Perguntas sobre Bíblia e doutrinas SUD:

1) Pode existir mais escrituras além da Bíblia?

2) Qual o valor da Bíblia para os Mórmons?

3) E quanto à versão inspirada de Joseph sobre o Apocalipse?

4) Não existem "milhares" de pergaminhos que atestam a correta tradução do Apocalipse?

5) Não é Cristo o único sacerdote de Melquisedeque?

6) Os mórmons voltarão a fazer sacrifícios de animais?

7) Poderiam Pedro, Tiago e João aparecer a Joseph?

8) Encargos da Igreja?

9) Sacerdócio foi idéia de Sidney Rigdon?

10) Doutrina da existência Pré-mortal é bíblica?

11) Brigham Young ensinou que Adão era nosso Pai Celestial?

12) Joseph Smith será nosso juiz final ao invés de Jesus?

13) Praticam os mórmons expiação pelo sangue de seus pecados?

14) Não foi Jesus gerado pelo Espírito Santo?

15) Acreditam os mórmons na Imaculada Concepção de Maria?

16) Código Bíblico prova ser a Bíblia perfeita?

17) Como vocês explicam Gálatas 1:6-8?

18) Como vocês explicam Isaías 43:10, em que ensina sobre a não existência de outros deuses?

19) E quanto a outras escritura de Isaías afirmando que não há outros deuses fora Iahweh (Jeová)?

2) Se existem famílias na eternidade por que Mateus 22:23-30 ensina que seremos como anjos?

21) Apostasia e Restauração não contradizem Judas 1:3?

22) Deuteronômio 18:22 não estabelece um padrão para se determinar um profeta de Deus?

23) Como podem vocês acreditar que Jesus e Lúcifer são espíritos irmãos?

24) Como pode o Livro de Mórmon usar o nome Lúcifer? Não é este um nome errado para designar Satanás?

25) A alma vive depois da Morte? Sobre a doutrina aniquilacionista.

26) (2 Timóteo 3:16-17). Se toda a escritura que necessitamos já foi dada, então porque precisamos de mais?

 


1) Por que os S.U.D. possuem mais escrituras além da Bíblia. Apocalipse 22:18-19 não condena isso !?

Na verdade, a maioria das críticas e acusações contra a Igreja pode ser resumida em um único argumento: “Não pode existir mais revelações além da Bíblia!”, argumento apoiado principalmente na declaração final do livro de Apocalipse. Desse argumento vem os corolários de não poder existir mais profetas, novas escrituras, novas doutrinas, etc.
              Em primeiro lugar quero explicar como surgiu a Bíblia (= livros; plural do grego “
Biblos” = livro). João Crisóstomos, por volta do século IV d.C. usou este termo para designar as escrituras canônicas (= “padrões”) judaicas junto com alguns dos escritos e cartas dos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo.

Mas sempre houve e há discussões até hoje entre os mais eruditos teólogos sobre a autenticidade destes escritos. Os atuais 66 livros da Bíblia Hebraica são aceitos como únicos pelos protestantes cristãos desde a "Reforma" de Martinho Lutero (se bem que este último repudiou a autenticidade divina da Epístola de Tiago, uma vez que ela ia de encontro a sua doutrina da "Justificação pela Fé”, contradizendo ao que é ensinado em Tiago 2:24 - História da Civilização - “AS REFORMAS - Vol. VI”; Willian & Ariel Durant), as Igrejas Católicas (Romana e Ortodoxa) aceitam também como doutrinários e inspirados os livros comumente chamados de apócrifos (I e II Macabeus, Tobias, Judite, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico de Sirac, etc.).

A questão é, “Quem decidiu sobre a divina autenticidade dos livros até então: profetas de Deus ou Concílios de homens?” A História dos fatos infelizmente levam-nos a última opção. Então, para por fim ao assunto entre os leigos, os eruditos deslocaram o Apocalipse para o final da Bíblia e, a maioria das igrejas cristãs aceitou como definitiva a declaração final de que nada mais poderia ser acrescentado ou retirado, senão sob pena de pragas ou excomunhão de Deus. Novamente, acrescentado ou tirado a quê? A Bíblia? "Sim", responde a ingenuidade de muitos, mas, é óbvio que o Apocalipse é uma  carta de João às 7 igrejas da Ásia e que também não foi o último livro escrito da Bíblia (o evangelho de João e provavelmente a epístola de Judas  são posteriores à revelação em Patmos!) e muito menos a Bíblia existia no tempo desta revelação como existe hoje em dia, sendo ela somente compilada 3 séculos mais tarde. Fica claro, portanto que o Senhor está se referindo a nada alterar da revelação dada, isto sempre foi um procedimento comum do Senhor, como podemos ver em Deuteronômio 4:2. Não ficaria surpreso se visse algum judeu acusando um cristão de anátema por acrescentar todo um Novo Testamento às revelações de Moisés e utilizar esta última escritura como "prova"!

 

2) É verdade que os S.U.D. não dão valor à Bíblia?  Por que a Igreja SUD não publica a versão inspirada de Joseph Smith? Acaso as profecias sobre o próprio Smith na versão inspirada trariam embaraço à Igreja de Jesus Cristo SUD?

 

Nos folhetos antimórmons geralmente os autores distorcem a verdade ao afirmar que os membros da Igreja não dão importância à Bíblia e acreditam que esta está "repleta de erros". De fato há alguns erros, contradições e omissões (v. tabela abaixo), mas isto não tira o caráter inspirado da Bíblia, sendo tais discrepâncias admitida às fragilidades humanas de autores e tradutores. Dos quatro anos do currículo do estudo do evangelho nas classes de Instituto, Seminário e Escola Dominical, dois anos são reservados à Bíblia, um ao Livro de Mórmon e outro à História da Igreja e Doutrina & Convênios.

 

            Outros Livros não encontrados na Bíblia, mas citados por esta:

 

            O Livro dos Convênios                                                              Êxodo 24:7

            O Livro das Guerras do Senhor                                                  Números 21:14

            O Livro de Jasar ("O Reto")                                                       Josué 10:13

            O Livro dos Atos de Salomão                                                     I Reis 11:41

            Os Livros de Natã e Gade                                                         I Crônicas 29:29

            O Livro das Profecias de Aías e o das Visões de Ido                   II Crônicas 9:29

            O Livro de Semaías                                                                   II Crônicas 12:15

            O Livro de Jeú                                                                          II Crônicas 20:34

            O Livro dos Atos de Uzias                                                         II Crônicas 26;22

            O Livro dos Ditos dos Videntes                                                  II Crônicas 33:19

            Uma epístola anterior de Paulo aos Coríntios                               I Coríntios 5:9

            Uma epístola anterior de Paulo aos Efésios                                 Efésios 3:3

            Uma epístola de Paulo de Laodicéia                                           Colossenses 4:16

            Epístola anterior de Judas                                                           Judas 3

            Profecia de Enoque                                                                   Judas 14

 

            Algumas ‘contradições’ encontradas na Bíblia:

 

            Visão de Paulo             Atos 9:7                     x          Atos 22:9

            Morte de Judas            Mateus 27:5                x          Atos 1:18

            Deus se arrepende       Números 23:19            x          Gênesis 6:6 e Jonas 3:9,10

                                               I Samuel 15:29        x          I Samuel 15:35

 

Uma lista mais completa com cerca 300 contradições Bíblicas pode ser encontrada em:

http://www.skepticsannotatedbible.com/contradictions.html

Contudo, referencio a este sítio com ressalvas, os seus autores são profundamente antibíblicos e naturalistas ferrenhos. Muitas das supostas contradições lá citadas podem ser explicadas simplesmente devido a um caráter independente dos autores sobre um determinado acontecimento relatado ou devido às variantes de interpretação de uma determinada palavra. Por exemplo, “arrepender-se” em hebraico, tem a mesma raiz e significado de “condoer-se”, “lastimar-se”, os quais se aplicariam melhor a Deus ou Jeová quando este se “arrependia” nas escrituras acima citadas.

  

Outro argumento contra a Igreja é que Joseph Smith traduziu sua própria versão da Bíblia e que os mórmons não a publicam pelo embaraço que as profecias sobre o próprio Smith nela contidas trariam embaraço para a Igreja hoje.

De fato, Joseph Smith iniciou uma Versão Inspirada e todo membro esclarecido da Igreja sabe disso e que a Igreja não publica difundidamente tal versão por dois principais motivos:

1o.) Os originais da Versão Inspirada se encontram na mão da Igreja Reorganizada e quaisquer publicações feitas pela I.J.C.S.U.D. teriam obrigações autorais a ver com aquela.

2o.) O próprio profeta Joseph Smith disse que teria de voltar à Versão Inspirada a fim de completá-la e corrigi-la, logo a Versão não havia sido sancionada pelo profeta do Senhor quando este foi assassinado a sangue frio, junto com seu irmão, deixando assim a obra inacabada.

As acusações de que a Versão Inspirada traz embaraços para a Igreja uma vez que contém profecias sobre o próprio Smith é totalmente improcedente, uma vez que no Livro de Mórmon há profecias semelhantes ou referentes ao próprio profeta Joseph (II Néfi 3:6-7; II Néfi 3:11, 13-15; II Néfi 27:9, 12-15; etc.) e este livro é o mais largamente publicado pela Igreja em todo mundo desde a sua restauração em 1830. Se fosse para trazer embaraços para a Igreja já os teriam trazido há muito tempo, mas pelo contrário tem cada vez mais resistido a ataques e enfrentado o mundo (V. Livro de Mórmon).
               Quanto à profecia sobre José, filho de um também José nos últimos dias que aparece na Versão Inspirada do Gênesis e no Livro de Mórmon é digno de nota a informação abaixo tirada da Liahona de maio de 1973, artigo do Dr. W. Cleon Skousen:

      "Os judeus ortodoxos conservaram no Talmude, no Midrash e no Targum judaico, uma tradição de suma importância. Desastradamente, essa tradição foi retirada da Bíblia, conforme nos foi entregue".

            "Dizem as referências judaicas acima citadas que o servo de Deus nos últimos dias seria chamado José, filho também de José, que ele seria descendente de José (do Egito) através da semente corporal de Efraim, que seu advento se daria ao tempo do retorno de Elias (Malaquias 4:5-6), o qual viria numa época de Páscoa (até hoje, os Judeus reservam uma cadeira vazia na época da Páscoa para o retorno de Elias) e que ele, José, seria morto junto com um outro".

              W. Cleon Skousen colheu estas preciosas informações da obra do Dr. Joseph Klausner, intitulada "A idéia Messiânica em Israel" capítulo 9, parte 3, publicado em New York, 1955 pela Macmillan Co. Joseph Smith Jr., era filho de Joseph Smith Sr., descendente de Efraim. Recebeu a visita de Elias no templo de Kirtland na páscoa de 1836, e foi assassinado junto com seu irmão Hyrum Smith em 1844!

 

  
 Estátua  em homenagem a Joseph e Hyrum que existe hoje no centro de visitantes em frente à cadeia de
Carthage-IL, onde Joseph e Hyrum foram assassinados!

 

               Nos Pergaminhos do Mar Morto, encontram-se também várias referências a este José nos Últimos Dias, profecia esta bem conhecida entre os judeus no 1° século A.C., assim entende-se melhor a  passagem descrita no evangelho de João.

 

João 1: 19-23; 25 .

 

... 25    E perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Porque batizas pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o (aquele) profeta ? 

 

o Cristo : O Messias esperado da tribo de Judá, que seria o salvador  e rei de Israel

 

Elias: Elias o profeta tisbita, quem retornaria antes do grande e terrível dia do Senhor para converter o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais (Malaquias 4: 5-6)

 

o Profeta : O servo do Senhor nos últimos dias, o Ungido da tribo de José que viria para preparar a obra do Senhor antes do grande e terrível dia do Senhor.

 

Os homens podem negar a verdade dos fatos, mas Deus certamente não o fará!

 

Para entender como os judeus do tempo de Jesus interpretavam as referências messiânicas, não deixe de Ler o texto: O Messias Oculto

                Para saber mais sobre esta questão do Messiah ben Yosef  (O Messias filho de José), favor ler os dois asrtigos seguintes:

                Joseph Smith : O Ungido do Senhor

                O Messias filho de José (Efraim)

3)               Ok! Até posso aceitar outros Livros inspirados além daqueles que existem na Bíblia hoje, mas e quanto a versão inspirada de Joseph da Bíblia? Não cobriu ele também o livro de Apocalipse quando o autor deste advertiu tão severamente para que nada fosse alterado do texto daquela profecia?

 

                 Apesar da versão inspirada não ter sido sancionada pelo profeta, a  pergunta é pertinente e merece consideração adequada. Contudo, a questão assim levantada está inferindo e se baseando sobre duas premissas: 

a)      Os originais do apocalipse de João existem e nenhuma mudança poderia ser feita neles:

b)      Seria possível traduzir literalmente da língua original deste manuscrito (grego, aramaico, ...) para o inglês do tempo de Joseph Smith sem ser preciso nenhuma inserção ou alteração.

 

        Infelizmente estas duas premissas não são verdadeiras, os originais de apocalipse não existem, os mais antigos manuscritos bíblicos são:

 

Autor

Data em que foi Escrito

Mais antiga cópia

Tempo de hiato

 

 

Manuscrito Madalena

(Mateus 26)

1o século

50-60 AD

co-existente (?)

 

John Rylands (João)

90 AD

130 AD

40 anos

 

Bodmer Papyrus II (João)

90 AD

150-200 AD

60-110 anos

 

Chester Beatty Papiro (NT)

1o século

200 AD

150 anos

 

Diatessaron por Tatiano (Evangelhos)

1o século

200 AD

150 anos

 

Codex Vaticanus (Bíblia)

1o século

325-350 AD

275-300 anos

 

Codex Sinaiticus (Bíblia)

1o século

350 AD

300 anos

 

Codex Alexandrinus (Bíblia)

1o século

400 AD

350 anos

 

 

 

 

Nota 1: Devemos lembrar que sabemos da existência dos livros do NT já no século I, uma vez que é citado várias vezes pelos padres Patrícios já no segundo século.

      Nota 2: Confirmei a informação de um colega adventista, realmente fragmentos do evangelho de Marcos (20 letras gregas da passagem de Marcos 6:52,53) foram encontrados em Quran, o manuscrito 7Q5 (leia-se, pergaminho 5 da caverna 7), provavelmente datado não posteriormente a 68 AD. A discussão envolvendo esta descoberta pelo padre Jesuíta e papirólogo P. O'Callaghan foi publicada pela primeira vez em 1972, o que levantou inúmeras críticas por cépticos da Escola das Formas de Bultmann (teólogos liberais que datam os Evangelhos muito tardiamente, dizendo que eles foram escritos pelas comunidades posteriores aos apóstolos e não pelos próprios evangelistas), contudo estudos científicos mais precisos derrubaram as objeções a O'Callaghan e o hoje a comunidade científica (religiosa e não religiosa) tende a considerar o papiro como verdadeiro. Veja o estudo em Espanhol sobre o assunto! 7Q5

 

       No papiro de Chester Beatty temos apenas pequenos pedaços esparsos do Apocalipse que vão de Ap. 9:10 até Ap. 17:2 (sendo que Ap. 11:4 e Ap. 16:16 não se encontram neste papiro!), encontraremos  o mais antigo manuscrito de Apocalipse somente no Códex Sinaiticus (O Codex Vaticanus só vai até Hebreus!), trezentos anos depois do original, todavia as melhores cópias legíveis do Apocalipse aparecerão somente no Codex Alexandrinus, três séculos e meio após o original ter sido escrito pelo evangelista. Os manuscritos do Museu John Rylands e de Bodmer guardam manuscritos antigos do evangelho de João e de uma de suas cartas respectivamente.

        Quanto ao processo de tradução de uma língua para outra, é inerente em várias ocasiões erros ou a não compreensão total do texto em questão. Gostaria de citar aqui três exemplos de nossa versão do rei Tiago em inglês e da versão Almeida em Português, ambas traduções a partir do Textus Receptus, a Bíblia grega impressa e publicada no começo do século XVI:

 

Eclesiastes 3:4

Inglês:

 “A time to weep, a time to laugh; a time to mourn, and a time to dance

Português (Almeida Revista e Atualizada, Editora mundo Cristão):

     “tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de saltar de alegria”

Ou seja, “to dance” em Inglês virou “saltar” em Português, algumas Bíblias chegam mesmo a traduzir como “pular”, seria isso alguma influência de um tradutor protestante que consideraria a dança profana uma ofensa a Deus?

 

João 1:21

Inglês:

“And they asked him, What then? Art thou Elias? And he saith, I am not. Art thou that prophet? And he answered, No.”

 

Português ( Almeida Corrigida e Revisada, Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil):

      “E perguntaram-lhe: Então quê? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu profeta? E respondeu: Não.”

