Questões respondidas nesta página:

 

1)         Não inventou Joseph histórias de visões divinas anteriores em 1838, muito tempo depois de que os ditos eventos tivessem acontecido?

 

2)         Contradizem as várias versões da Primeira Visão umas às outras?

 

3)         Há erros históricos no relato da Primeira Visão de Joseph?

 

4)         Não é esquisito existir diferentes versões da história da Primeira visão?

 

5)         Joseph Smith uniu-se a uma outra igreja em 1828?

 

6)         Não acreditava Joseph de que Deus e Cristo fossem uma só pessoa até algum tempo perto de 1838?

 

 

1)         Não inventou Joseph histórias de visões divinas anteriores em 1838, muito tempo depois de que os ditos eventos tivessem acontecido?

 

Este tem sido um tema comum de alguns escritores anti-Mórmons neste século, incluindo Fawn Brodie e muitos outros. Eles alegam que as histórias de anjos e visitações celestiais não foram "inventadas" senão até muito tempo depois Joseph tivesse escrito o Livro de Mórmon e organizasse a igreja, e que Joseph fabricou estes relatos para dar maior glória a sua posição como líder da Igreja. Fawn Brodie escreveu que Joseph veio com as histórias de anjos em 1834 em resposta às acusações feitas por E.D. Howe, um dos primeiros escritores antimórmons. Se os relatos de Joseph sobre visitações angélicas foram fabricados em resposta de publicações de críticos, devemos nos perguntar como os críticos sabiam de tais eventos em primeiro lugar. E.D. Howe cita Ezra Booth como tendo dito em 1831 que Joseph descrevia "um anjo, como tendo a aparência de um homem belo, bem afeiçoado, magro e alto, com um pilar brilhante sobre sua cabeça" (Howe, Mormonismo Desvendado, p. 187). Se Joseph estava dizendo as pessoas sobre visões divinas – até mesmo incluindo o pilar de luz – como pode Brodie dizer que ele esperou até anos mais tarde para fabricar aquela história? Howe não reporta a Primeira Visão propriamente dita, mas realmente expressa sua relutância em relatar qualquer dos contos supernaturais de Joseph (ibid., pp. 75-76, conforme citado por H. Nibley, Collected Works, vol. 11, p. 80). O periódico Advertiser and Telegraph de Rochester de 31 de Agosto de 1829 (conforme citado por Nibley, Collected Works, Vol. 11, p. 82) registrou que em 1827, Joseph Smith "tinha sido visitado num sonho pelo espírito do Todo Poderoso" e dado informações sobre a Bíblia de ouro. Outros exemplos similares citados por Nibley mostram que o Livro de Mórmon tinha mais a aura de supernatural (incluindo visitações angélicas) mesmo antes de sua publicação do que uma pós-idéia inventada anos mais tarde.

Outras publicações críticas da época referiam-se às declarações de Joseph e outras visitações angélicas, e de conversação pessoal com Cristo e com o Deus Todo-Poderoso.  Estas histórias estavam circulando muito tempo antes do que escritores antimórmons modernos alegam sobre quando Joseph veio com tais idéias. Um exemplo vem de uma sátira antimórmon de 1829 por Abner Cole, que escreveu uma série de artigos chamados "O Livro de Pukei" para um jornal de Palmyra. A sátira zombava de muitos aspectos do Livro de Mórmon, incluindo a Primeira Visão. A sátira é evidência de que as histórias da primeira visão de Joseph eram conhecidas e comentadas em 1829 (Russell C. McGregor e Kerry  A. Shirts, "Cartas a um Anti-Mórmon, "FARMS Review of Books, Vol.11, No. 1, 1999, p. 160).  (Para refutações dos argumentos relatados sobre a cronologia da História de Joseph Smith, por favor veja McGregor & Shirts, pp. 154-171.)

É verdade que nós pouco temos nos escritos Joseph Smith antes de 1832, quando ele escreveu seu mais antigo relato da Primeira Visão, e é verdade que o principal relato que nós usamos da Primeira Visão de 1820 foi escrito em 1838. Devemos lembrar que as histórias das visitações celestiais eram também sagradas, privadas e controvertidas, de tal forma que ele não tivesse qualquer incentivo em publicá-las naquela época. Sua primeira experiência em contar a um ministro sobre elas em público levou a imediata perseguição, perseguição que persistiu ao longo de toda sua vida. Todavia, nós temos realmente evidências de que ele contou a outros de sua experiência muito tempo antes de 1832, incluindo ampla evidência de que suas histórias de visitações angélicas e divinas foram a principal razão de perseguições que ele enfrentou antes de 1832. (Um número de artigos tratando deste tópico pode ser requisitado da FARMS. Adicionarei mais informações tão logo depois de lê-las e o tempo permitir).

            Algum membro SUD pode ter ficado realmente surpresos quando Jerald e Sandra Tanner distribuíram um relatório em 1961 declarando que eles haviam "descoberto que os ensinamentos de que Deus o Pai e seu Filho Jesus Cristo apareceram a Joseph Smith não fazia parte da doutrinas da Igreja inicialmente até depois da morte de Brigham Young" ("Joseph Smith relatos da Primeira Visão, "Jerald e Sandra Tanner, disponível na biblioteca da BYU, conforme citado por Nybley, Collected Works, Vol. 11, p. 89). Eles cotam Brigham Young como dizendo:

            "O Senhor não veio... . Mas enviou seu anjo para esta mesma pessoa obscura, Joseph Smith Jr., ... e informou-o de que ele não deveria filiar-se a qualquer dos cultos religiosos existentes, pois estavam todos eles errados."

