Reflexões em Louisville:
Movimento Cristão Apologético em Conversação
Douglas E. Cowan
Professor Assistente de Estudos Religiosos e Sociologia, Universidade de
Missouri - Kansas City
Artigo
apresentado no CESNUR 2002, Salt Lake City e Provo. Versão Preliminar. Não
reproduza ou cite sem o consentimento do autor (Eu recebi seu consentimento
para traduzir e aqui apresentar!).
INTRODUÇÃO
Isto é não
mais do que um artigo teórico, uma visão rápida do movimento cristão
contra-seitas (Obs. Tradução usada para “christian countercult”), ou um resumo
de pesquisa realizada, como minha reflexão em um relatório a partir do campo de
trabalho. No tempo que tenho, gostaria de falar sobre três coisas: (a) reprisar
brevemente apenas o que seria o movimento Cristão contra-seitas; (b) discorrer
sobre a recente conferência de Ministros Evangélicos para Novas Religiões
(EMNR, em inglês) que se realizou no seminário Batista em Louisville, e para
qual tanto eu como Gordon Melton fomos convidados (após muitas controvérsias) como
oradores visitantes; e, finalmente, (c) considerar a pesquisa que vem sendo realizada no movimento contra-seitas à luz dessa experiência, particularmente
aspectos de sua percepção social e praxes cognitivas deste movimento.
PESQUISAS SOBRE O MOVIMENTO E O TEMOR DOS APOLOGISTAS CONTRA-SEITAS
Você pode tomar contato com o movimento Cristão contra seitas de formas
variadas. Adentre em quase qualquer livraria evangélica e você indubitavelmente
encontrará uma seção ou prateleira rotulada como “Outras Religiões,” “Seitas e Heresias,” “Falsas
Religiões,” ou alguma coisa parecida. Ou talvez você viva perto de um templo
dos Santos dos Últimos Dias – não para colocar um ponto muito bacana nisto (Nota: Lembre-se que o autor deu este
discurso em Provo e Salt Lake). Caminhando perto do templo algum dia você pode
encontrar Cristãos evangélicos dos ministérios contra-seitas tais como os
“Saints Alive in Jesus” (Ed Decker), Utah Lighthouse Ministry (Jerald e Sandra
Tanner), ou Mormonismo Research Ministry (Bill Mckeever), lá estarão
distribuindo seus
panfletos na calçada. Esta é especialmente uma atividade popular nas visitações
de novos templos, quando os Santos dos Últimos Dias convidam o público
não-Mórmon a conhecer o templo antes de sua consagração. Apologistas do
movimento contra-seitas freqüentemente distribuem material explicando por que
eles acreditam que o Mormonismo não seja Cristão e abordam visitantes em
conversação com este mesmo objetivo, e muito ocasionalmente congestionam através
de piquetes as ruas e avenidas que levam até o terreno e estacionamento do
templo.
Os seculares movimentos anti-seitas partem do princípio de diferentes
versões das hipóteses de lavagem cerebral e manipulação de mentes. Tomam como
seus pontos de partida alegações de abuso mental e físico, e atacam um grande
número de grupos religiosos não-tradicionais partindo da premissa de supostas
violações das liberdades civis. O movimento Cristão contra-seitas entende como
inaceitável o
leque de opções religiosas disponíveis em uma economia aberta, pois a própria presença de grupos religiosos não tradicionais
ameaçaria a
percepção de vida vivida por Cristãos conservadores e o clamor destas várias
outras percepções poria em cheque aquela pertencente a uma última autoridade
ou veracidade única.
