A VIDA PRÉ-MORTAL DO HOMEM

Traduzido do original em Inglês por Evandro M. Faustino 

E toda planta do campo, antes de estar na Terra, e toda erva do campo, antes de brotar. Pois eu, o Senhor Deus, criei todas as coisas das quais falei espiritualmente, antes que elas existissem fisicamente na face da Terra.... E eu, o Senhor Deus, havia criado todos os filhos dos homens; e ainda não havia homem para lavrar a terra, pois no céu os criei... todas as coisas foram criadas antes; mas espiritualmente foram elas criadas e feitas de acordo com minha palavra.. Pois era [vegetação] espiritual no dia em que eu a criei. (Moisés, 3:5,7,9)

A Bíblia descreve a vida pré-mortal de Cristo, mas existem somente poucas alusões à existência pré-mortal e espiritual do homem.[1] Por exemplo, o Senhor disse a Jeremias, “Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta” (Jeremias 1:5). Clemente de Alexandria (cerca de 160-215) citou esta passagem e notou que “tais profecias alusões podem nos tornar destinados aos olhos de Deus para a fé antes da fundação do mundo; mas agora bebês, através de recentes cumprimentos da vontade de Deus, no qual somos nascidos agora para o chamado e salvação” (O Instrutor 1:7).[2] Um texto primitivo Judeu, Pesikta Rabbati 27/28:1 fala de Deus dizendo a Jeremias, “Mesmo antes de Eu criar o mundo tu eras ferro forjado para tal tarefa.” [3] Alguns críticos modernos tem interpretado a passagem de Jeremias como uma referência do pré-conhecimento divino ao invés de significar a existência pré-mortal de Jeremias.[4] Mas este não pode ser o significado de João 9:1-2, onde lemos que Jesus e seus discípulos “viram um homem cedo de nascimento. E seus discípulos lhe perguntaram, dizendo, Mestre, quem pecou, este homem, ou seus pais, para que nascesse cego?” O texto claramente implica que eles acreditavam que o homem poderia pecar antes de seu nascimento.[5]

A idéia de que humanos tiveram uma existência espiritual é claramente mostrada em Moisés 3:5 e é sugerida em Moisés 6:51, onde o Senhor diz, “Eu fiz o mundo e os homens antes que existissem na carne.” O Senhor disse a Joseph Smith que “O homem também estava no princípio com Deus” (D & C 93:29) e que ele foi criado “antes que o mundo fosse feito” (D & C 49:17). “Pois pelo poder de meu Espírito Eu as criei; sim, todas as coisas, tanto espirituais como temporais—Primeiro as espirituais, depois as temporais, o que é o começo de minha obra; e também, primeiro as temporais e depois as espirituais, o que é o fim de minha obra” (D & C 29:31-32). O Cristo pré-mortal disse ao irmão de Jarede, “todos os homens foram criados, no princípio, a minha própria imagem” (Éter 3:15). Talvez a descrição mais clara da existência pré-mortal do homem é encontrada na visão de Abraão do conselho dos espíritos (Abraão 3:22-23), que é também confirmada nos capítulos 21-22 do Apocalipse de Abraão. Estes textos serão abordados no capitulo 6, Pré-ordenação.

Vários dos primitivos textos não-canônicos apóiam a crença SUD da vida pré-mortal do homem. Por exemplo, um dos manuscritos do Mar Morto, 4Qtanhumim (também chamado 4Q176), diz, “Porque ele criou cada um [espírito] das gerações eternas, [e com] seu mandamento [ele estabeleceu] todos os caminhos. A terra ele criou [com sua (mão) direita] antes dela existir.” [6] O palavreado é muito semelhante aquele encontrado em Moisés 3:5, citado no início deste capítulo. O livro de Jubileus, também conhecido através dos Manuscritos do Mar Morto, declara que , no primeiro dia, Deus criou “todos os espíritos de suas criaturas que estão nos céus e na terra” (Jubileus 2:2).[7] 

O Zohar Judaico ensina o mesmo conceito. De acordo com o Zohar Exodus 150a, o jardim do Éden foi feito como “uma exata semelhança de seu protótipo, o Paraíso acima... Todas as imagens e formas de todas as coisas neste mundo foram de lá moldadas, todas tendo a similitude das coisas deste mundo. E esta é a habitação dos santos espíritos, aqueles que têm vindo a este mundo , e também todos aqueles que não vieram ainda para este mundo.” [8] O Zohar Levítico 61b fala do Rabi Hiya explicando Eclesiastes 3:15 (“O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou”) como segue: 

Assim todos aqueles que deveriam vir para este mundo, estavam diante Dele completamente preparados. Temos aprendido, também, que todos os homens de todas as gerações permaneceram de pé diante Dele em suas semelhanças antes deles virem para o mundo, e mesmo todas as almas dos homens foram mapeadas diante Dele no firmamento na similitude de suas formas neste mundo. Tudo, também, que eles aprenderam neste mundo eles já conheciam antes que viessem a ele...Temos aprendido que todos os verdadeiros virtuosos, antes que viessem ao mundo foram preparados acima e chamado por seus nomes.[9]

O Zohar Exodus 53b diz que
“Quando à hora chegou em que Moisés, o fiel Pastor e profeta estavam para descer neste mundo, Deus produziu um santo espírito das profundezas de uma pedra de safira onde estava escondido, e o coroou com coroas, e o iluminou com duzentas e quarenta oito luzes, e o colocou diante Dele e lhe deu responsabilidade da totalidade de Sua própria família, com cento e setenta e três chaves.” [10]
 

A ORIGEM DO ESPÍRITO DE ADÃO
 

A vida pré-mortal do homem é também insinuada pelas palavras de Abraão 5:7, onde lemos que “os Deuses formaram o homem do pó da terra, e tomou seu espírito (isto é, o espírito do homem), e o colocou nele.” [11]De acordo com Ka’ab ‘al-Ahbar, um Judeu primitivo convertido ao Islã, Deus mandou o espírito de Adão entrar no corpo que tinha sido criado.[12] O texto Falasha Tĕ’ĕzĕza Sanbat indica que depois que Deus fez o corpo de Adão, “Deus viu seu corpo, e que sua alma não tinha ainda entrado nele.” [13] 

Abraão 5:7 traça um paralelo com Gênesis 2:7, embora Gênesis não insinua que o espírito de Adão já existia antes de seu corpo. Contudo, é precisamente este entendimento que é encontrado em vários textos primitivos Judeus. Por exemplo, de acordo com Pirqe Rabbi Eliezer 11, quando Deus formou Adão, “ele soprou com o fôlego da alma de Sua boca, e a alma foi lançada nele, assim com está dito, ‘E ele soprou em suas narinas o fôlego da vida.’” [14] A mesma história é encontrada em Pirque Rabbi Eliezer 34.[15] No Zohar Levítico 7a, lemos que “quando este mundo foi feito de acordo com o modelo celestial e que o primeiro homem foi plantado na terra... Deus desejou trazer para baixo a santa alma dos céus para a terra a fim de que elas pudessem ser unidas e conectadas.” [16] 