O que Brigham young realmente disse no Journal of Discourses, Vol. 2, p. 171, é isto:

         Mas como era nos dias de nosso Salvador, assim foi no advento desta nova dispensação. Não estava de acordo com as noções, tradições e idéias pré-concebidas do povo Americano. O mensageiro não veio para uma eminente divina de qualquer  das tão chamadas ortodoxias, ele não adaptou suas interpretações das Sagradas Escrituras. O Senhor não veio com os exércitos do céu em poder e grande glória, nem enviou seus mensageiros pomposamente com nada mais do que a verdade dos céus, para comunicar-se ao manso, o pequeno, jovem de origem humilde, o sincero inquiridor por conhecimento de Deus. Mas ele enviou seu anjo a esta mesma obscura pessoa, Joseph Smith Jr., o qual depois se tornou um Profeta, Vidente e Revelador, e informou-o que ele não deveria filiar-se a qualquer dos cultos religiosos existentes, pois estavam todos eles errados; que estavam eles seguindo os preceitos dos homens ao invés do Senhor Jesus; que ele tinha um trabalho para ele realizar, na medida em que ele provasse fidelidade diante Dele.

Brigham não nega que o Senhor apareceu nem que ele enviou anjos, mas diz que estas duas formas de revelação não ocorreram  de uma forma determinada – com visível pompa e esplendor a partir dos exércitos celestiais. Ele parece estar dizendo que essas visões foram privadas e pessoais, não intencionadas para impressionar as massas. Ele então afirma que Deus enviou um anjo para Joseph e que Deus informou Joseph de que ele não se filiasse a qualquer culto. (se ele quisesse dizer que um anjo disse a Joseph para não se filiar a nenhuma igreja, a frase "e que Deus o informou" não deveria ser uma coordenada sindética mas uma subordinada relativa e deveria ficar "que (o anjo) o informou ". Por cuidadosamente deixando de fora a maior parte de uma sentença crítica, os Tanners fizeram parecer que Brigham simplesmente disse que o Senhor não apareceu a Joseph. Devo sugerir simplesmente que nós sejamos muitos cautelosos dos métodos utilizados por escritores antimórmons. (Para uma discussão do resto do relatório dos Tanner's, veja "Censurando a História de Joseph Smith" por Hugh Nibley no Vol. 11 de "Collected Works de Hugh Nibley, publicado pela FARMS, Provo, Utah, 1991.

Além do mais, a menção de anjos ao invés de seres celestiais em alguns relatos e algo facilmente compreendido como um termo generalizado que engloba todos os seres celestiais, especialmente aqueles que aparecem aos mortais. Quando alguém vê dois seres divinos, eles podem ser chamados anjos, mesmo quando eles são Deus o pai e o Filho. Este uso é na verdade bíblico, por exemplo, Jacó em Gênesis 48:15, 16 fala de "Deus, diante de quem meus pais Abraão e Isaque realmente caminharam, o Deus que me nutriu ao longo de todo minha vida até este dia" como "o Anjo que redimiu de todo o mal". Por que chamaria Jacó Deus um Anjo? Porque, como Joseph Smith, ele havia visto Deus (ver Gen. 48:3; gen. 35:9; Gen. 28:11, 12). Este é o tipo de coisa que muitos profetas experimentaram, não importa quanto nossos críticos o neguem.

 

2)            Contradizem as várias versões da Primeira Visão umas às outras?

 

Há nove relatos antigos da Primeira Visão que vieram de Joseph Smith ou de outros que ouviram ele relatar a história da Primeira Visão. Dois bem preparados relatos foram manuscritos por Joseph Smith, um de 1832 e um posterior de 1838, que é a versão publicada pela Igreja. Uma carta de Joseph para John Wentworth menciona brevemente a Primeira Visão; ela foi impressa e publicada em 1842. Um outro relato confiável é um documento publicado em 1840 por Orson Pratt, o qual aparentemente Joseph endossou. Um excelente estudo dos relatos da Primeira Visão e a suas relações de cada um com outro e com eventos históricos registrados é dado por Richard L. Anderson em "Joseph Smith's Testemunho da Primeira Visão", Ensign, Abril 1996, pp. 10-21.

Contradizem uns com os outros os confiáveis documentos escritos ou aprovados por Joseph? Não (uma possível exceção: em um lugar a vila errada pode ter sido mencionado), mas os relatos focam em diferentes aspectos de uma significante e abrangente experiência. Isto não é uma real evidência de fraude, não mais que os variantes relatos de Paulo de sua primeira visão no Novo Testamento tornam Paulo em um embusteiro (ao contrário, relatos decorados e repetitivos contados sempre do mesmo jeito para diferentes audiências são mais prováveis de terem sido fabricados do que aqueles que salientam um detalhe ou outro conforme indagações pertinentes). Centenas de detalhes estão associados com qualquer evento importante na história ou na vida de alguém, e quais são incluídos é uma função da idéia, propósitos e maturidade do escritor. A versão de 1832 era um escrito particular quando Joseph começava a trabalhar numa História da Igreja. Focalizava  naquilo que pode ter sido mais importante para o jovem Joseph na época: ser dito por Cristo que ele tivesse sido perdoado de seus pecados. Esta versão de 1832 não fala de ver Deus e Cristo, mas menciona vendo "o Senhor". O relato de 1838 fala de ver dois seres, o Pai e o Filho, e nota que o Pai apresenta o Filho a Joseph, dizendo "Ouve-o!" A partir daí, a mensagem foi apresentada pelo Filho, que direcionou a restauração da Sua Igreja desde o início. Críticos reclamam tolamente, mas os dois documentos são compatíveis. Deixar alguma coisa não dita não é o mesmo que uma contradição. Versões posteriores do relato tinham a intenção de deixar outros conhecerem sobre a apostasia e a restauração da Igreja de Cristo, e não discorreu sobre os aspectos pessoais de Joseph ter sido perdoado de seus pecados.

