Olá pessoal,
Vocês que estão interessados neste assunto não podem deixar de visitar a página do irmão Marcus H. Martins, PH-D, chefe do departamento de Educação Religiosa da Brigham Young University, Haway-USA.
Todos
São (Realmente) Iguais Perante
Deus:
Reflexões
Pessoais Sobre a Revelação
de 1978
1) Qual
a atitude dos líderes da Igreja com relação ao racismo e a escravidão desde o
seu início?
Joseph Smith:
Quanto à posição de Joseph Smith em relação aos negros, os antimórmons nunca se referem às declarações e atitudes de Joseph sobre o assunto, principalmente numa época pró-escravocrata, Joseph irritava seus inimigos por atitudes abolicionistas e pró-negros.
Uma Sra.Mary Frost Adams relata o seguinte incidente quando Joseph era
prefeito de Nauvoo, Ill.
"Enquanto ele estava exercendo a prefeitura da
cidade, um homem Negro chamado Anthony foi preso por vender licor no Domingo, o
que era contrário à lei. Ele alegou que a razão de ter feito aquilo era de que
ele precisava levantar dinheiro necessário para comprar a liberdade de seu
querido filho que era detido como escravo em um Estado do Sul. Ele havia sido
capaz de comprar a sua própria liberdade e a da sua esposa e agora desejava
trazer seu pequeno filho para junto de seu lar. Joseph disse, ‘Desculpe-me,
Anthony, mas a lei precisa ser observada e nós teremos que lhe imputar uma
multa’".
No outro dia Irmão Joseph presenteou Anthony com um
belo cavalo, orientado-o para que o vendesse e usasse o dinheiro obtido da
transação para comprar a liberdade da criança.
O cavalo foi vendido por US$ 500, que era uma soma
considerável para aquela época, seria o equivalente a alguém vender o seu carro
esportivo hoje e doar o dinheiro para poder comprar a liberdade de um filho escravo...
Em outra ocasião, irritou os magistrados do Illinois e
do Missouri por punir um homem que chicoteou o seu escravo o qual havia lhe
roubado alguns víveres...
O profeta Joseph Smith incansavelmente advogava os
direitos do povo Negro; em uma época onde não era popular agir desta forma, nem
mesmo nos estados do Norte dos U.S. onde escravidão já era ilegal. Como
Prefeito de Nauvoo, Illinois, um homem branco (um não Mórmon) havia chicoteado
terrivelmente um negro por roubar-lhe alguns de seus víveres. O nome do homem
negro era Chism. Joseph perguntou a Chism se ele havia roubado os víveres, e
Chism replicou que sim. Ele cobrou de Chism uma pequena multa e mandou prender
o homem branco por ter chicoteado Chism!
Isto foi um ULTRAJE para homens brancos em todo
Illinois e no estado vizinho do Missouri, que era pró-escravocrata. Não muito
tempo após isso, Joseph Smith foi novamente levado à prisão sob acusações
genéricas alardeadas por todo o estado e logo assassinado junto com seu irmão
Hyrum na cadeia de Carthage, Illinois.
Como podem ver, atitudes como essas só insuflaram o
antagonismo dos líderes locais que acabaram culminando no seu (e de seu irmão)
futuro martírio em 1844.
Declarações como direitos iguais e livre educação para
os negros:
Joseph Smith (1o Presidente da igreja) disse em 1842.
"Eu aconselhei (os donos de escravos) para
trazerem seus escravos a uma nação livre e libertá-los, educá-los e dar-lhes
direitos iguais".(Compilation on the Negro in Mormonism, p.40)
Ele disse em 1844:
"Eles (Os negros) vieram ao mundo escravos,
mental e fisicamente. Mudem suas situações com os brancos, e eles serão como
eles. Eles têm almas e são sujeitos à salvação. Vá para Cincinnati ou qualquer
cidade, encontre um Negro educado, que dirige em sua carruagem, e vocês verão
um homem que se elevou através de sua própria mente ao seu exaltado estado de
respeitabilidade".
