Alterações no Livro de Mórmon

Traduzido do Texto de Jeff Lindsay

 

Visão geral

 

Críticos da Igreja têm acusado o Livro de Mórmon como uma fraude por causa das "milhares de mudanças" que nele têm sido feitas ao longo dos anos, como se a Igreja estivesse tentando encobrir alguma discrepância no trabalho de Joseph Smith.  Certamente existiram muitas pequenas mudanças no texto, assim como têm existido no texto da versão do Rei Tiago (assim como outras traduções) ao longo dos anos. Estas mudanças têm sido menores, usualmente triviais, primariamente tratando com pontuação, correção de erros tipográficos e modificação de gramática não padrão a fim de esclarecimento. Eu examinei os alegados "erros" mais sérios apontados pelos críticos e não tenho visto qualquer coisa representando uma real mudança de doutrina ou qualquer coisa que lançaria dúvidas sobre as origens do Livro de Mórmon. Discutirei os principais exemplos abaixo:

 

No começo de 1800 a gramática e ortografia ainda não eram padronizadas (nos USA). Joseph ditou a tradução para escribas que soletraram muitas palavras de maneira que não seriam padrões hoje. Centenas de variações de ortografia tiveram de ser corrigidas na primeira edição e em edições subseqüentes do texto impresso. Por exemplo, "ware sorraful" em I Néfi 7:20 foi mudado para "were sorrowful". Da mesma forma, nós não deveríamos sentir ultrajados ao encontrar Néfi escrevendo em "plates" hoje quando os escribas de Joseph o tinham escrevendo em "plaits" em I Néfi 13:23. Centenas de tais mudanças tem sido necessárias.

 

Alguns anos atrás, Jerald e Sandra Tanner publicou um livro alegando ter identificado 3.000 mudanças entre a edição original de 1830 e a presente versão. Agora eu tenho ouvido falar de um número perto de 4.000 mencionado em e-mail. Qualquer que seja o número, estes críticos estão tentando criar a idéia de que a Igreja tem alguma coisa a esconder sobre o Livro de Mórmon. Os críticos freqüentemente acusam que existe uma grande encenação sobre as mudanças no texto comparado com o Livro de Mórmon original, completamente ignorando o fato que qualquer um pode comprar reimpressões da edição original nas livrarias SUD e que eruditos SUD livremente e abertamente discorrem e escrevem sobre a natureza destas mudanças. Mudanças no texto têm sido discutidas em publicações oficiais da Igreja como a revista "Ensign" e por grupos SUD particulares largamente respeitáveis como a FARMS. Os críticos inferem que a Igreja esteja envergonhada com o Livro de Mórmon original e tem de fazer mudanças nele para "aperfeiçoar" a doutrina ou resolver discrepâncias. Tais argumentos são verdadeiramente desonestos. A força motriz para virtualmente todas as mudanças tem sido (1) para assegurar que o texto impresso é fiel ao manuscrito original e (2) para assegurar que o texto seja acessível e legível. Supostas escapadas do texto original geralmente aconteceram mais ser clarificações ou consertos de gramática desajeitada do que de mudanças doutrinárias.

 

As muitas mudanças que críticos estão tão indignados são correções do mesmo tipo que alguém esperaria ao colocar um documento manuscrito em tipos de uma tecnologia rudimentar e sob circunstâncias difíceis – e em uma época com muitas variedades ortográficas. Muitas das mudanças são devidas ao fato de que o Livro de Mórmon foi ditado para os escribas sem pontuação e sem divisão entre capítulos e versículos - exatamente como alguém esperaria de uma tradução real direta de um texto antigo hebraico ou semítico, escrito sem pontuação.  A falta de pontuação no original exigiu muito trabalho após ter sido todo ditado para depois colocá-lo numa forma apresentável – mas esse trabalho não foi feito para encobrir erros no original e não envolve mudanças de histórias, doutrinas ou qualquer outra coisa semelhante. Inúmeros pequenos erros foram impressos na edição original de 1830 devido a erros em preparação da cópia manual do manuscrito do impressor do manuscrito original e por causa de erros adicionais de impressões. Novamente, muitas das mudanças no Livro de Mórmon ao longo dos anos têm sido necessárias para tornar o texto correspondente mais perfeitamente parecido com o manuscrito original. É simplesmente falso dizer que a Igreja deixou o original ou que existiam discrepâncias grosseiras no manuscrito original que precisavam ser consertadas ou porque elas mostravam ser o Livro de Mórmon uma fraude.

 

Na verdade, muitas das mudanças, incluindo a necessidade de adicionar pontuação e quebra de capítulos, refletem as origens semíticas do Livro de Mórmon. Em muitos casos, sentenças que mostravam clássicas construções e frases hebraicas tornavam-se muito pobres em Inglês, e essas necessitavam de modificação para assegurar a legibilidade. Muitas das mudanças envolvidas envolviam em apagar as redundantes frases "e aconteceu que", uma frase que tem sido apagada muitas vezes na Versão do Rei Tiago e outras traduções do Velho Testamento. As numerosas supressões de "e aconteceu que" nas traduções tanto da Bíblia como do Livro de Mórmon não são devido a qualquer encobrimento dos tradutores, mas porque essa frase semítica comumente usada torna-se muito desajeitada em Inglês (ou qualquer língua moderna). Abaixo, discorrerei outras evidências de origens hebraicas em mudanças requeridas. 