 

Aparentes diferenças na cronologia dos relatos de 1832 e de 1838 podem também ser explicados em termos de diferentes níveis de detalhes e seleção de eventos para enfatizar. De acordo com um artigo de Richard L. Bushman, Revisão de Livros sobre o Livro de Mórmon, Vol. 6 (1994), p.129 :

            Nada no relato de 1838 contradiz a cronologia retratada na história de 1832. Na versão posterior, Joseph diz que o reavivamento espiritual deu início a confusão; quanto tempo levou antes que os conflitos emergissem, ou quanto tempo antes suas indagações vieram a sua mente não é indicado. Na verdade, as duas cronologias coincidiriam se uma palavra no relato de 1839 de Joseph fosse trocada. Se lêssemos no texto "algum tempo no segundo ano após nossa mudança para Palmyra", ao invés de "após nossa mudança para Manchester", as histórias seriam as mesmas. Dois anos após a mudança para Palmyra, Joseph tinha doze anos, a idade com a qual, de acordo com o relato de 1832, sua mente ficou "seriamente conturbada".

 

3)         Há erros históricos no relato da Primeira Visão de Joseph?

 

 (Nota: Um bom trabalho sobre a historicidade relatada na história da Primeira Visão é dado por Richard L. Anderson em "O testemunho de Joseph Smith da Primeira Visão", Ensign, Abril de 1996, pp. 10-21. Eu recomendo esse artigo para um melhor entendimento da questão dos múltiplos relatos e suas historicidades).

Um recente argumento comum contra Joseph Smith é de que a cronologia da história da Primeira Visão dada no relato "oficial" de 1838 daquele evento está incorreta, sugerindo que ele fabricou a história muito tempo após a primavera de 1820, quando ele disse que a Primeira Visão ocorreu. Em particular, Joseph escreveu que houve intensa atividade religiosa nesta parte do interior de New York (Palmyra e nas cercanias de Manchester) precedendo sua oração para saber qual igreja era verdadeira. Metodistas são mencionados em particular. Alguns críticos argúem que os reavivamentos religiosos mencionados por Joseph não ocorreram em 1820, um ano para o qual não temos nenhum registro definitivo de atividades de reavivamentos em Palmyra, mas posteriormente em 1824 e 1825. Eles notam que uma carta de Oliver Cowdery disse que o Ver. George Lane, um Metodista, tivesse sido influente em Joseph, obviamente antes da Primeira Visão. Rev. Lane esteve na região de Joseph para maiores reavivamentos em 1824-1825. Apontando para uma alegada ausência de atividade religiosa em 1820, Wesley Walter, escritor antimórmon de longa data, rotula a história de Joseph como "uma fabricação grosseira". O argumento, como sempre, é bastante decepcionante. Mathew Roper oferece uma resposta em Revisão de Livros sobre o Livro de Mórmon, vol. 4 (1992), pp. 78-92, onde ele critica recentes ataques de Sr. Walter:

 … Joseph nunca alegou que o excitamento religioso estivesse confinado a 1820. O ano de 1820 foi o ano dado por Joseph para a sua visão inicial, mas excitamentos religiosos que o teriam influenciado claramente ocorreram antes daquela época. Joseph descreve este excitamento religioso como ocorrendo "algum tempo durante o segundo após nossa mudança para Manchester" (Joseph Smith -História 1:5), em outras palavras, algum tempo entre 1819 e 1820. Os Smiths mudaram-se para Manchester em 1818. [1] O trabalho de Walter é largamente irrelevante à luz de trabalhos de historiadores mais responsáveis...[2] Milton Backman demonstrou que no verão de 1819, Metodistas organizaram uma significante conferência em Vienna, apenas alguma milhas da casa de Joseph.  O encontro reuniu mais de cem ministros da fé Metodista, incluindo o Reverendo George Lane. [3] Backman também providencia evidência de crescimento substancial no número de membros entre Metodistas, Presbiterianos e congregações Batistas nas regiões ao redor de Palmyra e Manchester.

Uma vez que Joseph Smith não escreveu seu relato deste reavivamento até 1838, ele pode ter aprendido sobre a natureza extensiva deste surto religioso, meses ou anos após os eventos terem ocorrido. Relatos de avivamentos que ocorreram em Nova York em 1819 e 1820 foram divulgados em Palmyra, e o número de conversões ocorrendo na área leste do Lago Cayuga e na região de Albany foi enumerada no jornal local, o Palmyra Register.[4]  

 

Referências usadas por Roper:

 

        1.Milton V. Backman, Jr., Joseph Smith's First Vision (Salt Lake City: Bookcraft, 1980),  40.

 

        2.Ibid.; Richard Lloyd Anderson, "Circumstantial Confirmation of the First Vision through

          Reminiscences," Brigham Young University Studies 9 (Spring 1969): 373-404; Richard

          L. Bushman, "The First Vision Story Revived," Dialogue: A Journal of Mormon Thought

          4 (Spring 1969): 82-93; Richard L. Bushman, Joseph Smith and the Beginnings of

          Mormonism (Urbana: University of Illinois Press, 1984), 43-64; Peter Crawley, "A

          Comment on Joseph Smith's Account of His First Vision and the 1820 Revival,"

          Dialogue: A Journal of Mormon Thought 6 (Spring 1971): 106-7; Marvin Hill, "The

          First Vision: A Critique and Reconciliation," Dialogue: A Journal of Mormon Thought

          15 (Summer 1982): 31-46; Paul R. Cheesman, The Keystone of Mormonism: Early

          Visions of Joseph Smith (Provo: Eagle Systems International, 1988), 20-37.

 

        3.Backman, Joseph Smith's First Vision, 198.

 

        4.Ibid., 200; cf. 192-210.