Um dos textos Cristãos Gnósticos descoberto em Nag Hammadi diz que depois que o corpo de Adão foi criado, “o espírito adiantou-se da Terra Adamantina (relativa a Adão); ele desceu e veio habitar dentro dele, e aquele homem tornou-se uma alma vivente. Seu nome foi chamado Adão” (A Realidade dos Governantes II,4 88.13-16).[17] Outro dos textos Nag Hammadi fala de Adão dizendo a seu filho Sete, “Quando Deus me criou da terra juntamente com Eva sua mãe, E andei com ela em uma glória que ela tinha visto no aeon [mundo] do qual nós tínhamos saídos,” após o qual “a glória em nossos corações(s) nos deixou, eu e sua mão Eva, juntamente com o primeiro conhecimento que soprou dentro de nós” (Apocalipse de Adão V,5 64.6-12,24-28; veja também 65.9-15).[18] 

Os Mandeus tem uma tradição similar concernente a Adão, em que um ministro (mensageiro) veio dizer a Adão como ele poderia re-conquistar o mundo de onde ele veio e sentar-se em tronos preparados para ele.[19]
 

TRADIÇÃO PRIMITIVA CRISTà

Um texto Cristão atribuído a Clemente de Roma (que morreu em 90 A.D.) fala de Pedro declarando que “neste relato o mundo exigiu longos períodos, até que o número de almas que foram predestinados para enchê-lo pudesse estar completo” (Homilia Clementina 3:26).[20] O apóstolo mais tarde disse, “Os corpos de homens tem almas imortais, que foram vestidas com o fôlego de Deus; e tendo saído de Deus, eles são da mesma substância” (Homilias Clementinas 16:16).[21] Um documento relacionado ao assunto cita Pedro dizendo, “Depois de todas estas coisas Ele fez o homem, em cujo benefício, Ele havia preparado todas as coisas, cuja espécie interna é mais velha, e por causa do homem, e com este propósito todas as coisas que existem foram feitas”. (Reconhecimentos de Clemente 1:28).[22] Uma nota de rodapé pelos tradutores Presbiterianos desta passagem diz o seguinte sobre as palavras espécie interna “Isto é, sua alma, de acordo com a doutrina da existência pré-mortal das almas.” [23] 

O filósofo Cristão Justino Mártir do segundo século A.D. notou que “almas são necessariamente geradas” (Diálogo com Trifo 5), contudo existiam antes de tomar residência em um corpo mortal (Diálogo com Trifo 4).[24] 

O apóstolo Paulo notou que o Senhor preferia Jacó a Esaú mesmo antes dos gêmeos terem nascidos (Gênesis 25:23-26) e que o Senhor falou de seu amor por Jacob e seu ódio por Esaú (Malaquias 1:2-3). Origines, um teólogo Cristão do início do terceiro século A.D., recorreu ao uso desta informação de Paulo em Romanos 9:12-13 e aludiu ao pronunciamento de Paulo sobre vasos de honra e desonra (2 Timóteo 2:20), escrevendo o seguinte: 

Pois o Criador cria vasos de honra e vasos de desonra, não desde o início de acordo com Seu pré-conhecimento, uma vez que Ele não condena ou justifique estas coisas de antemão, mas (Ele cria) aqueles em vasos de honra que purgaram a si próprios, e aqueles em vasos de desonra que se deixaram permanecer despurgados: portanto, isto é em conseqüência de causas mais velhas (que operaram) na formação dos vasos para honra e desonra, por isto um foi criado para a honra, e o outro para a desonra. Mas se uma vez admitimos que houve certas causas mais velhas (no trabalho) na formação de um vaso em honra, e de um em desonra, que absurdo existe em retornar ao assunto da alma, e (na suposição) que uma causa mais antiga por Jacó ser amado e por Esaú ser odiado existiu com respeito a Jacó antes de assumir um corpo, e com respeito a Esaú antes que fosse concebido no útero de Rebeca ? (De Principiis 3.1.20, versão Grega).[25]
 

Orígenes manteve que a escolha do Senhor sobre Jacó ao invés de Esaú foi baseada “[N]os desertos de sua vida anterior” (De Principiis 2.9.7).[26] Em seu Comentário sobre João 2:25, ele citou a Oração de José, na qual Jacó diz, “Eu sou um anjo de Deus, um espírito ministrador, e Abraão e Isaque foram criados antes de qualquer obra de Deus.” Ele então perguntou, “como se explica isto se não consideramos as obras feita antes desta vida, pode ser dito que não existe retidão com Deus quando o mais velho serve o mais novo e é odiado (por Deus) antes que ele tenha feito qualquer coisa digna de escravidão ou de ódio”?[27] 

Orígenes mais adiante apoiou este conceito ao notar que João o Batista estava “cheio com o Espírito Santo, mesmo no útero de sua mãe” (Lucas 1:15) e saltou de alegria dentro do útero de sua mãe quando Maria, recém grávida com Jesus, veio visitar (Lucas 1:39-44), sugerindo que seu espírito veio a ser antes de seu nascimento e foi abençoado com discernimento profético (De Principiis 2.9.7).[28] Em outro lugar, ele argumentou que João Batista, 

...foi enviado, do céu ou do Paraíso, ou de algum outro aposento para este lugar na terra...João foi enviado de uma outra região quando ele entrou em seu corpo, cujo objetivo era de que com sua entrada nesta vida ele devesse prestar testemunho da verdade.” Adiante anotou “aquele que minuciosa e cuidadosamente se conduz de acordo com a Escritura contra aquilo que é forçado, casual, ou de procedimento caprichoso, deve necessariamente assumir que a alma de João era mais velha que seu corpo, e subsistiu por si mesmo antes de ser enviado ao ministério da testemunha da luz ... Pois se aquela doutrina geral da alma é para ser recebida, a saber, que não é mostrada ao mesmo tempo com o corpo, mas é antes dela, e é então, por várias causas, revestida com carne e sangue; então as palavras ‘enviado de Deus’ não parecerão ser aplicáveis somente a João. (Comentário no Evangelho de João 2.24).” [29] 

Orígenes argumentou contra a idéia que a alma foi formada ao mesmo tempo em que o corpo é habitado, dizendo que “é provado que foi implantada estritamente de fora” (De Principiis 1.7.4).[30] Ele manteve que Deus instruiu a alma antes dela ter entrado em seu corpo terreno (Comentário sobre João 20.7.51). Mais adiante, aludindo ao estado pré-mortal do homem, ele escreveu: 

...Devido a causas que tem existido previamente, um ofício diferente é preparado pelo Criador para cada um em proporção ao grau de seu mérito, neste solo (terra), certamente, que cada um, com respeito a ter sido criado por Deus um espírito racional e de entendimento, tem de acordo com os movimentos de sua mente e sentimentos de sua alma, ganho para si mesmo um maior ou menor mérito, e tem se tornado um objeto de amor a Deus, ou então um de desgosto a Ele...E isto é, no meu parecer, que será visto de maneira mais clara finalmente, se cada um, seja na esfera celestial ou terrestrial ou seres infernais, ser dito ter as causas de sua diversidade em si mesmo e anteriormente a seu nascimento mortal. (De Principiis 2.9.7) [31] 

Ao se referir a “seres celestiais (dos céus) ou terrestres (da terra) ou infernais [literalmente “abaixo da terra,” i.e., condenados ao inferno],” Orígenes insinuou uma crença que os espíritos de Deus criados no início habitavam em três diferentes lugares, alguns dos quais permanecem em seu lar celestial original, enquanto outros têm vindo à terra, e ainda outros têm se tornado demônios. Suas palavras são mais explícitas no De Principiis 18.1. onde ele escreveu: 

