tinha certeza que o Espírito Santo lhe concederia a resposta para cada detalhe de sua vida e pensamento. Ele estava sempre escrevendo em um livreto que carregava as coisas que ele achava que o Espírito estava lhe dizendo. Ele sacudiria a poeira de seus sapatos após deixarmos uma porta de alguém que não quisesse ouvir nossa mensagem. Apenas alguns anos mais tarde, ele sentiu que Deus havia lhe chamado para deixar a Igreja e fundou um grupo apóstata. Seu fanatismo eventualmente terminou em tragédia.

Eu também fui chamado como conselheiro de dois diferentes bispos de alas de estudantes, quem se inclinavam em direção aos extremos opostos do nível um. Um destes bispos era um ardente conservador político, dogmático, autoritário, e extremamente desconfiado de todas as disciplinas acadêmicas. O outro era muito liberal politicamente, livre-pensador, e altamente acadêmico. (Eu amo o espectro de amplitude que esta Igreja tem.) Ele dizia que ele era suficientemente próximo a alguns líderes seniores da Igreja, que ele conhecia suas falhas pessoais e aquela preocupação, o remoia, e eventualmente comprometia seu desejo de seguir seus conselhos. Alguns anos mais tarde ele também deixou a Igreja.

Estas experiências reforçaram minha inclinação para buscar o que eu apenas chamaria de nível dois: Uma equilibrada abordagem entre as tendências conservativas e liberais que eu havia visto. Eu sentia que eu não precisava fazer uma escolha permanente entre meu coração e minha mente. Eu logo descobri uma oportunidade de explorar este conceito mais adiante numa classe da BYU em que eu estava lecionando. Meu resumo para meus estudantes era alguma coisa como isto: A tensão ente fé e razão é um deságio com uma história muito longa. Durante o tempo de Cristo, Ele ensinou Seu evangelho quase exclusivamente a pessoas com um “background” judaico. Não muitos anos após a morte de Cristo, gentios com uma herança grega começaram a entrar para a Igreja. Outros fatores aumentaram aquela influência grega, até que o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano no 4º século. Aquela imensa mudança histórica criou uma fusão oficial, porém complexa entre as culturas Hebraicas e Greco-Romanas, combinaram duas tradições religiosas muito diferentes. 

Conforme um historiador colocou, através desta fusão, a “Tradição Hebraica inteiramente foi imposta sob a cultura clássica (Greco-Romana).”4 E porque o pensamento Grego tinha então sido pesadamente influenciado pelo Império Romano, outro historiador poderia dizer, “Aqui estavam duas raças [os Gregos e os Hebreus], vivendo não muito distantes, ainda assim em sua maior parte em completa ignorância um do outro.... Foi a fusão do que  era o mais característico nestas duas culturas – a ansiedade dos Hebreus pelo sacro com a razão e humanidade dos Gregos – que levou a formar a base da cultura Européias posterior."5

           Alguns anos atrás eu li um belo artigo de Daniel Peterson da BYU que derramou mais luz sobre as implicações deste ponto de mutação histórico. Ele diria que quando o baricentro do Cristianismo mudou de Jerusalém para o mundo Helenístico que falava Grego, isto gradativamente cortou os laços do Novo Testamento com suas raízes no mundo Hebraico do Novo Testamento. A influência Grega resultante preservou as palavras de Cristo no Novo Testamento apenas em grego. “Mórmons,” escreveu Irmão Peterson, “reconhecem nisto [Absorção Grega do Cristianismo] pelo menos um aspecto daquilo que eles chamam ‘a Grande Apostasia.’”6

         Ao mesmo tempo, digo aos meus alunos que o evangelho contém laços que conectam tanto os elementos Hebraicos quanto os Gregos de nossa herança. Isso me ajudou a ver porque eu sentira os conflitos que tivera em meus dias de estudante. Sem tentar fazer uma comparação completa, aqui está um exemplo de como a cultura ocidental reflete tanto as tradições Gregas como Hebraicas. Pegue uma moeda de um dólar de seu bolso e você logo perceberá duas frases familiares: “Liberdade”, e “Em Deus Confiamos.” A liberdade pessoal do indivíduo era um elemento chave na hierarquia dos valores Gregos. Na herança Grega, o homem é a medida de todas as coisas. Para Sócrates nada era mais importante do que cada um de nós “conhecer a si mesmo,” e o objetivo último era enobrecer o homem através da razão.  

           Mas a outra frase da moeda, “Em Deus nós Confiamos,” teria deixado perplexo um grego antigo – mesmo embora ela falasse diretamente à alma Hebraica, que realmente confiava no Senhor com todo o seu coração e não se inclinava a seu próprio entendimento. O objetivo do padrão hebraico era glorificar a Deus, não o homem; e alcançava-se este objetivo através de fé e obediência, não confiando no arrazoamento humano. Neste exemplo a partir dos diferentes mundos Gregos e Hebreus encontramos as sementes de incontáveis argumentos sobre o lugar da razão e o lugar da fé em nossa vida religiosa.   