Ele também disse:
"A Declaração de Independência 'sustenta serem
estas verdades auto-evidentes: que todos os homens são criados iguais; que são
investidos pelo seu criador com certos direitos inalienáveis, que entre esses
estão a vida, liberdade e busca de felicidade.' Mas, ao mesmo tempo, alguns
dois ou três milhões de pessoas são detidas como escravas nesta vida porque os
seus espíritos são revestidos por uma pele mais escura que a nossa...A
Constituição dos Estados Unidos da América quer dizer exatamente o que diz sem
referência à cor ou condição, ad infinitum!" (Messages of The First Presidency 1:191-2)
Ele disse em 1844:
"Quebrai as correntes do pobre homem Negro e
empregai-o no trabalho como qualquer outro ser humano." (History of the Church 5:209)
Onze anos antes do filósofo Ralph Emerson fizesse sua
petição contra a escravatura (1855), Joseph o antecedeu e pediu a abolição em
todo o USA, requerendo até mesmo os fundos do Estado para que isso fosse
realizável: Joseph Smith 1844 (alguns meses antes de ser assassinado):
"Petição também a vós, bons habitantes dos
estados escravocratas e a vossos legisladores a fim de abolir a escravidão até
o ano de 1850, ou até mesmo já, e salvai o abolicionismo da reprimenda e da
ruína. Roguem ao Congresso para pagar a cada homem um preço razoável pelos seus
escravos a partir do lucro da receita obtida através da venda de terras
públicas ou então dêem uma redução de impostos em troca da libertação de seus
escravos. Quebrai as correntes do pobre homem negro, empregai-os no trabalho
como qualquer outro ser humano; pois uma hora de virtuosa liberdade vale mais
do toda uma eternidade de cativeiro.” ·
Josias Quincy, futuro prefeito de Boston (havia conhecido Joseph Smith pessoalmente em Nauvoo), lamentando a terrível destruição que causada pela guerra de secessão americana, lembrou os ensinamentos de Joseph Smith a respeito da liberdade dos escravos e do filósofo Ralph Emerson sobre suas defesas dos negros e da abolição:
"Nós podemos olhar para trás e ver o terrível
custo desta guerra fratricida que pôs um fim à escravidão, agora dizemos que
uma solução para tal dificuldade teria valido à pena para um estadista Cristão.
Mas se o aposentado filósofo [referindo-se a Émerson] esteve adiante de seu
tempo quando advogou a disposição de propriedade pública em 1855, o que
deveríamos dizer do líder político e religioso [referindo-se a Joseph Smith]
que havia se comprometido em publicações impressas, assim como em conversação,
a mesma causa em 1844? Se a atmosfera da opinião pública fosse instigada por
tal proposição quando as nuvens de guerra estivessem discerníveis no céu, não
foram tais palavras como a de uma grande estadista onze anos antes quando os
céus pareciam tranqüilos e beneficentes?". (Josiah Quincy, Figures of
the Past, "Joseph Smith at
Nauvoo," p. 398, as cited by B. H. Roberts, Comprehensive History of the
Church, Vol. 2, Ch. 51, p.192):
Brigham Young em 1863:
“Negros devem ser tratados como seres humanos e não como animais brutos e
irracionais. Pelo seu abuso desta raça, os brancos serão amaldiçoados, a
menos que se arrependam.” (Journal of Discourses
10:111)
John A. Widstoe (Apóstolo) em 1946:
“As alegações de “raça superior” são puramente
cacarejos de galo, usadas por homens sem caráter em benefícios de seus próprios
interesses. Nunca houve um monopólio da superioridade das realizações humanas
por qualquer nação. Declarar isso é simplesmente permitir que o nacionalismo
sem lei corra solto e selvagem (em relação a ideologia nazista). A doutrina da
“raça superior”da última guerra foi uma horrível enganação, concebida pelos
poderes do mal, cujo príncipe é Satã, o demônio.” (Evidences
and Reconciliations, pp. 3-4)
Presidente McKay em 1951:
“George Washington Carver [famoso cientista
afro-americano] foi uma das mais nobres almas que já veio a esta terra. Ele se
manteve em próxima intimidade com o seu Pai Celestial e proporcionou um serviço
tão excelente aos seus concidadãos que poucos o igualariam. A cada projeto
religioso, a cada impulso nobre e a cada boa obra realizada em sua vida
altruística, George Washington Carver será recompensado, e da mesma forma será
qualquer outro homem, seja ele vermelho, branco, negro ou amarelo, pois Deus
não faz acepção de pessoas.”(Home Memories of David O. Mckay, p.231)
Joseph Fielding Smith (10o Presidente da Igreja) disse em 1962:
"Os Santos dos Últimos Dias, comumente chamados
'Mórmons', não têm animosidade alguma em relação ao Negro. Nem também o
descrevem como pertencente a uma alguma raça 'INFERIOR'. (Deseret News June 14, 1962, p.3)”
Ele disse em 1963:
“A Igreja Mórmon não acredita, nem ensina, que o Negro
seja um ser inferior. Física e mentalmente o Negro é capaz de grandes
realizações, tão grandes e em alguns casos até superiores do que as
potencialidades da raça branca.” (LOOK magazine, Oct.