....nem nós devemos supor que isto é o resultado de um acidente que um determinado ofício seja designado a um anjo específico ...Pois nós não devemos imaginar que eles obtiveram estes ofícios de uma outra forma, a não ser por seus próprios méritos, e pelo zelo e qualidades excelentes que eles separadamente demonstraram antes que este mundo fosse formado; para que logo após na ordem dos arcanjos , este ou aquele ofício foi designado para cada um, enquanto outros mereceram se inscrever na ordem de anjos, e agir sob este ou aquele arcanjo, ou este líder ou cabeça de uma ordem.  Coisas estas que foram arranjadas, como eu tenho dito, não indiscriminadamente e fortuitamente, mas pela mais apropriada e justa decisão de Deus, que as arranjou de acordo com desertos...Todas estas coisas, asseguradamente, é para se dar crédito, não são realizadas por acidente ou acaso, ou porque eles (os anjos) foram criados, a menos que nesta perspectiva o Criador pudesse ser acusado de parcialidade; mas é para se crer que eles foram conferidos por Deus, o justo e imparcial governante de todas as coisas, concordando com os méritos e qualidades e vigor mental de cada espírito individual.[32]
 

No texto De Principiis1.8.4, Orígenes descreveu as “posições” daqueles espíritos portando “os ofícios angélicos,” e então continuou a falar de “espíritos malignos, ou demônios, não da perspectiva de sua natureza essencial [os quais] tem obtido estes graus no mal em proporção a suas condutas, e do progresso que eles fizeram na iniqüidade. E esta é a segunda ordem de criaturas racionais, que tem se devotado à iniqüidade.” Ele então mencionou que “a terceira ordem de criaturas racionais é aquela daqueles que são julgadas de acordo com Deus para povoar a raça humana, i.e., as almas dos homens, assumidas em conseqüências de seu progresso moral na ordem dos anjos; de quem nós vemos alguns assumirem em grandes números; aqueles, a saber, que tem sido feito filhos de Deus, ou os filhos da ressurreição.” [33] 

Um Alexandrino, contemporâneo de Orígenes, foi o presbítero Pierius. Seus escritos não sobreviveram, embora alguns de seus ensinamentos foram reportados por Cristãos posteriores. Photius, um escritor do século nove, notou que Pierius concordou com Orígenes “no assunto da ‘preexistência das almas’” (Biblioteca).[34] 

Tiranius Rufino (início do quinto século A.D.) foi acusado de seguir os ensinamentos de Orígenes com respeito à existência pré-mortal da alma, mas se defendeu ao dizer que ele simplesmente havia traduzido as obras de Orígenes para o Latim e não tomou uma posição neste assunto. (Apologia dirigida a Anastásio, Bispo de Roma 1.6-7; apologia dirigida a Apronianus 1.10).[35] Contudo, ele escreveu que “antes da fundação do mundo, as almas existiram nos céus, e então, por razões conhecidas somente por Deus, fomos trazidos para este vale de lágrimas, fomos inseridos neste corpo de morte” (Apologia dirigida a Apronianus 1.43).[36] 

Tertuliano, outro dos contemporâneos de Orígenes, notando que alguns Gnósticos acreditavam que a alma veio dos céus e retornará, argumentou que as almas vieram a existir na hora do nascimento. Ele rejeitou a idéia da alma perder memória de sua existência pré-mortal com Deus, mas ao fazê-lo, e confirma que outros Cristãos ensinaram este conceito (Tratado sobre a Alma 5-8, 22-24).[37] Por outro lado, Clemente de Alexandria escreveu que “antes da fundação do mundo nós éramos, porque [estávamos] destinados a estar Nele, pre-existíamos aos olhos de Deus antes, - nós, as criaturas racionais do Verbo de Deus, em cujo relato nós passamos a existir no início; Pois ‘no início era o Verbo’” (Exortação ao Pagão 1, citando João 1:1) [38] Sua declaração encontra apoio nas palavras de Cristo a Joseph Smith, “E estava no início com o Pai, e Eu sou o Primogênito...Vós estivestes também no início com o Pai” (D & C 93:22-23). 

Outros escritores primitivos Cristãos, que escreveram sobre a existência pré-mortal do espírito do homem, incluem João de Jerusalém (final do quarto século A.D.),[39] Nemésius de Emesa (final do quarto século A.D.),[40] e Photius de Constantinopla (nono século A.D.).[41]

 

GNOSTICISMO CRISTÃO 

Alguns dos textos Cristãos Gnósticos descobertos em Nag Hammadi, Egito, em 1945, insinua a crença em uma existência pré-mortal. Por exemplo, no texto Apocalipse de Tiago 1,2 10.15-21, Cristo relata dizendo a Tiago, “Em verdade vos digo, se eu tivesse sido enviado aqueles que me ouvem, e se Eu tivesse falado com eles, Eu nunca teria descido para a terra,” [42] enquanto em 5.23-30, ele disse, “Se vós considerardes quanto tempo o mundo existiu <antes> de vós, e quanto tempo existirá depois de vós, descobrirás que sua vida é um único dia e seus sofrimentos uma única hora. Pois o que é bom não entra no mundo.” [43] 

Em outro dos textos de Nag Hammadi, Cristo declara que “é a Igreja consistindo de muitos homens que existia antes dos aeons, a qual é chamada, no próprio sentido, ‘os aeons dos aeons.’ Esta é a natureza dos santos espíritos imperecíveis” (Tratado Tripartidário 1,5 58:29-35).[44] O texto mais adiante declara, “Como o mundo ele os gerou, subsistindo espermaticamente, e aqueles a quem ele estava por gerar não haviam ainda se formado por ele (Tratado Tripartidário 1,5 60:34-61:1)”.[45] Um texto relacionado declara que: 

O Pai imortal sabe que a deficiência da verdade veio a existir entre as esferas eternas e seu universo, quando ele desejou trazer ao zero os ministrantes da perdição através das criaturas que eles tinham modelado ele enviou vossa similitude ao mundo da perdição, a saber, os abençoados pequenos espíritos inocentes. Eles não são alheios ao conhecimento. Pois todo conhecimento é revestido em um anjo que aparece diante deles; ele não é sem poder na companhia do pai. E ele os proveu com conhecimento. (Na Origem dos Mundos 124:5-14) [46] 

Este conceito também é encontrado em D& C 93:38-39: “Todo espírito do homem, no princípio, era inocente; e tendo-o Deus redimido da queda, o homem se tornou outra vez, em seu estado de infância, inocente diante de Deus. E aquele ser iníquo pela desobediência e por causa da tradição de seus pais, vem e tira dos filhos dos homens a luz e a verdade.” Que este conceito era conhecido por muitos dos primitivos Cristãos “Ortodoxos” é evidente através de um comentário de Ciro, bispo de Jerusalém (morreu 386 a.D.), quem escreveu, “E aprenda isto também, que as almas, antes de virem para este mundo, não haviam cometido nenhum pecado, mas tendo vindo sem pecado, nós pecamos agora através de nossa própria vontade” (Leitura Catequéticas 4.19).[47] 

No texto Gnóstico Evangelho de Tomé, ditado 4 (II,2 33.5-9), o Cristo ressurreto diz a seus discípulos, “O homem antigo em dias não hesitará perguntar a uma pequena criança de sete dias de idade sobre o lugar da vida, e ele viverá,” sugerindo que o bebê tem recentemente chegado da presença de Deus, como está em João 2:13.[48] No ditado 49 (II,2 41.27-47.4), ele disse, “Abençoado são os solitários e eleitos, pois tu encontrarás o reino. Pois tu és de lá, e para lá retornarás...Se eles disserem a ti, ‘De onde viestes?’, diga a eles, ‘Nós viemos da luz...Nós somos os filhos dela, e nós somos os eleitos do Pai vivente.’” “[49] Outro texto da mesma coleção diz: 