 

As edições impressas e os Manuscritos Originais

 

Eu já mencionei a edição original de 1830, mas houve na verdade uma variedade de edições de 1830 com diferenças extremamente pequenas, geralmente tipográficas introduzidas na impressão. As edições de 1830 foram produzidas sob circunstâncias difíceis incluindo pressão de tempo, perseguição, pobreza e tecnologia rudimentar, fatores que fariam com que pequenos erros fossem difíceis de ser evitados. Por exemplo, no processo de passar de um ditado verbal para um manuscrito original escrito e daí para uma separada cópia manuscrita do impressor para finalmente o conjunto de tipos da versão do livro, houve muitas oportunidades para erros tipográficos e outros erros menores. Uma circunstância difícil era o fato de que o próprio editor era não amigável com a Igreja. Isto pouco fez para que o texto fosse tratado com grande cuidado e respeito durante o processo de publicação. Conforme Joseph Fielding Smith explicou (Respostas para perguntas do Evangelho, Vol.2, p.200),

 

            "Sendo nada amigável, teria sido uma coisa natural para (o editor) permitir alguns erros aparecer. Um cheque cuidadoso da lista de mudanças submetidas pelos... críticos mostram que não há uma só mudança ou adição que não esteja em completa harmonia com o texto original. Mudanças têm sido feitas em pontuação e em alguns outros pequenos problemas que necessitam de correção, mas nunca qualquer alteração ou adição mudou uma simples idéia original. Conforme aparece para nós, as mudanças mencionadas são tais que tornam o texto mais claro e indicam que ela foram omitidas. Tenho certeza de que os erros ou omissões na primeira edição foram em larga medida devido a falta do compositor ou do impressor. Muitos destes erros que estavam nas primeiras provas foram apanhados pelo próprio Joseph Smith e ele fez as correções.

 

O impressor tem mesmo sido citado como dizendo ter permitido muitos erros "não gramaticais" de ser impressos.

 

Uma boa visão geral das várias edições do Livro de Mórmon que têm sido publicadas desde 1830 se encontram num artigo por Royal Skousen na Enciclopédia do Mormonismo, Vol. 1, intitulado "Edições do Livro de Mórmon (1830-1981)," das quais eu coto:

 

     Quatro edições foram publicadas durante a vida de Joseph Smith:

 

 1. 1830: 5.000 cópias; publicado por E.B. Grandin em Palmyra, New York. Em geral, a primeira edição é uma cópia fiel do manuscrito do impressor (embora em uma ocasião o manuscrito original, ao invés da cópia do impressor foi usado para colocação dos tipos). Como um todo, esta edição reproduz o que o compositor, John H. Gilbert considerou "erros" gramaticais. Gilbert acrescentou pontuação e determinou o parafraseamento da primeira edição...Nesta e em todas edições antigas, não havia versificação.

 

2. 1837: 3.000 ou 5.000 cópias; publicado por Parley P. Pratt e John Goodson, Kirtland, Ohio. Para esta edição, centenas de mudanças gramaticais e umas poucas correções foram feitas no texto. A edição de 1830 e o manuscrito do impressor foram usados como base para esta edição.

 

 3. 1840: 2.000 cópias; publicado por Ebenezer Robinson e Don Carlos Smith (por Shepard e Stearns, Cincinati, Ohio), Nauvoo, Illinois. Joseph comparou o texto impresso com o manuscrito original e descobriu um número de erros feitos ao copiar o manuscrito do impressor do original. Dessa forma a edição de 1840 restaura alguns dos escritos do manuscrito original.

 

    4. 1841:… essencialmente uma reimpressão da edição de 1837 com ortografia Britânica.

 

Duas edições adicionais, uma em 1849 (editada por Orson Pratt) e a outra em 1852 (editada por Fraklin D. Richards), mostram pequenas edições do texto. Na edição de 1852, Richards acrescentou números aos parágrafos para ajudar em encontrar as passagens, desta forma criando a primeira - embora primitiva – versificação do Livro de Mórmon. 

 

     Outras três importantes edições SUD envolveram mudanças principais no formato assim como pequenas correções editoriais:

 

 1. 1879: Editado por Orson Pratt. Mudanças principais no formato do texto incluem divisões dos longos capítulos do texto original, um real sistema de versificação (que tem sido seguido em todas edições SUD subseqüentes), e notas de rodapé (a maioria referências escriturísticas).

 

 2. 1920: Editado por James E. Talmage. Mudanças adicionais em formato incluíam material introdutório, colunas duplas, sumários de capítulos e notas novas de rodapé. Algumas pequenas mudanças editoriais encontradas nesta edição apareceram primeiramente nas edições de 1905 e 1911 também sob o trabalho editorial de Talmage.

 

3. 1981: Editado por um comitê encabeçado pelos membros do Quórum dos Doze. Esta edição é principalmente um retrabalho da edição de 1920: O texto aparece novamente em colunas duplas, mas novo material introdutório, sumário de capítulos e notas de rodapé são providenciadas. Cerca de vinte erros textuais significantes que entraram no manuscrito do impressor são corrigidos pela referência do manuscrito original. Outras correções foram feitas em comparação com o manuscrito do impressor e a edição de 1840 de Nauvoo.

 

Para compreender a história de algumas das edições dadas acima, é útil entender a relação entre os dois manuscritos do Livro de Mórmon. Royal Skousen novamente providencia informação útil em seu artigo, "Manuscritos do Livro de Mórmon", na Enciclopédia do Mormonismo, Vol. 1:

 

            As versões impressas do Livro de Mórmon derivam de dois manuscritos. O primeiro, chamado o manuscrito original (O), foi escrito por pelo menos três escribas conforme Joseph traduzia e ditava. O escriba mais importante foi Oliver Cowdery. Este manuscrito começou não mais tarde do que Abril de 1829 e terminou em Junho de 1829.  

 

Uma cópia do original foi então feita por Oliver Cowdery e dois outros escribas. Esta cópia é chamada o manuscrito do impressor (P), uma vez que foi aquela normalmente utilizada para agrupar os tipos da primeira (1830) do Livro de Mórmon. Começou em Julho de 1829 e terminou em Março de 1830.

    

O manuscrito do impressor não é uma cópia exata do manuscrito original. Existem em media três mudanças por página do manuscrito original. Estas mudanças parecem ser erros naturais dos escribas; há pouca ou nenhuma evidência de editoração consciente. As maiorias das mudanças são pequenas e cerca de uma em cada cinco produz uma diferença discernível em significado. Porque são todas relativamente pequenas, a maioria dos erros então introduzidos no texto permaneceram nas edições impressas do Livro de Mórmon e não foram detectadas e corrigidas exceto pela referência ao manuscrito original. Cerca de 20 destes erros foram corrigidos na edição de 1981.