22, 1963, p.79)
Bruce R. McConkie (Apóstolo) escreveu em 1966:
“Certamente os Negros são filhos de Deus e designados
à igualdade diante da lei e a serem tratados com toda a dignidade e respeito
como qualquer membro da raça humana. Muitos deles certamente vivem de acordo
com os mais altos padrões de decência e justiça nesta vida do que alguns de
seus outros irmãos de outras raças; uma situação que irá proporcionar ‘um juízo
à regra e justiça ao prumo’ (Isa. 28:17) no dia do julgamento”. (Mormon Doctrine, 1966 edition, p.528)
President Spencer W. Kimball (12th President of the Church) em 1972:
“Preconceito Racial é do demônio. Preconceito Racial
vem da ignorância. Não há um lugar para isto no Evangelho de Jesus Cristo”. (Teachings of Spencer W. Kimball, p.237)
De novo em 1972:
“A intolerância por membros da Igreja é desprezível.
Um problema em especial existe com respeito aos negros porque eles não podem
hoje [1972] receber o sacerdócio. Alguns membros da Igreja justificariam suas
próprias discriminações não-cristãs contra os negros devido à regra a respeito
do sacerdócio, mas enquanto esta
restrição fora imposta pelo Senhor, não cabe a nós adicionar qualquer fardo
sobre os ombros de nossos irmãos negros. Aqueles que receberam Cristo pela fé
através de um batismo autorizado são herdeiros do reino celestial junto com
todos os homens de outras raças. E aqueles que permanecerem fiéis até o fim
podem esperar que Deus possa finalmente lhes garantir todas a bênçãos que
merecem por sua retidão. Tais questões estão nas mãos do Senhor. Cabe a nós
estender nosso amor a todos.” (De um discurso em 1972 reimpresso em The Teachings of Spencer W. Kimball,
Deseret Book, 1982.)
O Quórum dos Doze Apóstolos emitiu esta declaração em
1986:
“Nós repudiamos os esforços em negar a qualquer pessoa
os seus direitos e dignidades inalienáveis baseados na abominável e trágica
teoria da superioridade de uma raça sobre outra”. (LDS
Global Media Guide)
Élder John K. Carmack (Membro do Primeiro Quórum dos Setenta) escreveu
em 1993:
“Nós não acreditamos que qualquer nação, raça ou
cultura seja de uma prole inferior ou menor aos olhos de Deus. Aqueles que
acreditam em tais doutrinas não possuem autoridade do Senhor nem de seus servos
autorizados.” (Tolerance, p.3)
Élder Alexander Morrison (Membro do Primeiro Quórum dos Setenta) disse
em 1993:
“Não há lugar para racismo na Igreja. Nós o abominamos” (Salt Lake
Tribune, June 6, 1998)
Geralmente estas declarações não aparecem em nenhum panfleto
antimórmon...