...é adequado que a alma se regenere e torne-se novamente como ela era anteriormente. A alma então se move por sua própria iniciativa. E ela recebeu a natureza divina do pai para seu rejuvenescimento, para que ela possa ser restaurada ao lugar onde ela estava originalmente. Esta é a ressurreição que vem dos mortos. Este é o resgate do cativeiro. Esta é a jornada direcionada para cima para ascensão aos céus. Este é o caminho da ascensão ao Pai. (Exegese sobre a alma II.6 134.6-15) [50] 

O texto Siríaco Hino da Pérola, um primitivo texto Cristão anexado ao Evangelho de Tomas, é uma alegoria no plano de salvação. Ele conta do filho de um rei que foi enviado abaixo na terra por seus Pais para encontrar uma pérola que ele deveria retirar e retornar a seu depositário celestial. Durante sua estada, ele torna-se corrompido com as coisas mundanas, mas uma carta dos céus o relembra de sua realeza e de seu propósito. Removendo suas vestimentas, ele retorna a seus entes queridos com a pérola e coloca sua túnica de glória que tinha removido antes de sair para sua jornada.[51] 

TRADIÇÃO JUDAICA 

Muitos textos Judeus primitivos contêm alusões de uma vida pré-mortal.[52] Por exemplo, de acordo com Pirque de Rabbi Eliezer 16, Rebeca foi destinada a ser a noiva de Isaque desde a hora em que ele estava no útero de sua mãe; se ela era mais jovem do que ele, isto implicaria uma crença na predestinação. Pirque de Rabbi Eliezer 34 é mais explícito, citando Eclesiastes 12:7 como evidência que a alma de uma pessoa falecida retorna aos céus, de onde ela tem vindo (cf. Alma 40:11).[53] O autor do apócrifo Sabedoria de Salomão escreve, “Pois eu era uma criança engenhosa, e tinha um bom espírito. E antes, sendo bom, eu vim para um corpo sem mácula.” Sabedoria de Salomão 8:19, Versão do Rei Tiago). 

Abot de Rabbi Nathan (versão A) 31, discutindo as palavras do Senhor a Caim quando ele havia matado Abel (Gênesis 4:10, “E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.”), diz que “embora ele derramou o sangue de alguém, é dito [no texto Hebreu] damim (“ sangues”) no plural. Que nos ensina que o sangue dos filhos de Abel e filhos dos filhos e de todos seus descendentes até o fim de todas as gerações destinadas a provir dele – todos eles permaneceram de pé chorando diante daquele Um que é Santo, abençoado seja Ele.”[54] Uma vez que a Bíblia nunca fala que Abel teve descendência, a passagem sugere uma crença na existência pré-mortal de espíritos, os quais o Senhor pretendia que nascessem na linhagem de Abel. 

Na versão J do livro conhecido como 2 Enoque, um anjo informa o patriarca, “todas as almas dos homens, qualquer delas que ainda não tenham nascido, e seus lugares, preparados para a eternidade. Pois todas as almas são preparadas para eternidade, antes da composição da terra” (2 Enoque J 23:4-5).[55] Mais tarde, o Senhor diz a ele, “Mesmo antes que qualquer pessoa estivesse no útero de sua mãe, individualmente Eu preparei um lugar para cada alma...pois com muita antecedência um lugar foi preparado lá pra cada alma humana.” (2 Enoque J 49:2-3).[56] O verso paralelo na versão A diz, “antes de qualquer pessoa existir, um lugar de julgamento foi preparado para ela, e a balança e o peso e os meios em que cada pessoa será testada foram preparadas lá com antecedência.” [57] Enoque também declarou, “Veja como Eu tenho escrito todas as ações de cada pessoa antes da criação” (2 Enoque 53:2).[58] A menos que isto implique na crença da predestinação, esta passagem deve se referir aos atos realizados antes da criação. Um texto Eslavônico do século treze intitulado Merilo Pravednoe, inclui partes de 2 Enoque que variam com o texto padrão. O relato mostra Enoque descrevendo o lugar de julgamento e pensamento, “Feliz é aquele que nunca nasceu, ou (que), tendo nascido, nunca pecou contra a face do Senhor, para que ele não viesse a este lugar.” [59] Isto também, implica que seres humanos existiram antes de seus nascimentos.[60] 

Em 3 Enoque, o anjo Metraton mostra ao Rabi Ismael “as almas dos justos que já tinham sido criados e retornaram, e as almas dos justos que ainda não foram ainda criados” [i.e., na carne], e através daquela experiência Ismael entende que a passagem em Isaias 57:16 (em que se lê “o espírito se vestirá em minha presença, e as almas que Eu criei”.) referem-se, respectivamente, “às almas dos justos que já tinham sido criadas no reservatório de [mortais] seres” e “às almas dos justos que não tinham ainda sido criadas no reservatório” (3 Enoque 43:1-3).[61] A passagem implica que, a fim de retornar à presença de Deus, o espírito pré-mortal deve ser revestido com um corpo mortal. 

Um texto Judeu primitivo sugere que a ressurreição dos mortos não acontecerá até que todas as almas selecionadas a vir para a terra tiverem nascidas. Dizem que Deus disse a Baruque, o escriba de Jeremias, “Pois assim como vós não tendes esquecido o homem que existe e que morrera, Eu me lembro daqueles que virão. Pois quando Adão pecou e a morte foi decretada contra aqueles que estavam para nascer, a multidão daqueles que iriam nascer, estava contada.[62] E para aquele número um lugar estava preparado onde os viventes pudessem viver e onde os mortos pudessem ser preservados. Nenhuma criatura viverá novamente a menos que o número que foi designado seja completo.” (2 Baruque 23:3-5).[63] A mesma idéia é expressada em 4 Esdras 4:35-37.[64] 

De acordo com Midrash Rabbah Gênesis 24:3-4 e o Midrash Rabbah Levítico 15:1, o livro do qual alguns excertos foram apagados em Salmos 69:28 é o Livro das Gerações de Adão mencionado em Gênesis 5, que contém os nomes de todas as almas que Deus criou. Os textos também observam que o Messias Real não viria até que todos tivessem nascido.[65] O texto Midrash Rabbah Êxodo 40:2-3 indica que os nomes de todos que foram destinados a viver na terra foram incluídos no registro dado a Adão.[66] 

Midrash Rabbah Gênesis 14:6 fala de Abraão dizendo que “ele era digno de ser criado antes de Adão” mas “o Senhor criou [no passado] Abraão no meio das gerações” a fim de que ele pudesse ser uma benção àqueles que o precederam bem como àqueles vieram depois.[67] Esta passagem sugere sobre a existência pré-mortal de Abraão e Adão; de outra maneira, não teria sido possível falar da dignidade de Abraão antes de Adão ser colocado na terra. 