 

O compositor da edição de 1830 acrescentou pontuação, paráfrases, e outras marcas de impressão a cerca de um terço das páginas do manuscrito do impressor. Estas mesmas marcas aparecem em um fragmento do original, indicando que foi utilizado pelo menos uma vez na colocação dos tipos na edição de 1830.

 

Em preparação para a Segunda edição (1837), centenas de mudanças gramaticais e umas poucas correções textuais foram feitas em (P). Após a publicação desta edição, (P) ficou retida por Oliver Cowdery. Após sua morte em 1850, seu cunhado, David Whitmer, guardou (P) até sua morte em 1888. Em 1903 o neto de Whitmer vendeu (P) para a Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, a qual o detém hoje...

 

O manuscrito original não foi consultado para a editoração da edição de 1837. No entanto, ao produzir a edição de 1840, Joseph Smith usou (O) para restaurar algumas de suas leituras originais. Em outubro de 1841, Joseph Smith depositou (O) na colocação da pedra fundamental da Casa de Nauvoo. Mais de quarenta anos mais tarde, Lewis Bidamon, segundo marido de Emma Smith, abriu os alicerces da Casa de Nauvoo e descobriu infiltração de água havia destruído a maior parte do (O). As páginas remanescentes foram entregues a vários indivíduos durante os anos de 1880.

 

Hoje aproximadamente 25% do texto do (O) sobreviveu: 1 Néfi 2 até 2 Néfi 1, com lacunas; Alma 22 até Helamã 3, com lacunas; e uns poucos outros fragmentos. Todas exceto uma das páginas autênticas e fragmentos do (O) são guardados nos arquivos do Departamento Histórico SUD; metade de uma página (com I Néfi 14) é mantida em propriedade da Universidade de Utah.

 

Baseado num exame dos 25% mais ou menos do Manuscrito Original que sobreviveu, pode-se concluir que "Joseph Smith", conforme traduzia, aparentemente nunca voltou para trás a fim de cruzar, checar, revisar ou modificar. As páginas do manuscrito contêm as palavras escritas pelos escribas de Joseph (primariamente Oliver Cowdery) conforme o profeta falava a tradução "(Re-explorando o Livro de Mórmon, p.10)".

 

Natureza das mudanças

 

"Consertando" Hebraísmos: A Influência Aparente de Origens Semíticas

 

A posição SUD é de que o Livro de Mórmon foi traduzido para o Inglês por Joseph Smith. O registro original foi escrito numa língua antiga derivada do Hebreu. Interessantemente, muitas das expressões no manuscrito original não são características do Inglês, mas são típicas do Hebreu e de outras linguagens semíticas, sugerindo que alguns aspectos da tradução foram mais diretos. Muitas das mudanças realizadas no Livro de Mórmon foram devidas à necessidade em fazer com que estruturas de forma Hebraicas melhor se conformassem a expressões idiomáticas do Inglês. Apagando as aparentes redundantes expressões "e aconteceu que" é um exemplo. 

 

Mais interessante é a correção de uma esquisita frase em Alma 46:19 onde Morôni acena o "rasgo de sua túnica." Isto foi mais tarde corrigido para "a parte rasgada de sua túnica," o que faz muito mais sentido. Alguns têm objetado que esta mudança foi uma tentativa de esconder uma discrepância óbvia no texto original. Além do mais, como alguém acenar um rasgo, um corte ou um furo? Mas em Hebreu, isto é uma expressão correta. (Interessantemente, a incomum prática de acenar um vestido rasgado no ar é verificada em outros documentos do Oriente Médio [veja nota de rodapé abaixo].) John Tvedtness explica em BYU Studies, Vol. 11, No. 1 (Outono 1970), p. 50:

 

[Na] edição de 1830 do Livro de Mórmon, lemos que "quando Morôni dissera estas palavras, ele foi entre o povo, acenando o rasgo de sua túnica no ar" (p.351.) Quando a palavra "rasgo" é utilizada como um substantivo em Inglês (assim como comumente em Português), pode se referir a um buraco causado por uma ruptura na roupa, mas não, de meu conhecimento, como uma porção da roupa rasgada; o improvável uso de "rasgo" em Inglês como um substantivo sem nenhuma dúvida contribuiu para o fato que em subseqüentes edições do Livro de Mórmon, foi alterado para se ler "parte rasgada" (Alma 46:19). Mas os hebreus iriam, neste exemplo, usar somente uma palavra, 'qera', "rasgo (parte rasgada)," vindo de 'qara', "ele rasgou, cortou" para substantivos, em hebreu, são derivados de raízes – como são verbos hebraicos – pela adição de certas vogais padrões que as distinguem  de outras partes do discurso.

 

Também digno de nota é a ocorrência da cláusula condicional que é típica do hebraico, mas não encontrada em Inglês, Royal Skousen explica em "A Linguagem Original do Livro de Mórmon: Dialeto do interior do estado de New York , Inglês da Versão do rei Tiago, ou hebraico?," Journal of Book of Mórmon Studies, Vol. 3, No. 1, p. 34:

 

Em Inglês (assim como em Português), temos cláusulas condicionais como "se você vier, então eu virei," com o "então" sendo opcional. Em hebraico esta mesma cláusula é expressa como "se você vier e eu virei." No texto original do Livro de Mórmon, havia pelo menos quatorze ocorrências destas expressões não Inglesas. Uma ocorrência foi acidentalmente removida em I Néfi 17:50 quando Oliver Cowdery estava produzindo o manuscrito do impressor (P) ao copiar do manuscrito original (O):

 

"Se ele me ordenasse que dissesse a esta água converte-te em terra e ela se converteria" (O)

 [isto hoje se lê "E se ele me ordenasse que dissesse a esta água, converte-te em terra, ela se converteria..."]