            O evangelho restaurado aceita elementos de ambas as tradições. Por exemplo, colocamos alta estima tanto na liberdade pessoal quanto na razão. Nenhuma outra religião ou filosofia toma uma visão maior da natureza do homem e do seu potencial. Considerem estas frases: “Esta é minha obra e minha glória, proporcionar a imortalidade e vida eterna ao homem”.7 "Eu sou um filho de Deus."8 "O Homem também estava no princípio com Deus."9

            Concernente à razão, o Senhor disse a Oliver Cowdery para “estudar em sua mente” 10 antes de procurar uma confirmação espiritual. Alma disse a Korihor que “todas as coisas [na natureza] denotam que existe um Deus.” 11 Ao pregar aos Lamanitas, Lei e Néfi ajudaram a convencê-los “por causa da grandeza das evidências que haviam recebido.” 12 E Élder John A. Widstoe intitulou seu clássico livro, “Uma Teologia Racional.”

              Por outro lado, o evangelho ensina que todas as bênçãos estão condicionadas à obediência a Deus. Além do mais, fé em Deus não é apenas o primeiro princípio do evangelho, é uma checagem essencial contra liberdade e razão irrestritas. Quando o indivíduo livre escolhe desobedecer Deus, ele não apenas rejeita a autoridade Divina, ele prejudica sua liberdade futura. Conforme o Senhor disse, “Eis que isto é o livre-arbítrio do homem e isto é a condenação do homem; porque aquilo que foi desde o princípio lhes é claramente manifestado e eles não recebem a luz."`13

Imagine junto comigo dois círculos que parcialmente se sobrepõem um ao outro. Um círculo representa a tradição Grega, com a razão e o individualismo como amostras. O outro círculo representa a tradição hebraica, com a fé e o autoritarismo como exemplos.


            À esquerda do espectro, fora da área de sobreposição, temos somente a tradição Grega. Á extrema direita do espectro, também fora da área de sobreposição, nós temos somente a tradição Hebraica.

             Estaremos em problemas se nossa vertente individualista grega solte suas amarras da âncora do autoritarismo de nossa vertente hebraica; Isto foi o que aconteceu com o bispo que eu já mencionei; aquele que não podia racionalizar suas veredas através das faltas que ele percebia entre alguns líderes da Igreja. Seu comprometimento cego e exclusivo com a razão eventualmente o guiou para fora da Igreja. Podemos considerar aqueles na extremidade deste espectro como “Mórmons Culturais,” que aceitam apenas aquela parte do evangelho que passe por seus padrões de racionalidade.

            Na outra extremidade, meu antigo companheiro de missão da estaca exemplificava a vertente hebraica em sua forma mais agressiva. Fora dos limites da razão e do senso comum, ele mesmo ultrapassou seus limites e se tornou o que poderíamos chamar de um “Mórmon fanático.” Em outras palavras, podemos ultrapassar ainda mais as extremidades direita e esquerda do espectro.

            A área de sobreposição, onde os princípios de individualidade e autoridade co-existem, é onde vivemos mais produtivamente. Aqui a autoridade age como um cheque contra um desenfreado individualismo, e o individualismo age como cheque contra um autoritarismo desenfreado. Ambos os princípios são verdadeiro, ambos são ancorados em nossa doutrina e ambos exercem um papel em nossas decisões e atitudes – embora os resultados em casos particulares possam variar, dependendo das circunstâncias. Interações semelhantes ocorrem entre fé e razão, as quais estão ambas dentro da área de sobreposição.

           Presidente Spencer W. Kimball, falando à BYU durante a época em que Élder Maxwell era Comissário de Educação, falou também sobre nossa “dupla herança” do conhecimento secular e da verdade revelada. Ele dizia que deveríamos ser “bilíngües” ao falar a linguagem da academia e a linguagem do Espírito. 14

         Dentro da área de sobreposição de nossa herança dual, princípios verdadeiros sacados a partir das duas tradições podem algumas vezes competir e entrar em conflito. Por exemplo, a idéia de “liberdade” em nossas moedas de um dólar está em uma tensão natural com a idéia de “Em Deus nos confiamos.” Se nós realmente confiamos em Deus, devemos às vezes colocar limites em nossa própria liberdade. Os ensinamentos de Cristo estão repletos de paradoxos semelhantes – isso é, princípios verdadeiros que parecem contradizer um ao outro, mas que são reconciliáveis por doutrinas ainda mais elevadas. Considere, por exemplo, os princípios de justiça e misericórdia. Algumas vezes eles parecem estar em oposição, mas ambos são essenciais na doutrina superior da Expiação.

             Nos ensinamentos do Evangelho temos outros paradoxos. Por exemplo, o Salvador nos ensinou a “deixar vossa luz brilhar diante dos homens, para que possam ver suas boas obras e glorificar vosso Pai que está nos Céus.”15 Ainda em outro lugar Ele disse, “Não deis vossas esmolas diante dos homens, para ser vistos por eles.”16 Outro exemplo: Em algumas circunstâncias Cristo a si mesmo se chama o “Príncipe da Paz” e promete dar a paz aos Seus discípulos. Ainda em outro lugar Ele disse, “Eu não vim para trazer a paz, mas a espada.” 17

          Ao apresentar estas idéias a minha classe, concluí que Irmão Belnap estava certo – é melhor nutrir nossos compromissos religiosos tanto em nossos corações como em nossas mentes, mesmo se ao fizer isto signifique que devemos algumas vezes trabalhar através de aparentes paradoxos. O processo de reconciliar valores verdadeiros e competitivos requer esforço, porém isto pode produzir muito bom fruto.