 

A significância do reavivamentos de 1819 é discorrida por Larry C. Porte em BYU Studies, Vol. 9, No 3, p.330:

            A presença de alguns 110 ministros e o bispo deles, Bispo R. R. Roberts, nos encontros da Conferência Genesee, representando os distritos de Nova York, Pensilvânia, e alto e baixo Canadá, deve ter criado no mínimo uma moderada inquietude na vizinhança imediata (Minutas da Conferência Anual, 1819, pp. 50-52). Isto coloca o Reverendo George Lane dentro de 15 milhas da vizinhança de Manchester, atendendo ao maior encontro Metodista do ano no oeste de Nova York, entre um grande número de ministros religiosos, numa época quando Joseph Smith estva ciente de "um incomum excitamento a respeito de religião" ("algum tempo durante o segundo ano [1819] após nossa mudança para Manchester").  

Oliver Cowdery reconta algumas das experiências de Joseph numa publicação de 1834 (Mensageiro e Advogado, Dez. 1834, p.13), explicando que perto da época do décimo quinto ano da vida de Joseph (1819-1820), um "Sr. Lane, um ancião presidente da igreja Metodista, visitou Palmyra e região", e que a mente de Joseph "ficou despertada". É difícil de acreditar que Joseph no começo de 1830 confundiria um evento de 1819-1820 com um evento de 1824 ou 1825. (É de certa forma irônico que muitos críticos SUD tendem a figurar Joseph como alguma espécie de gênio capaz de memorizar numerosos eventos e lugares de tal forma que ele pudesse fabricar o extremamente complexo Livro de Mórmon enquanto mantém uma interna consistência no texto.)

Em adição à atividade de reavivamento de 1819 perto da casa de Joseph (the reavivamento em Viena), houve reavivamentos em Palmyra durante 1816-1817 (assim como mais tarde em 1824-1825). As atividades de 1816-1817 poderiam fazer parte do excitamento religioso que impressionou Joseph. De fato, seu relato de 1832 diz que sua busca religiosa iniciou "perto da idade de doze anos". Ele fez doze anos em 23 Dez. de 1817, um ano em que um grande reavivamento ocorreu na sua vila de Palmyra (Joshua Bradley, Relatos de Reavivamentos Religiosos em Muitas Partes dos Estados Unidos de 1815 a 1818, Albany, New York: G.J. Loomis, 1819, p.223, conforme citado por Richard L. Anderson, "Testemunhos da Primeira Visão de Joseph Smith", Ensign, Abril 1996, pp. 10-21). Além do mais, Joseph não disse que os reavivamentos ocorreram na vila de Palmyra ou Manchester, mas "no lugar onde vivíamos".Se o "lugar" inclui a "vizinhança" de Palmyra, então existem evidências recentes descobertas de atividades reavivacionistas em 1820 também. De acordo com um artigo de Richard L. Bushman, Revisão de Livros sobre o Livro de Mórmon, Vol. 6 (1994), p. 126 (tirado de uma nota de rodapé).

 

Walter A. Norton descobriu um artigo do Palmyra Register na edição de 28 de Junho de 1820 que relatava a morte de um homem intoxicado na vila de Palmyra e declarava que ele obtivera licor num "agrupamento campal nesta vizinhança". Quando criticados, o editor exonerou os Metodistas de culpa, como se eles fossem os usuários chefes do acampamento, mas declarava que o dissoluto freqüentemente ia ao acampamento por liquor, implicando que os campos estavam comumente em uso. "Imagens Comparativas: Mormonismo e Religiões Contemporâneas conforme visto pelos jornalistas das vilas no oeste de Nova York e Nordeste de Ohio, 1820-1833" (PhD Diss.  BYU, 1991). 255

 

Donna Hill em sua excepcional biografia, Joseph Smith: O Primeiro Mórmon, (Doubleday e Company, Ganden City, NY, 1977, pp. 49-50) revê vários aspectos dos reavivamentos mencionados por Joseph. Tantos reavivamentos no oeste de Nova York durante a primeira metade do século XIX que era chamado o "Distrito Queimado". Entre 1816 e 1821 teve mais do que qualquer outro período anterior. Em 1820. o Palmyra Register, lido pela família de Joseph, reportava reavivamentos na parte leste do estado na primavera e verão, e em outras partes mais tarde no ano, e isto pode ter também deixado uma impressão em Joseph. O grande clímax foi entre 1825 e 1827. "A evidência é que existiu fervente atividade religiosa tal como Joseph disse, mas se foi ou não tão intensos como em outros períodos não é significante quanto ao fato que para o jovem Joseph aquela atividade foi de grande importância".

Os Metodistas tiveram a maior influência em Joseph, e os registros históricos mostram que eles eram especialmente ativos e organizaram várias reuniões, freqüentemente com pregadores múltiplos. Joseph e sua família podem ter primeiramente vindo para vender bolos ou outros itens, mas a freqüência devido a propósitos religiosos tornou-se um importante fator para pelo menos alguns dos membros da família. Donna Hill explica como estes reavivamentos funcionavam para os Metodistas:

            Onde a igreja [Metodista] não tinha nenhum edifício para congregar, como em Palmyra e Manchester em 1820, ministros viajantes apareciam a cada duas semanas, e pregavam em escolas ou em alguma cabana local, ou quando o tempo permitia, sob o céu aberto, numa clareira ou num bosque da floresta...De duzentas ou trezentas até vários milhares de pessoas vinham de milhas de distância, trazendo suas crianças e pertences em carroções. Eles armavam tendas, construíam fogo para cozinhar e preparavam para permanecer por vários dias, animados pelas festividades, que eram sociais, de convívio e mesmo algumas vezes comerciais, assim como religiosas. (Hill, pp. 49-50.)