Como um movimento social, o movimento anti-seitas é de muitas maneiras multifacial e indistinto, com expoentes que vão desde o acadêmico até o
popular, do erudito ao absurdo. Engloba grandes corporações assim como
ministérios individuais; seus membros incluem tanto apologistas de tempo integral,
os quais devotaram suas vidas profissionais a pesquisar e escrever sobre novos
movimentos religiosos, até simples cristãos que apenas querem saber como
responder a missionários mórmons ou a testemunhas de Jeová. Os recursos que o
movimento contra-seitas traz a fim de enfrentar o que consideram como o
crescente problema das seitas, cultos e das “falsas religiões” também são
bem
variados – impressão de livros, revistas, periódicos; programas de rádio;
produções de áudio e vídeo-cassetes; CD-Roms, alertas por mala direta;
encontros evangélicos proativos; websites profissionais e independentes na
Internet; assim como também séries de apresentações, workshops de treinamento e
conferências contra-seitas. Na América do Norte, é tanto uma indústria
multimilionária como uma diversão para qual uma grande porção de evangélicos
Cristãos vem devotando uma grande parte de suas vidas. Na verdade, o
caráter
polimorfo do movimento significa, entre outras coisas, de que não há nenhuma
estatística de afiliação disponível. Uma vez que o pluralismo religioso
caracteriza o ambiente social em que o movimento contra-seitas reside,
intelectuais do movimento consideram todo Cristão ativo como participantes em
potencial. Então, enquanto menos de uma centena de apologistas publicam comercialmente
e consistentemente na América do Norte, o número atual de Cristãos engajados em
todos os níveis na apologética contra-seitas é impossível de determinar.
Prestando Falso Testemunho? É um livro que escrevi como uma introdução ao
movimento contra-seitas, e deve ser lançado pela editora “Praeger” no começo do próximo
ano. Embora eu discorra sobre um vasta amplitude de apologistas contra-seitas
desde os mais extremistas representados por Constance Cumbey, Dave Hunt e Texe
Marrs, até às mais eruditas figuras de superioridade evangélica que se pode
encontrar em apologistas como Francis Beckwith, Robert Bowman e Carl Mosser, os
princípios governantes da apologética contra-seitas permanecem os mesmos. Isto
é, a praxe cognitiva do movimento contra seitas se desenvolve ao longo de dois
pólos: a apologética, que é, a
construção e manutenção da percepção de mundo evangélico-Cristã; e o evangelismo, o esforço contínuo para
converter para a Cristandade evangélica aqueles que seguem outras tradições
religiosas.
Entretanto, um
grande número de
obstáculos freia suas atividades. Duplicação de esforços,
conflitos internos sobre itens doutrinários não essenciais; diferentes
abordagens de grupos religiosos controversos – ao logo dos anos, tudo isto tem
sido considerado pelos apologistas como prejuízos à empreitada do movimento
contra-seitas. Falta de responsabilidade e padrões de preparação intelectual e
espiritual para o evangelismo também minam a habilidade do movimento
contra-seitas de cumprir o que acreditam deveria ser sua missão primordial. Na
verdade, há dissensão até mesmo sobre o que deveria ser sua missão primordial:
fronteira de defesa para os Cristãos ou evangelismo proativo sobre religiões
não-Cristãs (cf. Morehead 2000, 2002).
Em um esforço para tratar
estas deficiências e aumentar sua eficácia, participantes de uma conferência de
1982 sobre seitas e novos movimentos religiosos votaram por estabelecer uma
coalizão permanente contra-seitas – Ministérios Evangélicos para Seitas
(Evangelical Ministries to Cultists (EMTC), em inglês) – a ser coordenado por
Gordon Lewis, um professor sênior do Seminário Teológico de Denver e uma figura
largamente respeitada dentro da comunidade meio evangélica (Pement 1999). Não
muito tempo depois, entretanto, os membros fundadores da organização perceberam
que o nome que haviam escolhido era mais provável de ofender aquelas próprias
pessoas a quem esperavam alcançar e atrair. Então, no fim de 1984, o nome foi
oficialmente mudado para “Ministérios Evangélicos para Novas Religiões.
(EMNR, em inglês)”. Em adição à oferta de várias publicações contra-seitas,
o EMNR providenciou
serviços de referências para oradores e líderes de workshops, e tomou um dos mais significantes passos em
anos recentes – criou o Manual de Ética e
Padrões de Doutrina, estabelecendo os princípios segundo os quais todo
membro ou organização membro fosse esperado aderir (EMNR 1997) – o EMNR
organiza uma conferência anual sobre evangelismo contra-seitas e apologética
evangélica.
Foi para esta conferência, realizada no Seminário Teológico dos Batistas
Sulistas em Louisville, Kentucky, que eu e Gordon fomos convidados.