2) É verdade que o mormonismo tem pregado abertamente que as
pessoas de cor não têm direito à plenitude das bênçãos do evangelho?
Não. Todos têm direito à plenitude das bênçãos do
evangelho no Mormonismo. No próprio Livro de Mórmon em II Néfi 26:33 lemos:
“...e ele convida a todos a virem a ele e partilharem de sua bondade; e não
nega a ninguém que a ele se achegue, negro ou branco, cativo ou liberto,
homem ou mulher, e Ele se lembra do pagão e todos são iguais perante Deus,
tanto Judeu como Gentio.”
3) Por
que os negros não puderam obter o sacerdócio antes de 1978?
Na verdade,
existiram membros negros desde o início da Igreja, alguns foram ordenados ao
sacerdócio durante a primeira década no início da Igreja mas depois de 1840 as
ordenações foram suspensas e Brigham Young, segundo profeta da Igreja,
confirmou que os negros deveriam aguardar o momento até que o sacerdócio fosse
a eles estendido. E por que a eles foi negado o sacerdócio por um tempo? Antes
de começar esta explicação é bom salientar que a Igreja de Cristo é, e sempre
foi guiada por revelação e não por aquilo que é politicamente correto pelos
homens da época. Qualquer mudança na estrutura da Igreja deve vir através de
revelação ao seu profeta, como o exemplo da revelação permitindo a pregação do
evangelho aos gentios, recebida por Pedro na Igreja Primitiva.
Por que os mórmons não liberaram logo de vez o
sacerdócio para os negros uma vez que a Igreja necessitava tanto de liderança
em seu começo incipiente?! Ou então, pela lógica, por que a Igreja que sempre
defendeu a abolição dos negros, sendo
até mesmo por isso banida do Estado do Missouri, não dava logo o sacerdócio aos
negros, tendo que receber duras críticas e até mesmo ameaças durante a fase da
luta pelos direitos civis nos U.S.A.?
Não há uma explicação oficial do “Por quê ?” apenas
que o Senhor havia assim determinado. Alguns membros no século passado
teorizavam que os negros africanos seriam todos descendentes de Cam, o terceiro
filho de Noé, que por ter se casado com Egiptus, uma descendente da linhagem de
Caim, cuja linhagem havia sido alijada do Sacerdócio, todos os descendentes de
Cam não poderiam ter o sacerdócio. A escritura utilizada é geralmente Abrão
1:25-27, onde fala que o primeiro Faraó do Egito, apesar de ser um homem justo
e dotado com bênçãos de sabedoria não poderia obter o sacerdócio.
Os filhos de Cam no Velho Testamento são identificados
como Cush, Mizrain, Pute e Canaã que de acordo com seus nomes em hebraico
acredita-se terem colonizado respectivamente as regiões da Núbia (hoje Sudão),
Egito, Etiópia (esses três no Norte-Nordeste da África) e Canaã (hoje chamado
Israel ou Palestina, logo fora da região africana). Seria difícil tentar entender
como todos os negros vieram dessas três nações ou se os naturais de Canaã
também deveriam ser alijados do sacerdócio, ou então, após séculos de
miscigenação qual semente prevaleceria sobre descendentes tanto de Sem, como de
Jafé ou Cam. Em Esdras 2:59-62 lemos que alguns israelitas não puderam provar
sua linhagem através dos registros genealógicos e foram por isso considerados
“imundos” para o sacerdócio (em Inglês e algumas versões usa-se a palavra
“maldição”). Creio que algo mais ou menos parecido ocorreria aqui, devido à
incerteza com relação as suas linhagens o Senhor orientou seus profetas a
aguardarem o momento adequado quando se estenderia o sacerdócio aos negros de
descendência africana (os negros Dravidianos da Índia, Aborígenes da Austrália,
Melanesianos de Fiji e da Melanésia e os Negritos das Filipinas e Indonésia
podiam receber o sacerdócio antes de 1978, pois uma possível descendência de
Cam seria mais remota e improvável!).