 

As remanescentes treze ocorrências foram todas removidas por Joseph Smith em sua editoração para a segunda edição [1837], incluindo esta da famosa passagem em Morôni 10:4:

 

"e se perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo e ele vos manifestará a verdade delas" [hoje se lê “e se perguntardes com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo, ele vos manifestará  a verdade delas” – um “e” foi suprimido].

 

Este uso do "e" não é devido a erro do escriba, uma vez especialmente que esta expressão "se – e" ocorre sete vezes em uma única breve passagem, Helamã 12:13-21 [manuscrito original]:

 

13 Sim, e se ele diz à Terra mova e ela se move...

 

14 Sim, e se ele diz à Terra – volta para trás a fim de que se prolongue o dia por muitas horas e isso é feito...

 

16 E eis também que se ele diz às águas do abismo – Secai – e assim sucede...

    

17 Eis que se diz a esta montanha ergue-te e vai e cai sobre aquela cidade, para que seja soterrada e eis que assim se sucede...

    

19 E se o Senhor disser amaldiçoado seja para que ninguém jamais te encontre a partir deste dia  e eis que homem algum jamais o encontrará...

    

20 E eis que se o Senhor disser a um homem em virtude de tuas iniqüidades tu serás amaldiçoado para sempre  e assim será ...

    

21 E se o Senhor disser a um homem em virtude de tuas iniqüidades tu serás amaldiçoado para sempre e assim será

     [Todos esses exemplos foram alterados na edição de 1837 a fim de ser mais gramatical em Inglês ao remover o extra “e” e acrescentando pontuação apropriada.]

Skousen também explora o uso original no Livro de Mórmon do “e aconteceu que", encontrando muitos paralelos com o uso hebraico do termo “way’hi” significando “e aconteceu".Ele descobre que usos de frases que soam esquisito no texto original que desde então foram apagadas são consistentes com o uso hebraico e têm paralelos na Bíblia onde os tradutores do Rei Tiago suprimiram aquela expressão em casos semelhantes para uma melhor gramática Inglesa. Skousen conclui (p.38):   

 

O que é importante aqui é perceber que o texto original do Livro de Mórmon aparentemente contém expressões que não são características do Inglês em qualquer lugar ou tempo, em particular nem ao dialeto do interior do Estado de Nova York de Joseph Smith nem a Bíblia do Rei Tiago. Subseqüentes editorações do texto para o Inglês padrão têm sistematicamente removido estas estranhas expressões não inglesas do texto – as mesmas expressões que providenciam o mais forte suporte para a hipótese de que o Livro de Mórmon é uma tradução literal de um texto não Inglês. Mais, os potenciais hebraísmos encontrados no texto original são consistentes com a crença, mas não provam, que a origem do texto está relacionado com a linguagem da Bíblia Hebraica.

 

Alterações para esclarecimento de sentido

 

Apenas um punhado de mudanças pode ser dito ter alguma significância potencial, ainda estes podem ser explicados e justificados como adições editoriais para aperfeiçoar a compreensão do texto.

 

Deus ou o Filho de Deus?

 

A mais comumente mudança criticada envolve o esclarecimento três vezes de que membro da Deidade estava se referindo em uma passagem (I Néfi 11) descrevendo o futuro ministério de Cristo e a “condescendência de Deus.” Robert L. Millet explica o que foi alterado em O Poder da Palavra: Doutrinas de Salvação do Livro de Mórmon, Salt Lake City: Deseret Book Company (1994), pp. 11-12:

 

A condescendência de Deus o Filho consiste na vinda à Terra do grande Jeová, o Senhor Deus Onipotente, o Deus dos antigos. A edição de 1830 do Livro de Mórmon contém as seguintes palavras do anjo para Néfi: “Eis, que a virgem que vês é a mãe de Deus, segundo a carne” (I Néfi 11:18). O anjo mais adiante disse a Néfi concernente a visão do infante Cristo, “Eis o Cordeiro de Deus, sim, o Pai Eterno!” (I Néfi 11:21; compare com I Néfi 13:40, edição de 1830, onde a condição de Filho é mais bem declarada). Mais tarde na mesma visão do ministério de Cristo, o anjo falou, dizendo, “Olha! E olhei,” Néfi acrescenta, “e vi o Cordeiro de Deus ser levado pelo povo; sim, o Deus eterno foi julgado pelo mundo; e vi e testifico” (I Néfi 11:32). Na edição de 1837 do Livro de Mórmon, Joseph Smith o profeta mudou estes versículos para que se lesse “a mãe do Filho de Deus,”  “o Filho do Pai Eterno” e “o Filho do Eterno Deus,” respectivamente. Parece que o profeta fez estas alterações textuais a fim de assistir os Santos dos Últimos Dias na total compreensão do sentido destas expressões.

 

Também pode ser que Joseph alterou estes versículos para certificar-se que nenhum leitor – membro ou não membro – pudesse confundir a compreensão dos Santos dos Últimos Dias do Pai e do Filho com aquela de outras denominações cristãs, particularmente da Igreja Católica Romana. Veja um artigo por Oliver Cowdery, “Problemas no Oeste,” no Mensageiro e Advogado dos Santos dos Últimos Dias, I (Abril 1835), p. 105. [Este parágrafo é uma nota de rodapé do parágrafo anterior no livro de Millet.]

 

Hugh Nibley também discorre sobre estas mudanças (Since Cumorah, p. 6):

 

Na primeira edição Maria é referida como a “mãe de Deus, segundo a carne” (I Néfi 11:18); a inserção em edições posteriores de “do Filho de Deus” é simplesmente inserida para deixar claro que a segunda pessoa da Deidade está sendo referida, e portanto evitar confusão, uma vez que durante as controvérsias teológicas do começo da Idade Média a expressão “mãe de Deus” tomou uma conotação especial o qual perdura para muitos cristãos.