      

        O que aconteceu com o pronome “that”(=aquele) que aparece na versão em Inglês? Não ficaria estranho João negar que fosse um profeta quando o próprio Cristo disse não apenas que ele era profeta, mas o maior de todos os profetas (Lucas 7:28)!? João só negou que fosse um outro profeta específico, esperado pelos judeus daquela época além do Messias (já haviam perguntado e João negado nos versículos 19 e 20) e de Elias.

 

Efésios 3:9

Inglês:

      “And to make all men see what is the fellowship of the mystery, which from the beginning of the world hath been hid in God, who created all things by Jesus Christ:

 

Português (Almeida Revista e Atualizada, Editora mundo Cristão):

      “e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos oculto em Deus, que criou todas as cousas,”

      O que aconteceu com o “by Jesus Christ”(= por meio(intermédio) de Jesus Cristo)!? Por que não aparece na versão Portuguesa? Será que algum tradutor que tivesse uma visão trinitarista não gostasse desta passagem por distinguir Deus de Jesus Cristo na criação!?

 

        Como vê, citei apenas três exemplos de alterações ou omissões da versão do rei Tiago em Inglês e em Português, duas línguas modernas, imagine o que pode ter acontecido em se traduzir do Aramaico (língua dos apóstolos) para o Grego, Siríaco ou Latin (línguas vernáculas). Em geral essas línguas antigas não possuem nem mesmo sinal de pontuação, nossos amigos adventistas citam costumeiramente um exemplo de como uma simples vírgula pode alterar completamente o sentido da frase, por exemplo:

Lucas 23:43

“E disse-lhe Jesus: Na verdade te digo (que) hoje estarás comigo no Paraíso”; ou

“E disse-lhe Jesus: Na verdade te digo hoje, estarás comigo no Paraíso”  

Uma vírgula que muda totalmente o sentido na frase, no primeiro exemplo temos Cristo ensinando sobre a imortalidade da alma ao ladrão na Cruz, no segundo exemplo (como preferem adventistas, testemunhas de Jeová, membros da Congregação Cristã do Brasil, etc.)  Cristo não ensina sobre a imortalidade da alma, mas dá apenas uma esperança futura do ladrão estar junto com ele no Paraíso após a ressurreição deste.  Não seria interessante que tivéssemos um profeta inspirado que pudesse decidir qual versão seria melhor ou então que algum escriba mais esperto pudesse ter acrescentado no final “antes de amanhã”, ou “na ressurreição” para sabermos com certeza o real significado desta passagem?!

      Na verdade, na versão Inglesa da Bíblia, todas as palavras em itálicos, são palavras acrescentadas pelos tradutores a fim de clarificar o texto ou torná-lo mais compreensível na língua moderna, apesar de tais palavras não se encontrarem no papiro ou pergaminho que serviu de base à tradução (na Bíblia em Português, os tradutores não se deram a este trabalho). Por exemplo, em Apocalipse capítulo 16 teremos a adição de:

“upon”, versículo 2; “man”, versículo 3; “are”, versículo 7; “come”, versículo 13; “which”, versículo 14; “is”, versículo 15; “and”, versículo 18; “every stone”, versículo 21.

      No capítulo 11, teremos ainda “and the angel stood” (versículo 1) e “power” (versículo 3). Temos muito mais nos restantes dos capítulos.

 Dez pequenas “adições” ao texto daquela profecia a fim de clarificar o texto na tradução, enquanto Joseph não chegou a acrescentar ou alterar nada nestes dois capítulos. Por que ficaríamos cabreiros com as inserções de Joseph ao texto de apocalipse em sua versão inspirada mas ignoraríamos ou seríamos indulgentes com os tradutores da versão do Rei Tiago, os quais viram-se obrigados a inserir muito mais palavras  ao texto do que o próprio Smith em sua versão!? 

Ao fazer uma análise textual sobre estes versículos (Apocalipse 21:18-19), percebemos ainda que a palavra traduzida como "acrescentar", "epitithemi" em grego, seria melhor traduzida como por, colocar ou ainda como "colocar-se contra ou em oposição a", a outra passagem que fala em "retirar palavras", do grego "aphairo logos", pode ser entendida como "apartar-se do discurso ou doutrina". Ou seja, a advertência seria contra uma postura de oposição ou mudança de sentido do texto da doutrina explicada na Revelação do evangelista. Já li dezenas de interpretações de passagens do Apocalipse, cada uma diferente da outra, vejo uma certa hipocrisia em alguns quando dizem, "OK! Interpretem como quiserem, mas não mexam em nenhuma palavra do texto!" Simplesmente não faz sentido para mim!?
      Em suma, devemos ter em mente que a declaração final de Apocalipse 22:18-19 (assim como a de Deuteronômio 4:2) refere-se a mudar ou alterar o sentido e a essência daquela profecia, as alterações de Joseph procurariam apenas restaurar o sentido original do autor. Lembrando mais uma vez que Joseph é um profeta restaurador, e utilizando as suas próprias palavras:

“Creio na Bíblia tal como se encontrava ao sair da pena de seus escritores originais. Os tradutores ignorantes, os copistas descuidados e os sacerdotes intrigantes e corruptos cometeram muitos erros” (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 319)

4)               Mas quanto aos milhares de manuscritos sobre o Novo Testamento, não testificariam eles da exatidão das palavras do texto do Apocalipse, pelo menos no texto original grego? A versão de Joseph restauraria “as palavras” do texto original?

O Livro de apocalipse não foi muito bem recebido em muitos círculos Cristãos. Apenas Justino no segundo século o defendia como canônico. No terceiro século, o presbítero Romano Gaius atacava o livro em violentos termos, atribuindo sua autoria ao inimigo tradicional de São João, o herético Cerintus. O livro só vai ser aceito mais tarde no cânon do Novo Testamento, sendo durante muito tempo classificado como antilegomena, a classe dos livros disputados mas não completamente rejeitados como espúrios (junto com Tiago, 2 Pedro, Judas, e outros).

Devido a hesitação em aceitar o Apocalipse, este texto não é tão atestado nos manuscritos gregos antigos como os outros livros. Enquanto existem mais de 5000 manuscritos contendo pelo menos uma porção do Novo Testamento em grego, apenas 250 destes contém partes do Apocalipse. Como já citei, o texto está faltando no Códex Vaticanus, aparece muito mal escrito no Sinaiticus e apenas aos pedaços nos papirus de Chester Beatty, ficando o Códex Alexandrinus como a melhor testemunha para este livro.

Destes 250 manuscritos, apenas um pequeno número são anteriores aos século X (sete ou oito ancials, e uma ou duas minúsculas). Dos manuscritos utilizados para fazer o Textus Receptus, de onde as versões Inglesa do Rei Tiago e a Portuguesa Almeida foram traduzidas, apenas manuscritos posteriores ao décimo segundo século foram utilizados como base. Sendo os textos da Família 1 (essencialmente Bizantinos) a base para nossa Bíblia atual (Veja Tabela abaixo).

 

Manuscrito

Século

 Classificação de Von Soden
(em termos modernos)

1eap

XII

e: Família 1; ap: Ia3

1r

XII

Andreas

2e

XII/XIII

Kx (Wisse registros Kmix/Kx)

2ap

XII

Ib1

4ap

XV

 

7p

XI/XII

Op18

 

            Como o  Apocalipse não era muito bem aceito na Igreja Oriental, a maioria dos textos Bizantinos não o possuía em seu próprio cânon e este nunca seria utilizado em sua liturgia. A Peshita, ou a versão Siríaca do Novo Testamento também nunca o incorporou em seu cânon.

            Quando Desiderius Erasmus iniciou o trabalho do seu Textus Receptus, baseou-se principalmente no manuscrito 1eap para o corpo do Novo Testamento, como este manuscrito não continha o livro da Revelação de João, recorreu este então ao manuscrito 1r , mas este também não possuía os seis últimos versículos do final de Apocalipse, Erasmus estão tomou uma versão da Vulgata Latina, e verteu diretamente do Latim para o grego este final.

            Joseph em sua versão não procurou traduzir “as palavras” gregas ou aramaicas do texto original, mas procurou restabelecer e esclarecer “o sentido” original do texto em questão. Apesar da versão inspirada ser bem utilizada como fonte de referência na Igreja, ela não faz parte ainda do nosso cânon, uma vez que o próprio Joseph admitiu que teria de voltar e fazer algumas correções ao texto antes de sancioná-lo como escritura, infelizmente este trabalho foi interrompido pela sua morte abrupta. 

 

5)            O sacerdócio Aarônico não deixaria de existir com a vinda de Cristo?

               Não é Cristo é o único portador do Sacerdócio de Melquisedeque e ele o possui para sempre, logo não deu este para mais ninguém? (pelo raciocínio do autor desta questão, se uma vela acesa passa a sua chama para uma outra segunda vela, necessariamente a primeira tem de se apagar!)

 

               Resposta:

               O autor desta questão provavelmente usa Hebreus 8:3 que diz "todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios", os sacrifícios cessaram, mas os dons continuariam (Marcos 16:17, 18), logo o raciocínio tomado pelo autor para a abolição completa do sacerdócio Aarônico não se justifica.

               Concordamos com o autor de que o sacerdócio de Melquisedeque, o qual Jesus possuía era superior ao de Aarão, mas discordamos completamente em afirmar que Ele era o seu único portador. O que dizer então do próprio Melquisedeque e os da Ordem de Melquisedeque. Ordem entende-se por um grupo ou organização onde todos têm em comum algo, no caso tratado o Sacerdócio Maior de Melquisedeque.

               Parece também claro de que quem ordena um outro ao sacerdócio não o deixa de possuir este. O sacerdócio é como uma "senha" dada aos homens para agirem nas coisas sagradas, é o próprio poder de Deus dado aos seus filhos para agirem em Seu nome aqui na Terra.

                O autor deveria ter lido que o próprio Pai ordenou o seu Filho Unigênito a esse Sacerdócio "Ele, porém, a recebeu daquele que lhe disse... Tu és meu Filho, hoje eu te gerei... Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hebreus 5:5, 6). E que também ninguém pode tomar sobre si esta honra (o sacerdócio) senão aquele que foi chamado por Deus, como Aarão (Hebreus 5:4); e como foi Aarão chamado? Moisés o consagrou (Êxodo 40:13-15)!

               Que ambos os sacerdócios existiam na Igreja Primitiva é bem claro em Atos 8:12-18. Por que Felipe não pode impor as mãos sobre aqueles a quem havia batizado em Samaria, mas teve de esperar Pedro e João chegarem de Jerusalém? A resposta parece simples: Felipe possuía apenas o Sacerdócio Aarônico, que não lhe dava autoridade para conferir o Espírito Santo, dois dos apóstolos que possuíam o sacerdócio Maior (Melquisedeque), tiveram de vir de Jerusalém para o fazer.

 

 

6)         É verdade que os mórmons voltarão a fazer sacrifícios de animais em seu templo?

 

           Isto é uma distorção da afirmação de Joseph sobre sacrifício de um Cordeiro. Por revelação Joseph declarou que o Sacerdócio Aarônico (ou Levítico) não irá ser tirado da Terra até que os filhos de Levi ofereçam em retidão novamente um sacrifício ao Senhor (D&C 13). Isto se dará somente no Milênio quando Cristo reinará pessoalmente sobre a Terra e todos terão o Sacerdócio Maior, fazendo com que o Sacerdócio Menor (ou preparatório) não tenha mais necessidade, pois seu papel estaria cumprido (ou seja: preparar todos para receber a plenitude do Sacerdócio Divino).

         Também é claro que este sacrifício será feito por judeus, descendentes literais de Levi, no templo que será reerguido em Jerusalém, cumprindo assim a profecia bíblica: “Mas quem suportará o dia da sua vinda? E quem subsistirá quando ele aparecer? E porque ele será como o fogo dos ourives e como o sabão dos lavadeiros. E assentar-se-á, afinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi, e os afinará como ouro e como prata; então ao Senhor trarão ofertas em justiça. E a oferta de Judá e de Jerusalém será suave ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.  (Malaquias 3:2-4)”.

          Interessante notar que esta profecia só será cumprida nos últimos dias. O Historiador Will Durant, conta um fato interessante em sua História da Civilização sobre uma tentativa que os judeus fizeram para reconstruir seu templo e retornar aos sacrifícios em 361 a.D. sob a proteção do imperador romano Juliano, mas que foi extraordinariamente interrompida:

             “... (Juliano) Perguntou aos dirigentes judeus por que haviam abandonado o sacrifício de animais; quando eles responderam que sua lei não permitia tal ato senão no templo de Jerusalém, ordenou que este fosse reconstruído com fundos do Estado. Jerusalém foi novamente franqueada aos judeus; eles se reuniam ali, procedentes de todos os cantos da Palestina, de todas as Províncias do Império; homens, mulheres e crianças davam os seus trabalho à reconstrução, suas economias e jóias para mobiliar o novo templo, podemos imaginar a felicidade de um povo que durante três séculos haviam orado por este dia. Mas quando os alicerces estavam sendo cavados, irromperam chamas do chão e vários trabalhadores morreram queimados. O trabalho foi pacientemente reiniciado, mas uma repetição do fenômeno – provavelmente devido à explosão de gás natural – interrompeu e desanimou o empreendimento. Os cristãos rejubilaram-se ante aquilo que parecia uma proibição divina; os judeus ficaram espantados e lastimaram-no.”(História da Civilização - “A IDADE DA FÉ – Vol.IV”; Willian & Ariel Durant, págs 313-314).

          Tradições Judaicas sobre o Terceiro Templo

     Autoridades Ortodoxas geralmente acreditam que a reconstrução deverá ocorrer na era do Messias Judaico pelas mãos da Providência Divina, embora uma posição minoritária, segue a opinião de Maimônides, a qual sustenta que os Judeus deveriam estar sempre ocupados em reconstruir o templo por eles mesmos, sempre que for possível. Autoridades Ortodoxas geralmente prevêem a restauração completa do sistema de sacrifícios, mas algumas outras autoridades discordam.  Têm-se tradicionalmente sido assumido que algum tipo de sacrifício animal será reinstituído, de acordo com as regras do Levítico e do Talmud. Esta crença está presente na liturgia Ortodoxa. Todo serviço de adoração Ortodoxo contém orações pela restauração do Templo e pelos serviços de adoração sacrificiais, e cada dia há uma recitação pela ordem dos sacrifícios do dia e os salmos que os Levitas deveriam cantar naquele dia.
              A posição geralmente aceita entre Judeus Ortodoxos é que a plena ordem dos sacrifícios será reassumida com a construção do Templo. Embora Maimônides tenha escrito na sua obra “O Guia dos Perplexos”, “que Deus deliberadamente moveu os judeus para longe dos sacrifícios em direção às orações, as orações como uma forma maior de adoração,” seu livro definitivo “A Torah Mishneh” – a qual é considerada por alguns como tendo força de lei – estabelece que os sacrifícios de animais tomarão lugar no terceiro templo, e dá detalhes em como isto irá ocorrer.

              Preservação dos Kohanim e Levi'im
              O Judaísmo Ortodoxo preserva os Kohanim, descendentes da família sacerdotal de Aarão, e os Levi’im (Levitas), descendentes das tribos de Levi, intactos para o serviço no templo a ser restaurado. Kohanim e Levitas são vistos como sendo ainda dedicados ao Serviço Divino e obrigados a comparecer ao dever para os serviços do Templo a qualquer momento, caso seja ele reconstruído. Kohanins estão ainda sujeitos às restrições Bíblicas de purificação as quais incluem a proibição de se casarem com divorciadas ou prosélitas e restrições para não entrarem em cemitérios.

 

7)            Não estão Pedro, Tiago e João em seus sepulcros aguardando a ressurreição dos justos, que se dará só na 2a. Vinda, logo eles não poderiam ter dado o sacerdócio de Melquisedeque a Joseph?

 

               Resposta:

               E por que Pedro, Tiago e João já não poderiam ter sido ressuscitados como muitos outros profetas que ressuscitaram logo após a Ressurreição de Cristo? (Mateus 27:52, 53).

               A primeira ressurreição dos justos já começou logo após a ressurreição de Cristo e culminará durante a 2a Vinda do Messias.

 

8)            Porque ao mencionar os vários encargos da Igreja o apóstolo Paulo não mencionou o sacerdócio (Efésios 4:11, 12)?

 

               Resposta:

               O sacerdócio não é um encargo da Igreja, todos os cargos que existiam na Igreja Primitiva (apóstolos, profeta, pastores, mestres, bispos, etc.) e que são encargos do sacerdócio, ou seja, é apenas a autorização divina para agirem nestes encargos. Daí se entende por que não havia mulheres nestes encargos, uma vez que estas não eram investidas do poder do sacerdócio, apesar de poderem compartilhar as bênçãos do mesmo através de seus líderes, esposos e filhos.

 

9)            Não foi a doutrina do sacerdócio incutida na Igreja por Sidney Rigdon, quando este nela ingressou e já havia mais de 2000 pessoas que haviam sido batizadas na Igreja?