O Talmude declara que “O Filho de Davi [i.e. o Messias] somente virá quando todas as almas destinadas a [habitar] corpos [terrenos] forem exauridas” (TB Yehamot 62ª, 63b,[68] repetida em Nidah 13b[69] e Abodah Zarah 5a).[70] O Zohar Gênesis 90b-91b cita esta história (entre outras) como evidência de que as almas têm a mesma forma como os corpos que elas ocupam neste mundo e que Adão realmente viu as almas em sua forma pré-mortal.[71] Que os espíritos de todos que nascem neste mundo existiram nos céus antes de seu nascimento mortal é afirmado por todo o Zohar.[72] O Zohar Êxodo 1 1a-b diz, “nós fomos ensinados que na hora em que o corpo de um justo é nascido no mundo, aquele Um que é Santo convoca Gabriel, que tira do Paraíso a alma ordenada para aquele santo e a[73] comanda a descer no corpo dela, a qual está para nascer neste mundo; e ele, Gabriel, é então apontado como guardião daquela alma.” [74] 

De acordo com o Zohar Levítico 68a-b “Quando as almas santas descem dos céus para a terra e os virtuosos do mundo se retiram do Rei e da Matrona, poucos são aqueles que às vezes permanecem diante do Rei; e, em quem o Rei se digna em olhar. Pois, como temos dito, na hora em que Deus soprou o espírito em todas as hostes celestiais, eles todos vieram a existir, mas alguns foram retidos até que aquele Santo, abençoado seja Ele, os envie para baixo, e estes tem domínio tanto acima quanto abaixo.”[75]

Os termos “Rei” e “Matrona” denotam, respectivamente, Deus e sua esposa; o termo “Matrona” deriva do termo Latim para “Mãe.” O Zohar Gênesis 245b contém uma passagem que se assemelha ao Hino da Pérola Cristão mencionado anteriormente: 

As almas dos justos são superiores a todas as hostes celestes e habitações. Você poderia perguntar, se elas são tão transcendentes de ambos os lados (macho e fêmea), porque elas vêm a este mundo para serem  logo após removidas dele?  Imagine um rei que teve um filho a quem ele enviou a uma aldeia pra ser criado até que ele pudesse aprender as maneiras do palácio do rei. Quando o rei ouviu que seu filho já estava crescido, através de seu amor por ele, ele enviou a Matrona, sua mãe até ele, e o trouxe ao palácio, onde ele se regozijou com ele todos os dias de sua vida. Então, Aquele UM que é Santo, abençoado seja ele, teve um filho da Matrona, a saber, a santa alma celestial. Ele a enviou para a aldeia, a saber, para este mundo, para ser criada nele, e aprender as maneiras do palácio do rei. Quando o rei descobriu que seu filho havia crescido, e que já era hora de trazê-lo de volta ao palácio, por seu amor  a ele, o rei enviou a Matrona ao palácio para buscá-lo. Uma alma não deixa este mundo até que a Matrona venha até ele e o traga até o palácio do rei, onde ele permanece para sempre.[76]

O Talmude contém uma oração matinal que provê evidências de uma crença na existência pré-mortal da alma: “Meu Deus, a alma que tu puseste em mim é pura. Tu a formaste em mim. Tu a sopraste em mim. Tu a manténs dentro de mim. Tu a tirarás de mim um dia, mas a restaurará a mim no devido tempo. Desde que a alma esteja em mim, eu te agradeço ó Senhor meu Deus e Deus de meus pais, mestre de todas as idades, senhor de todas as almas” (TB Berachot 60b).[77] 

Textos Judeus Medievais falam do reservatório celestial (às vezes chamada guf, “corpo”) onde os espíritos são mantidos até a hora deles nascerem na terra. Entre os textos que abordam este conceito são Sepher ha-Razim,[78] Bahir 184,[79]Shi ur Qomah,[80]o Zohar,[81] Sifre 143b, Sefer Hparshiyot, and Midrash Ki Tov.[82] O Talmude da Babilônia ensina o mesmo (TB Hagigah 12b-13a; Yebamot 62ª, 63b, Niddah 13b). O texto medieval Revelação de Moisés fala de um anjo que “estava ensinando as almas que foram criadas por Deus na época da Criação e quando elas foram colocadas no Paraíso.” [83] 

Alguns primitivos textos insinuam que as almas de todos aqueles que não eram ainda nascidos estavam presentes na revelação da lei de Moisés no Monte Sinai.[84] Crônicas de Jeramel 9:1 cita um texto mais antigo, Yitsirath ha-velad, no sentido que Deus criou todos os espíritos no princípio e o chama do Jardim do Éden quando é hora de lhes dar um corpo.[85] A idéia também é encontrada no Zohar Êxodo 13a-b, que observa que cada um dos espíritos deve aparecer diante do trono celestial antes de descer para a terra.[86] O Zohar Levítico 13a-b diz que “Quando aquele Um que é Santo, abençoado seja Ele, seleciona uma alma para enviá-la à terra, Ele grava sobre ela muitas advertências e ameaças para manter Seus mandamentos, e Ele também a leva para um mil e oito mundos para ver as glórias daqueles que se devotaram ao Torá [lei], e que permanecem diante do rei em uma túnica de esplendor na forma que eles possuíram neste mundo, contemplando a glória do Rei e sendo coroados com muitos diademas. Quando é hora de descer à terra, ela faz sua morada no Paraíso terrestrial por trinta dias para ver a glória do Mestre da retidão, e então ascende às suas moradas acima e logo após desce para a terra. Antes dela entrar no corpo de um homem, o santo Rei a coroa com sete coroas.” [87] 

Várias passagens do Zohar indicam que, antes de ser enviadas à terra, a alma é trazida do reservatório para aparecer diante de Deus, que faz a promessa de estudar sua lei na mortalidade.[88] Outras passagens indicam que um ou mais anjos acompanham cada alma até a terra.[89] O Zohar Levítico 43a-b diz que antes da vir a nascer na mortalidade, a alma é mostrada os lugares em que os justos e os iníquos irão, para inspirá-la a escolher retidão.[90] O Zohar Êxodo 96b declara que quando Aquele UM que é Santo, abençoado seja Ele, veio para criar o mundo, Ele sentiu satisfação em formar todas as almas que seriam destinadas e enviadas aos filhos dos homens, e cada uma era moldada diante dele na figura do corpo que ela iria habitar logo em seguida. Ele examinava cada uma , e viu que algumas delas se corromperiam em suas jornadas no mundo.
Quando a hora era chegada, Aquele Um que é Santo decretava dizendo: “Vá, desça neste tal e tal lugar, em tal e tal corpo.” Mas muitas vezes casualmente aquela alma respondia, “Senhor do mundo, eu estou satisfeita em estar aqui neste mundo, e não desejo sair para algum outro lugar onde eu serei escravizada e me tornar suja.” Então o Santo responderia: “A partir do exato dia de sua criação tu não tens tido outro destino a não ser de ir naquele mundo.” Com isto a alma, vendo que deve obedecer, desceria contra sua vontade e entraria neste mundo.[91]
 

O mesmo conceito é conhecido do Midrash Tanhuma, Pekude , que diz que na hora da concepção, Deus ordena o anjo que é responsável pelos espíritos para trazer a Ele um especificado espírito para enviar a terra.[92] O Talmude declara que na hora que um infante é nascido, ele primeiro vê a luz, e naquela hora “um anjo se aproxima, dá uma palmada na sua boca e faz com ele esqueça todo o Torá completamente, mas não antes de ser admoestado, “Seja justo, e nunca seja iníquo; e mesmo que todo o mundo lhe diga, ‘Você é digno’, considere-se iníquo” (TB Niddah 30b)”.[93] Dai vemos que o Judaísmo não somente ensina que nossos espíritos existiram antes do nascimento, mas que eles entraram em um convênio com Deus, mas passaram por uma fase de esquecimento daquela existência pré-mortal.
 