Até agora, os relatos da Primeira Visão parecem consistentes e razoáveis em termos de tempo e atividades de reavivamento. Tudo isto está confuso por um par de cartas de Oliver Cowdery que fala de 1823 como um ano de grandes reavivamentos que levaram à primeira visão. A data de 1823 faz pouco sentido e certamente contradiz os relatos que colocam a Primeira Visão em 1820. Críticos podem ver a menção de 1823 como evidência para os reavivamentos postos em 1824-25 que Joseph mencionara. Enquanto não podemos explicar por que Oliver escreveu o que escreveu (provavelmente apenas um erro inocente, confundindo a data da visita de Morôni com a data da Primeira Visão), podemos descartar a data da Primeira Visão como 1824-1825 como baseados em evidências independentes. Esta evidência vem da mãe de Joseph Smith, quem aparentemente não sabia muito sobre a história da Primeira Visão por um tempo. Em uma entrevista com Howard e Martha Jane Coray após o martírio de Joseph., a mãe de Joseph,  Lucy Mack Smith, descreve abrindo uma fazenda, Joseph contando a família das visitas do anjo Morôni, e então a morte de seu filho Alvin, no fim de 1823. Após a morte de  Alvin, Lucy foi confortada pelos reavivamentos na área – aparentemente os bem documentados reavivamentos de 1824-25. Ele teria dito...não faria mal em freqüentá-los mas vocês não permanecerão neles por muito tempo, pois vocês estão em erro neles." (Lucy Mack Smith, manuscrito preliminar de sua história de Joseph Smith, conforme citado por Richard L. Anderson em "Testemunhos da Primeira Visão de Joseph Smith", Ensign, Abril 1996, pp. 10-21). Parece que Joseph tinha já tido sua Primeira Visão antes dos reavivamentos de 1824-25 e sabia que ele não deveria se afiliar a nenhuma da igrejas existentes.

Se os reavivamentos que levaram a Primeira Visão realmente ocorreram em 1824-25, então os relatos de Joseph da aparição do Livro de Mórmon teriam também de ser fabricados e alterados em anos posteriores, pois Joseph escreveu que ele foi visitado pelo anjo Morôni em Setembro de 1823. Após quatro sucessivas visitações anuais  de Morôni, Joseph recebeu as placas de ouro em 1827. No entanto, a cronologia de Joseph das visitas do anjo Morôni é confirmada por outras fontes que indicam que o irmão de Joseph, Alvin, sabia sobre o anjo Morôni antes de sua morte em Nov. 19, 1823. Três fontes, Lucy Mack Smith, Willian Smith, e Joseph Knight Sr., todos indicaram que Alvin sabia que Joseph tinha sido visitado por Morôni antes da morte de Alvin ou que Alvin estava vivo quando Morôni visitou Joseph (veja Lucy Mack Smith, Manuscrito Preliminar, 1844-45, Arquivos SUD, pp. 46-48, 51-52; Willian Smith, Willian Smith on Mormonism, Lamoni, Iowa; Herald Steam Book and Job Office, 1833, pp. 8-9; e Dean Jesse, "Coleção de Joseph Knight dos Inícios da História Mórmon", BYU Studies, Vol. 17, No. 1, Ago. 1976, p.31 – tudo conforme citado por Larry C. Porter, “Revisão de Livros sobre o Livro De Mórmon, Vol. 7, No. 2, 1995, pp. 133-135)”.

Se Alvin ouvira falar de Morôni em 1823, então Joseph já havia passado estágio de confusão religiosa e dúvida que foi insuflado pelos reavivamentos locais e que o levaram a sua Primeira Visão. Tentar colocar as origens da Restauração em 1824-25 em lugar de 1820 é simplesmente injustificável.

Em resumo, enquanto algumas imperfeições e questões não resolvidas existem nos registros que nós temos, não há nenhuma justificativa para rejeitar os relatos da Primeira Visão de Joseph baseado nas datas dos reavivamentos religiosos. Reavivamentos ocorreram na área em 1816-17, em 1819, e mesmo em 1820. George Lane esteve acessível a Joseph em 1819. A data de Joseph para a visitação de Morôni em 1823 é confirmada por outras evidências, descartando 1824 ou mais tarde como a época da busca de Joseph Smith pela verdade e o começo da Restauração. Aqueles que declaram que a data de 1820 para a Primeira Visão prova que ele não é confiável apenas não estão sendo cuidadosos em suas análises.

 

 

4)         Não é esquisito existir diferentes versões da história da Primeira visão?

 

Não, em absoluto. A maneira que interpretamos experiências importantes em nossas vidas muda com o tempo, e os detalhes que enfatizamos em uma história variam de acordo com nossa audiência e nosso propósito em relatar o evento. A experiência da Primeira Visão de Joseph foi um evento rico e abrangente em que muitas verdades foram aprendidas e extensiva informação foi providenciada. A significância completa daquela sagrada experiência pode não ter sido clara nem mesmo para Joseph durante muitos anos. Em épocas diferentes e para diferentes audiências com diferentes necessidades, Joseph pode ter interpretado e enfatizado detalhes daquele evento de diferentes formas, focalizando no perdão de seus pecados ou na compreensão de que não deveria filiar-se a nenhuma igreja ou a verdade plena que ele viu de que Deus e Cristo eram indivíduos distintos. Deixando de lado alguns detalhes enquanto enfatizando outros, em tempos distintos, não o faz um impostor. 

Se rejeitarmos Joseph Smith por oferecer vários relatos que enfatizam ou excluem diferentes detalhes de uma mesma experiência, então por esse padrão teríamos então de rejeitar a Bíblia. Por exemplo, Lucas 22:4 diz que dois anjos apareceram no túmulo vazio para várias mulheres, enquanto Mateus 28:2 menciona apenas um anjo. Escritores antimórmons se deliciariam com esta "contradição" se ela ocorresse no Livro de Mórmon. Todavia, podemos dar a Bíblia o benefício de uma dúvida apenas sugerindo que tanto Mateus e Lucas estavam descrevendo o mesmo evento, mas Mateus passou desapercebido pelo segundo anjo em seu relato.