 

Três versículos adiante (I Néfi 11:21), a declaração do anjo, “Eis o Cordeiro de Deus, sim, mesmo o Pai Eterno!” tem sido remodelado em edições posteriores para “mesmo o Filho do Pai Eterno!” para evitar confusão: nesta passagem o Pai Eterno está possivelmente em aposição não ao “Cordeiro” mas a “Deus” – ele é o Cordeiro de Deus-o-Pai-Eterno. Mas isso poderia não ser óbvio para a maioria dos leitores, e então para evitar confusão, e sem ao mínimo alterar o sentido do texto, o Cordeiro de Deus é feito equivalente ao Filho do Pai Eterno. Ambas idéias estão bem corretas e não há conflitos entre elas.

 

Muitos críticos têm tentado dizer que Joseph originalmente acreditava no conceito Trinitarista de Deus quando ele escreveu o Livro de Mórmon, mas posteriormente mudou de idéia e mudou o texto para indicar que Deus e o Filho de Deus são personagens distintos. Este argumento é sem fundamento. O manuscrito original (O) e cada versão impressa do Livro de Mórmon tornam claro em múltiplas passagens que Cristo e Deus são seres distintos (e.g. 2 Néfi 25 e 2 Néfi 31). Até mesmo no capítulo onde Joseph Smith fez as alterações, o Manuscrito Original e o atual Livro de Mórmon falam do Messias como o Filho de Deus, no versículo 24 de I Néfi lemos: "E eu olhei, e observei o Filho de Deus indo entre os filhos dos homens; e vi muitos caindo aos seus pés e adorando-o." Isto está consistente com as alterações feitas por Joseph. Não há nenhuma mudança de sentido, apenas uma clarificação auxiliar para leitores modernos.

 

Embora Deus o Pai e Cristo sejam seres distintos, Cristo como um membro da Deidade perfeitamente unida pode sustentar o título de "Deus" assim como de "Pai Eterno." Os escritores do Livro de Mórmon viveram muito tempo antes que a confusa, pós-bíblica doutrina neo-Platônica da Trindade tivesse sido formulada. Eles podiam usar os vários títulos de Cristo sem se confundirem no que queriam dizer (compare Mosías 15:4; 16:15; Alma 11:38-39). No entanto, para o benefício de leitores modernos as alterações anotadas acima no Livro de Mórmon ajudam a eliminar potenciais confusões.

 

Águas do Batismo

 

Uma outra alteração significativa argüida ocorre em I Néfi 20:1, onde Isaías é cotado. Após a referência de Israel vindo "das águas de Judá", Joseph Smith posteriormente inseriu a frase "ou das águas do batismo" a fim de esclarecer, não mudar o que o texto quisesse dizer.

 

Rei Benjamim ou Mosías: Um erro corrigido?

 

Uma mudança parece corrigir um erro num nome dado na edição de 1830. Morôni, lá para o fim do Livro de Mórmon, dá uma história condensada dos Jareditas no Livro de Éter. Em Éter 4:1, a edição de 1839 refere-se a algumas profecias do irmão de Jared que não eram para ser disponíveis ao público até depois da vinda de Cristo. Aquele versículo indicava que o Rei Benjamim guardou aquelas profecias do conhecimento comum, mas uma edição posterior mudou o nome para Rei Mosías, que traduziu o registro do irmão de Jared. Parece que o Rei Benjamim morreu no ano que Mosías recebeu o registro Jaredita, e faz sentido que foi Mosías quem controlou a distribuição da tradução, não o seu idoso pai. Então, podemos ter um exemplo de um erro real que pode mesmo ter ocorrido nas placas originais. Entretanto, Hugh Nibley acha que o editor posterior que fez a alteração (Benjamin para Mosías) poderia ter feito melhor em deixar o erro aparente sem correção. 

 

Era necessário mudar o nome de Benjamin (na primeira edição) para Mosías nas edições posteriores de Éter 4:1? Provavelmente não, embora seja certo que Mosías guardou os registros em questão, não é de nenhuma maneira certa que seu pai, Benjamim, não tomou parte também em conservá-los. Era Benjamim quem mostrava o zelo de uma longa-vida de amante dos livros e no estudo e conservação de registros; e após ter entregado ele o seu trono ao seu filho Mosías ele viveu ou pode bem ter dependido muitos dias entre seus amados registros. E entre estes registros poderiam ter estado as placas jareditas, as quais foram trazidas para Zarahemla no começo do quarto ano do reinado de Mosías quando seu pai poderia ainda estar vivendo (Mosías 8:9-15).

 

A alteração em Éter 4:1 é a mais problemática de que estou ciente, pois aponta para um erro factual genuíno. O erro poderia ser da parte de um editor posterior (uma desnecessária mudança de nomes? Por que alterá-lo, mesmo se ele parecesse errado?), de Joseph Smith (ditou o nome errado?), ou de Morôni (um deslize?), mas em qualquer evento, um erro foi cometido – exatamente como a página título do Livro de Mórmon indica como uma possibilidade: "E agora, se existem faltas elas são erros de homens; portanto, não condeneis as coisas de Deus..." Embora considere esta mudança como problemática, é ainda inteiramente trivial. O nome mencionado em Éter 4:1 é um detalhe menor de nenhuma significância. Não muda nada sobre a mensagem do Livro nem altera nossa compreensão da história de Benjamim e Mosías. Mostra que o Livro de Mórmon não é completamente infalível, mas ninguém jamais disse que o era. Um deslize de língua, caneta ou estilo não invalida um livro sagrado. Na minha opinião, a maior questão levantada pelo aparente erro em Éter 4:1 é o que o Rei Benjamim estava fazendo após Mosías ter traduzido o registro jaredita: estava ele morto ou convalescente, ou estava ele ativamente trabalhando com os registros sagrados, incluindo o texto jaredita, enquanto seu filho assumia o trono? (Pessoalmente, I suspeito que Éter 4:1 deveria ter dito Mosías ao invés de Benjamim, mas se estava Benjamim no manuscrito original [infelizmente este pedaço está perdido...], preferia deixar lá como Benjamim).