O que tornou
nossa presença lá controversa foi nosso status na comunidade do movimento
contra-seitas como “apologistas de seitas”- Gordon de grande proeminência
e eu como um dos mais prolíficos. Enquanto nem todos participantes da conferência
consideravam eruditos acadêmicos como “apologistas de seitas”, a lista
inclue
muitos de nossos colegas aqui presentes neste fim de semana: Eileen Barker,
David Bromley, Catherine Wessinger, James Lewis, Massimo Introvigne, Andy
Shupe, e Jeffrey Hadden. A definição operacional de um “apologista de seitas”
é providenciada pelo bem conhecido contra-seitas Holandês, Anton Hein, o mais
ardente proponente do conceito. “Um apologista de seita é alguém que consistentemente
ou primariamente defenda os ensinamentos e/ou ações de um ou mais movimentos
considerados como seitas – conforme definidos sociologicamente e/ou teologicamente….Termos
alternativos usados incluem: ‘defensores de seitas’ [e] ‘simpatizantes de
seitas’” (http://www.gospelcom.net/apologeticsindex/c11.html).
A clara incapacidade de apologistas como Hein de distinguir entre suporte
acadêmico para crenças particulares e suporte acadêmico pelo direito de indivíduos
e grupos de sustentarem suas crenças é um ponto importante, mas um tópico
para um outro discurso em uma outra hora.
“DEVEMOS ENTREGAR NOSSO PÚLPITO?” A JORNADA ATÉ LOUISVILLE
O convite inicial para
falar em Louisville veio do presidente da EMNR, John Morehead, que é o autor e
editor do periódico “Watchman Fellowship Expositor”. Eu havia entrado em
contato com John desde que ele requisitou uma cópia de minha dissertação
sobre o movimento contra-seitas no fim de 1988. Desde então, várias partes da
dissertação foram compartilhadas entre a comunidade dos contra-seitas. Este
fato e o meu livro sobre o movimento causaram um excitamento desagradável. Criticismo tem
variado desde “Ele tomou tudo pelo lado errado", e "como pode alguém ter dado a
este idiota um doutorado?” até o “Fabuloso, um outro apologista de seita com
quem devemos tratar.”
De fato,
alguns apologistas contra-seitas me contataram e me pediram para corrigir e
submeter críticas a partes do manuscrito para certificarem-se de que eles e
suas idéias houvessem sido acuradamente representadas. Eu gostaria de salientar
em paralelo de que isto é raramente uma cortesia concedida de acordo com os objetivos do criticismo do movimento
contra-seitas.
Quando a
comunidade contra seitas soube que o EMNR estava para dar um espaço em sua
agenda do encontro anual para dois “apologistas de seitas” tais como Gordon Melton
e Doug Cowan, as reações foram diversas para não falar muito. Alguma parte do
debate se deslanchou no fórum AR de Rich Poll, uma popular lista na Internet do
movimento contra-seitas. Muitos lá argumentavam que nossas percepções eram
tão largamente conhecidas, e tão claramente errôneas, que nos convidarem para o
EMNR não tinha nenhuma serventia. Oponentes contenderam de que se Melton e Cowan
não podiam ajudá-los a ganhar almas para Cristo, e como seus trabalhos não eram
intencionalmente voltados para aquele objetivo, por que cargas d’água então
deveriam dar-nos um fórum? “Certamente não entregaríamos os púlpitos de nossas
Igrejas a eles!” “O EMNR poderia também começar a convidar Mórmons e
Cientologistas para apresentarem!.” Embora nunca chegasse a acontecer, alguns
sugeriram boicotar a conferência em protesto.