            Então eu disse aos meus estudantes que a melhor maneira de resolver tais tensões não é através de discussões abstratas, mas através de exemplos pessoais, de pessoas cujas vidas representam resoluções equilibradas e produtivas. Eu lhes ofereci como um exemplo modelo Élder Neal A. Maxwell, cujo coração e mente trabalhavam tão bem juntos. Por exemplo, ele certa vez disse que “na BYU, não podemos deixar o mundo condenar nosso sistema de valores ao chamar a atenção para nossa mediocridade profissional.” 18

           Ele também disse aos estudantes e professores da BYU para não temerem relacionamentos com o mundo fora da Igreja, porque eles eram necessários lá fora. Eles deveriam ser como José do Egito, disse ele. Na fome de espírito do mundo de hoje, eles deveriam adentrar na batalha e invocar poderes divinos em seus trabalhos profissionais, de tal forma que eles são parte das soluções da sociedade – não apenas mais uma boca faminta a alimentar. Ele também disse ao corpo docente SUD que eles deveriam considerar tanto a vida acadêmica como o discipulado seriamente, porque uma vida acadêmica consagrada converge tanto a vida da mente como a do espírito.

      Élder Maxwell primeiramente desenvolvera estas mesmas atitudes durante seus dias como um estudante universitário, quando ele instintivamente procurou maneiras de integrar o conhecimento secular e religioso. Mesmo quando já como um jovem bacharel em ciências políticas, ele não achava que o campo da teoria política estivesse completo sem a inclusão dos ensinamentos do evangelho sobre o governo e a natureza humana. A medida que crescia sua experiência, também crescia sua confiança de que as descobertas das disciplinas acadêmicas nunca iriam seriamente desafiar os ensinamentos do evangelho. Para ele, cada dimensão do evangelho era relevante para modernos problemas sociais e, sempre que possível, ele achava que eruditos SUDs deveriam tomar suas premissas de pesquisa a partir de ensinamentos do evangelho.

         Élder Maxwell abordou estas atitudes quando ele ativamente encorajou eruditos SUDs a fazer o tipo de trabalho que agora encontramos no Instituo Maxwell. Para ele, a evidência interna para a legitimidade do Livro de Mórmon era tão forte que simplesmente seria anti-científico pensar que o livro foi orquestrado no século 19.

          Ele freqüentemente lembrança eruditos SUD que ele não estava interessado em tentar provar de alguma maneira científica que o Livro de Mórmon é verdadeiro. Ao invés disso, ele via que estudos acadêmicos fiéis como uma fonte de defesa, não de ataque. Em suas palavras, “Ciência não será capaz de provar ou desaprovar escritos sagrados.” Entretanto, nossos melhores eruditos SUDs trarão evidências suficientemente plausíveis em apoio ao Livro de Mórmon “a fim de prevenir contra doutos vilipendiadores e críticos insolentes, mas não o suficiente a fim que dispensar a necessidade de fé.” 19 Esse tipo de estudo tem o propósito modesto porém crucial de nutrir uma atmosfera em que a crença voluntária é livre para firmar raízes e crescer. Apenas quando a crença não é compelida, por evidências externas ou qualquer outra coisa, pode ele produzir o crescimento que é o fruto prometido da fé.

              Eu volto agora para minha própria jornada autobiográfica, porque quando eu fiquei mais velho, eu continuei a ter experiências que me empurraram além daquele segundo nível de equilíbrio para um ainda terceiro nível de compreensão. Eu posso ilustrar meu desenvolvimento ao lembrar uma entrevista com um membro da faculdade BYU em perspectiva. Ele descrevia sua convicção religiosa como “uma fé inteligente.” Assim como um nível dois de resposta, sua atitude parecia equilibrada e construtiva. Porém quando eu refleti um pouco mais, senti que estava faltando alguma coisa – não sobre ele pessoalmente, mas sobre a modificação da palavra “fé” com um adjetivo tal como ‘inteligente’. Eu me lembrei de como o Presidente Marion G. Romney respondei ao missionário que perguntou, “Por que não batizamos pessoas mais inteligentes?” Presidente Romney citou D&C 93:36-37 “A Glória de Deus é inteligência, ou em outras palavras, luz e verdade. Luz e verdade rejeitam os ser maligno.” Então ele disse ao missionário, “Um pessoa conversa rejeita o mal e abraça a luz e a verdade. Então que tipo de pessoa ela é?” Após uma pausa, o missionário surpreso disse, “Uma pessoa inteligente?”