 

 

Júbilo ou Inimigos (Joy ou Foes): O Problema da escrita à mão

 

Alma 57:25 fala do milagre que ocorreu quando 2060 jovens fiéis lamanitas foram protegidos durante uma terrível batalha. Ela diz, "E para nosso grande assombro, e também para júbilo de nosso inteiro exército, não havia uma só alma deles que havia perecido".A palavra "júbilo"('joy') foi acrescentada em 1891, tomando o lugar da palavra "inimigos"('foes') a qual estivera em todas as versões anteriores do Livro de Mórmon. Críticos da Igreja reclamam tolamente, mas a escrita à mão do manuscrito do impressor é difícil de ler neste ponto e os primeiros tipógrafos e corregedores de texto aparentemente pensaram que dizia "inimigos"('foes').Um exame cuidadoso do manuscrito, entretanto, mostrou que a palavra é realmente "júbilo"('joy'). (Robert J. Matthews, "Por que têm sido feitas alterações nas Edições Impressas do Livro de Mórmon?," The Ensign, Março 1987, pp. 47-48). A palavra "inimigos"('foes') faz sentido, mas "júbilo"('joy') faz ainda mais sentido naquela passagem. Tenho visto escritas manuais antigas onde "j" se parece muito com "f" e "y" parece bem estranho, então posso imaginar como surgiu o problema.

 

Alterações entre o manuscrito do Impressor e o Manuscrito Original

 

Enquanto alterações nas versões impressas do Livro de Mórmon têm recebido a maioria das atenções, existem algumas diferenças entre o Manuscrito do Impressor (P) e o Manuscrito Original (O). Uma visão geral das diferenças é dada em Reexplorando o Livro de Mórmon, pp. 10-11:

 

Algumas dúzias de diferenças entre o Manuscrito Original e o Manuscrito do Impressor, nunca antes notadas, têm sido detectadas. Por exemplo, Zenock e grafado "Zenoch" no manuscrito original (esta grafia compara-se com aquela de Enoch, em Inglês). Em Alma 51:15, o Manuscrito Original relata que Morôni enviou uma petição ao governador "desejando que ele deveria    (heed it)." A edição de 1830 dispõe esta frase como "desejando que ele deveria lê-la (read it)". Em Alma 54:17, o Manuscrito Original faz a asserção de que os Lamanitas declaravam que o governo "justamente (rightfully) lhes pertenciam". No manuscrito do Impressor, esta palavra torna-se "prontamente" (rightly). Em outros exemplos, "forçando (pressing) seus caminhos" viram "sentindo (felling) seus" caminhos" (I Néfi 8:31), um "foram" (were) transforma-se em "foi" (was) (1 Néfi 13:12), e um "deverá" (shall) torna-se um "deveria" (should ) (1 Néfi 17:50). "Ouvi e vede" torna-se "vede e ouvi" (1 Néfi 20:6), e a "mais pobre classe do povo" torna-se a "a classe pobre do povo" (Alma 32:2).

 

Analisando as alterações rende algumas observações importantes sobre os manuscritos:

 

1. As diferenças entre o Manuscrito Original e o Manuscrito do Impressor são poucas. Apenas cerca de uma diferença por página de manuscrito existe – de longe muito menos do que alguém pudesse ter esperado.

 

2. As diferenças entre o Manuscrito do Impressor e o Manuscrito Original são pequenas, e a maioria dos erros são erros naturais de transcrição. O Manuscrito do Impressor não mostra nenhum sinal de qualquer editoração consciente da parte de Oliver Cowdery. Estes manuscritos mostram que ele foi cuidadoso em reproduzir exatamente o que tinha sido rapidamente escrito no Manuscrito Original.

 

3. Tão bom quanto o Manuscrito do Impressor é, o Manuscrito original é ainda melhor. Das trinta e sete diferenças na transcrição observadas até agora, dezessete delas mostram que a leitura no manuscrito do impressor tornara-se mais desajeitada ou imprópria gramaticalmente ou não usual. Em apenas sete casos era o Manuscrito Original mais difícil de entender, devido, por exemplo, a ortografias atípicas ou gramáticas estranhas (como hebraísmos).

 

4. Surpreendentemente, os erros copiados no Manuscrito do Impressor tendem a tornar o texto mais curto ao invés de mais longo. Das trinta e sete diferenças, apenas duas mudaram uma palavra mais curta para uma mais longa, enquanto em sete casos uma palavra mais longa foi contraída para uma mais curta. Isto é intrigante porque pessoas trabalhando com manuscritos bíblicos geralmente assumem que os textos tendem a crescer à medida que transmissões dos escribas as alteram. A experiência de Oliver Cowdery manifesta uma tendência oposta.

 

Acima de tudo, um exame cuidadoso destes manuscritos rende evidência sólida de que Oliver Cowdery foi verdadeiro ao seu chamado como um escriba. Embora muito do Manuscrito Original não sobreviveu, podemos razoavelmente estimar que Oliver copiou o Livro de Mórmon para o Manuscrito do Impressor com apenas 140 diferenças – todas elas aparentemente simples deslizes da mão ou do olho. Considerando a tarefa de escrever com uma pena de tinteiro e a magnitude do trabalho, a acuidade da transcrição de Oliver parece quase fenomenal.

 

Baseado numa pesquisa por Royal Skousen, Dezembro de 1988. Trabalhos com os manuscritos do Livro de Mórmon continuam. Para o último relato detalhado, veja Royal Skousen, "Em direção a uma Edição Crítica do Livro de Mórmon", BYU Studies 30 (Inverno de 1990): 41-69. Para informações sobre as mais recentes descobertas de vários fragmentos do Manuscrito origianl, veja o periódico da F.A.R.M.S., Insights (Janeiro de 1991).