 

               Resposta:

              O sacerdócio foi restaurado em 1829 a Joseph e a Oliver Cowdery, estes ordenaram outros a esse mesmo sacerdócio. A Igreja foi restaurada em 6 de Abril 1830. Tudo isto está bem documentado na História da Igreja, seja através dos diários dos primeiros santos (Joseph, sua família, Oliver Cowdery e outros), ou seja, mesmo através de cartas de não-membros da época contando sobre as visões de Joseph.

             Esta idéia antimórmon de que toda a doutrina da Igreja começou só mais tarde através de Sidney Rigdom é antiga, mas já está sendo abandonada pelos próprios antimórmons depois de tantos documentos em contrário. No próprio Livro de Mórmon (publicado no começo de 1830, antes da restauração da Igreja) fala sobre esta doutrina e dos Sacerdotes segundo a Ordem do Filho de Deus (antigo nome do Sacerdócio de Melquisedeque - ver D&C 107:2-4) e de suas pré-ordenações (ver Alma 5:3; 6:1; 13:1-11 etc.).

               A ordem da restauração do sacerdócio e de seus ofícios pode ser encontrada abaixo:

1.      Sacerdócio Aarônico: 15 de Maio de 1829 (D&C 13)

2.      Sacerdócio de Melquisedeque: Maio ou Junho de 1829 (D&C 128:20)

3.      Apóstolos, élderes, sacerdotes, mestres e diáconos: Abril de 1830 (D&C 20:38-60)

4.      Batismo de Sidney Rigdon: 2a Semana de Novembro de 1830

5.      Bispo: 4 de fevereiro de 1831 (D&C 41:9-10)

6.      Sumo sacerdote: Junho de 1831 (cabeçalho de D&C 52)

7.     Primeira Presidência: 1832-1833 (D&C 81; 90)

8.     Patriarca: 18 de Dezembro de 1833 (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, s/d, pp. 40-41)

9.     Sumo conselho: 17 de fevereiro de 1834 (D&C 102)

10.  Quórum dos Doze Apóstolos: 1835 (D&C 107:23-24)

11.   Setentas: 1835 (D&C 107:25)

12.   Primeiro Quórum dos Setenta: 1835 (D&C 107: 26, 93-97)

10)      O mormonismo ensina que cada qual existe conscientemente no "Mundo dos Espíritos" antes de nascer neste mundo. Não são estas doutrinas mórmons anti-escriturísticas e anticristãs?

               Resposta:

               A doutrina da Existência Pré-Mortal é perfeitamente escriturística e esclarece muitas passagens bíblicas, a saber:

               Como Jeremias, conhecido e consagrado profeta por Deus antes mesmo de nascer e de se formar no ventre de sua mãe (Jeremias 1:5)

               Do Espírito após a morte "voltar" para o Deus que o deu; Ecls. 12:7

               Das nações de nascimento já pré-determinadas por Deus; Atos 17:26-27

               Dos discípulos acreditarem que um cego de nascença poderia ter pecado antes de vir a esta Terra; João 9:1-3

               De Deus ter preferido a Jacó e não ao primogênito Esaú desde o nascimento de ambos, antes mesmo de poderem ter escolhido o bem ou o mal nesta vida terrena (Romanos 9:9-13)

                    Para um análise mais completa da doutrina da existência pré-mortal, bem como de suas raízes no antigo judaísmo e cristianismo, não deixe de ler o texto:

                    A VIDA PRÉ-MORTAL DO HOMEM (traduzido  original em Inglês por Evandro M. Faustino)

                   

                    

11)        É verdade que Brigham Young pregou no Tabernáculo que "Adão é nosso Pai e nosso Deus, e... o único Deus com quem temos de haver?”

         Resposta:

        Se o autor leu todo o discurso deve saber que os mórmons acreditam que podem receber a exaltação de Deuses (Salmos 82:6; João 10:34-36; Gênesis 3:5 junto com Gênesis 3:22 e Apocalipse 2:7; Romanos 8:14-18; Mateus 5:48; I Coríntios 8:5, 6; etc.) e que Adão como primeiro profeta e patriarca de toda a Terra (logo, neste contexto mais específico ele é nosso Pai e o único Deus com quem nós temos de haver!) terá uma posição de destaque na exaltação, ele é o Ancião de Dias na visão de Daniel 7:9-14 que se apresentará e entregará todas as chaves do poder diante do Filho do Homem (Jesus Cristo), sua  grandeza é exaltada no livro de Eclesiástico de Sirac:

        "Sem e Set foram glorificados entre os homens, mas acima de todo ser vivente está Adão" (Eclesiástico 49:16 - apesar deste livro não ser considerado canônico pelos protestantes ele é aceito como doutrinário pelos católicos).

      Está claro também que o único Deus de Adoração que devemos ter é o Pai Celestial, mas isto não implica que não existam outros "deuses", seres exaltados, co-herdeiros de todas as coisas do Pai, exceto de sua glória e adoração de seus filhos.

        Outra coisa, o "Journal of Discourses" não é considerado doutrina oficial da Igreja, Brigham Young sabia que as palavras de um profeta são escrituras, mas nem sempre o que o taquígrafo entendeu e o que ele pôs no papel é. Brigham ensinou que precisava rever o que foi registrado de seus discursos para considerá-los como escritura. O que me parece bizarro é que alguns antimórmons tomam emprestados desta literatura secundária para "ler a mente" de Brigham ou de algum outro líder para atestar que eles acreditavam em alguma teoria incomum como a do Adão Deus. O que mais impressiona é que ignoram ou fingem não ver outras inúmeras passagens nesta mesma literatura onde o ponto de vista é exatamente o oposto.

              

                              

12)    Não ensina o mormonismo que Joseph Smith será o porteiro do Reino Celestial, e que ninguém entrará sem a sua aprovação (cita-se geralmente Brigham Young em um pequeno trecho do Journal of Discourses)?

 

               Novamente distorce-se a doutrina baseada apenas em uma frase fora de contexto de Brigham Young. Todo mórmon sabe que Jesus Cristo é nosso advogado e mediador diante de Deus e que só entraremos no Reino Celestial com o seu consentimento. A que Brigham Young se referia é que Joseph, como primeiro profeta desta dispensação iria julgar os santos desta dispensação. Cristo, o grande juiz delegará aos líderes da Igreja e aos profetas funções de julgamento sobre os povos de suas épocas. Cristo prometeu a seus apóstolos que eles julgariam as doze tribos de Israel (Mateus 19:28), e tanto Paulo (I Coríntios 6:2,3) como o apóstolo João (Apocalipse 20:4) ensinaram que os santos julgarão o mundo e até mesmo os anjos.

 

13)    Não ensina o mormonismo que existem pecados demasiado graves para que o sangue de Cristo faça expiação por eles? Nestes casos deve o mórmon pedir a um ou mais companheiros mórmons a, por favor, corta-lhe o pescoço e deixar que o sangue embebeda a terra, a fim de fazer expiação de seu pecado. Esta prática é defendida e mencionada tantas vezes nos sermões publicados no Journal of Discourses que é evidente ter havido numerosos casos em que se ministrou esse "princípio do evangelho".

 

             Todo cristão sabe que o pecado contra o Espírito Santo é tão grave que nós não teremos perdão se o cometermos (Mateus 12:31, 32). É o que aconteceria a Joseph Smith ou a qualquer das testemunhas das placas de ouro do Livro de Mórmon se elas negassem em algum momento de suas vidas de que viram as placas ou de que um anjo lhas mostrou, mesmo quando ridicularizados ou ameaçados de morte, preferindo todos eles a serem escarnecidos, humilhados e enfrentarem a morte diante de seus inimigos a terem de negar uma coisa que eles realmente viram, sabiam que era verdadeira e que realmente viera de Deus.

               Quanto ao fato do mórmon cortar o pescoço (acusação tirada de um panfleto anti-mórmon), acho que o autor desta acusação deve ter assistido muito a sua mãe preparar "galinha ao molho pardo" a ponto de ficar tão impressionado e criado uma imaginação tão fértil. Se esta prática é citada tantas vezes no "Journal of Discourses" por que é que o autor (do panfleto antimórmon de onde tirei tal asserção) não pegou ao menos uma citação como o fez anteriormente duas vezes em seu folheto e mais uma vez depois com citações de Brigham Young, ou então por que não tirou fotos das cicatrizes nos pescoços dos mórmons, ou mais sutil ainda, alguns relatos de médicos que atenderam e cuidaram de alguns pescoços mórmons? A resposta me parece simples, porque ela não existe. O máximo que existe no "Journal of Discourses" é a expressão "blood atonement" que traduzida ao pé da letra quer dizer expiação de sangue em Português. Todavia o contexto em que esta expressão é usada refere-se à pena capital existente em um regime teocrático como o da antiga Israel, foi uma forma retórica usada em alguns discursos para salientar a gravidade do homicídio e de alguns pecados, mas daí pular para uma afirmação de que os mórmons cortavam os pescoços de uns aos outros no século XIX é simplesmente puro sensacionalismo dirigido a assustar mentes menos críticas e sugestionáveis.

 

 14)        Nega o mormonismo que Jesus foi milagrosamente gerado pelo Espírito Santo?

 

               Ora, o mormonismo ensina Jesus Cristo é o Unigênito do Pai Celestial (João 3:16; João 1:14 e I João 4:9). E o que quer dizer Unigênito?

Unigênito =    

               Então Jesus é o Filho Único de Deus? Não somos todos nós filhos de Deus?

               É claro que Deus é nosso pai, pois fomos todos gerados espiritualmente por ele (Hebreus 12:9). Cristo é então o filho único gerado por Deus "na carne". Tendo uma mãe mortal (Maria) e um pai imortal (Deus), Cristo era o único que poderia morrer para depois vencer a morte, pois herdara simultaneamente uma mortalidade materna e uma imortalidade paterna. “Ninguém a (sua vida) tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de entregá-la e poder de retomá-la” (João 10:17).

               Logo, Deus é o Pai de Jesus Cristo na carne! Na concepção de Jesus, a virtude do Espírito Santo envolveu Maria, para protegê-la e para que dela fosse fecundado um filho, mesmo que ela permanecesse virgem (Lucas 1:28-35).

              

15)        Não é verdade que Bruce R. McConkie ensinou que Jesus foi concebido normalmente como qualquer outro ser humano? Não envolveria isto uma relação sexual?

 

               Vamos ver a declaração de McConkie de onde os antimórmons tiram estas conclusões:

 “Deus o Pai é um perfeito, glorificado, santo Homem, um Personagem imortal. E Cristo foi gerado no mundo como o literal Filho deste Ser Santo; ele nasceu no mesmo sentido real, pessoal e literal do que qualquer outro filho mortal nasce de um pai mortal. Não há nada figurativo sobre sua paternidade; ele foi gerado, concebido e nascido na forma natural do curso dos eventos, pois ele é o Filho de Deus, e a designação significa exatamente o que diz” (Élder Bruce R. McConkie, Doutrina Mórmon, p.742)

Vemos que McConkie fala de gerado, concebido e nascido de uma forma natural, não fala de “fecundado” naturalmente. Ao afirmar que o curso dos eventos foi normal, apenas significa que após receber a semente da deidade o zigoto se desenvolveria normalmente até a concepção. Cristo receberia seu cromossomo Y de Deus e o seu X do óvulo de Maria. Uma partenogênese humana ou qualquer outra hipótese teria de explicar como Cristo obteve o seu cromossomo Y, o que seria uma forma bem antinatural do desenvolvimento do bebê Jesus. Se você quer tirar a dúvida de que McConkie quis dizer exatamente isto, bastaria ler algumas páginas mais adiante para saber sua opinião sobre a Imaculada Concepção.

               “Ensinamentos modernos negando o nascimento de uma virgem são peremptoriamente apóstatas e falsos".(Élder Bruce R. McConkie, Doutrina Mórmon, p.822, ênfase acrescentada).

               Esta passagem está no mesmo Livro de onde antimórmons tiraram aquelas sensacionalistas conclusões. Este é um exemplo clássico de como eles gostam de trabalhar. Distorcem algumas frases isoladas da literatura oficial e não oficial da Igreja, formulam uma teoria fabulosa e sensacionalista para chocar os leitores sobre o que os mórmons realmente acreditam, e ignoram as evidências ou as explicações que as contradizem.

               Para finalizar esta questão, gostaria de finalizar com Joseph F. Smith:

               “Nosso Senhor é a única pessoa mortal que nasceu de uma virgem, porque ele é a única pessoa mortal que já teve um Pai imortal. Maria, sua mãe, “foi arrebatada no Espírito” (I Néfi 11: 13-21), foi “envolvida” pelo Espírito Santo, e a concepção que aconteceu “pelo poder do Espírito Santo” resultou no surgimento do literal e pessoal Filho de Deus o Pai. (Alma 7:10; 2 Néfi 17:14; Isaías 7:14; Mateus 1:18-25; Lucas 1: 26-38) Cristo não é o Filho do Espírito Santo, mas do Pai. (Doutrinas de Salvação, vol. 1, pp. 18-20)

16)          Os recentes estudos relativos ao Código da Bíblia, não vindicam o caráter divino e inspirado da Bíblia, pois as próprias palavras dispostas no texto original em hebraico escondem profecias milenares só descobertas recentemente através de computadores? O Livro de Mórmon poderia repetir tal feito para justificar seu caráter divino-inspirado?

               Resposta:

               O Código Bíblico é uma das mais recentes Lendas ou Mitos Urbanos que surgiram neste século relativo à Bíblia ou Religião (Outros Mitos famosos são 1) Computadores da NASA confirmam o dia perdido de Josué e os 40min de Isaías, 2) Pescador inglês é resgatado com vida após 1 dia dentro do ventre de uma baleia nas ilhas Malvinas, confirmando assim a plausibilidade da história de Jonas, 3) A arca de Noé é fotografada no topo do Monte Ararat, etc...um em especial Mórmon é sobre uma profecia de Lutius de Gratius sobre a restauração da Igreja e do Sacerdócio mais de cem anos antes de acontecer conforme registrado no seu livro “L ‘Espoir de Sion” achado na Biblioteca da Basiléia por um tal Élder Teasdale... ).

               Uma resposta adequada à pergunta acima foi dada pelo Dr. Tvedtness:

 

O Código Bíblico e a Inerrância Bíblica

Por John A. Tvedtness

 

Os inerrantistas estão de novo na moda, referindo-se ao tão chamado estudos do “Código Bíblico” realizado em Israel como evidência de que o texto da Bíblia permanece como foi revelado diretamente por Deus milhares de anos atrás. Vários artigos e um livro acabaram resultando a partir do estudo do “Código Bíblico”, que têm o propósito de demonstrar que o que está oculto no texto Hebraico do Pentateuco – os primeiros cinco livros do Velho Testamento – são profecias de eventos futuros. Os pesquisadores sugerem que, porque apenas Deus pode conhecer o futuro, esta é a evidência que até mesmo as palavras do Pentateuco foram inspiradas por Deus. Judeus Ortodoxos e fundamentalistas Cristãos têm igualmente louvado o estudo como evidência da autenticidade divina da Bíblia. Eles apontam para o fato de que a maioria dos pesquisadores do “Código Bíblico” são estatísticos, não teólogos, o que lhes dá alguma neutralidade quanto a questões religiosas. 

A fim de avaliar o estudo, precisamos primeiro compreender como este foi conduzido. Os pesquisadores desenvolveram um programa de computador que tomava o texto Hebraico da Bíblia, então pulavam um número específico de letras e imprimia sempre, por exemplo, a décima letra (o número de letras puladas era definido no início, podia ser 15, 213, 1276, ou…). Estas letras assim escolhidas eram disponibilizadas numa matriz retangular (A x B, número de linhas e colunas também definidas a gosto do freguês), depois do que, poder-se-ia procurar por palavras, como nos populares jogos de caça-palavras. As palavras podiam então ser lidas horizontalmente, verticalmente ou diagonalmente. As palavras formadas por esse método são, por elas mesmas, insignificantes. Foi quando os pesquisadores descobriram várias palavras relacionadas dentro da mesma matriz o que eles acharam que demonstravam suas hipóteses.

 Uma das mais importantes descobertas é o nome de Yitzhak Rabin (lido verticalmente) e as palavras: “assassino assassinará” (lidas horizontalmente) lidas dentro de uma mesma matriz. As “profecias” que podem ser encontradas usando este método variam de acordo com o número de letras que são puladas. Desta forma, uma longa passagem bíblica poderia, teoricamente, produzir mais de uma mensagem, dependendo de quantas letras puladas (10, 11 ou 12 fossem escolhidas).

Há muitos problemas com esta metodologia. O primeiro é que a definição da proximidade de várias palavras é bem arbitrária de acordo com o design da matriz (número de linhas e colunas). Um outro problema envolve a natureza do texto hebraico. Não há simplesmente uma única versão dos livros de Gênesis até o Deuteronômio. Embora haja um texto padrão utilizado nas sinagogas, diferentes manuscritos antigos variam em suas leituras. Por exemplo, entre os Pergaminhos do mar Morto, existem várias versões do livro de Êxodo que variam abertamente. A omissão ou mudança de uma simples palavra pode afetar os resultados da busca do computador.