Defensores de
nossa presença, por outro lado – embora certamente não defensores de nossa
idéias – argumentaram que o movimento contra-seitas havia se tornado tão
auto-absorto em sua agenda que poderia apenas tirar proveito a partir de
críticos do lado de fora. Haviam-se tornado tão voltados para si que freqüentemente
se esqueciam absolutamente de suas perspectivas extrínsecas. Isto
está amplamente demonstrado, por exemplo, na tão freqüente resposta negativa em
relação a alguns intelectuais de dentro de seu próprio movimento, tais como John
Morehead, Carl Mosser, e Paul Owen (cf. Beckwith, Owen, e Mosser 2002; Morehead
2000, 2002; Mosser e Owen 1998) os quais sempre foram críticos da metodologia e
epistemologia do movimento contra-seitas, ou então de acadêmicos evangélicos como
Craig Blomberg que tem procurado construir pontes de comunicação para superar o
‘gap’ de sua comunidade e, neste caso, com a comunidade dos Santos dos Últimos Dias (cf.
Blomberg e Robinson 1997).
A impressão
que tudo isto dá é que a grande maioria da comunidade do movimento
contra-seitas está simplesmente sem vontade de considerar criticismo sobre suas
intenções, métodos, ou da tarefa que tem em mãos. Por outro lado, aqueles que
argumentavam de que Gordon e eu deveriam ser permitidos de falar – incluindo
alguns proeminentes membros do conselho da EMNR como James Bjornstad –
insistiam que o movimento contra-seitas poderia apenas se beneficiar de
críticas não importasse de onde viessem. Até mesmo no dia em que a
conferência estava para começar, entretanto, o debate continuava em uma reunião
executiva do EMNR. Eu não tinha nenhuma idéia quando desci em Louisville se
seríamos ignorados e tratados como párias, se nossas apresentações seriam
boicotadas, ou mesmo se seríamos permitidos enfim de realizá-las.
APOLOGISTAS DE SEITAS ESTRÉIAM NO PALCO
Eu certamente
não posso falar por Gordon, mas, em geral, fui tratado muito cordialmente pela
maioria dos participantes com quem interagi. Freqüentadores das Conferência
estavam bem cientes de quem éramos e desde o momento que cheguei várias pessoas
quiseram falar comigo, escutar minha opinião em alguns casos, questionar-me para
ver se eu realmente sabia do que estava falando. Outros demonstraram claramente
que não queriam nenhum negócio comigo.
No entanto, em suma, passei mais tempo interagindo com participantes da
conferência do EMNR do que em qualquer outra conferência acadêmica secular. E,
fui informado mais tarde de que nossas apresentações estavam entre aquelas de
maior público na conferência.
Quando John me
convidou, ele especificamente me pediu para tratar a questão: “Se o movimento
Cristão contra-seitas deseja ser tomado seriamente por eruditos acadêmicos
seculares, o que deveríamos fazer de diferente?” Isto é, uma vez que a grande
maioria da praxe cognitiva do movimento contra-seitas é orientado em direção à
manutenção das fronteiras evangélicas ao invés de uma missiologia proativa,
baseado em sua pesquisa, se desejamos pregar para qualquer um além de nosso
círculo que tipo de ajustes deveríamos fazer? Organizei minha resposta a fim de
tratar quatro princípios da questão: epistemologia, erudição acadêmica
questionável, honestidade e respeito.
A primeira questão é epistemologia, ou “como sabemos o que
sabemos.” Indiquei que os padrões de evidência variam ao longo de domínios
sociais, e o que pode ser considerado suficiente em uma situação é freqüentemente
e decididamente insuficiente em outra. Por exemplo, nos
procedimentos criminais de uma corte, decisões são baseadas na evidência que é
apresentada “além de uma dúvida razoável”. Nos procedimentos civis, por outro
lado, há uma reduzida carga de prova. Um caso pode ser provado apenas “pela
preponderância da evidência”; o que significa simplesmente, uma coisa é mais
provável do que outra. O que acredito é que o movimento Cristão contra-seitas deveria
tratar sobre esta questão é a epistêmica circularidade em que uma considerável
parte de seu argumento apologético esta baseada. Em outras palavras, a apologética
contra-seitas está predicada sobre um argumento circular, uma falácia lógica na
qual essa apologética quase sempre cai presa e que é um dos primeiros
criticismos levantados do lado externo do domínio evangélico. Eu quero dizer, é
claro, a alegação de que a Bíblia seja a única e autoritária Palavra de
Deus – inerrante, infalível e insuperável.