Se rejeitarmos Joseph Smith por dar diferentes detalhes de uma visão divina, então devemos também rejeitar Paulo pelos seus diferentes relatos de sua visão no caminho para Damasco. Paulo relata esta história três vezes na Bíblia (Atos capítulos 9, 22 e 26), e cada vez parece existir diferenças, até mesmo contradições.  Há muitos detalhes que diferem entre os três relatos. Um bem conhecido problema co que concerne às outras testemunhas que estavam com Paulo. Dê uma olhada nos três relatos:

 

     -- Atos 9:7 --

     Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo, ninguém.

 

     -- Atos 22:9 --

     E os que estavam comigo viram a luz, e ficaram amedrontados; mas não ouviram a voz daquele que falou a mim.

 

     --Atos 26:14 --

     E quando todos nós caímos por terra, eu ouvi uma voz falando comigo. . .

 

Ouviu os outros a voz ou não? Eles caíram ou permaneceram de pé? Isto realmente importa? Críticos antimórmons revelariam uma aparente contradição desta magnitude no Livro de Mórmon ou na história de Joseph Smith, mas eles estão prontos para desconsiderar tais problemas  na Bíblia. Eu acho que necessitamos ser generosos com Paulo e reconhecer os detalhes periféricos de uma história particular. Talvez a aparente contradição apenas relata diferentes aspectos de uma história única, com outros que poderiam ter ouvido a voz e poderiam ter permanecido de pé inicialmente, mas então depois caíram e não ouviram parte da mensagem. Francamente, isto se parece mais como uma contradição menor, talvez resultando de lapsos de memória concernentes a detalhes do evento, mas isto não me incomoda porque eu não exijo da Bíblia sem em ser infalível nos mínimos detalhes para continuar sendo escritura de Deus.

Para sua informação, há várias diferenças mais nos três relatos da visão de Paulo dignos de nota. Algumas das diferenças parecem pequenas e facilmente compatíveis. Por exemplo, Atos 9 e 22 simplesmente dizem que a luz que Paulo viu apareceu ao seu redor, enquanto Atos 26 diz que a luz estava ao seu redor e daqueles que estavam com ele. Todos os três concordam que o Senhor disse, “Saulo, Saulo, porque me persegues?” ao que Paulo diz, “Quem és tu Senhor?”. Contudo, em Atos 9, o Senhor diz “É dura cousa recalcitrares contra os aguilhões” (Nota: Esta frase só aparece na versão em Inglês, em Português, esta frase some em Atos 9) antes que Paulo responda, enquanto Atos 26 tem o senhor dizendo isto após Paulo responder e Atos 22 não faz nenhuma menção daquela declaração pelo Senhor.

Mais análogos com os relatos da Primeira visão de Joseph Smith, os relatos em Atos 9 e 22 concluem dizendo como Paulo recebeu de volta sua visão e não faz nenhuma menção de declarações do Senhor sobre a futura missão de Paulo. Mais tarde, em Atos 26, Paulo nem mesmo menciona sua cegueira e sua miraculosa recuperação, mas ao invés disso diz que o Senhor profetizou a ele de sua futura missão entre os Gentios. Se Paulo fosse Joseph Smith, críticos o acusariam de fabricar novos apêndices de sua história e de se contradizer, mas eu sinto que é mais justo acreditar que tanto Paulo como Joseph estivessem relatando diferentes partes de suas experiências visionárias. Inicialmente, Paulo pudera estar mais preocupado sobre a cura de seus olhos (assim como Joseph parecesse estar mais preocupado com o perdão de seus pecados), enquanto mais tarde em sua coletânea das palavras do Senhor sobre sua missão aos Gentios tornou-se uma parte mais importante da visão (assim como a explanação da futura missão de Joseph).

Também digno de nota é o fato de Paulo, como Joseph, parece ter esperado vários anos antes de registrar sua visão. Pode ter transcorrido 24 anos do tempo de dessa visão até o momento em que foi escrita conforme a temos na Bíblia (Richard L. Anderson, conforme citado por Milton V. Backman, “Relatos da Primeira Visão de Joseph Smith”, Ensign, Jan. 1985, pp. 8-17). Nós não podemos criticar Joseph por esperar para fazer um registro completo, não apenas devido ao precedente de Paulo mas também porque o jovem Joseph estava em circunstâncias difíceis, tinha falta de treinamento acadêmico, e tinha já sido fortemente rejeitado por compartilhar isto com outros. Mas uma vez que compreendeu que ele necessitava compilar uma história, ele o fez rapidamente.

O padrão que condenaria rispidamente Joseph Smith pelas diferenças em foco em seu relato da Primeira Visão pode também condenar Paulo pelos seus vários relatos que também diferem em foco e podem até mesmo conter uma ou duas contradições genuínas. Conclusão: Seja cuidadoso em julgar os outros rispidamente e fazer um homem um ofensor por uma palavra. Procure compreender honestamente, não apenas para encontrar razões para condenar. A Bíblia é verdadeira, apesar de pequenos problemas, e os relatos da Primeira Visão de Joseph Smith, conforme dados diretamente a ele, também são verdadeiros. Como podemos saber com certeza? Leia o Livro de Mórmon – é a evidência do divino chamado de Joseph como o Profeta desta Restauração. Se o Livro de Mórmon é verdadeiro, então Joseph Smith foi um verdadeiro profeta de Deus.

 

 

5)         Joseph Smith uniu-se a uma outra igreja em 1828?

 

Aparentemente existe uma publicação (um jornal, eu creio) chamada o "Amboy Journal" em que um ministro, Joshua Mckune, alegava que Joseph Smith procurou filiar-se a uma Igreja Metodista em Harmony, Pennsylvania, em 1828. Aquela edição é datada de 30 de Abril de 1879 (segundo Marvin Hill em Diálogo, Vol. 15, No. 2, pp. 37-41, 1982). Uma edição posterior da mesma publicação datada de 11 de Junho de 1879 citava Michael Morse, um cunhado de Joseph Smith em apoio a tal declaração. Esta evidência tem sido usada pelos Tanners e outros antimórmons como prova de que Joseph não pode ser levado a sério quanto a sua Primeira Visão, de outra forma por que se afiliaria ele a outra igreja oito anos depois de ter sido a ele que todas estavam erradas e que ele não deveria filiar-se a nenhuma delas?