Temos ainda a questão da ortografia. Algumas palavras possuem mais de um jeito possível de serem soletradas na Bíblia e, de fato, são soletradas diferentemente dentro da mesma passagem em vários manuscritos. Originalmente, algumas letras Hebraicas foram usadas apenas para representar as semivogais “Y” e “W”, assim como o “H”, mas foram depois  utilizadas para também denotar o som das vogais (“I”, “O” ou “U”, e “A”). Isto leva a alguns desvios de leitura em alguns manuscritos posteriores que também afetariam a busca do computador. 

Mas o golpe de misericórdia veio quando a questão do “Código Bíblico” foi examinada por dois eruditos Bíblicos nas páginas da edição de Agosto do “Bible Review”. Ronald S. Hendel da Universidade Metodista do Sudeste intitulou sua revisão de “A Fraude do Código Bíblico”. Rabino Shlomo Sternberg, que leciona matemática em Harvard, chamou seu artigo de “Óleo de Cobra a Venda!”

Examinando a questão do assassinato de Yitzhak Rabin, Sternberg percebeu que o computador achava aquela combinação se pulasse cada 4772 letras. Em outras palavras, havia um “yod” (letra hebraica correspondente ao “Y”), a primeira letra de Yitzhak, seguida por 4772 letras posteriores até a segunda letra, e assim por diante até terminar o nome. Isto significa que se você imprimir as letras do Pentateuco Hebreu (usando a edição de Koren) em linhas de 4772 letras de comprimento, o nome de Yitzhak Rabin aparecerá em uma coluna vertical. Para Sternberg isso é forçar nossa credulidade longe demais.

Sternberg também tomou o desafio lançado pelo principal pesquisador do “Código Bíblico”, Michael Drosnin, em um artigo publicado em 9 de Junho de 1997, edição da Newsweek, em que ele diz, “Quando meus críticos encontrarem uma mensagem sobre o assassinato de um primeiro ministro criptografada em “Moby Dick”, aí então eu acreditarei neles.” Sternberg pediu a um professor de matemática Australiano, Brendan McKay, “para procurar em ‘Moby Dick’ por tais mensagens criptografadas. Ele encontrou 13 ‘predições de assassinatos de figuras públicas, muitos deles primeiros ministros, presidentes ou equivalentes. Dois exemplos aparecem no artigo de Sternberg, Um tem uma mensagem que lê, “Pres – Somoza – dies – he was shotgun.” (Pres. Somoza – morre – ele foi alvejado – revólver). O outro tem “I Gandhi” em uma linha vertical interceptada por uma linha horizontal onde se lê “the-bloody-deed” (o ato sangrento). Utilizando a mesma forma de raciocínio para o estudo de Sternberg conforme foi empregado pelos pesquisadores do “Código Bíblico”, nós temos de concluir que Deus ditou Moby Dick e que Herman Melville foi um profeta! A verdade, entretanto, e que com permutações suficientes, pode-se achar tais mensagens proféticas em qualquer texto extenso o suficiente para tais buscas.

Infelizmente, alguns Santos-dos-Últimos-Dias compraram a idéia absurda do “Código Bíblico” e freqüentemente eu recebo perguntas sobre o assunto. Alguns até mesmo querem rodar o programa no texto do Livro de Mórmon para provar sua autenticidade. Alguns críticos têm mesmo nos desafiado a fazer exatamente isso, acreditando que o teste falhará e então provar que a Bíblia é divinamente inspirada enquanto o Livro de Mórmon é obra do homem. Nenhum deles pararam para pensar que os estudos do “Código Bíblico” foram feitos sobre o texto Hebreu, não em uma tradução secundária do Inglês, e que realizar tal teste na versão Inglesa do Livro de Mórmon não provaria nada. Ainda, em vista do fato de que “Moby Dick” provou ser “profético”, eu suspeito que até mesmo a versão Inglesa do Livro de Mórmon providenciaria alguns interessantes resultados. Mas eu tenho coisas melhores para fazer do que perder meu tempo com este tipo de absurdo.

17)          Como vocês explicam Gálatas 1:6-8 onde Paulo denuncia quem pregar outro evangelho e mesmo considera anátema se um anjo do céu vier e pregar além do que foi pregado por ele?

            Gostaria de comentar um pouco sobre esta epístola de Gálatas junto com o capítulo 14 de I Coríntios.

            Para se entender melhor o que se passa nesta epístola, necessitamos de um “back-ground” histórico para reconhecer os pontos cruciais daquela epístola.

            Esta epístola é considerada pelos estudiosos Bíblicos como tendo sendo escrita pouco antes do Concílio de Jerusalém (Atos 15, cerca de 50 AD). Naquela época havia uma grande disputa entre os Cristãos judaizantes em relação aos novos gentios conversos ao Cristianismo. Estes “judaizantes” acreditavam que as “obras da Lei” Mosaica ainda eram importantes e deveriam ser reverenciadas, sendo que até mesmo a circuncisão, o pacto Abraâmico, deveria ser requerido dos gentios incircuncisos que se convertiam ao Cristianismo. Paulo prega abertamente contra estes ensinamentos e chega mesmo a repreender Pedro (um dos colunas da Igreja junto com Tiago e João, Gálatas 2:9) por fazer corpo mole tentando ser político para com os judaizantes (Gálatas 2:11-14).

            Esses judaizantes mais tarde foram chamados de Ebionitas na História, não aceitavam a mudança do Sábado para o Domingo e achavam ser Paulo um falso apóstolo, que tão abertamente pregava contra às obras da Lei (Gálatas 2 :16).

            A advertência de Paulo então em Gálatas 1:6-8, refere-se então ao fato de que os recém conversos da Galácia pudessem aceitar tão abertamente estas idéias dos judaizantes, afirmando que se até mesmo um anjo do céu viesse e anunciasse um outro evangelho diferente (algumas versões vem com além) do que ele (Paulo) houvesse a eles pregado, que os considerassem anátemas (ou seja, apóstatas da Igreja).

            A advertência em Gálatas 1:8, não deve ser entendida como uma advertência contra mais escrituras uma vez que esta epístola foi uma das primeiras a serem escritas do nosso atual cânon do Novo Testamento, sendo posterior talvez apenas ao Livro de Tiago (veja tabela abaixo) ou de não mais existir revelações posteriores de anjos, já que João em seu Apocalipse viu anjos para chuchu!

    Ordem (mais provável) escrita dos Livros do Novo Testamento – Fonte: A Bíblia Anotada – Editora Mundo Cristão

Tiago                                       45-50 AD

Gálatas                                    49

1 e 2 Tessalonicenses               51

Marcos                                    50-60

I Coríntios                                56

2 Coríntios                               57

Romanos                                 58

Lucas                                      60

Colossenses, Efésios

Filipenses e Filemon                 61

Atos                                        61

Mateus                                    60-70

I Timóteo                                63

I Pedro                                    63

Tito                                         65

2 Timóteo                                66

2 Pedro                                   66

Hebreus                                  64-68

Judas                                      70-80

João                                       85-90

Apocalipse                             90 *

1, 2, 3 João                            90-100 *

 

*     Nota, a Bíblia Anotada coloca Apocalipse como sendo escrito depois das epístolas de 1,2 e 3 João, contudo, em suas mesmas anotações ela se confunde ao afirmar que o Apocalipse foi provavelmente escrito durante o reinado cruel de Domiciano (81-96 AD) quando João estava exilado na ilha de Patmos e depois afirma que as epístolas 1,2 e 3 de João foram escritas de Éfeso, última morada de João.

 

            Tudo bem, vamos agora supor que a advertência em Gálatas 1:8 fosse em nada mudar em relação ao que Paulo ensinasse senão seria considerado anátema.

            Vamos agora para  I Coríntios 14:34-35

“Conservem-se as mulheres caladas nas Igrejas, porque NÃO LHES É PERMITIDO FALAR; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem a seus próprios marido, porque para a mulher é vergonhoso falar na Igreja.”

            Ora, 99,9% da Cristandade não aceita este ensinamento de Paulo. Eu pergunto, com que autoridade desprezam eles o ensinamento de um apóstolo ou de uma escritura, acaso tem eles escrituras modernas ou apóstolos com autoridade suficiente a fim de revogar este ensinamento de Paulo? Não deveriam então ser todos eles considerados anátemas por pregarem um evangelho diferente daquele que Paulo pregara?

            Até mesmo as Igrejas  mais fundamentalistas que acreditam que as mulheres não devam cortar seus cabelos segundo a determinação de Paulo , aceitam hoje que as mulheres falem em suas Igrejas e indaguem sobre dúvidas em suas classes dominicais (existem algumas poucas exceções de Igrejas que querem mesmo levar a termo este dois versículos, contudo não têm sido elas muito populares, principalmente entre o público feminino...).

            Quanto a uma análise dos versículos, vemos algumas diferenças entre o evangelho de Cristo ensinado por Paulo em Gálatas e o evangelho ensinado pelo conhecimento de homens.

Versículo 1:

Evangelho de Cristo: Vêm de apóstolos da Parte de Cristo

Evangelho dos Homens: Vêm por intermédio de Homens

 

Versículo 10:

Evangelho de Cristo: Não procura agradar aos homens

Evangelho dos Homens: Agrada aos homens (principalmente teólogos)

 

Versículo 12:

Evangelho de Cristo: Aprendido através de revelação

Evangelho dos Homens: Aprendido através de conhecimento humano

 

Versículo 13:

Evangelho de Cristo: É perseguido pelas crenças tradicionais

Evangelho dos Homens: Persegue a verdadeira Igreja e o evangelho

 

Versículo 14:

Evangelho de Cristo: contradiz as presentes tradições religiosas

Evangelho dos Homens: apóia-se sobre tradições

 

Versículo 14-16:

Evangelho de Cristo: É pregado às outras nações

Evangelho dos Homens: Geralmente limita-se ao seu próprio país

 

Versículo 14-16:

Evangelho de Cristo: Não requer treinamento temporal e humano

Evangelho dos Homens: Requer treinamento temporal e humano

 

            Como vêem, o evangelho Restaurado SUD aproxima-se muito mais do evangelho ensinado conforme Paulo do que a normal corrente Cristã atual.

 

18)         Como vocês explicam Isaías 43:10, que diz:"...antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá." E também Mosías 12:35, diz: “Não terás outro Deus diante de mim.” Certamente Alma também afirmou que só há um Deus, porque então a Igreja S.U.D. afirma que existiram outros deuses e que podemos ser deuses?

  Vamos clarificar os conceitos:

 

Politeísta: Acredita em vários deuses, vários indivíduos capazes de adoração, chegando mesmo a competir entre si pela adoração dos filhos dos homens. Exemplo: Mitologia Greco-Romana.

 

Henoteísta: Acredita em vários deuses, mas só um é sujeito de adoração (do grego orar para), ou seja, só um para quem devemos nos voltar, nenhum Deus diante dele. Um único Salvador a quem devemos prestar culto e nos relacionar. Exemplo: Judaísmo primitivo e Mórmons

 

Monoteísta: Acredita na existência de um só Deus, a quem deve honrar e prestar reverência. Exemplo: Judeus modernos e muçulmanos

 

 Os católicos, apesar de seu credo de Nicéia, aproximam-se muito mais do conceito de politeísta, pois permitem a adoração (ou oração para) dos santos, apesar de não haver disputa entre estes pela adoração dos filhos dos homens.

 Protestantes procuram se aproximar do conceito do monoteísmo, mas a elevação de Jesus a categoria de Deus é rejeitada por Judeus e Muçulmanos. Estes últimos riem da confusão do Credo de Nicéia, ou de que Deus possa ser expresso em três emanações distintas mas únicas em substância, mais ou menos como água no estado sólido, líquido e gasoso... Riem mais ainda quando vêem a dificuldade destes em tentar explicar Atos 7:55-56, onde Deus e Jesus, ambos deuses, aparecem lado a lado.

      As escrituras de Isaías (como as do Livro de Mórmon) devem ser lidas sempre com uma boa exegese (aliás os católicos reclamam, e com razão, que muitos evangélicos negligenciam este ponto).

    Isaías está falando para Israel, que vire e mexe esquece seu Deus para se juntar em cultos sensuais de deuses como Baal, Dagon e Ashtatarote. Vejamos os versículos seguintes de Isaías:

43:11 " Eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador."

43:12 " Eu anunciei salvação, realizei-a e a fiz ouvir; deus estranho não houve entre vós, pois vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor Deus. (Do Hebraico <Jeohovah El>)"

   Os versículos mostrados advertem Israel de que Deus é único em adoração e culto. Para Israel, não haveria outro Deus a quem deveriam prestar culto ou inclinar-se. 

    Todo o fim do capítulo 10 "...antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá" foi tirado somente de quatro palavras do Hebraico Original:

{Paniym'} = antes, diante 

{'el} = Deus

{yatsar} = formado, feito, confeccionado

{'achar}= depois, após, em seguida, atrás

 

    A palavra hebraica [Pawnin] traduzida como "antes de mim", pode ser perfeitamente ser traduzida como "diante de mim", ou em frente de mim. Aliás, ela dá muito mais a idéia de "posição" ou "localização" do que de "tempo". A palavra final ['achar] também pode dar a idéia de posição "atrás de mim". Eu preferiria ler o final do versículo 10 "...diante de mim nenhum Deus seja formado, nem por detrás de mim". O que estaria coerente com os versículos seguintes e com todo o contexto de uma Israel em que alguns põem outros Deuses diante dele, buscando honrar e adorá-los, ou de alguns que adoram o Senhor, fazem seus sacrifícios e orações a Ele, mas, às vezes, fora do Sabbath, vão adorar baalins ou consultar adivinhos, mais ou menos como aqueles Cristãos que vão no Culto ou na Missa no Domingo, mas durante a semana consulta o horóscopo, o Centro Espírita ou a Quiromante, estes formam  ou têm outros deuses por detrás do Senhor...  

    Mesmo que aceitemos o “antes” de mim, nosso modo de ver o tempo pode ser bem diferente de Deus. Uma eternidade para o Homem ou para Israel, pode ser bem diferente do Conceito de Eternidade em Eternidade para Deus, o que não invalidaria o conceito Mórmon de vários deuses.

Aliás gosto muito de:

Deuteronômio 10:17 “Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores...” 

Salmos 8:5 “ Fizeste-o (o Homem), um pouco menor do que os anjos (Elohim)” 

 A palavra hebraica para “anjos”é Elohim, a mesma palavra usada para Deus criador no início do Gênesis, que a terminação “im” em Hebraico significa plural (mesma terminação de Urim e Thumim –“luzes e verdades”), que melhor traduzido seria por deuses ou Deus dos deuses?

Salmos 82:1 “Deus assiste na congregação divina, no meio dos deuses estabelece o seu julgamento”

    Além é claro, da própria escritura de Atos 7:55-56, onde coloca dois deuses, Pai e Filho, lado a lado! Interessantemente, sempre lado a lado, "à destra de Deus", nunca diante nem por detrás! 

   Vejam as escrituras: Mateus 16;19; Lucas 22:69; Romanos 8:34; Colossenses 3:1; Hebreus 10:12; Hebreus 12:2 e I Pedro 3:22, sendo que esta última diz:

"o qual (Cristo), depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados anjos, e potestades e poderes". O original grego para anjos é aggelos {agg-el-os}, provavelmente derivado do Hebraico:

{'agg-o} = guia, condutor, mensageiro...

{'el} = deus 

{os} = designação plural do próprio grego.

    Ou seja, anjos são como "deuses ministradores" ou "mensageiros a serviço de Deus". Outro fato interessante é que Pedro distingue entre anjos, potestades e poderes, este último tendo uma conotação de poder e autoridade temporal, mas o segundo, traduzido por "potestades", vem da palavra grega: {dunamis} = seres com poderes inerente, residindo neles pela virtude de suas naturezas, com poderes de realizar milagres, almas de grande excelência moral. Ou seja, deuses, no conceito mórmon, também submissos ao grande Jeová (estariam "abaixo", nem diante ou detrás...?) e não sujeitos a adoração.

 

19)          E quanto a outras escrituras de Isaías que afirmam que não há outros deuses fora Yahweh (Jeová)?

Críticos Cristãos tradicionais alegam que a Doutrina Mórmon da Deidade e a crença na theosis são incompatíveis com as múltiplas declarações em Isaías de que “Não há nenhum Deus além do Senhor [Jeová]" Estas passagens incluem Isaías 43:10-11; Isaías 44:6,8; Isaías 45:5-6; Isaías 45:21-22; e Isaías 46:9-10.

Em Isaías 44:6 temos:
“Assim diz o Senhor, Rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus.”