            Durante esta mesma época, eu estava observando um amigo muito íntimo mais ou menos da mesma idade que eu declinar fisicamente devido a esclerose múltipla. Eu o vi gradualmente perder sua habilidade de caminhar, ficar em pé, e então de sentar. Durante o estágio em que ele estava completamente entravado numa cama, sua esposa faleceu de câncer. Sua família o levou e o carregou até o funeral dela numa cama móvel.

           Não muito tempo após o funeral de sua esposa, tivemos uma visita em seu lar. Quanto mais ele falava, mais impressionado eu ficava com o espírito de paz e luz que o envolvia. Ele disse que não podia parar de pensar quão afortunado sua vida havia sido – quão abençoado pela mulher com quem havia casado, pelos filhos que o Senhor lhe havia concedido, pela sua vida rica junto a sua esposa em sua agradável cidadezinha. Ele sorria à medida que dizia quão feliz ele estava agora porque ele e sua esposa viajaram em muitas viagens “mais felizes do que nunca” em seus primeiros anos de casado, mesmo embora eles não pudessem dar conta das despesas. E ele continuava falando sobre sua admiração pelos pioneiros, aqueles que deixaram Nauvoo e ajudaram a estabelecer  a cidade onde ele vivia. Ele se sentia tão grato a eles. Ele estava ponderando sobre o porquê eles precisaram da investidura do templo antes de deixar Nauvoo para o deserto. Toda palavra e sentimento que vinha dele eram genuínos. Não havia traço de autocomiseração. A luz em sua faze e o espírito no quarto deu-me a impressão sagrada que eu estava vendo um processo de santificação.

           Aquela noite eu me senti inspirado a ler em D&C 101:2-5 “Eu, o Senhor, permiti que lhes sobreviessem aflições... contudo possuí-los-ei e serão meus no dia em que eu vier para reunir minhas jóias. Portanto é necessário que sejam corrigidos e provados, assim como Abraão, a quem foi ordenado oferecer o único filho. Pois todos os que não querem suportar a correção, mas negam-me, não podem ser santificados.” Então de D&C 97:8 “Em verdade vos digo: Todos os que, dentre eles, souberem que seu coração é honesto e está quebrantado e seu espírito, contrito; e que estiverem dispostos a observar seus convênios por meio de sacrifício—sim, todo sacrifício que eu, o Senhor, ordenar—esses serão aceitos por mim.”

            Logo após esta experiência, eu tive sentimentos semelhantes ao observar nosso filho Tom e sua esposa Tracy experimentar o nascimento de uma criança nascida com uma severa paralisia cerebral. Por que este bebê ameaçava vi vários meses antes do tempo, Tracy teve de permanecer de cama em total descanso por nove semanas. Apesar de feridas de cama e crescentes ameaças médicas, ele tornou-se muito obcecada sobre segurar aquele bebê até que ele pudesse ter condições de sobreviver fora do útero. Uma noite Traxy sentiu alguma coisa sobre como sua determinação, seu sacrifício emulavam o exemplo do Salvador – desistir da força de seu corpo a fim de fortalecer outro corpo. Ela disse que aquele pensamento a levou a perceber que sua experiência era realmente um privilégio, não um fardo.  

            Após o nascimento, a bebê ficou confinado ao hospital por mais dez semanas antes de vir para casa para uma vida em que ela nunca iria caminhar, nem falar, nem alimentar a si mesmo. Ela agora está quase com doze anos, e que luz há nela. (O nome dela é Chaya. Em Hebreu, significa “vida”) Logo após seu nascimento, Tom lhe deu uma bênção, em que ele percebeu que isto era um momento decisivo em sua própria vida. Ele sentiu que tudo o que ele e Tracy haviam feito e aprendido até aquele ponto de suas vidas não importava. Tudo o que importava era a consciência de Deus conhecia suas circunstâncias, e que a condição de seu filho não era acidental, nem arbitrária, na verdade havia um grande propósito nisto. Eles sentiram que lhes fora exigido de ambos a oferecer o sacrifício de um coração quebrantado e de um espírito contrito, o que estava de alguma forma fazendo o próprio sacrifício do Senhor mais acessível a eles.

            Alguma coisa sobre esta duas experiências ajudou-me a pensar sobre aquele pequeno resumo sobre Gregos e Hebreus que eu houvera mostrado aos meus estudantes – e sobre os comentários daquele candidato a professor em relação à “fé inteligente”. As experiências com meu amigo e com meu neto desafiavam uma explicação racional, e ainda assim eu testemunhei os efeitos santificadores destas aflições. Eu senti ainda que uma equilibrada busca pelo conhecimento, quão valioso quanto possa ser, não pode ser nosso último fim. Simplesmente conhecer alguma coisa não nos santificará; não nos tornará capazes de suportar a presença de Deus. E as circunstâncias que nos santificam freqüentemente não são aquelas racionais. Pela sua própria natureza, fé ultimamente nos leva para além das fronteiras da razão. Então alguém que condiciona sua fé naquelas coisas que são racionais e inteligentes pode privar-se de uma experiência santificadora – e, portanto não descobrir o que esta experiência poderia ensinar.