De 1840 até o início dos anos de 1960 a Igreja nunca teve mais do que 1000 membros de origem negra africana. No entanto, em meados dos anos 60, alguns negros africanos começaram a receber visões de Jesus e de anjos lhes falando sobre a restauração do evangelho. Apesar da Igreja não existir em algumas dessas nações africanas, alguns daqueles irmãos começaram a formar inteiras congregações com algumas vezes dezenas de milhares de membros e se autodenominavam “Mórmons” ou “Santos dos Últimos Dias” muito tempo antes de se batizarem ou receberem o sacerdócio. O Senhor preparou devidamente o terreno para que logo depois de 1978, a Igreja florescesse rapidamente nas nações de Gana, Nigéria, Brasil, etc..
4)
O fato de não estender o sacerdócio
aos negros até 1978 não é uma forma de racismo ou de discriminação?
Não de Racismo. Racismo pelo Dicionário é considerado como qualquer crença que julgue um indivíduo inferior devido às suas condições de raça. As escrituras no Livro de Abraão relacionadas com a proibição do sacerdócio à descendência de Cam fala também que esta linhagem foi abençoada com “sabedoria”, na verdade foram os primeiros a desenvolver a primeira civilização moderna, a Egípcia, ou seja os primeiros a desenvolverem a matemática, ciência e arquitetura. Certamente esses não são sinais de inferioridade, pelo contrário, são sinais de que a linhagem de Cam era superior a outras raças e linhagens, pelo menos antigamente.
Quanto à discriminação a palavra poderia ser
aplicável. Discriminar significa separar ou escolher uma coisa em favor de
outra. Mas se os mórmons são discriminadores por não terem dado o sacerdócio
aos negros durante 158 anos, Deus tê-lo-ia sido também por não o ter dado a
outros povos, mas somente aos semitas durante quase 2500 anos, sendo que dentre
estes a classe sacerdotal esteve durante muito tempo restrita somente aos
descendentes de Levi (menos de 1/12 da Nação Israelita). Da tribo de Levi,
qualquer que tivesse algum defeito físico também era afastado do sacerdócio e
não podiam passar além do véu do tabernáculo (Levítico 21:16-24), além do que,
essa linhagem só poderia se casar com virgens, casamentos com viúvas,
divorciadas ou não virgens eram uma
forma de profanação da descendência (Levítico 21:13-15).
Vemos em várias passagens bíblicas que o Senhor
discrimina outros povos ou proíbe o seu povo “escolhido” de contrair matrimônio
fora de Israel (Neemias 13:1-3 e 23-30).
E tem mais, Jesus também teria sido discriminador ao dizer aos apóstolos para não irem nas aldeias dos gentios ou samaritanos, mas somente aos da casa de Israel (Mateus 10:5-6). Por que isto? Por que tal restrição? Não são tudo isso também formas de discriminação relatadas na Bíblia de qualquer cristão?
Sei que algumas passagens polêmicas nas escrituras podem ser difíceis de serem aceitas, mas meus amigos negros mórmons não compartilham dessa visão, como eles, sei que muitas passagens bíblicas e de escrituras mórmons não são perfeitamente compreendidas por nós ainda. Nossos pensamentos são ainda sujeitos à nossa realidade presente e somos tendenciosos ao julgar o contexto do passado (Isaías 55:8-9). Mas se os mórmons foram discriminadores por algumas passagens em suas escrituras, então o foi toda a cristandade (aliás toda ela restringiu o sacerdócio feminino e boa parte dela ainda o restringe!). Pelo menos os mórmons não exerceram fisicamente o racismo como católicos e protestantes que utilizaram a passagem em Gênesis 9:22-27 para vindicar a escravidão dos negros africanos por quase três séculos, mas procuraram sempre defender direitos iguais para negros e brancos desde o início da Igreja.
5)
Qual a posição da igreja em relação à Ku Klux Klan (KKK)?