Quão seriamente deveríamos considerar as declarações de dois críticos de Joseph Smith vindo a público 35 anos após sua morte, durante um período de intenso sentimento antimórmon? O ano de 1879 foi próximo ao pico de hostilidade antimórmon devido à questão da poligamia, um tempo em que os jornais e políticos estavam clamando pela destruição da Igreja. Existe qualquer evidência contemporânea de crédito falando que Joseph tornou-se um Metodista? Eu não estou ciente de nenhuma.

É possível, é claro, que Joseph assistisse outras reuniões de Igrejas após a Primeira Visão. Eu não esperaria Joseph simplesmente não ir a nenhuma igreja mais até que a Restauração acontecesse. Não me importo de assistir uma reunião em alguma outra Igreja quando o tempo permita ou quando não há nenhuma igreja SUD por perto ou quando estou simplesmente acompanhando outros de uma outra fé. E mesmo se alguém o alistasse como um membro em perspectiva em uma outra igreja, talvez um bem intencionado membro da família de sua esposa que não entendia ainda as implicações totais do que Joseph tivesse com ele compartilhado sobre a Primeira Visão (se tivesse compartilhado alguma coisa...) – não existe nenhuma razão para pensar que Joseph não fosse sincero sobre sua experiência.

 

 

6)         Não acreditava Joseph de que Deus e Cristo fossem uma só pessoa até algum tempo perto de 1838?

 

O Livro de Mórmon tem múltiplas passagens que claramente mostram que Cristo e o Pai são seres distintos, embora eles sejam um e juntos são um eterno Deus e uma deidade. Então, existem evidência escrita de 1829 que a doutrina oficial SUD via Cristo como um ser real, tangível e ressurreto separado do Pai e a ele subordinado.     

Na quarta conferência geral da Igreja, realizada no outono de 1831 na fazenda de Isaac Morley em Kirtland, temos relatos da aparição do Pai e do Filho. Um das reuniões desta conferência foi realizado na pequena escola  de toras onde os primeiros 23 sumos sacerdotes foram ordenados. Entre os líderes reunidos estavam Joseph Smith Jr., Hyrum Smith, Joseph Smith Sr., Oliver Cowdery, Martin Harris e David Whitmer. De acordo com relatos da reunião, Lúcifer apareceu e o profeta ordenou-o que partisse. Os céus foram abertos e o Senhor derramou seu espírito sobre seus servos. Joseph e outros viram o pai e seu Filho Jesus Cristo sentado à destra de Deus. Após testemunhar esta manifestação de poder, os membros da conferência deixaram a reunião com um maior conhecimento da divindade do Pai, de seu Filho e da Igreja. A fazenda de Isaac Morley é considerada pelos membros SUD como o segundo bosque sagrado.           

         A versão de 1832 da Primeira Visão atesta que ele viu "o Senhor". Não diz que ele apenas viu um personagem, mas indica que ele viu Cristo. Na versão oficial posterior, ele menciona dois personagens, mas foi Cristo quem principalmente lhe falou. Os dois relatos diferem em grau de detalhes, mas não são contraditórios. Eu posso encontrar-me com duas pessoas e mais tarde mencionar ter encontrado com um deles sem estar sendo falso ou enganador. Joseph viu Cristo. Ele falou com Cristo. Que aquele Cristo foi apresentado pelo Pai é um detalhe importante e muito sagrado, todavia o breve relato de 1832 focalizou em Cristo.

Vejamos o testemunho de Zebedee Coltrin, quando da organização da Primeira Presidência em 18 de Março de 1833 na Escola dos Profetas:

"Enquanto os membros da Escola dos Profetas estavam orando, eu vi um personagem passando pela sala tão claramente quanto eu vejo vocês agora (Sumo sacerdotes de Spanish Fork). Joseph nos perguntou se sabíamos quem era Ele, e ele mesmo respondeu, 'Aquele é Jesus, nosso irmão mais velho, o filho de Deus'". Após a visão ter se encerrado Joseph Smith disse aos presentes para mais uma vez reassumir suas posições anteriores de oração. "Novamente vi passar pela mesma sala um personagem cuja glória e brilho era tão grande que não podia conectá-lo a nada a não ser a sarça ardente que Moisés viu. Seu poder era tão grande que acreditei que se continuasse um pouco mais teria consumido a todos nós." Após este personagem ter desaparecido da sala Joseph anunciou que os homens teriam visto o Pai de Jesus Cristo. Zebedee Coltrin concluiu seu testemunho dizendo, "Eu o vi"!

Tanto a experiência na conferência geral na fazenda  Morley (1831) quanto este testemunho de Zebedee Coltrin (1833) demonstram que membros da Igreja em geral e Joseph acreditavam que Deus o Pai e seu Filho Jesus Cristo eram dois seres distintos muito tempo antes de 1838.

Em 1835, uma outra versão da Primeira Visão por Warren Cowdery indica que Joseph viu o Pai e o filho como seres separados: Relato de 1835, Escrito por Warren A. Cowdery, Segunda, 9 de Novembro de 1835.

         Enquanto estava ele sentado em sua casa esta manhã entre as dez e onze horas um homem chegou e apresentou-se a ele como Joshua, o Ministro Judeu. Sua aparência era algo singular, tendo uma barba de cerca de três polegadas em comprimento a qual era bem cinza, seu cabelo era também comprido e consideravelmente prateado com a idade. Ele tinha a aparência de um homem de cerca de 50 ou 55 anos de idade. Ele era alto e ereto, bem constituído, olhos azuis, rosto fino e de um belo semblante. Ele vestia um casaco verde escuro e calças da mesma cor. Ele usava um chapéu preto de couro com uma aba estreita.