            Ao mesmo tempo, mesmo se cedermos a tais experiências transformadoras é necessário um salto de fé, nós não podemos chegar lá até que nós tenhamos caminhado tão longe quanto a luz de nossa busca pelo conhecimento permita. E uma vida tentando tirar sentido da mortalidade, especialmente em dia quando tudo parece não fazer sentido, nos dá a experiência que devemos eventualmente apreciar o significado de nossa santificação após isto ter-se completado.

            No nível dois, prezamos o valor do individualismo e da razão, e também prezamos o valor da autoridade de Deus e de nossa fé nele. Nós não retornaríamos ao nível simplista de uma escolha que completamente exclui quer seja a razão ou a fé. Todavia o nível três nos convida a perceber que uma abordagem “equilibrada” simplesmente não seria suficiente quando encontramos as experiências que exigem ainda mais de nosso crescimento espiritual. Quando nos encontramos empurrados violentamente para nossa extremidade, precisamos de um novo nível a partir do qual poderemos sacar mais profundamente de nossas raízes grega e hebraica. Não me maravilha que Élder Maxwell freqüentemente dizia “nós deveríamos ter nossa cidadania em Jerusalém e ter um passaporte para Atenas.” 20 De fato, parte do sacrifício que o Senhor possa requerer e que nós aceitamos que Ele possa infligir sobre nós sem conhecimento por parte de nossa satisfação racional por que devemos estar perdidos em alguma noite obscura da alma. Eventualmente a luz do poder do sacrifício expiatório de Cristo pode penetrar nossas trevas e nos abençoar com compreensão, não obstante nós podemos não receber tal testemunho até após os testes de nossa fé.

          Élder Maxwell sabia que apesar de todo o seu amor por uma boa vida acadêmica, a vida de um discípulo erudito tinha mais a haver com consagração do que com seus estudos. Para ser sincero, ele acreditava que “estudos acadêmicos [poderia ser] uma forma de adoração, outra dimensão de consagração.” Porém, ele também disse, “Genialidade sem mansidão não é suficiente para qualificar ao discipulado.”21 Em uma ocasião, ele fez esta memorável declaração: “Embora eu tenha falado do erudito-discípulo, no final todas as palavras com hífens deixam de existir. Nós somos absolutamente [apenas] homens e mulheres discípulas(os) de Cristo."22

            Ele certa vez me disse que ele sentia pesar por eruditos SUD que enfatizam a parte “inteligente” ao praticarem suas “fés inteligentes”. Eles tendem a mensurar o evangelho e a Igreja pelo que eles aprenderam em suas disciplinas acadêmicas ao invés de fazerem o contrário. Por esta razão, ele dizia, eles podem ironicamente tornarem-se “anti-intelectuais sobre o evangelho – não enxergando sua profundidade, suas aplicações, sua beleza e seus frutos, o que vai muito além de meramente ser ou estar ‘ativo’ na Igreja.”

        Como parte de seu próprio discipulado, Élder Maxwell muito conscientemente cultivava as qualidades de mansidão e submissão – precisamente porque ele sabia tudo sobre as sutis seduções do orgulho. Até mesmo os gregos não faziam uso algum para bazófias. Élder Maxwell havia visto muitas pessoas que realizaram grandes coisas tornarem-se tão impressionadas consigo mesmas – os letrados que “se achavam que eram sábios” e portanto “não ouviam aos conselhos de Deus” pois eles suponham que “eles sabiam por si só.” Aqueles que, como diria Jacó, “se inchavam por causa de seu próprio conhecimento, e de sua própria sabedoria” acabavam por sofrer uma grande perda de tal forma que a “alegria que estava preparada para os santos” “deveria deles ser privada.”23

            A maioria de vocês se lembraria de que Élder Maxwell apreciava a obra de C.S. Lewis. Apenas um pequeno à parte aqui, quando era jovem, Neal gostou tanto dos escritos de Lewis que ele pagou a Lewis um último tributo: ele lhe enviou uma cópia do Livro de Mórmon, junto com uma carta que expressava o testemunho pessoal de Neal. No ponto que agora estamos discursando, Neal gostava destas belas linhas de Lewis: “Eu rejeito imediatamente [a] idéia que... eruditos e poetas [são] intrinsecamente mais agradáveis a Deus do que lixeiros ou bóias-frias....A obra de um Beethoven, e a obra de uma faxineira diarista tornam-se espiritualmente e precisamente a mesma condição, daquilo que venha a ser uma [humildemente] oferta a Deus... Isto não ...significa que seja para qualquer pessoa uma mera questão de escolha se ele(a) deveria varrer o chão ou compor sinfonia. Uma toupeira deve cavar para a glória de Deus e um galo deve cantar.” Todavia caso as circunstância de alguém lhe proporcionarem uma “vida letrada e culta,” deixai-o guiar “aquela vida para a glória de Deus.” Ao viver uma vida culta, Lewis percebeu que a humildade pessoal é essencial; de outra maneira, nós “podemos chegar a amar o conhecimento – nosso conhecimento – mais do que a coisa conhecida; deleitar-se não no exercício de nossos talentos, mas no fato de que eles são nossos, ou mesmo na reputação que eles nos trazem. Todo sucesso na vida do erudito acadêmico aumenta este risco. Se isto torna-se irresistível, ele deve desistir de sua obra acadêmica.”