O Historiador Larry R. Gerlach em
seu livro Cruzes Flamejantes em Sião, escreve que a KKK não foi bem sucedida em
Utah por causa da oposição da Igreja Mórmon. Gerlach descreve:
“Defronte do prospecto de que o Clã tornar-se uma realidade ao invés de uma mera aparição, o Deseret News (Jornal da Igreja) lançou um devastador ataque sobre a ordem secreta. Que o jornal lideraria a oposição inicial ao estabelecimento do Clã foi tão previsível quanto foi significante. O oráculo secular da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, o Deseret News, através de seus editoriais passaram as opiniões da hierarquia da Igreja Mórmon nas relações públicas aos seus fiéis; desde que os Mórmons constituíam 70% dos habitantes de Utah, a posição dos oficiais da Igreja SUD obviamente teriam um importante impacto no futuro do Klan no Estado. Devido à sempre posição antagônica da Igreja Mórmon contra a Ku Klux Klan por razões religiosas e seculares, não é uma surpresa que o Deseret News visse a chegada do Clã a Utah ‘com desaprovação e preocupação’. ” (Cruzes Flamejantes, p. 24)
“O único e
maior obstáculo ao desenvolvimento do Clã no Estado de Deseret [Utah] era a
Igreja Mórmon”. (Cruzes Flamejantes, p. 36)
Aqui estão algumas citações que apareceram em alguns
editoriais anti-KKK no Deseret News ao longo dos anos:
Em 1868, apenas alguns anos após o Clã levantar a sua cara feia, a
Igreja publicou este editorial contra o Clã e outras tão chamadas organizações
“patrióticas” racistas anti-Negros.
“A Ku Klux
Klan, a Liga dos Leias, o grande Exército da República, todas ordens secretas e
ligadas por juramentos estão espalhando o medo e temor através do norte e do
Sul...ordens secretas não são ‘coisas novas debaixo do Sol’, embora elas sejam
chamadas por novos nomes. Elas existiram em intervalos desde as primeiras eras
e se originaram com aquele que tentou Eva para o pecado [Satã]”
***
“Se esta nação se levantar e lançar fora suas
iniqüidades e voltarem-se para o Senhor como Nínive de outrora, Ele irá desviar
sua ira para longe deste povo, e dêem-lhe poderes a fim de investigarem e
destruírem estas combinações secretas, cujos planos, objetivos e feitos
diabólicos, como um exército de formigas brancas, estão devorando o caminho até
as raízes da árvore nacional.” (Millennial
Star 31:344,348)
1870-1890s: Durante este período a KKK encabeçava
reuniões anti-Mórmons e a ataques nos estados do Sul dos USA. Uma meia dúzia de
missionários Mórmons e alguns membros no Sul foram assassinados por homens do
Clã durante este período; com muitos mais sendo surrados, cobertos de piche e
pena, assaltados, escorraçados para fora da cidade ou ameaçados de morte. (Blazing Crosses, pp.11ff)
1908: A versão teatral do famoso romance de Thomas Dixon, The
Clansman (O Homem do Clã), o qual retratava negros como ignorantes e brutos
selvagens e glorificava a KKK como heróis brancos, fez uma turnê por todo os
E.U. e veio a Cidade do Lago Salgado. O jornal gentio (não-mórmon), The Salt
Lake Tribune, louvou tanto a peça como a sua mensagem. O periódico Mórmon,
o Deseret News disse que apesar da peça em si mesmo fosse “uma excelente
produção” o Clã não era uma heróica organização como a peça retratava, mas
“cavalgavam pela nação à noite assassinando e torturando negros e seus
simpatizantes” em um “reino de terror”e “haviam se tornado um bando de viciosos
indivíduos ociosos e dissolutos os quais entravam para uma carreira de
brutalidade e violência que chocava a nação.” (Nov, 2) Por outro lado, The Salt
Lake Tribune, naquela época um periódico anti-Mórmon que constantemente
insultava Mórmons e publicava artigos anti-mórmons, escrevera mais tarde sobre
a versão cinematográfica da peça intitulada Birth of a Nation (O
Nascimento de uma Nação), a qual foi além da peça em seus retratos negativos
dos negros. O anti-Mórmon The Salt Lake Tribune escreveu: “A
violência das turbas e ações ilegais [dos negros] são caracterizadas, seguidas
por espetaculares aparições dos cavaleiros da Ku Klux Klan que secretamente se
organizavam para controlar os negros através de seus medos e superstições. Os
cavaleiros do Clã eram destemíveis cavaleiros noturnos, vestiam túnicas e
capuzes brancos. Atos de vingança foram perpetrados sob a cobertura da noite, e
as cenas mostram claramente porque tais medidas extremas foram necessárias à
manutenção da lei e ordem.” (2 Abril de 1916)
1920: A KKK foi “um insulto e uma ameaça à ordem do governo” que levaria
ao “motim e ao derramamento de sangue” (23 de Dezembro).