No caso destas circularidades epistêmicas, e o Cristianismo conservador
com certeza não é a única situação em que isto acontece, os “ônus da prova” são
diferentes dentro e fora da comunidade. Isto é, o padrão de evidência que
convenceria alguém que tanto já acredita ou está já inclinado a crer na Bíblia
como a única e autoritária Palavra de Deus é significantemente diferente daquele
requerido para convencer alguém que não tem esta mesma disposição. Eu
sugeriria que o movimento contra-seitas faria muito bem em tomar nota disso, e
discorrer sobre isso de alguma forma, ao invés de ficar simplesmente repetindo
o mesmo argumento circular sobre inerrância bíblica de novo, mais uma vez e
novamente.
QUESTIONÁVEL ERUDIÇÃO ACADÊMICA
Meu exemplo favorito de questionável erudição acadêmica
é o uso tomado pelas humildes notas de rodapé. Quando o Instituto de Pesquisa
Cristãs emitiu uma declaração oficial sobre o companheiro apologista Dave
Hunt, e declarou que, embora o considerassem um “irmào em Cristo,” eles não
o reconheciam como um erudito acadêmico de crédito, Hunt se sentiu ultrajado.
“Não sou um erudito? Como é isso definido? Apesar das mais de 800 notas de
rodapé em “A Mulher Montada na Besta”
(Nota: Veja link, http://www.chamada.com.br/livraria/autores/?cod=DH ), Não
fui criterioso em minha pesquisa?” (Hunt 1995:3). “Invasão Oculta” (1998) contém aproximadamente 1500 notas de rodapé.
Que os apologistas do movimento contra-seitas empreguem o aparato de erudição
acadêmica não é, entretanto, a questão; mas sim como esse aparato é então
empregado. Quais são as fontes e são estas confiáveis? Foram elas citadas corretamente
e imparcialmente? O mero uso do aparato acadêmico não dá nenhuma garantia
de confiança na informação providenciada.
Na introdução de “Arrozoando com Católicos a partir das
Escrituras”, Ron Rhodes deixa claro de que compreende que o Catolicismo
Romano abraça uma larga variedade de posições teológicas e populares, petições
litúrgicas, assim como diferentes contextos sociais e culturais. “Católicos Romanos não
podem ser colocados todos juntos dentro de um grande e mesmo balde,” ele declara,
imediatamente antes de virtualmente fazer isso. “Há alguns Católicos Romanos,”
continua, “que realmente acreditam sobre o que é ensinado na Bíblia a
respeito de graça e
justificação e estão de fato salvos” (Rhodes 2000:15). Em sua nota sobre
“metodologia” Rhodes declara que “não é meu objetivo neste livro simplesmente
citar o que outros Protestantes disseram sobre o Catolicismo Romano. Antes, pretendo
eu citar referências diretamente a partir de representativas fontes
Católicas Romanas” (2000:21), entre estas, o Catecismo da Igreja Católica.
Das mais de 450 notas de
rodapé que Rhodes providencia, menos da metade são de fontes Católicas Romanas,
ou então oficiais. E apenas, vinte e oito destas referem-se ao Catecismo. Entre as muitas freqüentes citações de fontes Católicas de Rhodes estão: Ludwig Ott’s Fundamentals of Catholic Dogma (1954), Hardon’s Pocket Catholic Dictionary (1985), and The Essential Catholic Handbook (1997).
Destes, o livro de Ott é significativamente pré-Vaticano II, o de Hardon é um
resumo, uma edição popular de seu magisterial Dicionário Católico Moderno (1980), e o terceiro designa-se como um
“guia compacto aos preceitos básicos da fé Católica.” Nada próximo a um
catálogo de “fontes chaves representativas dos Católicos Romanos,” apesar da
consideração que tanto Ott e Hardon possuem dentro da Igreja. Por outro lado,
quase quarenta e cinco porcento de suas referências provem de fontes
evangélicas Protestantes, incluindo escritores explicitamente anti-Católicos
Romanos tais como James White (1996, 1998), James McCarthy (1995, 1997), e ele
mesmo. Isto nos leva até a:
Honestidade
O nono dos Dez Mandamentos
reza: “Não prestarás falso testemunho contra teu vizinho” (Ex. 20:16; Dt.