        Ainda, continuava Lewis nesta mesma passagem, que adequadamente se encaixa no trabalho do Instituto Maxwell, “a vida culta [é] especialmente importante hoje. Se todo o mundo fosse Cristão, poderia não ser um problema se todo o mundo fosse inculto...Ser ignorante e simples hoje – não ser capaz de encontrar com seus inimigos em seu próprio terreno – seria equivalente a jogar no chão nossas armas, e trair nossos irmãos incultos que não tem, debaixo do Sol, nenhuma defesa contra os ataques intelectuais dos pagãos. Boa filosofia deve existir, se não por outra razão, simplesmente porque má filosofia precisa ser confrontada e respondida."24

          Havia dito antes que meus estudos sobre a vida de Élder Maxwell me mostrou que embora ele fosse um modelo ideal para Santos dos Últimos Dias cultos, a mensagem de sua vida era apenas parcialmente sobre aprendizado e erudição. Sua mais central mensagem de vida era sobre discipulado – tornar-se um verdadeiro seguidor de Cristo. Para mim, essa descoberta faz com que seja bem apropriado que o Instituto Maxwell deva levar seu nome.

              Ao aprender sobre o começo de sua vida, descobri que o jovem Neal Maxwell era incrivelmente atento para desenvolver as habilidades de autodisciplina e auto-desenvolvimento. Vemos o mesmo esforço determinado em sua abordagem para jogar basquetebol, criar porcos premiados em um projeto da quarta-série, aprendendo a escrever na escola, servindo em combate durante a 2ª Guerra Mundial, estudando as leis do estado quando aluno de faculdade e um integrante do escritório de um Senado Americano, ou descobrindo uma melhor maneira de realizar sua obra missionária no Canadá e na liderança da Igreja. Um amigo que primeiramente viu sua feroz tenacidade durante seus anos como um administrados na Universidade de Utah disse que ele “tentava muito, com bastante esforço ao longo dos anos para tornar-se uma pessoa melhor. Para a maioria das pessoas, as resoluções de Ano Novo não perduram. Mas para ele perduravam.” Outro amigo de longa data disse, “Ninguém que eu conheça requeria de si mesmo esforço tão extremo.”

             Eu menciono este comprometimento geral a uma auto-excelência para colocar a busca de Élder Maxwell pelo discipulado dentro de contexto. Ele sempre possuía um coração que acreditava e tinha um desejo de servir ao Senhor. Durante seus anos adultos, seu conhecimento da palavra “discípulo” desenvolveu-se significativamente – e deliberadamente. Ele primeiramente usou a palavra “discípulo” nos anos de 1960 como um sinônimo para ‘membro da Igreja’. Então durante os seus anos como Comissário de Educação no começo dos anos 70, ele começou a ficar preocupado sobre a crescente influência do secularismo moderno. Ele começou a usar “discípulos” para descrever aqueles membros da Igreja que resistiam os chamados das sirenes seculares. Então, dentro de poucos anos, ele se tornou próximo de vários membros da Igreja que estavam lutando com adversidades de maneira que estas estimulavam seus crescimentos espirituais. Ele logo sentiu que estas pessoas eram os discípulos verdadeiros.

            Seu chamado para o Quórum dos Doze em 1981 direcionou toda sua completa atenção para se tornar um discípulo mais fiel de Cristo por si mesmo. Refletindo sua grande determinação para viver melhor, seus escritos e seus discursos agora focalizavam mais sobre o relacionamento pessoal do discípulo com Cristo, e como o Senhor ajudará verdadeiros discípulos a aprender atributos Cristãos tais como paciência, esperança, e humildade de coração. Ele também enxergou o discipulado mais como um processo do que como uma simples escolha, ele percebeu que a adversidade é algumas vezes uma ferramenta que o Senhor usa para ensinar seus seguidores os mesmo atributos que eles necessitavam para seus desenvolvimentos. Isto é porque ele escreveu, em termos que tomaria um dia um significado tão especial para ele, que “o próprio ato de escolher em ser um discípulo pode trazer para nós certo sofrimento especial. [Tal] sofrimento e provação é a dimensão que vem com um profundo discipulado, “quando o Senhor nos conduz” até os próprios extremos de nossa fé; [e] nós cambaleamos no limite de nossa confiança [em] uma forma de aprendizado como se esta fosse administrada pelas mãos de um Pai amoroso."25

            Não é de se maravilhar, então , que quando ele descobriu em 1977 que possuía uma forma agressiva de leucemia, ele disse, “Eu deveria ter visto ela chegar.” O que ele quis dizer? Neal Maxwell, o ardente estudante do discipulado, havia registrado anos antes por divina orientação, e seu Tutor estava agora pronto para ensiná-lo um curso sobre estudos pessoais e clínicos. Nos seus últimos sete anos, ele então abraçou o processo de mudança de coração para uma santificação como sua orientação final. A maioria das pessoas que experimenta uma doença terminal não pode evitar de ser consumidas pelos seus próprios sofrimentos; mas não Neal Maxwell. Ele via a si mesmo em um tempo de teste e refinamento. E porque ele não estava aprisionado pela sua própria miséria, ele estava livre para refletir em que sua nova compreensão poderia lhe ensinar e como ela o ajudava a ensinar outras pessoas.