1921: “Até agora como são conhecidas suas operações – seus segredos,
seus terrorismos, suas ilegalidades, seus pactos de silêncio – são condenadas
como inimigas da paz, ordem e dignidade da comunidade. Nas nossas comunidades
das montanhas rochosas não há qualquer lugar para isso ou para esses esquemas
sociais. Isto deve ser combatido e restringido, e qualquer indivíduo que se
apresente como autorizado ou qualificado a estabelecer ordens, domínios,
vigílias ou Clãs devem ser enfaticamente conhecedores que suas atitudes locais
serão piores do que inúteis, e seus objetivos detestáveis, e sua ausência e
preferível a sua companhia. O povo de Utah não tem o mínimo gosto ou paciência
para tais absurdos criminosos, e deverá existir toda a clareza em fazer com que
esse fato seja conhecido.”(Julho 23)
1946: O Deseret News chamou a KKK de "Tropas da Tempestade
Americana" (em referência às Tropas da Tempestade Alemãs que levaram
Hitler ao poder), e que a KKK foi "um evento triste para os Estados
Unidos". (Julho 17)
1948: O Deseret News chamou "a praga da Ku Klux Klan" contém
"o vírus que entristecerá a liberdade e proteção de todos os
Americanos." (July 29)
1960s: O Deseret News referiu-se a KKK como "Toureiros em lençóis
de cama" e declarou "é hora para os Estados Unidos da América
arrancarem fora tal conspiração organizada e fora-da-lei." (Jan. 1, 1966)
Na Klanvocação Imperial de 1923 (convenção da KKK) em Atlanta, Geórgia,
o Grande Dragão do Wyoming declarou aos oficiais reunidos do Clã quem era seu
inimigo número 1(um):
“No reino de Utah e espalhado por todo o oeste em geral, nós temos um
outro inimigo, o qual é mais sutil e muito mais esperto em carregar seus
esforços contra esta organização [a KKK]... a religião dos Santos dos Últimos
Dias!” (Papers Read at the Meeting of Grand Dragons,
Knights of the Ku Klux Klan, 1923, pp.112-13)
Por causa da popularidade imensa do filme de 1916, Birth
of a Nation (O nascimento de uma Nação) – a versão cinematográfica para o The
Clansmen (Os Homens do Clã) – milhões de americanos brancos afiliarem-se a
Ku Klux Klan. Em 1924 ela possuía 5 milhões de membros (o equivalente a 15
milhões de homens brancos hoje), e controlava os estados de Indiana, Maine e
Colorado. O Clã era tão ou mais poderoso nos estados do Nordeste ou Meio-Oeste
como nos estados do Sul. Ainda assim, o Clã nunca teve uma presença
significativa nos estados de Utah e Idaho; ambos que haviam refreado o Clã eram
considerados estados ‘Mórmons’. Em 1924, o New York Times
relatou:
“Em
Utah e Idaho, a ordem mascarada [KKK]
está sem qualquer presença digna do nome. Diz-se que existem umas poucas
unidades do Clã em áreas isoladas, mas elas são desprezíveis em número e
influência.” (New York Times, Oct. 19, 1924)
A Igreja S.U.D. recomendou aos Estados Unidos para que acabassem com o
Clã em 1868. Os Estados Unidos não ouviram...
por Élder Moreira: Missão Porto Alegre Sul (1990-1992)