 

Hugh Nibley providencia uma visão geral das mudanças introduzidas na impressão do Livro de Mórmon em "A Partir de Cumorah, pp. 3-5":

 

Por que, então tem os críticos se escandalizados e se deleitados em descobrir que a segunda edição do Livro de Mórmon corrigiu muitos erros da primeira? Por anos este escritor apenas usou a primeira edição em suas aulas, e ainda é de longe a melhor. Está cheio de erros, mas estes são óbvios. De acordo com o impressor, J.H. Gilbert, Joseph Smith lhe disse para deixar a gramática inalterada, uma vez que o "Velho Testamento é não gramatical." [ A declaração de Gilbert encontra-se na Primeira Impressão do Livro de Mórmon p.2, um memorando feito por John H. Gilbert, 8 de Setembro de 1892; original nos arquivos da Igreja SUD; reimpresso em Wilford C. Wood, Joseph Smith inicia seu trabalho (Salt Lake City: Deseret, 1958), 1: [xxviii].] Conforme veremos, estudos recentes dos profetas do Velho Testamento mostram que freqüentemente eles misturavam suas pessoas, números e tempos verbais em discursos fervorosos, exatamente como Abinadi faz na primeira edição do Livro de Mórmon páginas 182-83. Por outro lado, o Profeta deu a Gilbert carta branca com relação à pontuação e ortografia: "O Manuscrito", diz o impressor, "formava um sólido parágrafo, sem sinais de pontuação do começo ao fim." Imaginem 600 páginas disto! Como pode isto ser explicado exceto com a suposição de que o texto foi realmente ditado palavra por palavra por um homem sem educação formal para um outro? Não era nenhum ardil ou truque, desde que ninguém, mas o próprio impressor tivesse mencionado isto, e ele foi autorizado a corrigir o manuscrito onde achasse necessário. O manuscrito utilizado pelo impressor está hoje disponível, e mostra que Mr. Gilbert tomou algumas liberdades com o texto. Acreditamos ser Joseph Smith responsável quando lemos na primeira edição na página 69 cinco linhas a partir de baixo, "For my soul deliteth in the Scriptures" e apenas duas linhas abaixo que, "Behold my soul delighteth in the Scriptures?" Desde que pela sua própria admissão o impressor foi autorizado a corrigir a ortografia, não é ele culpado de colocar na quinta linha a partir de baixo da página 180: "Lamoni rehearst unto him" e na última linha de baixo "Now when Lamoni had rehearsed unto him".Ou quem é responsável pelo "peeple" (ao invés de "people") na página 127, após a palavra ter sido grafada corretamente uma centena d evezes? Se o impressor estivesse corrigindo a ortografia de Oliver Cowdery ele deveria ter corrigido estes errros; se não, o prórpio Cowdery tivera obviamente cometido deslizes e qualquer editor não estava apenas livre para corrigir os deslizes, mas também para ignorá-los. Se o impressor escolhe usar ou omitir um hífen ou uma vírgula é uma questão de pontuação e inteiramente dependente dele mesmo. "Havia alguns erros de impressão", escreveu Joseph Smith, e alguns ainda levantam suas mãos com horror, como se não existissem erros de impressão a serem encontrados em quase qualquer edição da Bíblia. 

 

Um erro ocasional de impressão na Bíblia não perturba ninguém, tanto porque é esperado de acontecer e fácil de ser corrigido. Mudanças nas palavras para clarificar o Inglês também causam pouca ofensa. "A-going" e "a-journey" (Livro e Mórmon primeira edição, página 249) eram perfeitamente aceitáveis em uso na época e no local de Joseph Smith, mas não mais: conseqüentemente nós as alteramos nas edições modernas para não confundir os jovens, embora para este autor "a-going" e "a-journey" tem uma bela cor e sonoridade – uma vovó americana sempre falou desta forma. Na sua Bíblia em Inglês você encontrará muitas palavras em itálicos, estas são todas palavras não encontradas no original, e elas variam de edição para edição: elas são lá colocadas pelos vários tradutores numa tentativa de conceber tão claro quanto possível o que o pensamento dos escritores originais tinham em mente. Então você encontrará no mesmo segundo versículo de sua Bíblia do Rei Tiago a palavra "was" (foi) em itálicos – porque nos textos hebreus a palavra "was" (foi) simplesmente não está lá, mas a fim de fazer um bom Inglês ela tem de lá ser inserida. Se os homens podem tomar tais liberdades com a Bíblia, enquanto sustentando que ela seja um livro infalível, porque não deveríamos ser permitidos a mesma liberdade com o Livro de Mórmon o qual ninguém clama ser infalível?

 

Mudanças na Palavra de Deus? Uma Perspectiva Bíblica.

 

Muitos dos argumentos usados para rejeitar o Livro de Mórmon rejeitariam também a Bíblia. Meu conselho: cuidado ao rejeitar alguma coisa de Deus por causa dos argumentos dos homens. Existem erros de escribas na Bíblia? Têm havido mudanças nas traduções bíblicas? Têm havido alterações nas traduções bíblicas? Têm havido erros tipográficos? Há contradições aparentes no texto? A Resposta é sim! (veja o sítio: http://www.skepticsannotatedbible.com/contradictions.html onde uma lista de 300 aparentes contradições são levantadas – recomendo este “site” com ressalvas, não concordo com o cepticismo ferrenho dos autores, mas pelo menos serve para mostrar que a Bíblia não é infalível em seu texto) – mas a resposta é também que eles não são problemas sérios. Erros de copistas, erros de tradutores, erros de impressores são razões inadequadas para rejeitar a Bíblia. É difícil aceitar a Bíblia como infalível – como perfeitamente correta em cada palavra de cada versículo – mas a Bíblia não faz tal alegação! O alicerce da Igreja não é textos imaculados, mas revelação divina que serve como leme para firmar a direção da Igreja de Deus (Efésios 4:11-14). Santos dos Últimos Dias não acreditam em textos infalíveis e reconhecem que erros possam existir. Se for o caso, estes são erros humanos, não de Deus. Deus pode consertar qualquer dano causado pelos homens ao providenciar revelação apropriada quando necessário.  

 

Joseph Fielding Smith coloca isto bem:

 

Têm havido milhares de alterações na Bíblia em anos recentes, mas as pessoas não parecem reclamar sobre isso. Temos livros em nossa biblioteca por ateus que tratam a Bíblia no mesmo espírito que estes críticos tratam o Livro de Mórmon, mas seus criticismo não provam ser a Bíblia falsa. Todos sabemos que existem contradições na Bíblia e muitas interpretações errôneas, mas nós não saímos por aí encontrando erros e condenando a Bíblia porque estas coisas ocorrem. Existem passagens onde os autores dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas relatam as mesmas histórias diferentemente em suas interpretações, ou em seus detalhes relativos a importantes eventos, Deveremos atirar a Bíblia fora por causa disto? Verdadeiramente não!