Passagens tais como Isaías 44:6,8 e 45:5,21 onde se lê "fora de mim não há Deus" ou uma variação dessa frase são tradicionalmente interpretadas pelos anti-mórmons tradicionais como querendo dizer que absolutamente não existe nenhuma outra forma de deidade além de Yahweh, incluindo homens exaltados. Este tipo de interpretação à primeira vista parece óbvio, não obstante ao considerarmos passagens semelhantes em outras partes da escritura fica claro que tal interpretação está incorreta.
Por exemplo, Isaías 47:8-10 descreve a cidade de Babilônia como dizendo:

"Agora, pois, ouve isto, tu que és dada a prazeres, que habitas tão segura, que dizes no teu coração: Eu o sou, e fora de mim não há outra; não ficarei viúva, nem conhecerei a perda de filhos.
Porém ambas estas coisas virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez; em toda a sua plenitude virão sobre ti, por causa da multidão das tuas feitiçarias, e da grande abundância dos teus muitos encantamentos.
Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguém me pode ver; a tua sabedoria e o teu conhecimento, isso te fez desviar, e disseste no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra."

Estas passagens usam exatamente as mesmas expressões tal como são usadas em Isaías 44 e 45, ainda que elas certamente não excluam a existência de qualquer outra cidade além da cidade de Babilônia. A cidade de Nínive estaria muito descontente caso foste este o caso, conforme Sofonias descreve Nínive em Sofonias 2:15 dizendo:

"Esta é a cidade alegre, que habita despreocupadamente, que diz no seu coração: Eu sou, e não há outra além de mim; como se tornou em desolação, em pousada de animais! Todo o que passar por ela assobiará, e meneará a sua mão."

Mais uma vez está claro que esta frase não exclui a própria existência de outras cidades. São frases que denotam proeminência entre um conjunto, não exclusividade ou um conjunto unitário. Usando estas frases paralelas torna-se claro que Isaías não está excluindo a mera existência de qualquer outra deidade quando ele cita Yahweh declarando “não há Deus fora (além) de mim”. Há, de fato, várias escrituras no Velho Testamento que implicam que Yahweh é de fato um entre um número de deuses, embora seja supremo entre eles.

"E os céus louvarão as tuas maravilhas, ó SENHOR, a tua fidelidade também na assembléia dos santificados. Pois quem acima no céu se pode igualar ao SENHOR? Quem entre os filhos de Deus (tradução literal do hebraico) pode ser semelhante ao SENHOR? Deus é muito formidável no concílio dos santificados, para ser reverenciado por todos os que o cercam. Ó SENHOR Deus dos Exércitos, quem é poderoso como tu, SENHOR, com a tua fidelidade ao redor de ti?" (NIV Salmos. 89:5-8).


"Entre todos os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas."(Salmos 86:8)

"DEUS toma seu lugar na congregação divina; no meio dos deuses exerce seu julgamento." (Salmos 82:1)

Estas escrituras falam de seres divinos, “deuses” que são os “filhos de Deus(es)”, quem são seres celestiais que habitam nos céus. Estes não podem ser ídolos ou falsos deuses (nem juízes mortais...). Yahweh habita entre eles, reina sobre eles, e exerce seu julgamento em seu meio.

Outra escritura favorita dos críticos da doutrina SUD da exaltação é Isaías 43:10. Ela parece contradizer esta doutrina quando diz:

“Vós sois as minhas testemunhas, do Senhor, e o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá.

Se esta passagem está se referindo a falsos ídolos que representam deidades que não existem, ou se ela se refere a seres reais divinos que co-existem e são subordinados a Yahweh, não é crucial para a resposta deste criticismo particular. A passagem especificamente fala de "antes" e "após" Yahweh. Desde Yahweh sempre existiu, e desde que Ele sempre existirá, nenhum homem poderia nunca ser exaltado “antes” ou “após” Yahweh. Todos os homens que são exaltados à deidade serão contemporâneos de Yahweh, e nunca precederam ou sucederão a existência de Yahweh. Eles tornar-se-ão parte do conselho divino sobre o qual Ele preside.

Portanto, como está escrito, eles [os habitantes do Reino Celestial] são deuses, sim, os filhos de Deus (D&C 76:58).

Conclusão
    Estas escrituras em Isaías claramente têm a intenção de asseverar a supremacia, autoridade, e superioridade de Yahweh sobre não apenas os falsos ídolos, mas também sobre tudo o mais, incluindo os deuses reais.
As passagens de Isaías não podem ser utilizadas para “desprovar” as crenças SUD em seres divinos separados na Deidade ou na doutrina da theosis. O ponto principal destas escrituras é encorajar Israel para que parem de adorar outros seres divinos ou ídolos em contrapartida para que adorem somente a Yahweh (ver Isaías 41:29, Is. 42:8, Is. 43:10, 12, 24, Is. 44:8, 9, 10, 17, 19, Is. 45:9, 12,16, 20, 22.)
Quaisquer outros usos destas passagens distorcem o intento e significado de Isaías.

 

20)     Como vocês podem falar em famílias eternas se Cristo ensinou em Mateus 22:23-30 que seremos como anjos na ressurreição? Acaso os antigos Cristãos possuíam alguma crença semelhante? 

 

    Para entendermos um pouco melhor a passagem de Mateus 22:23-30 devemos ler o que diz a posição oficial da Igreja a respeito de casamentos eternos:

 

    “Portanto, se um homem se casar com uma mulher no mundo e não se casar com ela por meu intermédio nem por minha palavra; e fizer convênio com ela enquanto estiver no mundo e ela com ele, seu convênio e casamento não terão valor quando morrerem e quando estiverem fora do mundo; portanto não estarão ligados por lei alguma quando estiverem fora do mundo. Portanto quando estão fora do mundo não se casam nem são dados em casamento, mas são designados anjos no céu, anjos esses que são servos ministradores, para ministrar em favor daqueles que são dignos de um peso muito maior, imensurável e eterno de glória. Porque esses anjos não guardaram minha lei; portanto não podem crescer, mas permanecem separados e solteiros, sem exaltação, no seu estado de salvação, por toda a eternidade; e daí em diante não são deuses, mas anjos de Deus para todo o sempre.”

(Doutrina e Convênios | Seção 132:15 - 17)

 

    Quando os saduceus impuseram a questão do casamento dos setes irmãos (segundo a Lei do Levirato) com uma mulher e perguntaram a Cristo de qual dos sete seria ela esposa, Cristo responde:

    “Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Por que na ressurreição nem casam nem se dão em casamento, são porém como anjos do céu.”

    Primeiro ponto importante aqui é que Cristo utilizaria as palavras “gamousin” {=entrar em convênio de casamento} e depois “gamozotai” {=o mesmo sentido de gamousin, só que utilizando no que é chamado de Voz Média em Grego, ‘dar-se em casamento’}. Em nenhuma das primitivas versões conhecidas, Cristo usa a palavra “gamésas” {= aquele que é casado}, utilizada em I Cor. 7:33. Esta deveria ser a palavra se Cristo quisesse dizer que a “instituição casamento” não existiria no mundo vindouro.

    Para entender ainda mais este ponto, devemos atentar às palavras “Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus”. Para nós fica claro que o poder de Deus tudo pode, quer seja ressuscitar um homem, que seja uni-lo a sua família para toda a eternidade, mas o que Cristo quis dizer ao referir-se a “errais não conhecendo as Escrituras”, que Escrituras do Velho Testamento estava Cristo ou os Saduceus a se referirem? Alguma escritura sobre sete irmãos casando-se sucessivamente com uma mulher ou alguma outra falando sobre que os sete  maridos seriam como anjos do céu?

    Felizmente nossos amigos Católicos preservam em suas Bíblias o livro deuterocanônico de Tobias, onde lemos que uma jovem, Sara, que havia sido dada em casamento a sete maridos (todos irmãos), cada um dos quais havia sido morto por um espírito maligno na noite anterior às núpcias, não concretizando assim o casamento. Mas na história (Tobias 6:10-8:9) Sara finalmente casa com um oitavo marido, Tobias, filho de Tobias, quem, seguindo às instruções do arcanjo Rafael, administra para que se expulse o espírito maligno e portanto não é morto. De especial interesse é o fato do arcanjo (que de acordo com Tobias 3:17, havia sido enviado para preparar os arranjos do casamento) diz ao jovem Tobias que sua esposa havia sido designada para ele “desde o princípio” (Tobias 6:17). Isto implica que ela não havia sido selada a nenhum de seus antigos maridos, o que explica o porquê de nenhum deles poder reclamá-la na ressurreição, conforme explicara Jesus. Mas se ela fosse selada a Tobias a situação mudaria. Assumindo que os Saduceus (cuja questão central era ressurreição, não casamento) estivessem aludindo a esta história, mas deixaram uma parte de lado (a parte concernente a Tobias), isto explicaria porque Jesus lhes disse “errais não conhecendo as Escrituras...”

    Quanto a escrituras ou referências referindo-se a esta ordenança eterna restaurada nestes últimos dias por um profeta moderno, mas que todavia se perdeu durante a apostasia da Igreja Primitiva, podemos encontrar em Orígenes (século III, aquele mesmo que seria excomungado postumamente pela Igreja de Roma) uma crítica a alguns cristãos que nela acreditavam, mais precisamente aqueles com um background judaico, não grego...:

    "Algumas pessoas... são da opinião que o cumprimento das promessas do futuro são uma perspectiva de luxúria e prazeres do corpo... E conseqüentemente diz eles, que após a ressurreição haverão casamentos e a geração de filhos, imaginam a si mesmos que a cidade terrena de Jerusalém será reconstruída...Tais são as perspectivas daqueles que, embora acreditem em Cristo, compreendem as Escrituras em uma espécie de sentido Judaico, sacando delas nada digno das divinas promessas."

    Se soubéssemos que Orígenes foi um daqueles que seguiu literalmente a Escritura “há alguns que se fazem eunucos por causa do Reino de Deus”, ou seja, em sua juventude emasculou-se, castrou-se para assim melhor servir a Deus, entendemos por que Ele não gostava da idéia de casamentos eternos e achava isto uma luxúria...Contudo temos a referência clara que alguns Cristãos de sua época, mais precisamente aqueles que procuravam ater-se às escrituras judaicas possuíam uma perspectiva semelhante aos S.U.D. hoje.

    Outras referências vêm dos livros da Biblioteca de Nag Hammadi, descoberta no Egito em 1945. Em particular gostaria de citar algumas referências do Livro de Felipe sobre este assunto de particular interesse ao S.U.D. que já passou pela cerimônia do templo.

“...Por isso Cristo veio ao mundo, para anular a separação que existia desde o princípio, para unir a ambos e para dar vida àqueles que haviam morrido na separação e uni-los de novo. Pois bem, a mulher se une ao marido na câmara nupcial” (Felipe 78-79)

 

    Câmara nupcial esta descrita como espelhada,

“ Recebem-nos [tanto as potencialidades masculinas como femininas] a partir da câmara nupcial espelhada” (Philip in Robinson, The Nag Hammadi Library, 139)

    E como na doutrina S.U.D. esta cerimônia não poderia deixar de ser aceita na mortalidade para se recebê-la mais tarde:

“Se qualquer um se torna filho da câmara nupcial, ele receberá a luz. Se qualquer um não a receber enquanto está por estes lugares, ele não será capaz de recebê-la algures” (Philip in Robinson, The Nag Hammadi Library, 151)

 

    E o resultado desta união mística acredita-se ser a capacidade de gerar filhos:

“Mais numerosos são os filhos do homem celestial que os do homem terreno. Se são numerosos os filhos de Adão – apesar de mortais – quanto mais os filhos do homem perfeito, que não só não morrem como podem ser engendrados sempre!” (Felipe 28)

 

    Também na minha Bíblia de Jerusalém, no Livro de Tobias encontro mais duas referências a famílias eternas. Tobias, logo após apresentar-se a Raguel e Edna, mãe de Sara, pede-a em casamento. Raguel concede com as seguintes palavras:

"...Está bem, e a ti que ela deva ser dada segundo a Lei de Moisés, e o céu decreta que ela te seja dada. Recebe tua irmã. A partir de agora tu és seu irmão e ela é tua irmã (termo usado para designar "esposa" em Tobias 5:21; 8:4,7,21 ou "noiva" em Cantares 4:9; 5:1-2 e cf. 8:1). Ela te é dada a partir de hoje e para sempre...recebe-a, pois ela te é dada por esposa, segundo a lei e a sentença escrita no Livro de Moisés"

(Tobias 7:11-12)

    E mais adiante Raguel, ao confirmar sua condição de sogro, declara a Tobias:

"...Tem confiança, filho! Sou teu pai, e Edna (esposa de Raguel) é tua mãe; junto a ti estaremos e junto de tua irmã (vide parênteses acima), desde agora e para sempre." (Tobias 8:21)

    Mais uma vez vemos o pobre jovem fazendeiro Joseph Smith, ensinando escrituras diametralmente antagônicas aos Cristãos do seu tempo que somente com uma abordagem mais profunda das escrituras, contextualizando textos apócrifos e  outros recentemente descobertos provam-se plausíveis e surpreendentemente semelhantes.

21)     Qual a necessidade de restauração se Judas 1:3 diz que o Evangelho fora dado aos santos “de uma vez por todas” (ou para sempre, conforme a versão)?

Vejamos duas versões Bíblicas para esta passagem:

“...tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que UMA VEZ foi dada aos santos.” [Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, Edição Corrigida e Revisada, fiel ao Texto Original/ Trinitarian Bible Society]

“...senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente pela fé que UMA VEZ POR TODAS foi entregue aos santos.” [A Bíblia Anotada, Versão Almeida, revista e atualizada / The Ryrie Study Bilbe]

Qual versão é a mais correta?

Enquanto alguns tradutores da Bíblia traduzem a passagem “de uma vez por todas,” a Versão do Rei Tiago em Inglês simplesmente fala da “fé que foi uma vez entregue aos santos.” A palavra Grega que serve tanto para “uma vez” (ou “uma vez por todas”) é {hapax} . Esta palavra entretanto não denota uma idéia definitiva e final. Isto é claro a partir das seguintes passagens do Novo Testamento, onde a mesma palavra Grega é usada em um contexto onde ninguém a compreenderia como significando “uma vez por todas” ou “uma vez para sempre”.

 Filipenses 4:16

“Porque também uma e outra vez me mandastes o necessário à Tessalônica” [Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil, Edição Corrigida e Revisada, fiel ao Texto Original/ Trinitarian Bible Society]

Por que até para Tessalônica mandaste, não somente UMA VEZ, mas duas, o bastante para as minhas necessidades. [A Bíblia Anotada, Versão Almeida, revista e atualizada / The Ryrie Study Bilbe]

1 Tessalonicenses 2:18

“Por isto bem quisermos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Paulo, mas Satanás no-lo impediu.” [Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil]

“Por isto quisemos ir até vós (pelo menos eu, Paulo, não somente UMA VEZ, mas duas), contudo Satanás nos barrou o caminho.” [A Bíblia Anotada]

Percebam que nestes dois versículos, até mesmo A Bíblia Anotada, traduziu {hapax} como apenas “uma vez”, apesar de ter traduzido a mesma palavra Grega por “uma vez por todas” na passagem de Judas

Na verdade, a mesma palavra Grega é encontrada dois versículos mais adiante em Judas 1:5, onde o autor escreveu:

 “Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu depois os que não creram.” [Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil].

Se ele tinha que lembrar seus leitores que “uma vez” souberam isto, então agora o sabem novamente, portanto uma tradução como “de uma vez por todas” não faz muito sentido. Veja como fica desajeitada a opção e como muda o sentido do versículo esta mesma passagem na Bíblia Anotada, sendo obrigada a sacar um complemento nominal (“de tudo”) não existente no texto original a fim da frase fazer algum sentido.

 “Quero pois, lembrar-vos, embora já estejais cientes de tudo uma vez por todas, que o Senhor tendo libertado um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram” [A Bíblia Anotada]

Se o evangelho (mais corretamente, fé) era para ser entregue apenas uma vez aos homens na terra, então Paulo estaria errado em escrever que o evangelho houvera sido revelado anteriormente a Abraão (Gálatas 3:8). E se o evangelho foi revelado nos dias de Jesus, para nunca mais desaparecer da terra, não haveria necessidade da aparição do anjo que João viu, o qual haveria de vir nos últimos tempos a fim de revelar o evangelho aos habitantes da terra (Apocalipse 14:6-7). 

Dr. Charles Pyle (PhD em línguas Clássicas) nota também que existia uma outra palavra Grega, “ephapax”, a qual significa literalmente “de uma vez por todas”. Ela era utilizada na época do Novo Testamento e Judas certamente a teria usado ao invés da ambígua “hapax” se ele quisesse passar uma idéia de fé definitiva e final.

22)     Deuteronômio 18:22 não estabelece um padrão para se determinar um profeta, como algumas profecias de Joseph Smith podiam ser condicionais ou somente cumpridas parcialmente numa época e terminadas de se cumprir em outra época ou lugar? 