           Como resultado, aqueles que o conheceram por anos viram uma nova ternura, maior empatia, crescente sensibilidade espiritual, e compaixão mais intensa pelas necessidades de outras pessoas. Neal via esta experiência como um dom, não como uma realização. Ele sabia que o Senhor estava lhe dando um novo e santificado coração cheio de atributos divinos, e ele dizia, “O coração natural do homem é bastante auto-centrado e duro.” Mas “adversidade pode espremer de nós a hipocrisia [residual] que lá está. [Quanto a mim] tem sido uma grande aventura espiritual, uma que eu não gostaria de ter perdido. E mesmo embora isto [tenha um custo altíssimo], isto tem sido uma grande bênção. Eu sei que muitos poderão pensar que eu apenas estou sendo patriótico ou otimista ao dizer isto, mas é a pura verdade.” 26

          É difícil dizer em como ao observar a experiência de Élder Maxwell e a experiência de meu amigo com esclerose múltipla, fez com que mudasse minha perspectiva sobre o que tenho chamado como meu “problema religioso.” Aqueles que experimentam a santificação precisam freqüentemente pagar um preço tão altíssimo que eles não podem possivelmente compreender a necessidade por seus sofrimentos. Ao invés de procurarem por uma explanação racional, Élder Maxwell apenas citaria Néfi: “Eu sei que [Deus] ama os seus filhos; não obstante, eu não sei o significado de todas estas coisas.” 27

            A esta altura enquanto escrevia o rascunho deste discurso, um visitante veio ao nosso lar – um estudante da BYU cujos pais Marie e eu havíamos nos encontrado em outra cidade alguns meses atrás. Nós os encontramos no hospital, onde seu pai estava nos últimos estágios de uma doença terminal. Apesar de suas lágrimas e de suas questões, este pai estava excepcionalmente cheio de paz e propósito. Ele nos disse que sabia que seus dias estavam contados, porém ele estava lendo as escrituras com uma fome verdadeira para compreender e internalizar a doutrina da santificação. Seu semblante, suas maneiras, e suas idéias eram muito semelhantes ao que antes havia visto com o meu amigo e com Élder Maxwell. Nós oferecemos palavras com a intenção de dar amor e apoio, todavia era ele que nos estava dando uma perspectiva espiritual.

            Seu filho apenas havia passado para nos contar que seu pai havia falecido algumas poucas semanas atrás. Então ele disse que aprendera sobre santificação com seu pai durante suas últimas semanas, e aquela experiência houvera permanentemente mudado sua visão de vida, incluindo suas prioridades diárias. Iria aplicar as perspectivas de seu pai a sua própria vida como um estudante da BYU, ele não queria esperar até ter câncer; ao invés disto, ele queria viver de uma maneira diferente e melhor agora, mais perto do que ele chamava “as coisas da eternidade.”

            Esta visita deste estudante de alguma forma me ilustrou o nível três para mim, embora eu ainda não tenha palavras suficientes para definir esse nível. Eu deixarei com vocês o convite de descobrirem suas próprias palavras, porém em apenas um instante eu gostaria de pelo menos mostras a vocês uma figura do que eu acho que o nível três possa se parecer. É alguma coisa sobre em como o sacrifício consagrado de um coração quebrantado e de um espírito contrito, nos abençoa com uma visão interior de nossas vidas e de nossos problemas religiosos. Esta perspectiva nos leva para um reino espiritual superior ao que o mero equilíbrio jamais poderá nos elevar – mesmo embora permanecendo nesse alicerce equilibrado nos ajudará a alcançar os níveis superiores. Este nível não demanda que nós desistamos de qualquer coisa de valor em nossa razão ou erudição, embora ele realmente reconheça os limites da razão. Na verdade, a partir desta visão privilegiada, precisamos ainda de mais rigorosa erudição e de pesquisas mais profundas, especialmente sobre em como proteger e nutrir as coisas da eternidade. 

               Uma coisa que o nível três nos diz é que ser um discípulo-erudito não é tanto sobre o que alguém faz ou como pensa, mas sobre quem e o que este alguém é – e o que está se tornando. No decorrer da vida adulta de Élder Maxwell, ele gradualmente mudou sua ênfase de preocupações de preocupações “macro” sobre a secularização e problemas sociais, para preocupações pessoais “micro” em como viver nossas vidas. Não que os problemas macros não importassem, ele apenas reconhecia que os problemas micros são aqueles que nós mais poderíamos fazer alguma coisa. E ao longo prazo, ele sabia que a maneira do evangelho de mudar o indivíduo era a única maneira duradoura de mudar a sociedade.