5:20). Ex. 23:1 expande o estatuto pentatêutico, e mais adiante adverte o
discípulo: “Não levantarás um relatório falso: não ponha tua mão junto com o iníquo
a fim de ser uma injusta testemunha.” De uma forma simples, não diga mentiras
sobre as pessoas. Aqui eu indicaria que
dada a autoridade com que a Escritura é vista na praxe cognitiva do movimento
contra-seitas, esta injunção deveria ser de maior preocupação para apologistas
do movimento do que freqüentemente aparenta. Isto é evidente a
partir do uso que alguns dos mais argutos apologistas esperam que os
leitores farão de seu trabalho. “Nós
não somos simplesmente uma fonte de informação,” escreve Dave Hunt, por
exemplo. “Nós ansiosamente desejamos reunir dezenas de milhares de crentes
conscientes que não somente estarão informados mas também agirão sobre a
informação que providenciamos” (Hunt 1992:1). Se este é o caso, a
confiabilidade da informação torna-se uma preocupação crítica – especialmente
quando estamos tratando com alegações factuais que estão abertas para uma
imediata e conclusiva confirmação em contrário. Eu então lhes mostrei um grande número de
exemplos tirados a partir de obras de vários apologistas contra-seitas....
Respeito
Tudo isto leva, quase que
naturalmente, a questão de respeito. Então, por isso, eu me referencio ao próprio Manual de Ética e Padrões Doutrinários
da EMNR. Enquanto movimentos de coalizão tais como a EMNR pode servir para
grande número de funções específicas, neste Manual estas funções marcham sob
três grandes categorias: (a) a clarificação de doutrinas e objetivos
organizacionais; (b) o estabelecimento de padrões profissionais de conduta
ética e missiológica; e (c) a coleção e administração de aceitável material
apologético do movimento contra-seitas.
O Manual reconhece que a
interação do movimento contra-seitas com não-Cristãos deveria ser conduzidas
em um mesmo espírito de gentileza e humildade – do mesmo jeito que Cristãos
deveriam tratar uns aos outros. Desta forma, membros da EMNR são incentivados a
“evitarem o uso de linguagem áspera sempre que possível”, de “terem cuidado em
presumirem discernir os motivos, intenções ou pensamentos íntimos dos
não-Cristãos,” e “ter em mente que nosso objetivo é ganhá-los, não aliená-los”
(EMNR 1997). “Em nossas apresentações impressas e orais contra o erro,” o
documento continua, “…devemos evitar o uso de ‘linguagem carregada’ ou de
terminologia emocional que traria mais descontentamento na audiência do que
compaixão” (EMNR 1997).
Agora, eu poderia discorrer
literalmente por horas sobre a linguagem antipática, e freqüentemente repetitiva com a qual o
material do movimento contra-seitas está embebido – tudo desde doença até
metáforas de invasão, desde linguagem de batalhas espirituais até a
iconografia contra-seitas. Mais uma vez, embora, como tão freqüentemente ocorre
no discurso do movimento contra-seitas, há uma evidente falta de
conscientização no seu Manual de Conduta sobre o que realmente está sendo
dito.
Nesta mesma seção, não mais
do que cinco sentenças adiante, de fato, lemos: “Embora descrentes são escravos
do pecado e possuem uma natureza obscurecida e rebelde contra Deus, não temos
nenhum aval para impugnar seus motivos em todos os casos” (EMNR). O que sugere,
é claro, que existem situações em que tais censuras seriam válidas, e que
apologistas contra-seitas possuem a sabedoria de saber a diferença.
Adicionalmente, alguém é levado a questionar apenas como, digamos, um devoto
Neo-pagão, uma pessoa ao menos tão comprometida com seu caminho espiritual
quanto o apologista contra-seitas ao seu, entenderia a frase “escravos do
pecado e possuídos de uma natureza obscura e rebelde contra Deus”?