Quando falava ele freqüentemente fechava seus olhos e exibia uma espécie de zanga sobre seu semblante. Ele (Joseph) fez algumas indagações quanto a seu nome, mas não recebeu uma resposta definitiva. A conversação logo virou para o assunto de Religião, e após o sujeito desta narrativa tivesse feito alguns comentários concernentes à Bíblia, ele começou lhe dando uma relação das circunstâncias conectadas com o aparecimento do Livro de Mórmon, que era aproximadamente o seguinte. Estando perturbado em minha mente com respeito ao assunto de Religião, e olhando para os diferentes sistemas ensinados aos filhos dos homens, eu não sabia quem estava certo ou quem estava errado, mas considerando isto de primeira importância para mim de que eu deveria estar certo, em assuntos de tão grande momento, um assunto envolvendo conseqüências eternas.           

       Estando então perplexo em mente eu retirei-me para o silente bosque e lá me ajoelhei diante do senhor, diante de sentido de perceber (se a bíblia for verdadeira) pedir e dar-se-vos-á, batei e abrir-se-vos-á, procurai e acharás, e novamente, se qualquer um tem falta de sabedoria, perguntai a Deus que dá a todos homens liberalmente e não o lança em rosto. Informação era o que eu mais desejava neste tempo, e com uma determinação fixa em obtê-la, eu visitei o Senhor pela primeira vez no local acima mencionado, ou e outras palavras, eu fiz uma tentativa infrutífera para orar. Minha língua parecia inchar em minha boca, de tal forma que não podia falar, eu ouvi um barulho atrás de mim como de alguém caminhando em minha direção. Eu tentei novamente orar, mas não pude; o barulho de alguém andando pareceu-me mais perto, eu pulei nas pontas dos pés e olhei em roda, mas não vi ninguém ou coisa que calculasse produzir aquele barulho de alguém caminhando. Ajoelhei-me mais uma vez, minha boca se abriu e minha língua soltou-se; eu roguei ao Senhor em fervorosa oração. Uma coluna de fogo apareceu sobre minha cabeça; que desceu até descansar sobre mim, e encheu-me com um inefável júbilo. Um personagem apareceu no meio deste pilar de fogo, o qual estava espalhado por tudo ao redor ainda que nada consumisse. Um outro personagem logo apareceu semelhante ao primeiro: ele disse-me que meus pecados estavam perdoados. 

         Ele também me testificou que Jesus Cristo é o filho de Deus. Eu vi muitos anjos nesta visão. Eu tinha perto de 14 anos quando recebi esta primeira comunicação...

As diferenças em detalhe entre versões anteriores da experiência de Joseph não são contradições, e a idéia de que ele vira dois personagens não foi um desenvolvimento novo no fim dos anos de 1830.

 

Leituras Sugeridas:

 

Informação detalhada sobre a Primeira Visão, incluindo confirmações históricas de detalhes nos relatos de Joseph, são dadas nos seguintes trabalhos conforme citado por M. Roper:

 

     Richard Lloyd Anderson, "Circumstantial Confirmation of the First Vision through Reminiscences,"

     Brigham Young University Studies 9 (Spring 1969): 373-404. Richard L. Bushman, "The First Vision Story Revived," Dialogue: A Journal of Mormon Thought 4 (Spring 1969): 82-93.

     Richard L. Bushman, Joseph Smith and the Beginnings of Mormonism (Urbana: University of Illinois Press, 1984), 43-64.

     Peter Crawley, "A Comment on Joseph Smith's Account of His First Vision and the 1820 Revival,"

     Dialogue: A Journal of Mormon Thought 6 (Spring 1971): 106-7.

     Marvin Hill, "The First Vision: A Critique and Reconciliation," Dialogue: A Journal of Mormon Thought 15 (Summer 1982): 31-46.

     Paul R. Cheesman, The Keystone of Mormonism: Early Visions of Joseph Smith (Provo: Eagle Systems International, 1988), 20-37.

 

Outros livros importantes incluem:

     James B. Allen, "Eight Contemporary Accounts of Joseph Smith's First Vision - What Do We Learn from Them?" Improvement Era, Vol. 73, April 1970, pp. 4-13.

     James B. Allen, "The Significance of Joseph Smith's 'First Vision' in Mormon Thought," Dialogue, Vol. 1, Autumn 1966, pp. 29-45.

     James B. Allen, "Emergence of a Fundamental: The Expanding Role of Joseph Smith's First Vision in Mormon Religious Thought," Journal of Mormon History, Vol. 7, 1980, pp. 43-61.

     Milton V. Backman, Jr., "Confirming Witnesses of the First Vision," Ensign, Vol. 16, No. 1, Jan. 1986, pp. 32-37.

     Milton V. Backman, Jr., "Joseph Smith's Recitals of the First Vision," Ensign, Vol. 15, No. 1, Jan. 1985, pp. 8-17.

     Donna Hill, Joseph Smith: The First Mormon, Doubleday and Company, Garden City, NY, 1977.

 

Outros Links:

 

The Prophet Joseph Smith's Testimony at the official LDS site.

 

Versions of Joseph Smith's History - many early accounts, including a table for comparing the key elements of the First Vision Story.

 

Excellent pages by Elden Watson include: "Joseph Smith’s First Vision - Introduction", "Joseph Smith’s First Vision - A Harmony", and The William Smith Accounts of Joseph's First Vision (William's confusion about details of some of Joseph's visions has been the rather flimsy basis for a lot of anti-Mormon attacks). Just the Facts,  Please - an excellent article by Richard Bushman in FARMS Review of Books. Bushman offers a credible response to Marquardt and Wesley P. Walters' book, Inventing Mormonism, which tries to refute Joseph Smith's account of the First Vision.