TRADIÇÃO DOS MANDEUS 

De acordo com os Mandeus, os quais acreditam serem descendentes dos discípulos de João Batista, as almas descem do yardna celestial (Jordão, águas viventes) no corpo de uma criança cinco meses depois da concepção e se parecem com a criança na hora do nascimento.[94] No Livro de Oração Canônico dos Mandeus 68, “Uma dos filhos da salvação em sua bondade tomou (aceitou) seu destino (dever). Ele me dobrou em embrulhos de esplendor , tomou (me) e me entregou a Adão. Adão, em sua simplicidade, porquanto, sem saber ou entender, tomou e me moldou em um corpo físico.” [95]
 

O Zohar Judeu Êxodo 98b fala de uma alma retornando à sua “primeira morada (lar)” nos céus.[96] A mesma expressão é usada em vários textos Mandeus, num dos quais se lê, “Levanta-te, levanta-te Alma, ascende à tua Primeira Morada (Lar). A tua Primeira Morada (Lar) ascende, ao Lugar de onde foste plantado, a teu tipo de Morada dos Uthras. Acorda por ti mesma, veste tua vestimenta de esplendor e coloca tua coroa de flores resplandecentes. Senta-te em teu Trono de Esplendor, cuja Vida tem te estabelecido no Lugar de Luz. Ascende, habita nas Shkinas entre os Uthras, seus irmãos.” [97]
 

Em um outro documento Mandeu, a alma desencarnada, tendo acabado de deixar o mundo, é dita, “Sobe, levanta-te  ao nível de teu antigo lar, para tua excelente habitação com os Uthras. Vive entre os Uthras, teus irmãos, senta-te em seu meio como tu foste ensinado a fazer. Busca a Casa de teu Pai e amaldiçoa o mundo de falsidades, onde tu viveste...Que o teu trono possa ser estabelecido, assim como costumava ser.”[98] A alma declara, “Com este propósito estou eu destituída de minha glória, trazida, lançada e revestida em vestimenta mortal?  Sou eu lançada em uma vestimenta mortal, que ele colocou e tirou? [99] De um outro texto, Adão, após sua morte, “voou para longe e chegou ao seu lugar de destino, a morada de onde ele foi transplantado, o lugar de onde ele foi transplantado e quando sua forma (ou: seu homólogo) tinha brilho.”[100] E ainda outro: “Levanta-te, levanta-se, alma, ascende para tua primeira terra. Para tua primeira terra, ascende, <para o lugar de onde foste transplantada> para a excelente morada dos Uthras. Entra em ação, coloca tuas vestimentas de glória e coloca tua coroa resplandecente. Senta-te no trono de fulgor, onde a vida foi estabelecida para ti no Lugar da Luz.
 

NO MISDRASH R., O MESSIAS NÃO VIRÁ ATÉ QUE TODAS AS ALMAS TENHAM NASCIDAS. 

Midrash Rabbah – Eclesiastes 1:12

R. Hiyya b. Tanhum disse (alguns reportam que ele disse isto no nome de R. Johannan): O Rei Messias não virá até que todas as almas tenham aparecido [na terra] que sob o plano Divino foram criadas, e elas são as almas mencionadas no livro de Adão2; como é dito, Este é o livro das gerações de Adão (Gen. V,1). (P.19). Mais um outro foi visto antes deste no Midrash Rab.
 

SUMÁRIO 

O conceito da existência pré-mortal do homem, rejeitada pela maioria do Cristianismo hoje, porém ensinada por Joseph Smith, é conhecido entre um grande número de textos do Oriente Médio, tanto antigos quanto medievais.  Através destes textos, é claro que tanto os primitivos Judeus quanto Cristãos acreditavam que os espíritos dos homens existiram antes de seus nascimentos na terra. Joseph Smith restaurou este conceito antigo ao mundo moderno.
 

Baseado nas pesquisas feitas por Kevin L. Barney, Barry R. Bickmore, S. Kent Brown, Michael Hickenbotham, Joseph Fielding McConkie, Hugh Nibley, Matthew P. Roper, e John A. Tvedtnes.  

For further reading:

Kevin L. Barney, “On Preexistence in the Bible,” posted at http://anti-mormonism-revealed.com/jp3.htm.

Gayle, Oblad Brown, “Pré-mortal Life,” in Daniel H. Ludlow, gen. ed., Encyclopedia of Mormonism (New York: Macmillan, 1992)

S. Kent Brown, “Souls, Preexistence of,” in David Noel Freedman, ed., Anchor Bible Dictionary (New York City: Doubleday, 1992), 6:161.

Joseph Fielding McConkie, “Pré-mortal Existence, Foreordinations, and Heavenly Councils,” in C. Wilfred Griggs, ed., Apocryphal Writings and the Latter-day Saints (Provo, Utah: Brigham Young University Religious Studies Center, 1986), 173-98

Hugh Nibley, “Treasures in the Heavens: Some Early Christian Insights into the Organizing of Worlds,” chapter 7 in his book Old Testament and Related Studies (Salt Lake City: Deseret and FARMS, 1986), 171-214.[101]

Blake Osatler, “The Idea of Pre-Existence in the Development of Mormon Thought,” Dialogue: A Journal of Mormon Thought 15/1 (Spring 1982): 59-78.

David Winston, “Preexistence in Hellenic, Judaic and Mormon Sources,” in Truman G. Madsen, ed., Reflections on Mormonism: Judaeo-Christian Parallels (Provo: Brigham Young University Religious Studies Center and Bookcraft, 1978). Winston, though not a Latter-day Saint, sees ancient evidence for the concept.

  



[1] For a non-LDS treatment, see Robert G. Hammerton-Kelly, Pre-Existence, Wisdom, and the Son of Man: A Study of the Idea of Pre-Existence in the New Testament (Cambridge University, 1973). Many modern Christians, while acknowledging that the spirit continues to exist after death, believe that God creates the spirit of man at the time of one’s mortal birth. Some of the proof-texts used by Latter-day Saints to support the concept of a premortal existence are read otherwise by those who hold to a late creation of the spirit. Thus, Ecclesiastes 12:7 (“Then shall the dust return to the earth as it was: and the spirit shall return unto God who gave it” while probably referring to a premortal life, is not strong evidence for it, since some would read it as merely meaning that the spirit, which was created at the time of birth, returns to God because it was he who created it. Because of their ambiguity, some Bible passages used by Latter-day Saints are excluded from this present study. 

[2] Alexander Roberts and James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers (reprint Peabody, MA: Hendrickson, 1994 [orig. 1885]) 2:224. 

[3] William G. Braude, Pesikta Rabbati, Yale Judaica Series, vol. 18 (New Haven: Yale University Press, 1968), 2:547. 

[4] The same interpretation has been attached to such passages as Ephesians 1:4 and Romans 8:29-30. But the Ephesians passage must refer to man’s premortal life, since the preceding verse (3) speaks of the Father “who hath blessed us with all spiritual blessings in heavenly places in Christ.” This seems to allude to the premortal council (see chapter 3), in which Christ was presented as our Savior. Latter-day Saints are wont to also quote Ecclesiastes 12:7, which does not necessarily imply that our spirits existed before we became mortal, only that God gave the spirit and it returns to God. Many Christians believe that the spirit is created at the same time as the body. This belief seems to have been first suggested by St. Irenaeus, if the attribution to him on one of the Nitrian Collection of Syriac manuscripts in the British Museum is correct. See Fragment 49 (said to be from Irenaeus’s commentary on the Song of Solomon) in Alexander Roberts and James Donaldson, eds., The Ante-Nicene Fathers, 1:576. 