        Em Deuteronômio 18:22, lemos: 

        "Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção falou o profeta; não o temerás."

         Esta passagem não diz exatamente que um erro torna falso um profeta. O problema com a aplicação de Deuteronômio 18:22 a uma única e individual profecia é que ela pode ser cumprida de maneira complexa, ou em alturas muito posteriores à dos ouvintes. Além disso, Deus algumas vezes pode reverter algumas profecias, como Ele disse que era livre de o fazer em Jeremias 18:7-10:

         "Se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação, e acerca dum reino, para arrancar, para derribar e para destruir, e se aquela nação, contra a qual falar, se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que intentava fazer-lhe. E se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação e acerca dum reino, para edificar e para plantar, se ela fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que lhe intentava fazer." 

        Temos de ser cuidadosos na forma como pretendemos aplicar Deuteronômio 18:22, pois corremos o risco de rejeitar alguns profetas verdadeiros da Bíblia! Existem exemplos em que um verdadeiro profeta profetizou algo que não aconteceu como ele afirmou. Um exemplo disso encontra-se na história de Jonas, a quem foi ordenado por Deus que profetizasse ao povo de Nínive.

       Jonas profetizou que o povo seria destruído em 40 dias (Jonas 3:4) - sem a possibilidade de escapatória, apenas a maldição eminente, contudo, Deus mudou as coisas, quando o povo se arrependeu e Ele decidiu poupá-los - causando muito desgosto ao imperfeito (ainda que divinamente chamado) profeta Jonas. De fato, Jonas ficou "extremamente desagradado" e "irado" (Jonas 4:1) com esta mudança de Deus, talvez porque isso tornasse Jonas parecer um falso profeta. 

        Apesar da profecia "incorreta", e do "defeito" de Jonas, ele foi um profeta de Deus, e o Livro de Jonas na Bíblia faz parte da Palavra de Deus. Contudo, se esse texto sagrado se tivesse perdido, sendo apenas restaurado por Joseph Smith, talvez como parte do Livro de Mórmon, seria certamente assaltado como a mais condenável evidência contra Joseph Smith. Imagino que os críticos classificariam o Livro de Jonas como sendo maléfico, contraditório, absurdo, antibíblico, não científico, e não cristão (com certeza, haveria muitos que o rejeitariam tal como ele é, sem que pudessem acreditar nas circunstâncias da história). 

        O profeta Ezequiel fornece outro exemplo em como profetas verdadeiros podem errar ou dar-nos profecias sem exatidão, ou duvidosas.

        Em Ezequiel, capítulos 26, 27 e 28, lemos que Tiro (uma cidade-ilha fortificada) seria conquistada, destruída e saqueada pelo Rei Nabucodonosor da Babilônia. As riquezas de Tiro iriam para a Babilônia (Ezequiel 26:12). O exército de Nabucodonosor cercara Tiro, e os seus habitantes estavam aflitos, aparentemente muitos deles rasparam as suas cabeças, conforme profetizado em Ezequiel 27:31. Contudo, o cerco Babilônico de 13 anos aparentemente não foi tão bem sucedido como Ezequiel profetizara, talvez as tácticas de cerco Babilônicas fossem menos efetivas contra uma cidade-ilha fortificada, com um significante poder naval. O resultado do cerco pode ter sido um tratado ou uma aliança, mas não a destruição total e pilhagem, e em Ezequiel 29:17-20 relata que a profetizada pilhagem não teve lugar. Quase como compensação, o Senhor anunciou que Ele daria o Egito aos Babilônicos, que é o tema do capítulo 29.

        Na verdade, Tiro foi eventualmente destruída, mas a sua completa destruição não ocorreu durante o cerco babilônico, e certamente o exército babilônico não ficou com as riquezas de Tiro, como tinha sido profetizado. E foi o próprio Ezequiel que relatou a sua "profecia como falhada"!

        Ezequiel 26:14 e 27:36, declara que Tiro nunca mais existiria, nem seria novamente edificada. Certamente, apesar de não ter sido conquistada pelos exércitos babilônicos, eventualmente caiu diante de Alexandre, o Grande, e foi destruída pelos seus exércitos. Mas então, a cidade sobre a qual tinha sido profetizado que nunca mais seria reconstruída, reedificou-se novamente em 125 a.C. durante a Era Romana, e a cidade floresceu com talvez até maior proeminência e teve uma comunidade cristã a viver lá. Os Muçulmanos reduziram a cidade a cinzas em 1291, mas foi reconstruída novamente algum tempo depois. Em 1983, tinha uma população de 23.000 habitantes!

        O propósito ao discutir as profecias sobre Tiro não é questionar a veracidade da Bíblia (é verdadeira - nós somente precisamos entendê-la, como devemos entender toda a escritura e toda a profecia, assim como precisamos entender suas limitações). O objetivo primário em discutir Tiro é que assumindo uma atitude crítica e uma aplicação literal a Deuteronômio 18:22 pode servir para rejeitar aqueles que Deus enviou, ainda que fossem mortais e falíveis. Acerca de Tiro, é justo mencionar que os escritores hebraicos usaram muitas vezes palavras como "nunca" ou "todo" ou "sempre" livremente.

        Tiro "nunca" seria reconstruída, assim como os sacrifícios animais durariam para "sempre" - mas essas expressões podem ser melhor compreendidas como figuras de estilo do que como absolutas. De qualquer

modo, procurando ser razoável, a mesma maneira e a abertura concedida para compreender a Bíblia e as suas aparentes falhas, deveriam ser igualmente aplicadas, por cortesia, ao Livro de Mórmon e às palavras dos profetas modernos.

        Outro exemplo a considerar é o do Profeta Jeremias - um grande e inspirado profeta - que profetizou que o Rei Zedequias "morreria em paz" (Jeremias 34:4-5). Os críticos poderiam argumentar que esta profecia não poderia ser verdadeira, pois Zedequias viu os seus filhos serem mortos pelos conquistadores babilônicos e estes o cegaram e o puseram na prisão, onde ele morreu - não em paz (Jeremias 52:10-11). Sem dúvida que o ponto é que ele não morreria pela espada, mas de causas naturais – ainda que na prisão – mesmo assim, para os críticos, pode parecer um caso de falsa profecia. Este exemplo é certamente menos nítido que a profecia de Ezequiel já discutida, mas mesmo assim serve para avisar-nos contra os julgamentos pungentes.

        Muitos críticos dos Santos dos Últimos Dias tentam condenar Joseph Smith usando um padrão que, se aplicado a Ezequiel, Jeremias e Jonas, também os condenaria, tornando o Velho Testamento uma fraude.

        Em 2 Samuel 7:5-17, lemos que o profeta Natã profetizou a David que através do seu filho Salomão, o império Davidiano seria estabelecido para sempre e que os filhos de Israel permaneceriam na terra prometida e não seriam mais movidos, e que não mais seriam afligidos. São coisas claramente afirmadas. E que aos nossos olhos, não aconteceram assim.

        Seguindo este raciocínio, como consideraremos Jonas, Ezequiel e Jeremias? Seriam também eles falsos profetas?

        Seguindo ao pé da letra Deuteronômio 18:22 teríamos ainda mesmo que descartar o próprio Cristo como profeta, pois este afirmaria:

 Mateus 12:39-40

        Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;

pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.

        Contudo sabemos que Cristo faleceu numa sexta-feira antes do crepúsculo (1o dia e 1a noite), passou todo o Sábado no sepulcro (2o dia e 2a noite) e ressuscitou na manhã de domingo (3o dia), onde estaria a 3a noite faltante da profecia de Mateus em relação ao sinal do profeta Jonas? Alguns tentam imputar às trevas que sobrevieram sobre a Terra por ocasião de sua morte como uma “noite”, só que Mateus registra que:

Mateus 27:45-46

        E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.

        Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 

        À nona hora ou bem próxima dela, Cristo pediu que o Espírito de Deus não o desamparasse. Em grande agonia ele perguntou: "Deus meu, por que me desamparaste?" Lemos que ele morreu logo após isso - na nona hora, QUANDO A ESCURIDÃO HAVIA CESSADO. Marcos registra a mesma coisa, a morte aconteceu quando a escuridão havia deixado a terra; logo, o período de escuridão não poderia ser tomado como primeira noite, porque ele ainda permanecia na cruz e seu corpo não estava no seio da Terra.

        Somente se considerássemos que a profecia de “três  dias e três noites” fosse aproximada, ou então, “três noites” para outros povos longe do Meridiano de Jerusalém (como por exemplo, um sinal para os Nefitas e seus descendentes que pudessem se encontrar nas Américas ou nas Ilhas do Pacífico, não apenas à geração adúltera da Judéia) não podemos seguir ipsis ilitiris a profecia de Mateus 12:39-40 com os parâmetros tomados por Deuteronômio 18 sem correr o risco de descaracterizar o próprio chamado profético de nosso Senhor Jesus Cristo.

            Joseph Smith fez algumas surpreendentemente profecias corretas: previu em 1832 que uma guerra civil irromperia, começando na Carolina do Sul, com o envolvimento da Grã-Bretanha; profetizou que o tabaco era pernicioso para a saúde e deu uma dieta com princípios nutricionais muito parecida com as atuais "pirâmides alimentares"; previu o seu próprio martírio; previu o sucesso global que a Igreja restaurada experimentaria, apesar das perseguições; previu que os Santos se estabeleceriam nas Montanhas Rochosas; e previu outros acontecimentos importantes relativos aos Americanos Nativos, aos Estados Unidos da América, à Igreja, etc.

 

 

23 )     Como podem vocês acreditar que Jesus e Lúcifer são espírito irmãos?

 

            A resposta rápida seria, Deus nosso Pai Celestial é o pai de todos os espíritos (Hebreus 12:9), todos fomos criados por Ele, inclusive Cristo, Lúcifer e todos nós, logo somos todos espíritos irmãos.

             O interessante é que os críticos sobre este tópico parecem querer nos fazer acreditar que seria uma blasfêmia ou sacrilégio caracterizar Jesus e Lúcifer como espíritos irmãos. Partem da premissa de que Jesus, como criador, jamais poderia ser igualado a uma criatura criada, muito menos a Lúcifer. Contudo, a própria Bíblia nos ensina que Cristo é o “Primogênito” de toda criação (Colossenses 1:15), como primogênito quer dizer o primeiro gerado, chegamos a conclusão de que Cristo é o espírito mais velho de todos aqueles criados por nosso Pai Celestial. Alguns evangélicos tentam contornar esta escritura tentando dar qualquer outro significado à palavra “Primogênito”, tudo menos o seu significado pleno e simples. Alguns deles dizem que deveríamos ler “Herdeiro” e não “primeiro gerado”, só que o grego tem uma palavra específica para “primogênito” e outra específica para “herdeiro”, por que Paulo ou os antigos escribas usariam uma e não a outra? Será apenas para nos confundir? Outra, apesar de todo primogênito pela lei judaica ser herdeiro das coisas de seu pai, nem todo herdeiro era o primogênito, como vemos nos caso de Esaú e Jacó, Isaque e Ismael, etc. Ainda mais, a não caracterização de Jesus como Primogênito (= primeiro gerado) quebra todo o simbolismo do cordeiro sacrificial da Lei de Moisés. Todo erudito evangélico irá concordar que o sacrifício do cordeiro pela expiação dos pecados de Israel na Lei de Moisés seria um símbolo ou prefiguração do Sacrifício do Cordeiro de Deus, este cordeiro era um primogênito e sem mácula, simbolizando o Primogênito e Imaculado Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. 

            Vamos ver algumas outras escrituras bíblicas que apontam para Lúcifer como também um filho de Deus. 

Jó 1:6

“Ora, chegado o dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.”

 

            É claro que esta passagem não seria suficientemente convincente para validar nossa posição, uma vez que estar entre um grupo não necessariamente signifique que se faça parte ou pertença aquela grupo. Devemos então notar que Isaías 14:12 intitula Lúcifer como “filho da Alva” e como “estrela da manhã”

 

E daí? Você pode estar se perguntando. Bem, estes pontos menores são particularmente significantes uma vez que o nome Lúcifer significa “portador de luz” ou “aquele que brilha”. Muitos eruditos acreditam que este significado, junto como seu epíteto “filho da alva” (Isaías 14:12), significaria portanto que ele também fosse uma das “estrelas da manhã”, - um filho de Deus. Para isto se referem a escritura de Jó, onde demonstra que na fundação da terra, todas “as estrelas da manhã”, i.e., todos os “filhos de Deus” estavam juntas cantando júbilos ao Senhor.

 

Jó 38:4-7

“Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mo saber, se tens entendimento. Quem lhe fixou as medidas, se é que o sabes? ou quem a mediu com o cordel? Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem lhe assentou a pedra de esquina, e quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?”

 

            Um erudito fundamentalista Cristão, Arno C. Gaebelein, concorda: Ele escreveu:

 

 “Os filhos de Deus, revelados como estrelas da manhã,  incluem Gabriel e Miguel ... e Lúcifer, o Filho da Manhã, deveria também ser incluído, embora o mesmo tornou-se inimigo de Deus com a sua queda.”Gaebelein novamente reitera sua crença; “Havíamos antes declarado que, antes de sua queda, o demônio era originalmente um arcanjo, uma das Estrelas da Manhã, e como aprendemos do livro de Jó, as quais cantaram juntas louvores à Deus na hora da criação.” (Jó 38:4-7)

 

Lembrando que o próprio Cristo se identifica também como uma estrela da manhã.

 

Apocalipse 22;16

“Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã.”

 

            E Ele mesmo dá este título a todos os que atingirem as mais altas esferas celestiais:

 

Apocalipse 2:27-29

“..., assim como eu recebi autoridade de meu Pai; também lhe darei a estrela da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”

 

Quanto a Lúcifer, irmão de Jesus em espírito, vemos outra referência entre os escritos dos primeiros Cristãos. Lactâncio, um apologista Cristão do terceiro século, ensinou o seguinte:

 

“Antes da criação do mundo, Deus produziu um espírito como ele mesmo, repleto com as virtudes do Pai. Mais tarde, Ele fez um outro, em quem a marca da divindade foi apagada, pois este ser tornou-se imbuído do veneno do ciúme  e virou-se contra tudo que é bom para ser o Maligno. Ele ficou ciumento de seu irmão mais velho, tornou-se Satanás ou o opositor” [Lactâncio, Instituições Divinas 2:9, em ANF 7:52]

 

Hennecke e Schneemelcher relatam que o tanto o escritor das “Indagações de Bartolomeu” bem como um grupo cristão gnósticos, os Bogomilos, ensinaram que “Cristo é o filho mais velho de Deus, Satanás...é um filho mais novo.” [NTA 1:289]

           

            Ou seja, Joseph ao restaurar o conceito de Filhos de Deus tanto para Cristo como para Lúcifer, realmente estava restaurando um antigo ensinamento do evangelho cristão que havia se perdido.

 

 

24)     Por que O Livro de Mórmon, que seria uma tradução de antigos textos hebraicos usa o termo Lúcifer para designar Satanás? A designação Lúcifer só foi primeiramente usada com a tradução de Jerônimo para Isaías 14:6, contudo isto não estaria correto pois esta escritura se refere ao Rei da Babilônia, e não a Lúcifer. D&C 76: 26, 27 também aparentemente segue esta errônea descrição de Jerônimo.

 

            Esta discussão parece ter sido levantada primeiramente por Lutero e Calvino, pois acharam que como Lúcifer significa ser “portador de Luz”, Jerônimo “errara grosseiramente” ao associar este nome com um “ser das trevas” como é Satanás, a associação deveria ser restrita somente ao rei da Babilônia. Aparentemente eles desconheciam ou não aceitavam a condição de Lúcifer antes de sua queda. Tanto Lutero como Calvino achavam que o mal foi criado pelo próprio Deus desde o início, não havia sido uma escolha, uma rebeldia devido ao mal uso do Livre Arbítrio de Satanás e seus anjos.

 

Na verdade, Lúcifer é primeiramente mencionado (sob este nome) nos escritos de Orígenes (fim do segundo século) cerca de duzentos anos antes de Jerônimo colocar sua referência no texto Latino. Tertuliano e outros antigos patriarcas da igreja também discorriam sobre Lúcifer, de tal forma que a conexão entre Lúcifer e Satanás foi estabelecida algum tempo antes do fim do segundo século. Antes que o texto latino tornar-se largamente divulgado, o nome Lúcifer (portador de luz) tinha um significado muito mais específico. Era o nome de Satanás antes de sua queda da glória. Orígenes explica que isto é por causa de sua condição anterior a sua queda, ele era um ser de luz e portanto esta era uma adequada descrição dele. Após sua queda, Orígenes continua, ele não  mais era um ser de luz e se tornou conhecido como Satanás (= o Opositor).