Em termos da crescente profissionalização
do movimento contra-seitas, uma das mais importantes seções do Manual de Ética
trata a respeito de “auto-representação.” Em cinco áreas críticas delineiam
padrões para credenciais acadêmicas, autoria, testemunho, emprego e
realizações. O Manual de Ética reconhece que floreios, hipérboles, e
interpretação solipsítica dos eventos tais como anedotas de atrocidades ou de
milagres, e a invenção inacurada do passado são todas detrimentais à agenda do
movimento contra-seitas. Concernente a “Níveis de Educação e Ordenação,” por
exemplo, o Manual de Ética explica: “Membros do EMNR não devem se promoverem
como tendo níveis de educação superior a menos que tais graduações possam ter
sido legitimamente ganhas em uma instituição que requeira instrução interna ou
através de uma reconhecida faculdade de educação a distância” (EMNR 1997). Para
alguns do EMNR, por exemplo Gordon Lewis ou Douglas Groothuis, isto não
representa nenhuma dificuldade. Para um outro fundador, entretanto, o venerável
Walter Martin, a questão de de se o que eles atestam como suas credenciais
acadêmicas e sobre o que eles realmente podem legitimamente comprovar permanece
uma questão em
aberto. Problemas similares foram levantados a respeito de apologistas contra-seitas
tais como John Ankerberg, Hank Hanegraff, John Weldon e James White.
Meu ponto aqui era que, uma vez
que
no movimento Cristão contra-seitas, nomes tais como “expert”, “autoridade”, e
“especialista” são utilizados a torto e a direito, e regularmente acompanhados
de adjetivos tais como “internacional,” “renomado,” e “líder,” o potencial e
tentação para a má representação das verdadeiras credenciais de alguém é bastante alto. Além do mais, uma vez que não há nenhum corpo de crédito, nenhum
magistério oficial, na verdade nenhum requerimento formal para uma educação especial de qualquer espécie, o problema se torna ainda muito mais complexo.
Colocado de forma simples, qualquer um que quiser pode pendurar uma placa no
pescoço que diga: “Apologista contra-seitas: Escravos do Pecado Salvos Aqui.”
Rich
Poll, antigo membro do Instituto de Pesquisas Cristãs e agora operador de um
Periódico Apologético, foi o primeiro a comentar. “Essa doeu!” Disse ele.
“NÃO DEVERÍAMOS TER ENTREGUE NOSSOS PÚLPITOS”: EMNR E O QUE SE SUCEDEU EM LOUISVILLE
No suceder de
nossa apresentação na conferência de Louisville, aconteceu um monte de coisas –
todas elas delatam a natureza insular do movimento Cristão contra-seitas
conforme está presentemente constituído, e o conflito que existe dentro do
próprio movimento sobre esforços na direção de mitigar essa percepção
provincial. Um número de circunstâncias falam por si mesmas.
Primeiramente, antes da conferência, John Morehead havia contratado uma
editora evangélica conservadora para editar a coleção de ensaios sobre a atual
posição do movimento contra-seitas. Ele
especificamente pediu que um capítulo extraído de minha apresentação no EMNR
fosse incluído, e eu providenciei um artigo detalhado o qual foi aceito pelo editor. Logo após a conferência, o
editor informou John de que meu
capítulo não era para ser incluído, e que o contrato de publicação dependia de
sua decisão. O editor também insistiu de que todos os autores que contribuíram
com seus trabalhos assinassem uma declaração de fé evangélica como
uma condição em seus contratos – uma coisa que eu, obviamente, não poderia
fazer. Enquanto nenhum outro capítulo fosse excluído, e o meu era o único
especificamente crítico a apologética contra-seitas como uma empresa religiosa,
os editores deixaram claro de que não tomariam parte em divulgar as
percepções de um “auto-proclamado agnóstico.”
O que é ainda mais interessante
é que esta foi exatamente a frase usada para criticar pelo menos
minha presença depois que a conferência haver terminado. Um grande número de pessoas,
incluindo alguns membros do conselho do EMNR argumentaram que não havia nada
que pudesse ser aprendido a partir de um “auto-proclamado agnóstico.” Se há uma
conexão entre isto e a exigência dos editores para que meu capítulo fosse
excluído, eu deixo isto para ser ponderado por Mel Gibson quando dirigir seu
táxi em “Teoria da Conspiração”.