[5] In verse 25 the Jewish leaders tell the man, “Thou wast altogether born in sins.” 

[6] Florentino Garcíia Martínez, The Dead Sea Scrolls Translated (2nd ed., Leiden: Brill, 1996), 209. 

[7] James H. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha (Garden City, NY: Doubleday, 1985), 2:55.

[8] Harry Sperling et al., The Zohar  (New York: Rebecca Bennet Publications, 1958), 4:25-26.

[9] Ibid., 5:47-48.

[10] Ibid., 3:164.

[11] Some subsequent statements by Joseph Smith support this idea: “God made man and put into it Adam’s spirit,” cited in Andrew F. Ehat and Lyndon W. Cook, eds., The Words of Joseph Smith: The Contemporary Accounts of the Nauvoo Discourses of the Prophte Joseph (Provo: BYU Religious Studies Center, 1980), 352. “God made a tabernacle and put a spirit in it, and it became a human soul,” in ibid., 346.

[12] W. M. Thackston, Jr., transl., The Tales of the Prophets of al-Kisa'i (Boston: Twayne, 1978), p. 14 (2.5).

[13] Wolf Leslau, Falasha Anthology (New Haven: Yale, 1951), 13. 

[14] Gerald Friedlander, translator, PirKê de Rabbi Eliezer (New York: Hermon Press, 1965), 78. 

[15] Ibid., 258

[16] Harry Sperling et al., The Zohar 4:338. 

[17] James M. Robinson, The Nag Hammadi Library (2nd ed., San Francisco: Harper, 1990), 163. 

[18] Ibid., 279. 

[19] G. R. S. Mead, The Gnostic John the Baptizer: Selections from the Mandeu John-Book (London: John M. Watkins, 1924), 89-91. 

[20] Alexander Roberts and James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers (reprint, Peabody, Mass.: Hendrickson Publishers, 1994), 8:121. 

[21] Ibid., 8:316. 

[22] Ibid., 8:85. 

[23] Ibid. Other early Christian texts that support the concept of man’s premortal life are discussed in chapter 3, The Council in Heaven. Theodotus, an early Gnostic Christian, argued against the premortal existence of human spirits, saying, “God made us, having previously no existence. For if we had a previous existence, we must have known where we were, and how and why we came hither. But if we had no pre-existence, then God is the sole author of our creation . . . He made us who had no existence . . . But see the power of God, not only in the case of men, in bringing to existence out of non-existence . . . but also in saving those who believe” (Excerpts 17-18, ibid., 8:45).

[24] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 1:196-7. 

[25] Ibid., 4:325-6.

[26] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 4:292. See also De Principiis 2.9.7 (ibid., 4:293) and 3.1.21 (ibid., 4:327). In his Commentary on the Gospel of John 2.25, Origen again drew on the passages from Gênesis, Malachi, and Romans, and wrote, “Consider whether the celebrated question about Jacob and Esaú has a solution. We read. ‘The children being not yet born, neither having done anything good or bad, that the purpose of God according to election might stand, not of works but of him that calleth, it was said, “The elder shall serve the younger.” Even as it is written: “Jacob I loved, but Esaú I hated.” What shall we say, then? Is there unrighteousness with God? God forbid.’  If, then, when they were not yet born, and had not done any-thing either good or evil, in order that God's purpose according to election might stand, not of works, but of him that calleth, if at such a period this was said, how if we do not go back to the works done before this life, can it be said that there is no unrighteousness with God when the elder serves the younger and is hated (by God) before he has done anything worthy of slavery or of hatred?” (ibid., 9:341). 

[27] Ibid., 9:341. For more on Origen’s views of man’s premortal life and God’s selection of certain spirits to become leaders in mortality, see chapter 6, Foreordination, and chapter 47, Ministering Angels Belong to This Earth. The Prayer of Joseph is discussed in the latter. 

[28] Ibid., 4:292. 

[29] Ibid., 9:339-40. For Origen’s contention that John the Baptist was an angel sent by God, see chapter 45, Ministering Angels Belong to This Earth. See also chapter 6, Foreordination. 

[30] Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 4:263-4. Origen’s views on man’s premortal existence were condemned at the Second Council of Constantinople in A.D. 553, following an earlier condemnation of the concept by the emperor Justinian a decade earlier. For a study of Origen’s views on the premortal existence of the spirit, see, “The Church of the Pre-Existence and the Fall,” chapter 11 of Henri Crouzel (transl. A. S. Worrall), Origen (Edinburgh: T. & T. Clark, 1989). For the anathemas against Origen’s teachings, see Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series (reprint, Peabody, MA: Hendrickson, 1994), 14:318-20; also Adolph Harnack, History of Dogma (New York: Dover, 1961), 4:245, 347-9; Philip Hughes, The Church in Crisis: A History of the General Councils, 345-1870 (Garden City, NY: Doubleday, 1964), 117-8. 

[31] Ibid., 4:292-3. 

[32] Ibid., 4:265. 

[33] Ibid., 4:266. 

[34] Ibid., 6:157. 

[35] Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, 3:431, 439.

[36] Ibid., 3:459

[37] Ibid., 3:, 184-5, 203-5. Later Christians were more vehement in their denunciation of Origen and he was posthumously excommunicated in A.D. 543.

[38] Ibid., 2:173. 

[39] See St. Jerome’s letter To Pammachius Against John of Jerusalem, 16-18, in Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, 6:432-3. 

[40]  On the Nature of Man, in George Wither, The Nature of Man (London: Miles Flesher, 1636), passim. The premortal existence of man’s soul is assumed throughout the text. 

[41] Bibliotheca, cited in Alexander Roberts and James Donaldson, Ante-Nicene Fathers, 6:157. 

[42] James M. Robinson, The Nag Hammadi Library (3rd rev. ed., San Francisco: Harper, 1990), 34. 

[43] Ibid., 32 

[44] Ibid., 64. 

[45] Ibid., 65. Jesus is called “the Word” in John 1:1, 14. 

[46] Ibid., 187. The Gnostics believed that human bodies were created by a lesser god (the demiurge) rather than the higher God who created their spirits. 

[47] Philip Schaff and Henry Wace, eds., Nicene and Post-Nicene Fathers, Second Series, 7:23. 

[48] Ibid., 126. The age of seven days may be based on the fact that circumcision occurs on the eighth day following birth (Gênesis 17:12; 21:4; Leviticus 12:3; Luke 1:59; 2:21; Acts 7:8; Philippians 3:5). See also the discussion in chapter 33, Nonaccountability of Young Children. 

[49] Ibid., 132.

[50] Ibid., 196

[51] Wilhelm Schneemelcher (translator R. McL. Wilson), New Testament Apocrypha (revision, Louisville, KY: Westminster/John Knox, 1992), 2:380-85. See the discussion in Appendix 3 of Hugh Nibley, The Joseph Smith Papyri: An Egyptian Endowment (Salt Lake City: Deseret, 1975), 267-72. See also John W. Welch and James V. Garrison, “The ‘Hymn of the Pearl’: An Ancient Counterpart to ‘O My Father’,” BYU Studies 36/1 (1996-7), 127-38. 

[52] Josephus reported that the Jewish sect known as Essenes believed “that the souls are immortal, and continue for ever; and that they come out of the most subtle air, and are united to their bodies as in prisons, into which they are drawn by a certain natural enticement; but that when they are set free from thebonds of the flesh, they then, as released from a long bondage, rejoice and mount upward” (Wars of the Jews 2.8.11). Contrast this with D&C 45:17, where the Lord says, “ye have looked upon the long absence of your spirits from your bodies to be a bondage.” 