 

Um outro ponto é que a comunidade erudita bíblica quase que universalmente rejeita o ser identificado como Helel ben Shahar em Isaías 14 como sendo diretamente o rei da Babilônia. Há uma figura contemporânea na religião Cananita que se assemelha a Helel em Isaías 14. A figura é ‘Athtar. Em determinado ponto do mito Cananita, ‘Athtar tenta sentar no trono de Ba’al, o rei dos deuses. Ele falha em sua tentativa, e ao invés disso desce à terra para lá reinar (veja a semelhança também com Loki, Odim, Asgard e Midghard na mitologia nórdica). ‘Athtar é conhecido em inscrições do sul da Arábia como Vênus, ou a estrela da Manhã. Mais do que isto então, formam o contexto do relato de Isaías (ele compara a ambição do rei da Babilônia com a de Lúcifer). As “estrelas de Deus” é uma referência à assembléia divina – todas as divindades dos céus. O monte da congregação da banda do norte (no original em Hebreu) é equivalente a frases Cananitas descrevendo o lugar de habitação de Ba’al. Então, em efeito, temos em Isaías a descrição de uma divindade quem desejava usurpar o trono de Ba’al e reinar nos céus. Claro que existem diferenças assim como semelhanças, mas acho este argumento perfeitamente convincente para mim.

            Para ler mais sobre isto:  "The Mythological Provenance of Isa. XIV 12-15: A Reconsideration of the Ugaritic Material" by Michael S. Heiser, in Vetus Testamentum, 51/3 [2001], p. 354-369).

 

Ao mesmo tempo, esta percepção parece ter sido a mesma que vemos no Novo Testamento quando vemos Jesus clamar que viu Satanás “cair como um raio do céu” (Lucas 10:18) e em João  (João 12:31; 14:30; 16:11) e Paulo (Efésios 2:2)  encontramos Satanás descrito como o “Príncipe deste mundo.” Paulo ainda em sua epístola a Timóteo relata que o grande pecado de Satanás foi a soberba (I Timóteo 3:6). Foram estas referências (entre outras) que levaram os patriarcas da igreja Cristã concluírem que Helel em Isaías 14 era Lúcifer e também Satanás. As semelhanças entre suas crenças, e o que eles viam no texto do Velho Testamento se juntaram para formar uma última opinião. Quando o texto Latino nomeou o ser de Isaías 14 como Lúcifer, aquela tradição já há muito tempo existia.

 

A Tradição pode ser poderosa e com certeza os antigos cristãos eram muito mais inteligentes em termos de tradução do hebraico do que pensamos. Dicionários atuais notarão que Lúcifer é um nome para o demônio. O mesmo pode ser visto em dicionários contemporâneos de Joseph Smith. De alguma forma, mesmo que a identificação em Isaías 14 com Satanás não fosse correta, tradicionalmente, Lúcifer tem sido considerado como um nome para o demônio em Inglês desde que o Inglês moderno veio a existir. Pode ser discutível se o uso ou não uso do termo por Joseph para o demônio esteja baseado em sua leitura da Bíblia Versão do Rei Tiago ou simplesmente no difundido uso do nome em sua época. Podemos encontrar dezenas de textos religiosos do 19o século e apesar de Satanás ser de longe o termo mais popular para o demônio, Lúcifer é usado freqüentemente. Em vista desta aplicação, sempre que Joseph estivesse se referindo ao demônio em seus escritos quando usava o nome de Lúcifer, ele estava se conformando ao padrão e a aceitável definição de uma palavra. E a questão se era ou não apropriado tal termo é totalmente irrelevante pelo fato de que todo mundo que lesse o material que ele produziu não teria absolutamente qualquer problema em exatamente compreender o que estivesse dizendo.  Como nota final, a menção de Lúcifer em D&C 76 está perfeitamente compatível com o antigo uso Cristão onde Lúcifer é o anjo/divindade que estava na presença de Deus antes de sua queda. Embora não universalmente seguido, o uso SUD do termo geralmente segue este princípio.

 

A Bíblia de Jerusalém, em sua nota de rodapé sobre Isaías 14:12 declara:

 

[Os vv. 12-15 parecem inspirar-se num modelo fenício. Em todo caso, eles apresentam vários pontos de contato com os poemas de Rãs-Shamra: a estrela d’alva e a aurora são duas figuras divinas; a montanha da Assembléia é aquela em que os deuses se reuniam, como no Olimpo dos gregos. Os Patriarcas interpretaram a queda da estrela d’alva (Vulg., “Lúcifer”) como a do príncipe dos demônios.]

 

 A minha Bíblia Anotada (tradução da Ryrie Study Bible) versão Almeida, revista e atualizada, possui o seguinte comentário do erudito protestante Dr. Charles Caldwell Ryrie sobre estes versículos de Isaías 14:

 

14:12 estrela da manhã. Lit., o luminoso, evidentemente uma referência a Satanás, por causa da descrição semelhante feita por Cristo (Lc 10:18) e por causa da impropriedade das expressões de Is 14:13-14 nos lábios de qualquer outro a não ser Satanás (cf. I Tm 3:6). Debilitava as nações. Cf. Ap 20:3.

 

14:13-14 Cinco frases com o sujeito na primeira pessoa detalham o pecado de Satanás. Ele queria ocupar o céu, a morada do próprio Deus. Exaltar o seu trono acima das estrela de Deus pode ser uma referência ao seu desejo de governar todos os seres angelicais, ou simplesmente outra maneira de indicar sua auto-exaltação. Norte. Na literatura pagã, o Norte indicava a morada dos deuses; assim, Satanás ambicionava governar o universo como o conselho (congregação) dos deuses babilônicos supostamente fazia. Ele queria a glória que pertencia somente a Deus (quanto a nuvens, veja 19:1; Êx 16:10) e o seu objetivo total era ser semelhante ao Altíssimo (heb., Elyon).

 

            Enciclopédia Judaica: Verbete Lúcifer:

            O mito Lúcifer foi transferido a Satanás no século pré-Cristão, conforme podemos aprender a partir da Vida de Adão e Eva (12) e o Enoque Eslavônico (xxix. 4, xxxi. 4), onde Satanás-Sataniel (Samael?) é descrito como tendo sido um dos arcanjos. Porque ele almejou “fazer seu trono mais alto do que as nuvens sobre a terra e assemelhar-se ‘Ao altíssimo todo poderoso’, Satanás-Sataniel foi expulso, com suas hostes de anjos, e desde então ele tem estado pairando no ar continuamente sobre o abismo (compare Testamento dos Patriarcas, Benjamim, 3, Efésios ii.2, vi. 12). De acordo com Tertuliano (“Contra Marrionem,” v. 11,17), Orígenes (“Ezequiel Opera,” iii. 356), e outros, identificam Lúcifer com Satanás, que também é representado como tendo sido “atirado para baixo dos céus” (Apocalipse xii. 7, 10; compare Lucas x.18)

 

“Então em seguida Athar o Feroz

Sobe aos penhascos de Saphon.

Ele se assenta no trono de Ba’al o Poderoso

Seus pés não alcançam o escabelo,

Sua cabeça também não alcança o topo do trono.

Então Athtar o Feroz declara,

‘Não posso ser rei nos penhascos de Saphon’.

Athar o Feroz então desce,

Desce do trono de Ba’al o Poderoso,

E ele se torna Rei sobre todo o vasto mundo inferior.”

     - Cartas de Rã s Shamra

 

            Bom, já temos opiniões de eruditos Católicos, protestantes e judeus e as cartas de Rãs Shamra que endossam a associação de Lúcifer em Isaías 14 com Lúcifer. Somente para terminar, ainda achei na Internet um bom artigo dos Adventistas do Sétimo Dia, o qual fazem uma análise das propostas de Lutero e Calvino, contra as de Jerônimo, Orígenes e Tertuliano, o arquivo pode ser lido no Link abaixo:

 

            Análise de Lúcifer  em Isaías 14:12-14.

25)    Pergunta: A Biblia não ensina que os mortos estão inconscientes como se eles estivessem dormindo?

Autor: Jeff Lindsay

Tradutor: Evandro M. Faustino

 

Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol... Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (Ecclesiastes 9:5-6,10, ênfasis adicionada)

 

“Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos. (Salmos” 146:4)

 

“Os mortos não louvam ao SENHOR, nem os que descem ao silêncio.” (Salmos 115:17, cf 6:5)

 

“Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.  Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.  Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; (João 11:11-14, cf. 1 Tes 4:13-17)

 

Resposta: Não! A Biblia ensina que a consciência do espírito continua a existir.

 

Deus cria o corpo do homem pó da terra and coloca o seu espirito dentro deste corpo. Como resultado, cada indivíduo tem a dualidade do corpo e do espirito, que quando colocados juntos constitui um alma vivente. Na morte fisica, o corpo e o espirito se separam. O corpo retorna a “terra como era”, e o espirito retorna a “Deus que o deu” (Eclesiastes 12:7) Embora o corpo não tenha mais consciencia depois da morte, o espirito sai do corpo e continua a existir como um ser de consciência e percepção; retendo assim a abilidade de pensar, sentir, e de lembrar-se do conhecimento adquirido aqui na mortalidade.

 

Alguns argumentam que os versos citados acima contradizem a crença de que existe vida depois da morte. Eles dizem que os mortos não têm conhecimento, pensamentos, nem emoções; e que eles existem em um estado inconsciente de sono. Mas, apesar daquilo que alguns dizem, não existe contradição entre estes versos e a crença na vida após a morte; especificamente porque os versos citados acima são concernentes aos cadáveres, não aos espiritos saídos dos corpos. Ambos se referem aos “mortos” na Biblia (i.e. Geneis 23:6 & Isaías 14:9-10).

 

“Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido.” (Jo 32:8)

 

O espirito é a vida do corpo; pois sem ele, o corpo está morto (Tiago 2:26). Porém é mais do que uma pequena força. É a parte da pessoa que “conhece” as coisas daquela pessoa:

 

“Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” 1 Cor 2:11

 

Conhecer qualquer coisa exige pensamento e inteligência. Isto de acordo com outros versos na Biblia, que revela que o espirito dentro de uma pessoa também se manifesta em emoção e consciência.  “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbaram.” (Dan 7:15) 

 

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.” (Mat 23:41)

 

“E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações?” (Mar 2:8)

 

“Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador;” (Lucas 1:46-47)

 

“O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” (Rom 8:16)

 

“Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” (Tiago 4:5)

 

a) O LAR DENTRO DO CORPO

  

Deus cria o corpo de cada um do pó da terra e coloca ou forma o espirito de cada dentre deste corpo (Gen 2:7, 3:19; Jo 32:8, Zac 12:1). Como resultado, o corpo serve como estrutura fisica, como um tabernaculo ou casa, onde o espirito humano habita:

 

“E tenho por justo, enquanto estiver neste tabernáculo, despertar-vos com admoestações, Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já mo tem revelado.”  (2 Pedro 1:13-014)

 

“PORQUE sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.  E por isso também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;  Se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus.  Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados; não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida... Quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça!” (2 Cor 5:1-4, 6; Jó 4:19)

 

 

Note como os apóstolos escreveram os versos precedentes a partir do ponto de vista de seus espiritos que habitam dentro de seus corpos mortais; espiritos que “pensam”, “sabem”, “gemem”. Faz sentido pensar que, desde que o corpo tenha uma estrutura fisica onde habitar, o verdeiro “eu ou ego”deve ser o espirito dentro do corpo. Portanto, cada pessoa tem a dualidade natural do corpo e do espirito. O corpo é o “homem exterior” e o espirito é o “homem interior” (2 Cor 4:16, Rom 7:22); e a unão dos dois constituem uma “alma” vivente (Gen 2:7, cf Jó 32:8, Zac 12:1).

 

MORTE FÍSICA

 

Morte fisica é a separação do corpo e do espirito de alguém:

 

“E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”  (Ecl 12:7)

 

“Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2:26)

 

Quando o espirito e o corpo de uma pessoa se separa; os pensamentos partem junto com o espirito; deixando para tráz o corpo onde todos os pensamentos perecem:

 

“Sai-lhe o espírito, volta para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.” (Salmos 146:4)

 

Note que a expressão “volta para a terra” em Salmos 146:4 deve estar se referindo ao corpo, porque é o corpo que “retorna” `a terra, não o espirito (compare com Gen 3:19 & Ecl 12:7). Da mesma forma, desde que é o espirito que “conhece as coisas do homem”; todo o conhecimento daquela pessoa perece dentro do corpo depois que o espirito sai. Consequentemente, os mortos (i.e. cadáveres) nada sabem e eventualmente irão para a sepultura.

 

Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol... Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” (Ecclesiastes 9:5-6,10, ênfasis adicionada)

 

Referente a estes versos, Joseph Fielding Smith escreveu “...quando a morte intervém, o corpo é deixado na sepultura em paz e o corpo nada sabe sobre os assuntos de um mundo bem ativo.” (Respostas e Perguntas do Evangelho, Vol 4, p. 183)

 

O Teólogo Não-Mórmon Donald C. Fleming concorda: “os mortos nada sabem: o contexto (quando alguém interpreta como o cadáver) faz o sentido ficar óbvio.” (F.F. Bruce, The International Bible Commentary, p. 699).

 

No verso 10, a palavra “sepultura” é traduzida da palavra Hebraica Sheol, que tem vários significados dependendo do contexto em que é usada. Pode ser traduzida como “hades”, “sepultura”, “inferno”, “cova”, ou “mundo dos mortos.” Consequentemente, o termo pode se referir ao mundo dos espiritos ou parte dele. Mas o contexto de Ecc 9:5-6, 10 está descrevendo um lugar diferente; um lugar onde não existe “trabalho, objetos, conhecimento, ou sabedoria” ; um lugar onde “os mortos nada sabem.” Que melhor descrição do que esta poderia haver da “sepultura” ou tumba em que o corpo é deixado para descansar? Além do mais, desde que o cadáver não tem faculdades mentais, emocionais, então não pode fazer nada, muito menos louvar ao SENHOR:

 

“Os mortos não louvam ao SENHOR, nem os que descem ao silêncio.” (Salmos 115:17, cf 6:5)

 

Muitos outros versos podem ser entendidos em termos de um cadáver. Exemplos: um corpo é enterrado (Gen 23:15); um corpo retorna ao pó (Salmos 104:29); um corpo está mudo (Salmos 31:17); um corpo não pode entender (Jó 14:21); um corpo não pode ter esperanças (Isaias 38:18); e um corpo “dorme” (Jó 14:10,12).

 

A Morte e o Adormecer

 

Por causa da semelhança física entre alguém que recentemente faleceu e alguém que acabou de adormecer, algumas culturas se referem `a morte como “sono”. Os antigos Judeus não eram diferentes, inclusive o próprio Jesus usou esta metáfora:

 

“Assim falou; e depois disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo.  Mas Jesus dizia isto da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono.  Então Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto; (João 11:11-14, cf. 1 Tes 4:13-17)

 

A metáfora é uma figura de linguagem usada para sugerir a semelhança entre diferentes objetos, ideias, ou estado de uma pessoa. Portanto, embora a morte não seja adormecer, existem certas semilaridades. Apesar de tudo, o que devemos ter em mente é que esta metáfora não é para significar uma comparação entre o estado de um espirito que saiu do corpo e o sono; mas sim, para significar uma comparação entre o estado de um corpo e o sono.

 

Geralmente, quando uma pessoa morre, o corpo deita-se; as pálpebras se fecham; e tanto as batidas do coração quanto a respiração param.  De uma maneira semelhante, quando uma pessoa dorme, o corpo deita-se, as pálpebras se fecham; e tanto as batidas do coração quanto a respiração diminuem consideralvelmente. Consequentemente, a aparência de alguém que tem adormecido é semelhante a aparência de alguém que tem falecido recentemente. Assim que a pessoa descansa num estado de inconsciência ao dormir, também o corpo descansa em um estado de “não-consciência” na morte (Ecl 9:5-6, 10; Salmos 146:4)

 

Na Biblia, existe um grande número de versos que mostram que esta metáfora é usada especificamente para descrever o estado de um corpo. Por exemplo, um corpo dorme no

“pó”da terra (Dan 12:2); um corpo dorme e é “enterrado” (1 Reis 2:10; 11:43, 14:31, 15:8, 15:24); e o corpo dorme e vê ”corrupção” (Atos 13:36). Mesmo Mateus escreveu que “corpos” dormem nas sepulturas (Mas 27:52).  

 

Por outro lado, esta metáfora nunca é usada para descrever o estado de um espírito que deixou seu corpo; que nem dorme no “pó”, nem é “enterrado”, nem vê “corrupção.” Devemos lembrar que o corpo retorna ao pó da terra, não o espirito (Gen 3:19, Ecl 12:7). Ainda assim, alguns insistem em dizer que o espírito é apenas uma forma de energia ou força de vida no corpo, como a eletricidade é para o computador, não tendo consciência fora do corpo. Mas para sua informação, a Biblia ensina de outra forma.