Uma das maneiras pela qual
John Morehead tem procurado disseminar os procedimentos da conferência EMNR é
através da publicação dos artigos da Conferência no seu website. Logo após a
conferência, quando eu o contatei sobre isso, descobri que haviam recusado
permissão a John para incluir tanto meu discurso como o de Gordon naqueles
procedimentos. Não importasse quaisquer que fossem as alegações de compromisso ou
independência de pensamentos que poderiam vir antes de nossos artigos,
“apologistas de seitas” simplesmente não receberiam outro fórum para
apresentarem suas idéias.
O que levanta interessantes
possibilidades para a conferência EMNR em 2004, que está programada para
acontecer em Kansas City. John deseja fazer Prestando
Falso Testemunho? o assunto de uma mesa redonda em que o “Autor encontra-se
com seus Críticos”. Ainda esperamos para ver se, naquela conferência,
“apologistas de seitas” estarão no programa ou no menu.
APOLOGIA E ACADEMIA: PROSPECTOS PARA UMA REAPROXIMAÇÃO?
Está claro que
há uma batalha acontecendo na comunidade contra-seitas evangélica pelo controle da direção
que será tomada nos anos vindouros. A EMNR é relativamente uma pequena
organização, da qual um grande número de proeminentes indivíduos e organizações
do movimento contra-seitas escolheram se excluir. Uma vez que é uma
organização inteiramente voluntária, ela não tem controle sobre a maneira pela
qual membros menos honoráveis de sua comunidade conduzem seus afazeres.
Após ter acabado de ter completado meu
livro sobre o movimento contra-seitas, meu temor era que ao sentar no avião de
Louisville para Kansas City, eu pudesse estar pensando, “Oh droga, eu me dirigi
a este grupo de uma forma completamente errada.” Isto não foi o caso, diga-se
de passagem. Na verdade, exatamente o oposto. Que existem mais apologistas
contra-seitas de maior rigor acadêmico está claro, embora estes devam ainda
realmente fazer sua presença no palco mais efetiva. Intelectuais emergentes do movimento
tais como Carl Mosser e Paul Owen estão fazendo fama na apologética SUD-Evangélica. Eles eram
estudantes de mestrado quando escreveram “Trabalhos
Acadêmicos Mórmons, Apologética e Negligência Evangélica: Perdendo a Batalha Sem
o Saber?” (1998), uma das mais significativas reabordagens intrínsecas da
apologética contra-seitas nas últimas décadas, se eles continuarão como
apologistas do movimento contra-seitas e uma dúvida para todo mundo.
Eu suspeito,
entretanto, que a razão primária para que eles ainda não terem começado a fazer
presença é que eles aconselham um curso epistemológico muito diferente e
consideravelmente muito mais difícil para o movimento contra-seitas do que
aquele que tem
até aqui sido tomado. Eles urgem apologistas de todos os níveis para não
simplesmente lerem material evangélico sobre grupos alvos, mas também ler
material produzido pelos próprios grupos. Eles argumentam que, por causa de que
quase invariavelmente apresentam um visão restrita do grupo em discussão, a leitura
de apenas material evangélico do movimento contra-seitas é talvez o maior erro
fundamental cometido pelos Cristãos evangélicos. Enquanto muitos apologistas do
movimento contra-seitas possam parecer citar fontes primárias, eles geralmente
estão a citá-las dos escritos de outros apologistas contra-seitas – tiradas
fora de contexto e dependentes daqueles que foram antes deles de terem
apresentado o material acuradamente. O resultado? Se o único material que
apologistas contra-seitas lêem é aquele produzido por outros apologistas – que
poderiam eles mesmos terem lido e trabalhado a partir do original, mas cuja
pesquisas está diluída através de interpretações e extensões geradas – então o
movimento torna-se preso em um “looping” epistêmico progressivamente degenerativo,
de um rigor intelectual que continuará a degradar ao longo do tempo.
Colocado
diferentemente, a menos que esforços de apologistas como John Morehead tenham
sucesso, o movimento tornar-se-á alguma coisa semelhante ao exercício de correr atrás do
rabo para a manutenção de suas fronteiras – todo mundo citando uns aos outros
na esperança de encontrar apoio para suas porções de percepção do mundo.
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