 

 (Respostas a Questões do Evangelho, Vol 2, p. 200)

 

Erros tipográficos têm ocorrido em muitos testos bíblicos, especialmente nos dias antigos de colocação dos tipos à mão. Eruditos Britânicos têm feito muitas correções e revisões na Bíblia do Rei Tiago desde sua primeira impressão em 1611. Um óbvio, mas pouco conhecido resultado é que muitas palavras estão agora em itálicos, indicando que a palavra foi "acrescentada" ao texto para esclarecimento de sentido ou auxiliar no fluxo de pensamento. Por exemplo, em 1611, havia 43 palavras em itálicos no Evangelho de Mateus, mas pelo ano de 1870 revisões editoriais ao texto resultaram em 583 palavras em itálicos em Mateus (P. Marion Simms, A Bíblia na América, New York: Wilson-Erickson, 1936, p. 97, conforme citado por Robert J. Matthews, "Por que alterações foram feitas nas Edições Impressas do Livro de Mórmon?," The Ensign, Março de 1987, pp.47-48). Alguém já viu os Tanners ou outros críticos SUD expressarem tal indignação sobre tais mudanças na Bíblia? Além do mais, se tivéssemos quaisquer dos textos ORIGINAIS dos autores da Bíblia, nós certamente veríamos muitas pequenas mudanças relativas ao vários manuscritos bíblicos que possuímos hoje, pois já há muitas diferenças óbvias entre os múltiplos documentos existentes. Se realmente encontrássemos manuscritos originais e pudéssemos fazer as requeridas, esperançosamente pequenas mudanças no texto para traze-lo mais perto do original, o mundo deveria rejubilar-se – não se inclinar contra como alguns críticos fazem em relação às correções do Livro de Mórmon. Finalmente, deixe-me terminar com uma outra citação de Nibley (Since Cumorah, p; 7):

 

A primeira edição do Livro de Mórmon, embora a mais legível, não é a versão padrão hoje. Isto porque é difícil de usar, com seus longos capítulos e falta de versículos numerados, e a gramática é algumas vezes perturbadora para nós. Perturbadora, mas não enganosa – este é o ponto. Muito do Novo Testamento está em péssimo grego, e os antigos pagãos freqüentemente riam da inaptidão literária e horrível gramática dos Discípulos; ainda que em nossa Bíblia em Inglês suas gramáticas estão meticulosamente corretas. É isto uma indicação de desonestidade? Não mais do que a pobre gramática dos antigos apóstolos fosse prova de que não eram inspirados. Se indicar alguma coisa, a pobre gramática de Joseph Smith serve de propósito como prova, como foram as deles, que as palavras inspiradas dos profetas não foram produtos de escolas ou da invenção de homens inteligentes e espertos.

 

Outros links sugeridos:

 

Early Texts of The Book of Mormon," an article by Stan Larson printed in the Ensign, September 1976, pp.

77-82, now available at Mike Parker's LDS Library.

 

           Back to the LDS FAQ Index

 

Michael Ash's Book of Mormon Changes Page - an excellent resource! Also discusses the role of Hebraisms and

the poverty of the critics' attacks on changes in the Book of Mormon. Part of Mike's Mormon Fortress.

 

My Book of Mormon Evidences Page

 

Introduction to the Book of Mormon

 

Introduction to the LDS Church

 

The "Official" LDS Web Site

 

Jeff Lindsay's Home Page

 

 

 

Nota de Rodapé sobre Acenando as Túnicas Rasgadas.

 

O seguinte é uma citação da Enciclopédia do Mormonismo, Vol. 1, "Origens do Oriente Próximo para o Livro de Mórmon:"

 

            Entre extensos relatos conectados, Morôni [o primeiro Morôni] (c. 75 A.C.), liderando um levante contra um opressor, "foi adiante entre o povo acenando a parte rasgada de sua túnica" para mostrar o escrito nele (Alma 46:19-20). O legendário herói Persa Kawe fez a mesma coisa com sua túnica. Os homens de Morôni "vieram correndo... rasgando seus vestidos... como um convênio [dizendo]...possa [Deus] lançar-nos aos pés de nossos inimigos...para sermos pisoteados" (Alma 46:21-22). Tanto o rasgo como o pisotear sobre os vestidos eram práticas antigas (Collected Works of Hugh Nibley, 6:216-18; 7:198-202; 8:92-95). A inscrição no estandarte, "em memória de nosso Deus, nossa religião, e nossa paz, nossas esposas e nossos filhos" (Alma 46:12), é semelhante aos estandartes e trombetas dos exércitos no Pergaminho da Batalha do Mar Morto ([IQM] iii. 1-iv.2). Antes da batalha Morôni vai adiante do exército e dedica a terra do sul como Desolação, e o resto ele nomeia "uma terra escolhida, e uma terra de liberdade" (Alma 46:17). No Pergaminho da Batalha ([1 QM] vii. 8ff.) o sumo sacerdote semelhantemente vai adiante do exército e dedica a terra do inimigo à destruição e aquela de Israel à salvação (Collected Works of Hugh Nibley 6:213-16). Morôni compara seu estandarte de túnica rasgada a capa de José, metade da qual foi preservada e metade destruída: "Lembremos as palavras de Jacó, antes de sua morte... assim como um remanescente desta (capa) havia sido preservado, assim um remanescente de (José) será preservado".Assim Jacó teve tanto "pesar... [e] júbilo" ao mesmo tempo (Alma 46:24-25). Uma história quase idêntica é contada pelo sábio do décimo século Tha'labi, o colecionador de tradições de refugiados Judeus na Pérsia (Collected Works of Hugh Nibley 6:209-21; 8:249, 280-81).