 

Antes de deixar este assunto, todavia, alguém deveria também considerar uma das principais diferenças entre morte e sono; especificamente entre o estado de “não consciência” e o estado de “inconsciência.” Como descrito acima, o corpo descansa em um estado de “não-consciência” porque nenhum espírito habita dentro de um corpo morto (Tiago 2:26). Consequentemente, um corpo não tem conhecimento, pensamentos, nem emoções. Por outro lado, uma pessoa que está adormecida descansa em um estado de “inconsciência” porque o espírito ainda habita dentro do corpo de um corpo adormecido.

 

Enquanto adormecido, alguém retém o conhecimento adquirido até aquele momento e continua a ter pensamentos inconscientes e sentimentos em sonhos. Uma pessoa pode até resolver problemas matemáticos ou pensar em novas ideias durante este periodo de inconsciência. De fato, alguns indivíduos podem receber revelação de Deus através de sonhos; mostrando que alguém pode adquirir conhecimento enquanto dorme (e.g. Gen 37:5-11, Daniel 2, Mat 1:18-25). Estes sonhos inspirados também mostram que uma pessoa pode ver e ouvir enquando dorme, não com os ouvidos e olhos fisicos, mas com os olhos e ouvidos espirituais. Portanto, desde que o espirito dentro do corpo pode ver, ouvir, sentir, pensar, e aprender enquanto o corpo está adormecido; então não deveria o mesmo espírito fora do corpo ser capaz de realizar estas mesmas funções enquanto o corpo está morto?

 

 

Vida após a Morte:

 

 

1.  Nós voamos:

 

“Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.” (Salmos 90:10) Na morte fisica, nossos espíritos separam de nossos corpos terrestres e “voam” (compare com Ecl 12:7).

 

O “vamos” em Salmos 90:10 refere-se aos nossos espíritos, que habitam dentro de nossos corpos físicos; o mesmo se aplica quando Paulo descreve como que gemendo dentro de nossa casa terrestre, “temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus.” (2 Cor 5:1-6)

 

2. A morte do Rei da Babilônia

 

“O inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos a todos os reis das nações. Estes todos responderão, e te dirão: Tu também adoeceste como nós, e foste semelhante a nós.  Já foi derrubada na sepultura a tua soberba com o som das tuas violas; os vermes debaixo de ti se estenderão, e os bichos te cobrirão.” (Isaias 14:9-11, compare com Ezequiel 32:18-32)

 

Uma vez que o cadáver não tem consciência e não pode falar, os “mortos” nestes versos devem estar se referindo aos espiritos (que deixaram seus corpos) dos “chefes da terra”; que ameaçam este ditador brutal da Babilonia, uma vez poderoso. Na morte, o rei da Babilonia tinha se tornado como eles. Seus espiritos sem corpos se ajuntaram nos céus, enquanto seus corpos permaneciam cobertos por vermes na sepultura.

 

3. O Homem Rico e Lázaro:

 

 

“Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.  Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele;  E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.

E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado.  E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio.  E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.  Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.  E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.  E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, Pois tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.  E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dentre os mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam.  Porém, Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.” (Lucas 16:19-31)

 

Ao contrário dos corpos, estes verso mostram que os espiritos que deixaram seus corpos retém suas faculdades mentais e emocionais; permitindo-os a pensar, sentir, e lembrar das memórias da existência mortal. A parábola do Rico e do Lazaro claramente ilustra que os mortos (i.e. espiritos desencarnados) verdaderiamente continuam a existir como seres conscientes após a morte.

 

Apesar desta apresentação vivida da vida após a morte, alguns ainda afirmam que esta doutrina é falsa; porque a parabola é simplesmente uma história ficticia usada para ensinar certos principios, não um evento real. Mais uma vez, eles baseiam seus argumentos em Ecl 9:5-6, 10 e Salmos 146:4, que diz explicitamente que os “mortos” nada sabem e não tem pensamentos ou sentimentos.

 

Este argumenteo, contudo, é fundado numa falsa premissa: Ecl 9:5-6, 10 e Salmos 146:4 estão se referindo aos corpos, e não espiritos desencarnados como em Lucas 16:19-31. De fato, em nenhum lugar na biblia ensina que os espiritos desencarnados não tem pensamentos ou sentimentos. Além disto, embora elas sejam ficticias, todas as parábolas de Jesus são baseadas em eventos que tem ou poderiam ter acontecidos. Por que a parabola do Homem Rico e do Lazaro deveria ser diferente? De fato, Jesus nunca se basearia seus ensinamentos em doutrina falsa. Fazer isto seria enganar e confundir, o que é contrário a sua natureza divina (1 Pedro 2:22, 1 Cor 14:33). Portanto, a apresentação de Cristo da vida após a morte na parabola do Homem Rico e do Lazaro deve ser verdadeira.

 

 

4. A Promesa de Cristo ao malfeitor:

 

 “E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” (Lucas 23:43)

 

No mesmo dia em que Cristo e o malfeitor morreram, eles foram juntos como espiritos desencorpados ao Paraiso (Mundo dos espiritos)

 

5.  Cristo Pregou o Evangelho aos Mortos:

 

“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito;

No qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;” (I Pedro 3:18-20)

 

O fato que Cristo foi e pregou a estes espiritos desencarnados indicam que eles devem ter tido a habilidade de ouvir e entender. Poucos versos adiante na mesma epistola, o apostolo Pedro se refere novamente `a este evento:

 

“Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;” (1 Pedro 4:6)

 

6. Batismo pelos Mortos:

 

“Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?” (1 Cor 15:29)

 

Porque Paulo cita esta prática para suportar seu argumento sobre a ressurreição, pois ele bem comos os Corintians deve ter visto o batismo pelos mortos como uma ordenança válida. Evidentemente, pelo menos alguns antigos Cristãos batizaram pelos mortos; o que sugere que eles acreditavam que os mortos teriam a oportunidade de ouvir o evangelho, acreditar em Cristo, e se arrepender de seus pecados.

 

7. Aqueles que dormem em Cristo têm esperança:

 

“Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.  E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão (A versão KJV da Biblia usa a palavra PERECER no lugar de perdidos) perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1 Cor 15:16-19)

 

Nos versos precedentes, alguns interpretam “perecer” como “não existente”; para que, se Cristo não tivesse sido levantado dentre os mortos, então aqueles que dormem nele seriam “inexistentes.” No entanto, “perecer” é traduzido da palava Grega apollumi, que pode tambem ser traduzida como “perdido.” Note como a mesma palavra Grega é usada em outros lugares na Biblia:

 

“Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo (apollumi) uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida (apollumi) até que venha a achá-la?  E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso;” (Lucas 15:4-5)

 

“Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder (apollumi) uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida (apollumi).”  (Lucas 15:8-9)

 

Em ambos os casos, a ovelha e a dracma estão “perdidas” (apollumi) por algum periodo de tempo; mas elas não são “inexistentes” enquanto elas estão perdidas. Da mesma forma, se Cristo não tivesse se levantado dentre os mortos, então aqueles que dormem em cristo estariam “perdidos” (apollumi); mas não seriam “inexistentes.” 

 

Além do fato que, depois de mencionar aqueles que “dormem em Cristo”, Paulo escreveu, “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” (1 Cor 15:19). Neste contexto, Paulo não estava se referindo `a vida após a ressurreição; mas, a vida entre a morte e ressurreição daqueles que ”dormem em Cristo.” Em outras palavras, esta vida não é a única vida em que temos esperança em Cristo. Na vida pós morte, aqueles entre nós que dormem em Cristo tem esperenças Nele também; de outra forma, “somos os mais miseráveis de todos os homens.”

 

8. Os Espiritos dos Homens Justos:

 

Moisés aparecendo a Cristo

 

Pergunta: Se voce acredita que Moisés morreu, e acredita que o espírito não continua a viver após a morte, então o que estava acontecendo quando Moisés apareceu a Cristo em Mat 17?

Mas tendes chegado ao monte Sião e `a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, e as incontáveis hostes de anjos, e a universal assembleia e igreja dos primogenitos arrolados nos ceus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espiritos dos justos aperfeiçoados e a Jesus, o mediador de Nova Aliança, e ao sangue da aspersão que fala cousas superiores ao que fala o proprio Abel.” Heb 12:22-24

Com relação a expressão dos “espiritos justos aperfeiçoados,” considere as seguintes observações: Primeiro, o plural “espiritos” revela que estes espiritos não se juntam para se tornarem um só “espirito”, como força de vida ou energia talvez se comportem. Ao invés disto, eles mantém sua individualidade depois da morte. Segundo, a frase “de homens justos, indica que estes espiritos também retém suas identidades. Terceiro, “aperfeiçoados” mostra que estes espiritos podem se aperfeiçoar entre a morte e ressurreição. E quarto, estes espíritos são nomeados entre outros seres conscientes e inteligentes (i.e. anjos, igreja dos primogênitos, Deus , e Jesus).

 

9. Alusões de Paulo:

 

O apóstolo Paulo aludiu que existe vida após a morte:

 

“Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.  Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne.” (Filip 1:23-24)

 

“Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor.” (2 Cor 5:8)

 

Além de tudo, Paulo escreveu sobre algumas de suas experiências, que suportam ainda mais a doutrina de que existe um espirito dentro de cada um de nós que pode conscientemente existir fora do corpo.

 

“EM verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar.” (2 Cor 12:1-4)

 

Agora neste exemplo, é irrelevante se estas visões e revelações foram reais ou imaginárias, porque para imaginar qualquer coisa ainda requer um processo de pensamento. O argumento aqui é que Paulo acreditava que era possível para um homem em Cristo conscientemente experimentar visões e revelações (real ou imaginária) e ouvir palávras inefáveis enquanto “fora do corpo.” Consequentemente, se fosse uma doutrina falsa que alguém pode conscientemente existir “fora do corpo”, Paulo nunca teria considerado esta possibilidade.

 

A Alma

 

“Alma” é uma daquelas palavras que tem vários significados dependendo do contexto em que é usado. Uma definição é a união do corpo e do espirito (Gen 2:7, Zac 12:1 e Jo 32:8). Consequentemente, almas mortais são sujeitas `a morte desde a queda de Adão.

 

“ E eles feriram todas as almas que lá estavam com a lamina da espada, destruindo a todos: não foi deixado ninguém para respirar: e a Hazor queimou com fogo.” Josué 11:11 (Versão King James)

 

Contudo, em outros contextos a mesma palavra também pode referir-se especificamente ao próprio espírito. Como dito anteriormente, o espirito é a vida do corpo e se separa dele na morte (Jo 32:8; Tiago 2:26; Ecl 12:7). Nos versos seguintes, “alma” é usado no lugar de “espirito”; mostrando que as duas palavras podem ser usadas intermutavelmente.

 

“Ao sair lhe a alma (porque morreu) deu-lhe o nome de Benoni; mas seu pai lhe chamou Benjamin.” (Gen 35:18)

 

“Então se estendeu sobre o menino três vezes, e clamou ao SENHOR, e disse: Ó SENHOR meu Deus, rogo-te que a alma deste menino torne a entrar nele. E o SENHOR ouviu a voz de Elias; e a alma do menino tornou a entrar nele, e reviveu.” (I Reis 17:21-22; cf Lucas 8:49-56).

 

Agora veja esta outra escritura usando a palavra “espirito” com o significado adequado e correto de espirito, significando trazer a vida de volta ao morto.

 

“...Entretanto ele, tomando-a pela mão, disse-lhe, em voz alta: Menina, levante-te. Voltou-lhe o espirito, ela imediatamente se levantou, e ele mandou que lhe dessem de comer.”  (Lucas 8:49-56)

 

Portanto, tanto a alma bem como o espirito de uma pessoa continuam a existir independentemente do corpo após a morte. Por esta razão, é possivel matar o corpo sem matar a alma (Mat 10:28). Isto também explica como a alma de uma pessoa pode prosperar (3 João 2). De novo, a Biblia claramente revela que a alma é mais do que uma simples força da vida que anima o corpo físico. É a entidade do espírito que conscientemente existe fora do corpo depois da morte. 

 

“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram.” (Apoc 6:9-11)

 

 

Conclusão:

 

Deus cria o corpo de uma pessoa do pó da terra e coloca o espirito desta pessoa dentro do corpo. Portanto, cada indivíduo tem um natureza de dualidade do corpo e do espirito, que quando juntados consituem uma alma vivente. O espirito no interior é aquela parte que “conhece” as coisas de uma pessoa. Ela pensa, entende, deseja, e sente. O corpo é uma estrutura fisica, como uma casa ou um tabernáculo, em que o espirito de cada um habita.

 

A morte fisica é a separação entre o espirito e o corpo de uma pessoa. O corpo retorna a “terra como era”; e o espirito retorna ao “Deus que o deu.” Quando o espirito sai do corpo, leva com ele o conhecimento, pensamentos e emoções; deixando o corpo em que todos estes atributos perecem. Consequentemente, cadáveres não tem consciência e “dormem” no pó da terra. Por outro lado, espiritos desencarnados continuam a existir como seres conscientes estando a parte de seu corpo; retendo a abilidade de pensar, sentir, e lembrar o conhecimento e memórias adquiridas aqui na mortalidade. Contudo, apesar das diferenças, tanto os corpos e espiritos desencarnados são citados como os “mortos.”

 

 “Alma” é um termo que tem mais que uma definição dependendo do contexto em que a palavra é usada. Pode ser referir a união do corpo e espirito, em cujo caso, uma alma mortal pode ser morte. “Alma” pode também se refeir especificamente ao espirito em si. Em ta caso, a alma de alguém existirá conscientemente `a parte do corpo depois da morte fisica.

 


 

The Spirit Within, de um comentário anônimo feito em meu Mormanity blor (entrada em 5 de Janeiro):

 

Enquanto o AT geralmente trada do homem como um todo (veja nepesh-alma, “frequentement traduzido como simplesmente “o EU ou ego”), tamb’em reconhece seu dualismo essencial (A.B. Davidson, The Theology of the OT, P. 202). Carne e espirito combina  para formaa “a si próprio, ego”, para que enquanto o homem pode possa ser referido ao ter um “Ruah” ele é um “nepesh” (contudo ele é as vezes dito possuir um nepesh, que sai de seu corpo na hora da morte). O “Ruah” é contido com seus “nidneh ‘sheath’ corporal (Dan 7:15), Aramaico; cf. Zac 12:1). Na morte o corpo retorna ao pós, mas o espirito imortal retorna a Deus que o deu (Gen 3:19; Eccl 12:7). Neste sentido “Ruah” e “Nepesh”, aqui significa distintamente “alma”, tem a tendencia a extrapolar (Jó 7:11, Isa 26:9; cf. Ex 6:9 com Num 21:4; RTWP, P. 234). Isto difere da Teologia liberal, quem tende a limitar “ruah” para um poder vital impessoal que se torna individualizado somente em “nepesh”. Portanto, isto considera que a alma não pode existir independentemente do corpo, i.e que quando o “ruah” ou “poder” sai.  (Eccl 12:7), a pessoa cessa de existir. (L.Kdhler, Old Testament Theology, p.145, opposed by Davidson, op. cit, pp. 200-201) Contudo ambos “nepesh e ruah” pode sair do corpo na morte e existir em um estado separado dele.  (Gen 35 , Salmos 86:13; cf. I Reis 17:22 em casos raros da alma retornar ao seu corpo). “

 

26 – O Livro de Mórmon diz ser um volume de escritura em adição a Bíblia; no entanto, a Bíblia diz que “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” (2 Timóteo 3:16-17). Se toda a escritura que necessitamos já foi dada, então não temos necessidade de escrituras adicionais tal como o Livro de Mórmon.

 

(Contribuição de Evandro Faustino)

O pronunciamento de Paulo a Timóteo somente diz respeito à utilidade de escrituras em geral e não limita a quantidade de escritura que Deus pode ou venha dar através de profetas autorizados. Quando escritura é dada, ela pode ser usada para muitas coisas. As escrituras que Paulo se refere são aquelas que Timóteo conhecia desde “criança” (2 Tim 3:15) que somente pode significar o Antigo Testamento, uma vez que o Novo Testamento não tinha sido ainda compilado. Da mesma forma, as escrituras que os Bereanos pesquisaram para comparar com os ensinamentos de Paulo e Barnabé somente poderiam ter sido o Antigo Testamento (Atos 17:11). Se alguém interpretar a afirmação de Paulo a Timóteo como querendo dizer que escrituras adicionais não são de necessário valor, então esta mesma pessoa teria que rejeitar o Novo Testamento inteiro, incluindo a epístola de Paulo a Timóteo.

 

 

 

Bibliografia Utilizada nesta janela:

Regras de Fé

A Bíblia de Jerusalém

Site da Blue Letter Bible

Obras- padrão

História da Civilização - “AS REFORMAS - Vol. VI  e  A IDADE DA FÉ – Vol.IV”; Willian & Ariel Durant

History of the Church

A Igreja Restaurada

SHIELDS site

Enciclopédia do Mormonismo

By Study and also by Faith

  por Élder Moreira: Missão Porto Alegre Sul (1990-1992)