                Lembrando disto sobre Élder Maxwell vem a minha mente um comentário de um escritor sobre um artigo de C.S.Lewis: “O tipo de pessoa que nós somos é mais importante do que o que podemos fazer para desenvolver o mundo; na verdade, sendo o tipo de pessoa que deveríamos e podemos ser é a melhor, e algumas vezes a única, maneira para desenvolver o mundo.” 28

            Desta forma Élder Maxwell estava certo, tanto sobre o que ele disse quanto em como ele viveu. No fim das contas, não há nenhuma palavra hifenizada. E se não somos verdadeiros discípulos, não importa muito que tipo de pessoa culta ou erudita nós temos sido.

          Irmãos e irmãs, hoje é sexta-feira da Paixão. Este domingo, Março 23, é a Páscoa. Páscoa é sempre o primeiro Domingo após a primeira lua cheia após o Equinócio da Primavera. O calendário oficial da Páscoa também requer que ela seja celebrada em um domingo entre as datas de 22 de Março e 25 de Abril. Aplicando estas regras oficiais, foi-me dito que este ano, 2008, é o ano onde o domingo de Páscoa virá mais cedo do que qualquer outro domingo que nós jamais iremos ver de novo. A última vez que a Páscoa veio tão cedo assim foi em 1913, porém a próxima vez que virá assim tão cedo será no ano de 2228.  

 

 

            O que vocês agora vêem na tela é uma versão visual do nível três, uma figura que vale mais de mil palavras. É a descrição do pintor Suíço Eugen Burnand de João e Pedro, verdadeiros discípulos, correndo para o túmulo na mesma primeira manhã de Páscoa. Nas palavras de João, “Eles corriam juntos”29 até que eles alcançaram o sepulcro. O semblante em suas faces, sua ansiosidade e energia, fazem-me desejar unir-me a eles nesta corrida para encontrar Jesus. Talvez este quadro possa ser chamado “A Primeira Páscoa.”

            Hoje cedo, de manhã, Marie olhou para esta pintura e disse que suas faces capturam a tensão última entre fé e razão. (Aquelas conversas sobre o evangelho ainda continuam!) Uma vez que ninguém havia jamais ressuscitado dos mortos antes, era completamente irracional para João e Pedro esperar que Cristo viveria mais uma vez. Não me admira que eles não o pudessem compreender quando Ele disse que Ele deveria logo deixá-los, ainda que “por um pouco tempo, e vós me vereis [e] o vosso pesar transformar-se-á em júbilo.”30  Todavia suas faces também mostram a fé e esperança crescente para sobrepujar seus temores racionais. E quando João e Pedro finalmente se encontraram com o Senhor ressuscitado, o fato de serem fiéis o suficiente para vê-Lo foi a resolução última para a tensão entre fé e razão. Ele é a última solução para tudo.

        Ao voltarmos para casa hoje à noite e após o Equinócio da Primavera visualizar a lua cheia surgir sobre montanha onde está o “Y” da Brigham Young, possamos sentir o desejo de apressar os nossos passos e chegarmos o mais cedo possível ao corrermos por encontrá-Lo. Quer sejamos um erudito, um carpinteiro, um compositor, um pai ou mãe, ou simplesmente um calouro de faculdade, possamos nós trabalhar com todo nosso coração, com toda a nossa mente para glorificar a Deus. E que possamos apressar-nos em nosso desejo de viver mais perto às “coisas da eternidade” já aqui e agora, de tal forma que o Senhor possa nos preparar agora para quaisquer testes santificadores que nos aguardam. Em nome de Jesus Cristo, Amém.


1O'Dea, Thomas. The Mormons: Chicago: University of Chicago Press, 1957. Also quoted in Maxwell biography, 333.
2Children's Songbook, I Know My Father Lives, p. 5
3D&C 59:18-19
4Horton & Hopper, ___
5Kitto, The Greeks, p. 8.
6Daniel C. Peterson, "What Has Athens to Do with Jerusalem?" Apostasy and Restoration in the Big Picture, FARMS Review of Books, Vol. 12, No. 2, p.xi, xii (200)
7Moses 1:39
8Children's Songbook, I Am a Child of God, p. 2
9D&C 93:29
10D&C 9:8
11Alma 30:44
12Helaman 5:50
13D&C 93:31
14Spencer W. Kimball, "The Second Century of Brigham Young University," address given at BYU on October 10, 1975
153 Nephi 12:16
163 Nephi 13:1, Matthew 6:1
17Matthew 10:34
18Bruce C. Hafen, A Disciple's Life [2002], p. 380
19Neal A. Maxwell, Plain and Precious Things [1983], 4
20Bruce C. Hafen, A Disciple's Life [2002], 379
21Bruce C. Hafen, A Disciple's Life [2002], 380
22Bruce C. Hafen, A Disciple's Life [2002], 380
232 Nephi 9:28, 42
24C.S. Lewis, The Weight of Glory, Learning in War-Time, 48-50
25Bruce C. Hafen, A Disciple's Life [2002], p. 12.
26Ibid. at 558-9
271 Nephi 11:17
28Richard Neuhaus, The Public Square, First Things, December 1998, p. 30.
29John 20:4
30John 16:18-20