[53] Latter-day Saints have often cited Ecclesiastes 12:7 as evidence that all humans lived with God as premortal spirits, but the passage is not that explicit, saying only, “Then shall the dust return to the earth as it was: and the spirit shall return unto God who gave it.” It could be argued that this merely alludes to the fact that God creates our spirits, but that he does so at the time of human conception or birth. Consequently, it is interesting to see that so many ancient writers read such passages in the same manner as Latter-day Saints. 

[54] See Judah Goldin, The Fathers According to Rabbi Nathan (New York: Schocken, 1974), 126

[55] James H. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, 1:140. 

[56] Ibid., 1:176.

[57] Ibid., 1:177.

[58] Ibid., 1:180.

[59] Ibid., 1:220

[60] A similar thought is found in Justin Martyr’s First Apology 28, in which he wrote that God “foreknows that some are to be saved by repentance, some even that are perhaps not yet born.” Alexander Roberts and James Donaldson, eds., Ante-Nicene Fathers 1:172.
 

[61] James H. Charlesworth, The Old Testament Pseudepigrapha, 1:294.

[62] The Jewish and Muslim tradition that God gave Adam a vision of all of his descendants (discussed in chapter 21, The Prophecy of Adam) may suggest that their spirits already existed when Adam was placed on the earth.

[63] Ibid., 1:629.

[64] Ibid., 1:531.

[65] H. Freedman and Maurice Simon, eds., Midrash Rabbah, 10 vols. (London: Soncino Press, 1961), Gênesis vol. 1, 201 and Leviticus vol., 188.

[66] Ibid., Exodus vol., 461-2. 

[67] Ibid., Gênesis vol. 1:114. The same story is told in the commentary on Ecclesiastes 3:14 (Ecclesiastes vol. 8:88). 

[68] Jacob Neusner, transl., Talmud of Babylonia IIIB: Tractate Yebamot (Atlanta, GA: Scholars Press, 1992), 140, 146. 

[69] Jacob Neusner, transl., Talmud of Babylonia XXXVIA: Tractate Nidah (Chico, CA: Scholars Press, 1990), 68. 

[70] Jacob Neusner, transl., Talmud of Babylonia XVa: Tractate Abodah Zarah (Chico, CA: Scholars Press, 1991), 23. This passage also notes that God showed Adam all the generations that would descend from him. See the discussion in chapter 21, The Prophecy of Adam. 

[71] Harry Sperling et al., The Zohar, 1:298, 300. 

[72] See the following Zohar passages: Prologue 13a, in Harry Sperling et al., The Zohar, 1:54-5; Gênesis 83a (ibid., 1:276); Gênesis 91b (ibid., 1:300); Gênesis 130b (ibid., 2:20-21); Gênesis 197a (ibid., 2:249); Gênesis 198a (ibid., 2:253); Gênesis 205b-206a (ibid., 2:280); Gênesis 209a (ibid., 2:291); Gênesis 229b (ibid., 2:333); Exodus 12a (ibid., 3:36); Exodus 98b (ibid., 3:299-300); Exodus 199a (ibid., 4:173); Exodus 197a (ibid., 4:165-166); 219b-220a (ibid., 4:248-249); Leviticus 104a-b (ibid., 5:137); Deuteronomy 233b-284a (ibid., 5:370). 

[73] The Hebrew word is feminine in gender; one can also translate it as “it.” 

[74] Ibid., 3:34. 

[75] Ibid., 5:62. 

[76] Ibid., 2:379. 

[77] Jacob Neusner, transl., Talmud of Babylonia I: Tractate Berakhot (Chico, CA: Scholars Press, 1990), 407. 

[78] Michael A. Morgan, transl., Sepher ha-Razim, The Book of the Mysteries (Chico, CA: Scholars Press, 1983), 81. 

[79] Aryeh Kaplan, The Bahir (York Beach, ME: Samuel Weiser, 1989), 71. 

[80] See Martin Samuel Cohen, The Shicur Qomah: Liturgy and Theurgy in Pre-Kabbalistic Jewish Mysticism (New York: University Press of America, 1983), 248. 

[81] See the following passages in Harry Sperling et al., The Zohar: Gênesis 197a (2:249); Exodus 53b (ibid., 3:164); Exodus 127a (ibid., 3:360); Leviticus 42a (ibid., 5:5); Leviticus 68a-b (ibid., 5:62-63

[82] Both Sefer Haparshiyot, and the Midrash Ki Tov list various patriarchs who were “with God before the creation of the world.” See Rabbi Nissim Wernick’s 1968 Brigham Young University PhD dissertation, “A Critical Analysis of the Book of Abraham in the Light of Extra-Canonical Jewish Writings,” 22. 

[83] Published in Hebrew in Gedulath Mosheh (Amsterdam, 1854) and reprinted in Adolf Jellinek, Beth‑hamiddrash 2, with English translation by Moshe Gaster in his Studies and Texts (reprint, New York: Ktav 1971), 132. 

[84] Midrash Rabbah Exodus 28:4; Tanhuma Yitro 11; Pirqe de Rabbi Eliezer 41; Zohar Gênesis 91a. 

[85] Moses Gaster, The Chronicles of Jerahmeel (reprint, New York: Ktav, 1971), 19. Many Jewish and some Christian texts identify the garden of Éden with God’s heavenly abode. 

[86] Harry Sperling et al., The Zohar, 3:40. 

[87] Ibid., 4:349. The passage is attributed to Rabbi Jose, who then cites Song of Songs 2:17 and explains that “this is a warning to the soul to repent and purify itself before the day of this world shall cool off and be followed by that awful day on which God shall call her to account when she departs from this world.” 

[88] See Zohar Gênesis 227b (ibid., 2:329); Gênesis 233b (ibid., 2:345); Exodus 161b (ibid., 4:57-58).

[89] Zohar Prologue 12b (ibid., 1:53); Exodus 11a-b (ibid., 3:34).

[90] Ibid., 5:6-7. 

[91] Ibid., 3:291

[92] Rabbi Nissim Wernick cited a portion of the text in his “A Critical Analysis of the Book of Abraham in the Light of Extra-Canonical Jewish Writings,” 22.

[93] Isidore Epstein, ed., The Babylonian Talmud (London: Soncino Press, 1948), Seder $ohoroth part 1:212. 

[94] E. S. Drower, The Mandeus of Iraq and Iran (photomechanical reprint, Leiden: E. J. Brill, 1962), 41.

[95] E. S. Drower, The Canonical Prayerbook of the Mandeus (Leiden: Brill, 1959), 54. 

[96] Harry Sperling et al., The Zohar, 3:299-300

[97] Robert Haardt, Gnosis: Character and Testimony, translated by J. F. Hendry (Leiden: Brill, 1971), 385. 

[98] Werner Foerster, Gnosis: A Selection of Gnostic Texts, translated by R. McL. Wilson (Oxford: Clarendon, 1974), 2:254. 

[99] Ibid., 255.

[100] Ibid., 260.

[101] Originally published as “Treasures in the Heavens: Some Early Christian Insights into the Organizing of Worlds,” in Dialogue: A Journal of Mormon Thought 8 (Autumn/Winter 1973): 76-98, and reprinted in Hugh Nibley On the Timely and the Timeless (Provo: BYU Religious Studies Center, 1978), 49-84.

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